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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sábado, 31 de janeiro de 2009

O Aprendizado de Pequena Árvore - por Leila

O Aprendizado de Pequena Árvore - Forrest Carter


“É inesquecível pra mim, pois aprendi a olhar o mundo com olhos de quem veio pra ele e não como se sempre vivesse aqui, comecei a questionar coisas até então óbvias, perdi totalmente a noção do óbvio e assim descobri um mundo completamente novo, inusitado, confuso e adorável!”
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E para você? Que livro foi inesquecível?
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O Melhor Livro que Li - por Ana

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez


“Sem dúvida, o melhor livro que li. Principalmente pela maestria do autor com as palavras e a imaginação.”
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E você? Qual foi o melhor livro que leu?
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Saudade - por Alba Vieira

Era uma árvore copada que ocupava quase a extensão de duas casas da rua. Vivia num terreno enorme de esquina e, pela posição em que se encontrava, o solo quase nunca incidia sobre ela. Talvez isso mesmo é que lhe conferisse aquele ar misterioso. As outras árvores, no mesmo terreno, situavam-se bem distante dela. Mostrava-se majestosa, de tronco muito largo e galhos que se ramificavam indo bem longe. Suas folhas agora eram verde-escuro, completamente desenvolvidas, o que permitia garantir uma sombra imensa ao sol que, por isto mesmo, só apresentava pequenos arbustos. Era uma linda mangueira que, por sua singularidade, puxou imediatamente minha atenção enquanto passava por ela dentro de um ônibus. A partir deste momento, ela, grandiosa, passou a ocupar minha mente que não tinha lugar para outro pensamento que não fosse relacionado ao que ela me inspirava.
Quem não possui uma mangueira especial na história de sua infância?
E lá estava eu, de volta às brincadeiras no quintal de casa com os irmãos, onde adorava brincar de enterrar tesouros entre suas raízes. E era outra vez a bruxa que cozinhava ervas no fogãozinho (presente de uma prima), no qual ateei fogo uma vez, tendo ficado com o esmaltado amarelinho ao invés de branco. E agora me balançava solta e livre, empurrada por meu pai que era sempre chamado pra dar impulso ao balanço que ficava pendurado no galho mais forte de sua copa, onde sonhava sonhos de menina e me arrepiava quando, depois de um empurrão mais forte, quase conseguia dar a volta no trajeto de lá pra cá. Ouvia os pássaros que cantavam nos seus galhos todas as manhãs, que ainda hoje me trazem saudade do meu pai, que os imitava dizendo: bem-te-vi, bem-te-vi… E podia, ainda agora, sentir nos cabelos o vento forte e ouvir o som amedrontador naquela tarde de ventania em que fui encorajada por minha mãe a ir pegar as mangas que rolavam no chão depois de sacudidas do pé. Quanta saudade! Do pai, da mãe, dos irmãos!
Mas, sobretudo, da criança que mora ainda em mim e que é livre, confiante, sensível, adora novidades, embora ainda guarde alguns medos.

P.S. - Acabei de reler o texto e descobri o motivo daquela árvore ter me chamado tanto a atenção: aquela mangueira, com todos os seus atributos, representa tudo que era minha mãe.
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Diálogo de Novela (ou Do Amor e Outros Suspenses) - por Adhemar

Por que as mulheres não se contentam com o momento?
Por que são românticas, paradas, “expectantes”?
Por que não o risco, a incerteza, a emoção?

Eu não sei o que é uma sinceridade intensa
ou uma sincera intensidade;
Por que não vou embora?
Por que não a emoção da espera?
O “será que ele volta?”
“Será que ele liga?”
Ou:
“Será que ela gostou de mim?”
“Será que achou uma porcaria?”

Por que os casais fazem tudo tão perfeito no início?
Por que tudo é tão maravilhoso
e cada um preenche o seu papel de príncipe e princesa?
Por que ninguém pensa:
“Será que ele mija em pé?”
“Será que ela escova os dentes?”
E a toalha molhada na cama,
a roupa suja espalhada
e os bifes queimados?!

Por que o amor é tão bobo e tão descarado?
(Por que tomar banho juntos para ‘quebrar o gelo’?)

Casa redecorada, armário rearrumado.
Por que o amor é tão sério e tão desorganizado?
Por que os papéis correspondem
e depois o trem descarrilha?
Por que encaixamos tão bem
e depois cada um numa trilha?
Por que um sonho tão bom
é tão predestinado?
Por que começa tão bem
e acaba tão errado?
Por que a melhora e a cura
para o que será enterrado?

O par perfeito é a resposta,
pra tudo,
até o que não foi perguntado.
“Você é a mulher dos meus sonhos”,
“Você é o meu sapo encantado”.
Aí, o futebol, os amigos,
os chás, o shopping, trabalho.
A princesa era a fada má;
o príncipe acorda um canalha.

Então, malas feitas, adeus.
Adeus, saudades, mais nada.
Até no rompimento, o cinismo,
o amor que se avacalha.
Período de vida indelével
que se sufoca, se esconde mas não se apaga.

Por que os homens não são mais atentos,
persistentes e cavalheiros?
Por que o amor é um tudo?
E quem não amou não viu nada…

E tudo começa de novo,
com os mesmos, com outros, sei lá.
Felizes dos que, teimosos,
não correm riscos por nada…



Visitem Adhemar
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Os Irmãos Karamázovi - por Luiz de Almeida Neto

Os Irmãos Karamázovi - Fiódor M. Dostoiévski


“O livro mais belo que já li foi ‘Os Irmãos Karamázovi’, já faz algum tempo, mas nunca o tirei da minha memória. E sempre o recomendo.”
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E você? Qual foi o livro mais belo que já leu?
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Aflição - por Alba Vieira

Aflição é meu sentimento. É um fervilhar sem motivo. Tudo está bem. Há equilíbrio lá fora. Mas dentro de mim há reboliço. Será meu estado natural estar sempre buscando, querendo o desequilíbrio para criar alguma coisa? Serei mesmo quase esquizofrênica? Talvez sim. O fato é que acordo todos os dias com uma ânsia não sei do quê. Penso que me voltar para dentro é o caminho, mas sou tragada pelos apelos de fora. Mergulho sem parcimônia no fluxo da vida cotidiana com a maior facilidade. Preciso de um acontecimento que mude o rumo dos meus passos. Até quando? Por que naturalmente não procuro a mim? Por que eu não me volto para a essência e fluo neste mar de certeza e completude que é o interior de cada um? Tenho tanto apreço por este mundo de contradições, me regozijo com ínfimas belezas enquanto meu ser real se contorce em desespero na espera por mim.
Quero aprender de uma vez o caminho. Quero ser livre de todas estas amarras que me trazem cativa de um destino limitado, sem cor. Sei que posso, que estou perto, sinto que tateio no escuro quando devia saltar no abismo. Que a escuridão é o que dá a maior segurança, que o desconhecido é o berço dos que reclamam a infinita paz. Sei de tudo, mas não sou ainda o que sei. Um dia vou me saber. Então a aflição irá passar.
Descansarei na quietude dos que não esperam, não anseiam, não se abalam, não sofrem, não querem porque já têm, não buscam simplesmente porque apenas são.
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Me Apaixonei… - por Escrevinhadora

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley


“Cem Anos de Solidão não foi o único que me marcou. Também me apaixonei por ‘Admirável Mundo Novo’ de Aldous Huxley.”
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E você? Por qual livro se apaixonou?
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Estou Lendo… - por Escrevinhadora

La Suma de Los Dias - Isabel Allende


E você? Que livro está lendo no momento?
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O Amor - por Passa-Tempo

Amor, não sei bem o porquê,
O porquê da chuva cair lá fora me lembrar você,
Não sei bem ao certo,
Mas quando o sol brilha lá fora eu te quero por perto.

Hoje é um dia especial,
Mesmo não tendo nada pra comemorar,
Fico feliz só por te amar.
Quero te amar de maneira pura,
Com um amor de aparência bonita,
de beleza infinita;
Poderei dizer um dia que seu amor é minha cura,
E a distância que nos separa sempre será compensada...
Por ele.
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Li e Amei - por Escrevinhadora

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez


“Também li e amei. Em alguns momentos tudo é tão surreal que cheguei a pensar que Macondo é em algum lugar no Brasil.”
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E você? Que livro leu e amou?
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O Homem no Lixo - por Ana

Ontem, andando na rua,
Vi um homem adormecido
No meio de sacos plásticos.
A sua cama era o lixo.

Parei ao olhar praquilo,
Olhei e tudo parou…
Sequestrou-me o inusitado,
Minha cabeça pirou.

É o cimento da calçada?
O lixo é mais confortável?
Os sacos são travesseiros?
Mas… e o cheiro insuportável?

Eu não entendia niente,
Os neurônios não agiam,
Não enxergava mais nada,
Os meus pés não se moviam.

Não havia mais trabalho,
Ponto a bater, o horário,
Chefia, clientes, agenda,
Desconto no meu salário.

Éramos eles e eu:
Homem, lixo, catatonia,
Sono, sujeira, susto,
Cansaço, imundície, agonia.

Um esbarrão me acordou
Do estado de letargia,
Consegui dar alguns passos
Em direção ao meu dia

Que agora não era meu,
Era deles totalmente:
Mais que imagem, uma verdade
Paralisando a minha mente.

Fui zumbi até a noite
Na hora em que fui dormir.
Fui arrumando a cama,
Mas parei pra refletir.

Sentei no chão contra a parede,
Relembrando aquela cena:
O sono profundo e calmo
Numa face tão serena…

Ele teria bebido,
Tanto que nem percebeu
Onde descansava o corpo
Em uma noite de breu?

Pensei: só pode ser isso…
Ele estava sem noção,
Dormiu sem ter consciência,
Não agiu por opção.

Então eu dormi tranqüila…
Não foi algo voluntário…
Ninguém agiria assim
De modo tão temerário…

Então, na manhã seguinte,
Me arrumei, comi, saí,
Me dirigi ao trabalho,
Nem pensava no que vi.

Até que, no mesmo local,
Não cri no que o olhar via:
No mesmo lixo de ontem
Uma família dormia.


Inspirado em O Homem no Lixo é Lixo, de Alba Vieira;
Escuro, de Luiz de Almeida Neto.
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Silêncio - por Maria Carolina Nogueira Cobra Vitali

No meu silêncio,
Te digo tudo o que tenho vontade.

No meu falar,
Debocho de verdades mudas.

Adoro ouvir você falar,
Mas o que cala a tua voz,
Eu sei e me dói.
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Cuida de Mim - por Maria Carolina Nogueira Cobra Vitali

Um segredo guardado…
Um desejo calado;
Um anseio disfarçado!

Cuida! Cuida de mim…
Que minha alma está cansada.

Cuida! Cuida de mim…
Que não encontro forças para cuidar.

A pele arde,
Os músculos estão retraídos…
Os olhos arregalados…
Pés colados ao chão.

Uma tremenda dificuldade de gritar.
Berrar esse grito guardado, segredado.

Dói.
Uma dor antiga, latente.
Sempre emudecida
Por não achar-se no direito
De doer.

Cuida! Cuida de mim…
Que cansei de lutar.

Cuida! Cuida de mim…
Que cansei de cuidar.

Perdi meu lugar… antigo, velho.
Mas não sei qual é meu lugar agora.

Cuida! Cuida de mim…
Que estou perdida.

Cuida! Cuida de mim…
Que preciso retornar.
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Solidão - por Maria Carolina Nogueira Cobra Vitali

Preciso de um colo de puta
Que não questione,
Que não fale.

Preciso de um colo de puta
Que afague
Que cuide
Que saiba sem dizer.

Preciso de um colo de puta
Da mulher sem pudor
Que não se finge
Que sofre
Que mostra,

Toda dor;
Todo amor,
Da mãe que sente
Que acalenta
Que consome
Que é Continente.

Preciso de um colo de puta
Que sabe,
Só ela sabe,
Ser mulher
Por inteiro.

E carrega
No seio
O dom de ser.
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Meu Livro Inesquecível… - por Alba Vieira

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector


“Sem palavras.”
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E para você? Que livro é inesquecível?
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Comendo Camisetas - por Maria Carolina Nogueira Cobra Vitali

Foi mais ou menos assim…

A família vivia um momento, digamos, de aperto financeiro.
O casal procurava sempre deixar o pequeno, de 5 anos, a par da situação. Claro que dentro de uma linguagem que ele pudesse compreender.
Mas talvez, papai e mamãe não percebessem o quanto ele estava “ligado”!!!!
Então, deu-se o episódio…
As camisetas do uniforme escolar estavam em petição de miséria. Terra vermelha, restos de lanche deliciosamente escorridos, sujeira do “playground” etc.
O vovô ensinou:
- Passe sabão em pedra azul!!! Vai clarear o tecido.
A vovó disparou:
- Ferva as camisetas!!! Elas ficarão clarinhas, clarinhas.
Assim, a mamãe atacou as camisetas, esfregou-as com afinco e tchummm, panela a dentro!
O Pequeno olhou, olhou… Estava absolutamente desconfiado daquela façanha. E largou:
- Mamãe, eu sabia que a situação estava difícil… mas não sabia que era tanto!!!!
- Como assim? – disse a mamãe.
- EU NÃO QUERO COMER CAMISETAS!!!
A mãe olhou-o sem poder compreender aquela observação.
- Filho do que você está falando?
- Mãe, você está COZINHANDO minhas camisetas!!!!! Eu não quero comer camisetas.
A mamãe não agüentou aquilo e entre risos e lágrimas compreendeu a preocupação da criança.
Não bastasse o que já havia concluído, ele diz:
- Mãe, eu tenho R$ 20,00 na minha carteira. Pode pegar e ir ao supermercado…
A mamãe deu um enorme abraço no filhote e agradecendo explicou que a situação já não estava tão difícil. E ele, claro, compreendeu e riu muito. E eles partiram para o supermercado.

E essa foi apenas mais uma história eternizada por aquela família tão apaixonada.
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Lograré Sin Ti (Parte 2) - por Yuri

De uma coisa sei, que não pode se queixar: que eu não te amei. É... você me amou mais, mas depois tudo se inverteu e, no final, de você não restou nenhuma gota. Às vezes penso que era uma piscininha de plástico o seu amor. Não sei, sabe, muito pequena e havia poucas gotas... mas você preferiu pular de uma vez só com todo o peso de seu corpo e jogar fora todas as gotas, não preferiu isso ao meu mar que te esperava... E hoje estou aqui... ainda fraco, frágil e sem forças, claro, mas com uma linha de esperança em meus batimentos, pois nenhum dia sequer esquecerei de você. Sei que deveria... mas será totalmente impossível, você é inesquecível!
Quero que meu amor voe por aí e você o encontre para fazê-lo feliz com outra pessoa, já que você não me deu oportunidade...
Te convidei para meu oceano, mas você preferiu a sua piscina de plástico vazia e a busca do segundo mar... E eu preferi deixar você ir, vendo você feliz. Meu amor perdido me avisará e estarei vibrando de qualquer forma pela sua felicidade. Mesmo longe ainda ouço... Mesmo longe ainda posso te tocar por mais uma vez? E depois deixo você ir... por favor, não te enfeitiçarei novamente... Adios amor...
Meu coração talvez esteja te esperando em alguma ilha em nosso oceano. Corra! Talvez consiga abraçá-lo antes do desencontro... É... É melhor eu ver a realidade... e dói.
Me pedia e me cansava de se afogar no imenso azul de seus olhos, mas hoje vejo que era tudo de plástico, e esse plástico resistente hoje se quebrou. A única coisa que desejo daqui pra frente, se não houver mais volta, é que você seja totalmente feliz, porque sim, eu te amo! E quero que seja feliz e que encontre a pessoa certa que você merece… Total culpa, desavenças e uma noite de sono... Às vezes queria ter aquela doença, dormir e tudo acabar...Mas um ser humano sem dias, experiências, amores, não é um ser humano... Te amar não foi um erro e sim uma bela pegadinha da vida, mas sei que quando você parar de rir não estarei mais aqui para aplaudi-la.



Visitem Yuri
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Ponto de Vista - por Alba Vieira

O mundo é mau?
Depende do olhar ver
Bela paisagem…
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Quem Tem… - por Raquel Aiuendi

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Quem tem ouvidos, ouça; quem tem olhos, leia; quem tem sensibilidade, sinta; quem tem vontade, mude.
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Lograré Sin Ti (Parte 1) - por Yuri

No final de tudo, quando eu apenas pensava que iria apenas começar, fiz de tudo pra você se impressionar, mas de nada adiantou, a única coisa que tive em troca foi um belo chute bem forte, e dói, pois dói muito…
Ferido hoje... ontem pensava que a única pessoa que me amasse de verdade fosse você, mas hoje sei, mais que nunca, que não tenho mais ninguém...
Sem você tudo é tão dosado... me ajude a recuperar a abundância de ter você de novo aqui comigo.
Tenho saudades de seu olhar, seu sorriso, ele me encanta... sua voz, seu jeito, você *-*
Nossas conversas... Nossa! Nem me fale... É... eu fui uma vez e provei do melhor e queria ter esse melhor pra mim de novo..
Quero poder ter e provar do melhor mais uma vez e sentir a magia do seu olhar, seu coração...
Senti-lo perto do meu mais uma vez, com os pulsos ‘te amo’. Como fazer, se estou com outra, mas, na verdade, quem eu quero é você e estou pensando em você?...
Não pensava mesmo que o amanhã fosse ser assim, na verdade eu nunca pensei que esse dia algum dia iria chegar...
Quando eu pensava que meu único refúgio para o paraíso era só você, me tiraram isso…
Tiraram mais uma vez a grama do jardim e cortei o pé novamente... Será que você me entende?...
Às vezes ainda tenho a esperança de que tudo vai ficar bem, os olhares vão voltar a queimar, mas o que não posso é fantasiar tudo e ir ao encontro da realidade e quebrar a cara mais uma vez...
Sei que você já está em outra mesmo, mas minha realidade vai chegar, e se vai, só ainda não sei quando... Espero que não demore muito..
Nessas horas pensamos em tantas besteiras, como beber, se drogar, se matar, enfim... coisas que não são boas.
E coisas que não levam ninguém a nada...
Então temos que seguir a vida, pois se essa pessoa não te quer, talvez tenha quem te queira, no meu caso, o vento...
Eu me lembro muito bem de todos os momentos vividos, queria que pensasse, pois está aí a chance que você sempre quis: a de ser feliz, mas se não quer, o que me resta é seguir a vida mais uma vez, indo contra o vento...


Visitem Yuri

Escuro - por Luiz de Almeida Neto

De noite
em meu quarto
com a cama pálida
eu sou você, amigo
Te dou a mão
mas você não vê.

Quando meus sonhos
ou pesadelos
apontam na esquina
eu sou você
coberto de papelão
e tossindo ao relento.
Eu adivinho uma febre,
seus calafrios
e não faço nada.
Meu medo
faz com que eu não sinta
você.

E o mundo
que é um escuro
impenetrável
nos afasta mesmo que a uma rua de distância.
E não sei seu nome,
seu jeito,
suas crises,
mas por um instante
sou você.

Sinto uma picada
muito fraca
da dor enorme que você sente
e já me apavoro,
pressinto a fome
que te assola perenemente
e a sacio,
mas te adivinho
também uma sede.

Não sou você,
porque não me entrego
porque me nego
a me sentir imundo,
e porque ainda creio
não obstante o receio
de que sou de outro mundo.

Mas meu corpo,
ele sim,
fala mais a mim
do que todo este absurdo
não reclama nossa irmandade
já que ela não percebo
mas exige que eu compartilhe
no todo ou em parte
uma parte de teu lamento
tuas angústias,
teus tormentos,
do que sabes que é verdade.

Agora mesmo vou dormir
sabendo o quanto não sei de nada,
realmente não aprendi,
e não quero que tal lição
me seja ensinada
Com o que até hoje conheci
não sei nem muito bem
como apareceste
na minha estrada.
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Carência - por Ana

Os dias se sobrepõem enquanto te espero.
Qualquer sinal teu seria um alento.
Imóvel permaneço nesta espera infrutífera.
Por longos dias e infinitas noites de saudade de ti.
Sei que sofres porque te sinto.
Sei o quanto também queres a mim de volta.
Sei o que lamentas, a rigidez de tua mente tão inescrupulosa, que tanto castiga um coração frágil e coerente.
Mas há que ser assim ainda.
Passaremos pela vida numa ligação invisível fortalecida pela ausência.
Estaremos a cada dia mais perto pela impossibilidade de abandonar um destino de união.
Em lembranças, anseios e carinhos nos guardaremos.
Até que finalmente nos encontraremos em plenitude e em paz.
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Estou Lendo… - por Alba Vieira

Mãe Terra: a ação do campo energético da Terra sobre os seres vivos - Mellie Uyldert
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E você? O que está lendo?
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Meu Livro Inesquecível - por shintoni

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez


"Quem já leu, sabe: dispensa comentários."
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E para você? Que livro foi inesquecível?
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Visão Privilegiada - por Paulo Chinelate

Morando no 12º andar, frente ao Parque Ecológico do Cocó, tendo aos pés a Comunidade do Trilho à beira da Av. Expressa, pude apreciar às exatas 05:25h o nascer do sol.
Duplo privilégio. Primeiro por conseguir, em uma segunda feira, acordar antes do alvorecer e testemunhar o astro rei tal qual queijo mineiro maduro surgir no horizonte marinho (esqueci de dizer que vislumbro mesmo que distante a linha do mar pelas bandas da Praia do Futuro). Felizardo por fazer a prece matinal apreciando o reflexo divino na sua obra magnífica. Interessante que a oração daquele momento não foi pobre. Ao lado esquerdo deste panorama vejo o conglomerado de prédios do Bairro Cocó e Dunas, já contabilizados às centenas. Imagino que se todos estes prédios fossem de um só proprietário quantas mesuras não faria, se o conhecesse, só pela posse de tais bens. E perguntei-me o quanto estava em dívidas de gratidão para com Aquele que, além de criar tudo o que eu podia ver e não ver, ainda tinha forças para fazer “levantar” a estrutura solar todas as manhãs. E passou-me pela lembrança o Jesus amigo, gerente deste nosso sistema planetário desde seus primórdios.
O outro privilégio é o de baixar os olhos e ver nos componentes da pobre Comunidade do Trilho e ter a resposta, de imediato, de onde também eu poderia vislumbrar o Divino em cada criatura necessitada, ferramentas que o Bom Deus me dá para fazer o bem. E com este quadro pintado por Preciosas Mãos, dobrei meu coração grato pela vida e grato pelas oportunidades que ela me oferece.


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Presente - por Raquel Aiuendi

Manhã, pensamento, música, alegria e luta.
Sol que nasce através da janela, descobrindo
meu corpo, fazendo-me sentir moleza e
a função da matéria.
O sol que traz os pios, a vida que adormecia,
A visão que clareia o pensamento e que
Mistura lucidez e alegria acompanhadas
De uma música matinal feita de notas suaves de otimismo.
Fazendo-me sentir gozo no labutar diário,
No cuidar da terra, arrumar a casa, amar a família.
O sol desempenha sua função aqui na terra,
Ao trazer para as pessoas o amor pela vida.
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Verdade - por Jair Chagas

Quarta-feira de cinzas, seis e trinta e sete da manhã. Uma figura qualquer se resigna no calor da manhã litorânea com o seu débil corpo prostrado no meio fio e as costas apoiadas num poste de cimento cru, cercado de latinhas de cerveja, garrafas plásticas e restos de adereços de fantasias, do Ilê Aiyê, do Malê de Balê, do Ara Ketu, do Coruja, do Camaleão. O jovem folião usa um tênis Bamba velho e enlameado, companheiro de vários carnavais e ostenta, numa das mãos, uma garrafa de batida de tamarindo, a qual ele absorve de quando em vez em grandes e prazerosas goladas, aguardando sôfrego, porém resignado, o ônibus que o levará à realidade.

Weslley Snaytes dos Santos Rocha, de nome e sobrenome falsificados e etnia indefinível, tem aparência de pobre comum: jovem esguio, de tez parda como acarajé, olhos grandes e amendoados, lábios vivos e esperança latente, alguns o definiriam como pardo, outros, moreno, há quem o chame simplesmente de negro, talvez descendente de algum grupo Moçambicano, Angolano, Sudanês ou provavelmente da mistura de todas estas, formando um caldo racial de características pessoais imprevisíveis. A sua alma vigorosa, porém cansada, perambulou desde as quatro e treze da manhã, quando a última guitarra baiana tocou o derradeiro acorde daquela trágica sinfonia e finalmente deixou à deriva os carnavalescos da Praça Municipal até a orla de Ondina.

No fim da madrugada, no meio da multidão, entre o Farol da Barra e o morro do Cristo, uma jovem e desconhecida foliã interpela-o, sem preâmbulos, como se fossem velhos conhecidos:
_ E aí, meu preto, você tem loló?
Ele, imóvel, observa apenas seus olhos escuros e os lábios carnosos, balbuciando algo ininteligível naquele instante.
_ Fala, negão, você tem loló?
Mais uma vez Weslley é indagado, mas, sem nenhuma resposta plausível, apenas ensaia um claudicante eu não sei. Visivelmente irritada, a jovem abre os braços de indignação e retruca:
_ Finalmente, preto, o que você sabe?

Contemplando a paisagem da urbe ao derredor, sentado no meio fio, àquela hora da manhã soteropolitana, entre as ondas que quebram espumantemente na areia e os caminhantes sôfregos e perdidos, buscando sons alentadores para as suas vidas, o suburbano não responde, pois naquele instante só tem uma certeza:
É com pesar que a sua alma atesta: A festa acabou… Não há mais trio, não há mais música, abadá ou fantasia, percebe-se tão somente o mar do Farol de Santo Antonio da Barra coberto da ressaca carnavalesca, findada no calor da manhã de cinzas, deixando na orfandade milhares de suburbanos destroçados que se recusam a retornar à realidade fria e sem amparo.

Apesar da desesperança definitivamente diluída nas águas salgadas da Baía das Contradições, a jovem foliã, síntese daquele microcosmo, ainda tenta achar o fogo que fantasiava seu olhar, ao passo que Weslley, perdido no seu pequeno mundo, não vê ninguém, não vê nada, só o vazio, a exaustão e o fim. Prosternado no meio fio, ele presencia a escuridão de um lugar ermo e sem horizonte, vê-se sozinho numa caverna úmida, finita e sem amparo e, nesse pequeno e eterno momento, nesse parco e monossilábico segundo, seus olhos, alheios ao silêncio que o mundo insiste em criar ao derredor, externam a sua alma, falam tudo que ele não gostaria de expressar, discorrem sobre a dura realidade, sobre a vida sem sentido e a inumanidade, dissipando a neblina colorida de sonhos transformadores de uma vida mascarada, esta arrebatada por alguns parcos dias pelos sabores calientes do carnaval num ponto infinitesimal da América dos Fracassados. Como diria um adágio contemporâneo:
“Afora o carnaval, só resta a desgraça.”


Vejam outros textos e dicas culturais no Letras Nativas
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Decisão de Vida - por Maria Carolina Nogueira Cobra Vitali

Estava andando na praia, com o pensamento a voar, a tristeza me rondava. Parecia que o mundo queria me devorar.
Quando, sem querer, encontrei seu olhar tão perdido quanto o meu, tão sem rumo que quem chega perto sente a solidão e a dor.
O reflexo na água parece uma nuvem branca e cinza, como se nossa alma se encontrasse num equilíbrio pleno da ansiedade e da calma.
Junto percebemos que somos um só, que o mundo na verdade está sendo devorado pela gente. Com o pensamento a voar, buscamos o equilíbrio. Mas como chegar ao equilíbrio se, verdade dentro de nós, só falta ele para nos tornarmos realmente realizados.
Nisso, percebemos que formamos uma grande confusão de ventos e sentimentos, e tudo parece tão fora de ordem que o desespero começa.
Até a hora em que você grita e me desespero, para uma realidade de uma vida humana na qual não estava sabendo conviver.
A realidade não nos torna menos ou mais. A realidade apenas nos mostra que podemos ter visões diferentes do mundo e dos verdadeiros sentimentos.
Num piscar de olhos acordo, deitada numa rede, numa praia isolada de todos e fiquei pensando com quem estava conversando.
Consigo escutar uma voz que me diz para nunca pensar que sou menos e que não tenho força para aguentar os trancos e barrancos. Será que era meu grande amor, será que era meu anjo? Não sei dizer.
Me levanto e vou em direção ao mar; me vejo novamente me encontrando com tua alma, mas agora a água está turva como se o tempo estivesse se fechando para uma grande chuva.
Ando. Procuro me encontrar. Teu reflexo não aparece. Por que você não está aqui?
Você me completa e eu te completo.
Ele surge e me pede para pensar, pois não é quem eu imagino. Ele é alguém que me quer bem, muito bem. E que está tentando me mostrar o mundo, sem ter que me destruir para perceber que tudo pode ser de uma maneira mais bonita e mais simples.
Então caio na real: é realmente meu espírito lutador que não aguenta me ver mais jogada. Me levanta e me diz:
- Agora você sabe o caminho. Vou voltar ao meu lugar. Espero que tenha feito o meu trabalho. Daqui para frente a minha existência depende de você. Só você pode saber se mereço ou não estar assim, tão evidente em seu dia-a-dia.
Fui então para minha casa. Voltei para a minha vida e tudo parecia bem diferente: as pessoas me olhavam e me observavam, como se estivesse evidente em meu olhar que eu estava em uma grande evolução espiritual.
Saí na rua. Fui ao médico decidida a me curar. Queria realmente minha vida de volta.
Enfrentei cada sessão de quimioterapia e renascimento; cada enjôo, cada calafrio, queda de cabelo…
Queria viver.
E venci. Isso foi há, mais ou menos 12 anos.
Hoje sou uma mulher inteira, comum, trabalhadora, mãe, amiga, psicóloga, escritora, filha, irmã etc.
Estou viva e isso é que importa.
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Contradição - por Raquel Aiuendi

Nem sempre somos átomos estrelares,
Brilhar socialmente
Não requer tanta dificuldade
Quiçá brilharmos em nossos lares.
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Silêncio - por Passa-Tempo

Acordei pensando em não acordar,
Vivendo uma última vez para amar,
Mas não consigo pensar,
Porque todos a minha volta não falam,
Nenhuma palavra para eu me enxergar,
Na escuridão que me faz errar,
Sinto-me vazio,
Sinto-me oco,
Não sei porquê,
Mas estou morto.
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Bem na Hora... - por Vagner Heleno

aonde for, irão junto meus pensamentos
ora, se já és a dona de minhas razões
por que não dos meus pensares e zelos
se meus dias ao longo das horas prezam
por estar zombando da minha tristeza
estando ao teu lado, mesmo que em pensamentos
já era tempo, bem lembrado…
de me encontrar nessa vida
tão arredio que estava, tão sozinho e sem norte
me aparece você, com seus fios dourados
e suas palavras doces de menina-moça,
suas caras e bocas,
tudo alegra meus dias e minhas horas passam
macias e totalmente suas horas
és agora… senhora do meu sorriso
e dentre todas as coisas que encontro em meus passos
estou certo…
foste o acerto divino mais do que preciso
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Minha Vida Com e Sem o Computador - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Depois que inventaram a internet passei a viver conectada nas notícias, nas coisas que me interessavam e que eu, num pequeno clique no Google, achava.
Depois que inventaram o Orkut achei amigos, conhecidos, colegas e até os não tão amigos, mas bastava me logar e pronto: ali estavam eles todinhos…
Depois que inventaram o MSN passei as tardes conversando com os amigos, aprendi a digitar tão rápido que acho que nunca terei artrose nos dedos; afinal, é muito exercício!
Depois descobri o skype, aí a farra foi total, falei mais que papagaio!
Eu que vivia economizando nas ligações telefônicas passei a falar com amigos, filhos, parentes, com todos os que estavam pertinho (como minha vizinha) e até com aqueles que estavam do outro lado do mundo, como os sobrinhos na Irlanda, filho na Guatemala, amiga no Acre, mãe no Rio, amigos em Recife…
Virei internacional nas ligações sem sentir o peso do real nas minhas costinhas sofridas.
Meus dias se tornaram cheios de novidades e num minutinho eu sabia de tudo.
Às vezes a gente acaba sabendo mais do que deve, mais do que precisa. Fica sabendo das desgraças no fim do mundo, das incertezas, das tristezas das pessoas.
Aí descobri o blog… Nossa! Me lembro que quando ouvi a primeira vez essa palavra achei que tinha entendido outra coisa e me espantei ao me tornar amiga do blog… Coisa boa essa!...
Mas, de repente… xum! Minha amiga Adir, guru e confidente, sumiu.
Eu ficava no MSN : “Cadê vc? Sumiu: caiu? Travou?”
O provedor e o turbo deixaram-na sem conexões.
Foi o sentimento do vazio que me deixou momentaneamente irritada e ao mesmo tempo preocupada.
Será que vamos ter que voltar a escrever cartas?
Será que vamos de novo para os papos telefônicos encurtados preocupados para a conta não vir alta? Isso me fez refletir sobre essa nova vida “internetizada”…

Descobri que, hoje, não posso pensar na minha vida sem estar conectada de forma tão fácil, tão simples.
Aprendi a deletar as coisas sem importância da vida e a guardar em pastas especiais as mais importantes, escanear as boas lembranças e a apagar os pequenos defeitos.
Aprendi a trocar as cores da vida e, assim, com um simples toque de comando, troco o fundo preto pelo azul da felicidade.
Faço pps dos momentos felizes e transformo as alegrias em jpg e, assim, quando bate a saudade vou lá, abro o arquivo e revejo tudo.
Uso o Dicionário e corrijo as palavras duras por expressões mais suaves.
E quando um vírus quer se instalar na minha vida, coloco-o em quarentena…
Aprendi que Cavalo de Tróia não era aquele de Ulisses.
Que memória não era uma característica da raça humana e que alguns computadores podem ter Alzheimer, ou seja, pequenas lembranças…
Descobri que travada não era coisa de ciático e caminhada.
Descobri, enfim, que estar logada não tem nada com drogas, e que depois de virar viciada na net a pessoa tem que se internar num interior qualquer - daqueles onde nem luz elétrica é constante -, passar pela crise de abstinência e dosar a vida em conta-gotas, compartilhar arquivos e fotos e, mais do que isso, compartilhar com amigos não só a voz, mas principalmente a presença física, a vida.
Enfim, só fiquei mais tranqüila quando minha amiga entrou no MSN e me disse que o técnico da Velox estava arrumando, corrigindo, consertando e que logo poderíamos de novo conversar e colocar os nossos papos em dia.
UFA!
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Pleck... Pleck - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Sento-me à mesa. A televisão fala qual matraca velha. É um sobe e desce. Notícias boas… sobe… notícias ruins… desce!
Eu desço cristais, velas, toalhas bonitas. Desço escadas, desço salas, desço as más caras e me deixo meditar…
Aquele ser abjeto que me irrita. Que muda meus sonhos, minhas fantasias emocionais, sexuais, neuróticas…
Que não me deixa ficar concentrada com seu barulhinho infernal… pleck… pleck…
Boris Casoy começou a falar. Presto atenção na notícia importante que ele informa. De repente… pleck! lá se foi Boris Casoy e em seu lugar aparece o Silvio Santos com aquele seu sorriso amarelo e mexendo com a minha imbecilidade e com a das pessoas que, como eu, caem na besteira de assisti-lo… 7 ou 12?
Tento olhar para os dois concorrentes, estudar rostos, expressões faciais (minha tara de psicóloga) e quando estou quase indo…
Lá vem ele… pleck! E Silvio sai pela esquerda e aparece a Senhora do Destino… Maria do Carmo com o traste do ex-marido e as angústias reprimidas do amor do companheiro Dirceu.
Chego a suspirar por ela e com ela, e meus olhos fixos na telinha esperam o reencontro, mas eis que, não mais que de repente… pleck!
Ah… Friends. Levei mais de um mês para sacar o seriado. Estava até começando a gostar, mas… Pleck! Friends saiu do ar e entrou Netinho… uhnnnnn
Levanto, vou até o quarto, parece que ouvi de novo o miserável do pleck!
Volto correndo… afinal, quem verei ou o que conseguirei ver sem ser aos pedaços?
A quem ficarei fiel: à Globo, ao SBT, à Record ou à Net… Qualquer coisa, pelo amor de Deus, mas Pleck não!

Por que Deus colocou na cabeça dos homens essa infernal vontade de ter o controle da TV nas mãos?


Dediquei essa crônica ao meu grande amigo Reimer,
mas aqui a divido com todos os outros homens
fanáticos pelo controle da TV.
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Dons - por Raquel Aiuendi

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Ninguém é melhor do que ninguém, qualquer qualidade ou dom nos é emprestado para que evoluamos e façamos evoluir: quanto maior o dom, maior a responsabilidade.
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sorte - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Que sorte a minha, dormi e acordei mais velha, mais madura, mais autêntica.
Que sorte a minha, a chuva caindo nos meus óculos e embaçando minha visão não me permitiu ver as coisas à frente e esbarrei, caindo ao chão, e me vi com as mãos em cima de uma moeda de um tostão…
Que sorte a minha!
Que sorte a minha, acordar e constatar que estou viva, forte, saudável e feliz. Que posso programar aquela viagem a Buenos Aires, ver o tango, dançar o tango…
Que sorte a minha, ser dona da minha vida, dos meus atos insanos ou não, da minha alegria, dos meus pés que me levarão onde eu quiser.
Que sorte a minha, ter braços para abraçar, mãos para acariciar, rostos para beijar e filhos com quem sonhar.
Que sorte a minha, ter amigos verdadeiros, leais, humanos e justos que envelhecerão junto comigo e que me farão rir sempre.
Que sorte a minha estar viva!
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Mudança - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Mudei-me com vocês. Vi cada cômodo, a decoração, os arranjos, os quadros do Jorge, a insensatez da cozinha com as iguarias que levarão qualquer vigilante do peso à loucura.
Mas vi o amor que quase não cabe em tanto espaço, em cada quadro, em cada poesia.
Vi a saudade da casa antiga repleta de sonhos e de lembranças.
Vi a alegria dos parentes chegando e saindo, levando consigo abraços e saudades.
Vi o sol mansinho chegando de manhã, tímido, a acordar vocês.
E, finalmente, me vi chegando na porta e sendo rodeada por dois grandes amigos num lar onde tudo cheira a lembranças, coisas boas e muito amor.


Resposta à “Mudança” de Adir Vieira.
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Mudança - por Adir Vieira

Estou de mudança. Enfim compramos o apartamento tão sonhado. Quisemos que fosse localizado numa rua tranqüila e arborizada, bem longe do burburinho do comércio.
Era imprescindível que toda a frente recebesse sol da manhã, para que no verão próximo e em todos os outros que lá passaremos, as tardes se encarregassem de esfriar as paredes, garantindo que o clima, à noite, fosse quase o ideal.
Embora o prédio tenha playground e duas grandes piscinas, o escolhemos, entre outros, porque essas áreas ficam bem destacadas do corpo predial e assim não seremos perturbados.
Como se situa em centro de terreno, todo o seu entorno é repleto de pequenos arbustos e folhagens coloridas e, logo na entrada, uma grande roseira de flores vermelhas que dão ao local uma vista deliciosa.
A portaria, embora luxuosa, possui apenas um grande sofá, propositalmente colocado na frente de uma parede espelhada e não permite, por seu arranjo, que moradores ou visitantes ali permaneçam por muito tempo, o que propicia a ausência total de desordem das crianças mais peraltas.
Quisemos também que fosse no sétimo andar, pois, assim, teríamos uma paisagem mais abrangente e ficaríamos alheios aos possíveis ruídos vindos da rua.
O que mais me fez apaixonada por ele foram os corredores amplos, em mármore branco, longos, para nos dar a impressão de caminharmos em purificação até chegar à entrada.
As duas portas de entrada – sala e área de serviço – em madeira branca com detalhes dourados, deram ao local um ar de suntuosidade aparente, convidando a quem chegasse a observar o bom gosto.
Escolhi para essa entrada os melhores limpa-pés. Nada de pequeninos: altos, sem frisos ou bordas, de cor marrom claro, perfeitos…
Ao abrir-se a porta vê-se um corredor comprido, espelhado, que, por seu tamanho, pode alojar um aparador igualmente branco, onde planejei colocar um vaso de cano alto e a caixa para correspondências trazida de Portugal.
A passadeira também foi comprada com critério. Nada de motivos florais ou linhas sem expressão. De cor caramelo forte forma, no centro, um desenho irregular que a fez diferente de qualquer outra.O corredor dá acesso aos três amplos quartos: o de casal com suíte de rainha, que decoramos de branco, com cortinas em tom pastel, o de hóspedes em tom verde clarinho e o destinado apenas ao repouso, decorado em amarelo suave. Este recebeu três grandes poltronas acolchoadas e de tecido com florzinhas miúdas, do tempo da vovó, uma mesa de centro para livros e revistas e vários almofadões espalhados pelo chão. Coloquei um vaso de plantas com uma grande folhagem junto à janela e não esqueci do carrinho de chá, em palhinha chinesa, presente de uma grande amiga numa viagem ao exterior.
Todos os quartos exibem, com galhardia, as telas pintadas por meu marido, motivo pelo qual esse apartamento tem um espaço somente para o seu trabalho de pintura. Seu novo atelier. Foi difícil arranjar, nos lugares certos, os inúmeros vidros de tinta a óleo, as pranchetas de vários tamanhos, cavaletes e telas virgens. No final tudo ficou lindo. Persianas quase transparentes cobrem o imenso janelão de frente para a rua, cenário perfeito para o trabalho do meu artista.
O corredor também dá acesso à sala de dois pavimentos, divina com seus sofás em tom ferrugem e uma obra de arte, uma figura de mulher, em mármore branco, de tamanho natural, em um dos cantos. Para a sala designei um dos seus quadros mais bonitos, tipo painel com uma moldura em madeira, inigualável. Foi o primeiro dos quadros que pintou e que fez com que eu o incentivasse para compor um grande acervo, hoje, com muitas e muitas obras de fino gosto.
No final do corredor, a cozinha, toda em amarelo claro, me diz onde estarei a maior parte do meu tempo. Adequadíssima e perfeitamente equipada, tem todos os apetrechos à mostra, à mão, já que o espaço assim o permite. Ali será o meu laboratório diário nas iguarias que pretendo preparar, a começar pelo almoço de inauguração do apartamento e mostra à família que hoje, numerosa, pode ser abrigada de uma só vez.
Não esqueci de colocar numa espécie de pedestal meus livros de receita preferidos. A bela fruteira vinda da Áustria será cuidada para que esteja sempre ornada com as frutas de minha preferência.Dois outros banheiros enormes em branco neve, com as louças em preto, darão, sem dúvida, à nossa higiene diária, um prazer e uma calma permanentes. Localizados um tanto distante das áreas comuns, garantem a privacidade necessária aos banhos de sais que, agora, serão costumeiros.
As áreas de serviço ficaram restritas à guarda de objetos e equipamentos sem utilização, tal qual um almoxarifado doméstico.
Enfim, estamos de mudança. Já contratamos duas auxiliares para a manutenção geral da limpeza, a cada semana.
O último caminhão segue agora com os nossos pertences finais.
Viro-me e, vendo meu cantinho totalmente vazio, a futura saudade não me deixa ir em frente.
Em poucos minutos vivo e revivo tudo o que aqui construí nesses quinze anos e, de repente, quase me arrependo de partir.
Enfim, estou de mudança... mas não totalmente feliz.
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Verdade - por Raquel Aiuendi

Eu sei que meus olhos pensam
E minha boca é bastante cautelosa
E, quando não, é passiva…
Minha revolta é tanta
Que tenho medo da retórica
Que quer se expandir
para além;
além de mim
existe a força inevitável
incontrolável, razão da vida…
que anula paixões e mágoas
que É sobre tudo o que chamamos…
amor;
que domina e prepara
para o final,
o final das dialéticas
quando não mais seremos duas naturezas,
para o encontro
com o Verdadeiro:
AMOR.
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Francisco Otaviano em “Soneto” - Citado por Penélope Charmosa

Morrer, dormir, não mais: termina a vida
E com ela terminam nossas dores,
Um punhado de terra, algumas flores,
E às vezes uma lágrima fingida!

Sim, minha morte não será sentida,
Não deixo amigos e nem tive amores!
Ou se os tive mostraram-se traidores,
Algozes vis de uma alma consumida.

Tudo é pobre no mundo; que me importa
Que ele amanhã se esb’roe e que desabe,
Se a natureza para mim está morta!

É tempo já que o meu exílio acabe,
Vem, pois, ó morte, ao nada que me transporta
Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe?
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Sensibilidade - por Raquel Aiuendi

A luz brilha pra quem
Tem visão ou sensibilidade
À flor da pele e da vida
Até para o uso do bem
Temos toda a liberdade
Mas vê o que diz a bula
Pois nesse mundo toda lida
Te promove ou encabula
A poesia nordestina
Tem destaque nacional
E a cultura brasileira
Tem um valor especial
Em nações estrangeiras
Tudo que é quente, ferve
Ninguém segura
O jogo de cintura
E a nossa verve.
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Apenas Juntando Letrinhas - por Alba Vieira

Se por falta de tereré
Hoje não escrevo nadinha
Dou meu jeito, não perco a linha
Escrevo qualquer coisinha
Sigo meu trem de letrinhas
Escrevendo, indo em frente
Alegrando tanta gente
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Confiança - por Passa-Tempo

Me olha com essa cara de apaixonada,
Essa cara de sedução,
É o bastante pra eu te contar meus segredos,
Me colocar em sua mão.

Viro as costas e saio,
Chega outro em meu lugar,
Fala tudo o que eu disse,
inventa o que não falei.

Ele vem atrás de mim,
Mas da morte não tenho medo,
Só não quero morrer cedo.

Você me fez acreditar naquele assunto de amar,
E esses dias fiquei sabendo,
O desgraçado está a me caçar.
Pra mim é fácil te perdoar,
Difícil é voltar a confiar,
Em alguém que já tentou me matar.
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Wanderley Mendes Gomes em “Meia Lua” - Citado por Elyana Cordeiro

Meia Lua é a fase,
meia noite é a hora,
meio tarde é o momento,
meio triste estou agora.
Meio só, você não veio,
meio morto agora estou,
meio desgosto que me abate,
meia fé… você ligou!!!
Meio crente de sua chegada,
meio lento o tempo a passar,
meio sono estou ficando,
meio olho a te esperar.
Meio Sol já tá surgindo,
meio dia já chegou,
meia vida te esperando,
para declamar-te meu amor.
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Conceitos - por Raquel Aiuendi

Quem me vê criando, conversando e brincando pensa que eu trabalho a mente ou com a mente o tempo todo. Não, é a mente que me trabalha, é minha aliada no meu processo evolutivo.
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Lá no Céu - por Kbçapoeta

Lua cheia
é o arco Íris
em linha reta, com suas sete cores,
seus sete espectros.
Girando no céu a noite continuamente.

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Mundo de Alice - por Kbçapoeta

Ande como se estivesse pisando em ovos;
a umidade deixa a terra sensível,
principalmente após a chuva pacificadora.
Olhe para mim!
Estou trajando branco, gravata roxa
e chapéu hippie vietnamita.
Venha colher-me!
Estou aguardando sua boca.
Sujará seus pés na bosta da Zebu.
Fazer o quê?
Eu nasci aqui.
Colha-me, colha-me…

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Amizade - por Pryscilla Mattos

Quando você resolve ser amigo de alguém, você não pede nada em troca. Apenas oferece sua amizade, nível de conhecimento que engloba muitas coisas. Ombro amigo, zelo, valor e outras coisas que sejam sinônimo de bons relacionamentos. E quando a pessoa que teve sua amizade aceita começa a brincar com o sério?!
Andei reparando: faço de tudo para os meus amigos, ou melhor, pra quem eu ofereci minha amizade e o mínimo que eu queria de volta era a consideração deles. Mas isso nunca acontece, até mesmo os amigos mais próximos que estão lá sempre, eles também, na maioria das vezes, não reconhecem o trabalho que eu tive pra fazer algo pra eles. Não que eu deseje ter amigos perfeitos, ninguém é, mas um pouco de “simancol” às vezes é bom, né?
Eu fico muito triste, chateadíssima quando essas coisas acontecem, e , às vezes, por eu ser muito sincera, palavras acabam saindo quando não deveriam ser ditas.
Desde criancinha eu sempre fui injustiçada com amizades, era a amiguinha falsa que falava mal de mim para as outras, era a invejosa que queria tudo que eu tinha, e hoje são os amigos superficiais. Eles estão perto de você, vivem fazendo “declarações em praça pública” de que são teus amigos e te amam, mas na hora que você REALMENTE precisa eles somem. Se resumem a nada.
Provavelmente na vida tenhamos apenas um ou dois amigos, se tivermos sorte (favor não contar com a família), mas a vida seria tão mais saborosa se as pessoas se respeitassem mais. O problema é que, pra isso, elas precisam ter amor próprio, mas algumas têm tanto que passam por cima das outras, aí vira essa coisa que nós chamamos de mundo.

Enfim, chega. Saindo totalmente das regras de redação, não tô a fim de fazer início, meio e fim nesse texto.

Boa sorte com seus amigos.
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As Únicas Águas - por Casé Uchôa

Hostil o solo, a terra, a mãe da vida
Vida não nasce neste solo mãe
Só aridez aonde vai a vista
A vida seca de esperança

Osso de boi morto de sede
Vira brinquedo nas mãos do menino
Pobre menino, morto de fome e sede
Tanta tristeza e dor em seu destino

A reza, e a chuva não vem
A reza, e a chuva cai não
A reza, e a chuva não cai
A reza é a dor do sertão

Pobres mulheres, as suas lágrimas
São as únicas águas com que podem contar
Pobres mulheres, as suas lágrimas
São as únicas águas que não vão ver secar

O padre fala na missa de domingo
De esperança e fé em Deus
Mas Deus não fala, não dá notícias
Terá abandonado os filhos seus?


Inspirado em Haikai, de Alba Vieira.
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Cantigas - por Alba Vieira

Para mim são canções que vão além…
Além do tempo, das pessoas, dos significados.
Talvez morem no astral
E, por isso mesmo, falem ao coração da gente
E atravessem gerações.
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Viver - por Raquel Aiuendi

Só quero estar onde sempre estive
Só quero morar onde nunca morei
Só quero amar quem nunca amei
Só quero viver, viver. Viver
Liberdade, pra quê?
Não quero me prender
Nem me soltar
Quero ser e estar
Ao mesmo tempo, mesmo momento
Que o pensamento!…
Correr entre carros e pistas
Jogar a rede
Matar a sede, jogar a isca
E num instante perder o prumo, o rumo
Seguir outro caminho
De repente sumo, sumo, sumo
Destino pra quê?
Se já conheci você?
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Flores Mortas - por Escrevinhadora

Regávamos as flores que desabrochavam em nosso quintal. Eram umas flores magras que mal aberto o botão, espalhavam suas pétalas na calçada. Mas eram as nossas flores, era o nosso jardim.
Os vizinhos plantavam couve, abóbora, hortelã, pimenta. Regavam suas hortas.
Nós, sonhadores e improdutivos, regávamos nossas flores. E repartíamos gratuitamente com o olhar dos passantes as cores que enfeitavam nosso jardim.
Não nos sobrava luxo, não nos faltava o essencial.
Um dia o irmão mais velho se casou. Trouxe a mulher pra morar com a gente.
A cunhada colhia as flores. Cortava umas hastes bem longas, pra colocá-las num vaso sobre a mesa da sala. Dizia que era pra enfeitar a casa.
Nenhum de nós gostava daquilo. Nenhum de nós dizia nada.
Aquelas flores murchas, meio mortas, não enfeitavam nada. Entristeciam a casa.
Fomos deixando de lado o jardim. Folhas secas acumulavam-se no chão. Galhos ressequidos despontavam nas roseiras. Já não regávamos nossas flores.
O pai que estava meio velho adoeceu, logo morreu.
A mãe, cheia de tristeza, disse que não suportava conviver com as lembranças. Foi morar com uma tia também viúva.
A irmã caçula mudou-se pra uma cidade maior, em busca de uma vida diferente.
O irmão mais velho e a cunhada compraram um apartamento num bairro novo.
Fiquei sozinho na casa. Comprei umas flores de plástico que coloquei no vaso da sala.
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Tédio - por Alba Vieira

Tédio é morte:
Sossego da mesmice
De nada tentar.
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Semeadura - por Raquel Aiuendi

O mundo é o quintal
De irmãos em comunhão
Andar caminhos
Para aparar espinhos
Que a mata virgem
Cultiva durante anos
Sem medo ou vertigem
Dos sentimentos de hermanos
Pelos milhares de cantos
Do planeta é o trabalho
Dos nômades em plantão
Pelo sim e pelo não
E o que mais?:
No plantio da Paz.
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Mote do Moita - por Ana

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Mote
Deus apesar de ofendido
não se vinga de ninguém



O mundo anda perdido,
repleto de maus bocados…
Releve os seus amados,
Deus, apesar de ofendido.
A cura já vem lá vindo:
o amor e a paz também
nos atos dos homens de bem.
O esperar é custoso,
mas Seu agir é bondoso,
não se vinga de ninguém.
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Crime Passional - por Passa-Tempo

Amor,
Não entendo o porquê...
Porque me deixaste aqui sozinho...

Porque, na velocidade da luz,
vejo minhas mãos banhadas em sangue
E, em meus braços,
Seu corpo frio e sem vida
me faz lembrar de nossos momentos.
Os momentos de meu amor platônico,
Momentos em que eu chorava só em meu quarto,
Ouvindo músicas que me faziam lembrar de seu sorriso.

Pego seu casaco de seda
E sinto-me acariciando seus longos cabelos cor de mel.
Onde estás agora, meu amor?
Ouço sua voz me chamando,
Ouço a sua risada
E "bum"!
Tudo acaba em apenas uma bala.
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Manhã - por Alba Vieira

A passarada
Cantarola de manhã.
Bem-te-vi, te vi.
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Ame o Próximo Como a Ti Mesmo - por Vagner Heleno

aos que sofrem, aos que precisam de nós

há uma forma de confissão
a predileta dos mártires
dos que estendem a mão

sem padre, sem repetido jargão
que é o arrependimento do fraco
que é o mais fácil para a razão

hoje e sempre,
há sempre muita dor por aí
e são chances de ficar em paz
a verdadeira luz de quem faz
é estar presente lá, ou aqui

há quem deseje a luz e a pureza
a quem quer que esteja aí
faça, façamos algo pelo amor
pelo amor de deus, faça
façamos algo por itajaí
pelas viúvas de blumenau
pelos órfãos de lá

nem fome, nem frio irão lhes faltar
falta é o aperto de mão, o abraço
carecem de nós, olhos de deus
de um afago de irmão, de um alento

nem lama, sem casa, não lhes faltam chorar
lhes falta um sorriso que os abrigue
um bocado de humanidade e de calor
alguma refeição pra alma, não o pão

um carinho sem olhar a documentação
sem imposto, nem olerite,
sem o crédito cartão, sem frescuras
eles só querem o que todos querem
aquilo tão sonhado, lido e repetido
pouco feito, mas muito teorizado
aquela ajuda, aquele abraço
aquela tal de boa-ação

“eu vou, por que não?”
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Aprendendo a Viver - por Yuri

Aprender a viver
é descobrir que toda magia não está em falta
e que toda falta se transforma algum dia em magia
e muita fé…
e descobrir que o amor não é uma simples dor
também nos pode fazer bem.

E que temos que aproveitar cada segundo de nossas vidas,
cada segundo como se fosse o último, pois passa rápido
e beijar sem medo com todo nosso amor
e a combater a razão a pedacinhos do coração
e que, sim, estes… até o final…

E que tudo acaba bem, se não está bem é porque ainda não acabou
e é melhor pensar assim do que viver afogado na beira da solidão.


Visitem Yuri
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Cair para Levantar - por Yuri

Você abriu meus olhos para o mundo, foi como um enviado da vida, para eu poder entendê-la bem mais, e até hoje fico me perguntando: por que acabou?
Pois é, eu tentei, poderíamos ser felizes voando por aí, mas não. E assim foi.
Às vezes me pego olhando pela janela e vendo como as coisas passaram, e dói. Ainda restam cicatrizes... Infelizmente...
O ventou levou tudo, como olho na janela a ver todas as estações e ver que é... o tempo passou mesmo, e hoje estou aqui sem você.
Mas como cada dor tem seu lado bom, o lado bom é que caímos para poder levantar novamente com mais equilíbrio em si. Com mais responsabilidade e cuidado, porque cada vez que caímos aprendemos mais...
E você me deu asas pra isso, e logo se foi...
E eu chorei e eu senti, e hoje estou aqui, com a força que você me ensinou, a seguir... e logo hoje mais, aqui em frente, me dei conta de que tudo era tão mágico quando imaginava que fosse verdadeiro, e depois tudo foi tão falso quando vi que era mentira...
Nunca imaginei voltar ao tempo e escrever de você.
Pois vale como uma grande experiência.
Obrigado, de qualquer forma, por me fazer amadurecer.
Sei que seguirei, mais uma vez, sem nossa historia e sem você.
Sei que um grande amor pode me esperar, começarei de novo e espero que sem dor, ao menos uma lembrança de uma coisa que vivi; e depois tudo parece um peso que está se deixando ao cicatrizar...
Não importa a decisão, importa que seguimos em frente mais uma vez e é o próximo ingresso para o próximo tropeço, cair novamente e levantar mais forte de que antes... Assim é a vida, meu amigo(?)!
Caímos para levantar mais fortes, e a cada segundo a contagem do relógio avança e a vida continua…


Visitem Yuri
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Olhando o Lado Bom do Desemprego - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Esse texto é em homenagem a minha amiga Silvania que ficou desempregada e estava muito triste e preocupada. Como ela, muitos que se encontram nessa situação, sentem-se tristes e acabam só enxergando um lado - o lado ruim, o de engrossar a fileira dos PHD’s. Mas existe um outro lado - o lado bom. Quem foi a adolescente que não leu Pollyana? “Todo lado ruim, tem seu lado bom”.
Pensando nisso, resolvi listar para a minha amiga o lado bom do desemprego e assim fazê-la sorrir e esquecer as preocupações…
Pesquisei, entrevistei e me interessei e acabei fazendo uma listinha de itens que, com certeza darão ao desemprego um ar mais feliz.

1. Acordar tarde - Imagine o despertador do celular mudinho, dentro da bolsa até a hora que você quiser. Nada de acordar com aquele sonzinho irritante.
2. Não ter o que fazer - Simplesmente não fazer nada, absolutamente nada que não quiser. Olhar, olhar, pensar e não ter o que fazer por obrigação.
3. Não ter chefe - Quer coisa melhor do que não ter chefe enchendo o saco, reclamando de tudo, encontrando erros nas coisas que você fez com o maior amor do mundo? Aquele ser que te cobra e não te dá nada nem um muito obrigado por você acordar cedinho, fazer um bolinho e levar para o café da manhã do chefe e, é claro, dos colegas, enfrentar o espera-espera de uma vaga no estacionamento e nem um muito obrigado?
4. Não ter horário para almoçar - Acordar às 11 horas com o sol na cara e de pijama ir tomar café como se fossem 5 horas. Almoçar às 4 da tarde e pensar que você pode emagrecer e economizar fazendo apenas 2 refeições?
5. Economia de combustível - Você não mais ficará chateada como quando enchia o tanque do carro e ele acabava em uma semana de tanto engarrafamento que você pegava, o vai-e-vem casa- trabalho, trabalho-casa. Agora seu carro fica quietinho na sua porta, só saindo nos finais de semana ou se pintar uma chance de emprego. Economizar, essa é a palavra chave!
6. Jogar paciência - Pense que coisa boa. Você estressada jogando paciência para desestressar e de graça…
7. Sem plano de saúde, sem doença - Você vai curar tudo, pois tudo é psicológico. Sem plano de saúde, sua saúde vira de ferro. É inacreditável!
8. Usar a internet dia e noite - Quando no seu trabalho você podia abrir seus e-mails? Só podia acessar os sites oficiais. Assim, você poderá colocar em dia aqueles 300 e-mails que você nunca leu nem respondeu.
9. Caminhar no Parque da Cidade - Imagine o ar fresco, o contato com a natureza: nos dias de hoje, contato é a palavra-chave nem que seja com a mãe natureza. Outra coisa boa: você pode treinar correr e assim, quando nada, concorrer nas olimpíadas ou mesmo correr dos cobradores, pois você estará bem treinada.
10. Excesso de liberdade - Já pensou bem nisso? “Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós” Que sensação gostosa!
11. Pesquisar, testar e concorrer com uma receita especial no concurso da Knorr e ainda abocanhar o prêmio; se você não tinha tempo, agora tem de sobra, portanto, mãos à obra!
12. Assistir todo o dia o “Hoje em Dia”, anotar todas as dicas e, quem sabe, conseguir descobrir qual o número que abre o cofre do Brito. Se você estivesse trabalhando perderia as dicas e não conseguiria nada. Viu só que legal?
13. Finalmente o mais sonhado de todos: Ter tempo, muito tempo para pensar nos números, verificar estatísticas e tentar ganhar na MEGA SENA e assim deixar de ser desempregada para ser MILIONÁRIA!

Mas se nada disso te alegrar, pense que você tem o SEGURO DESEMPREGO e, com isso, 3 meses de alegria, alegria!
.

Despedida - por Raquel Aiuendi

O raio cai
E não vou dizer...
Direi então: vai!!!!
Não quero te ver
Tão cedo
Ou mesmo tarde
Sem medo
Fico pela metade
Assim mais inteira
Ficarei
Minh’alma-sementeira
De amor
Serei
Mais livre pra andar
Pra viajar
De ti sairei...
.

Cora Coralina em “Saber Viver” - Citado e Complementado por Elyana Cordeiro

Não sei… se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira, pura… enquanto durar

[Durar minha vida!!!]
.

Epitafiando no Umbral - por Kbçapoeta

Aqui jaz um menino,
Que nunca ficou velho.
Um cérebro que talvez fique a maquinar;
estratégias,
para explorar esse lugar.
Tenho terra, flores e vermes.
O que mais posso querer?
Quando em pé comia o alimento,
Que a terra dizia merecer.
Nada mais justo!
Doar-me às larvas.
Voltar para terra,
com esses olhos;
que ela há de comer.

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Vinte e Nove - por Kbçapoeta

Na íris do meu olho
Vejo tinta, pincel e cor.
Uma aquarela, sobre a rede bordada.
Ao lado tem uma camisa escrito “LOVE”.
Logaritmos numéricos
calcularam meu número
Meu número de sorte é o vinte e nove
Vinte nove desilusões irei sobreviver
Vinte nove amizades em inimigos irão se converter
Vinte nove vezes passarei por isso
Vou suportar
Pois sei que é meu número de sorte.

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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Vida Continua... - por Raquel Aiuendi

Aprender a ouvir o que não gosta
para depois falar o que é preciso
e assim a vida segue em frente
sem medo, desespero…
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Transição para o Despertar - por Alba Vieira

Se hoje passeia meu olhar
Sem muito interesse pelo que vê,
É que agora busca mais…
Sem desejo, experimento o Ser.

E se algumas vezes eu duvido
E penso que deprimida estou,
Vem a alma paciente e me explica
O tanto ingênua que ainda sou.

Pois que viver alucinadamente,
Envolvendo-se em muitas opções,
Nada tem de muito equilibrado,
Serve apenas para criar tensões.

Chega um dia em que a maturidade vem
E de repente temos um clarão…
O que parecia nossa própria natureza
Era só uma completa ilusão.

Pois quando o olhar se volta para dentro
Só encontra calma e perfeição.
Não existe um mínimo desejo,
É puro êxtase: a real expansão.

Mas eu me encontro antes da chegada
E tantas vezes reluto em aceitar.
Eu me debato, entristeço, desanimo,
Penso que agora começo a definhar.

Nada disso: há que termos confiança
Que é nos momentos desta transição
Que precisamos contar com a criança
Que ainda mora no nosso coração.

Será ela que irá nos socorrer,
Deixar-nos soltos, leves, sem temer,
Enquanto aguarda, sorrindo,
Calma no seu canto
O despertar da alma plena,
O êxtase, o seu alvorecer.
.

A Rotina Bate à Porta - por Raquel Aiuendi

O sol vem trazendo o dia
e quem pensou qu’ele traz,
também, alegria,
não pensa mais
pois o homem abre o portão
vai para a rua
pisando forte
e à mulher sua
não dá adeus na esquina
e os filhos seus
carregam sua sina (tão sem rima)
de viver a mesma vida:
lutando contra sua própria condição
(numa eterna partida
contra seu próprio patrão).
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Chuva Lágrima - por Passa-Tempo

Do céu caem gotas,
Gotas de água salgada,
Que correm pelo rosto,
De uma mulher mal amada,
E na pele, o sal da chuva lágrima,
Transparente como a mágoa,
Resseca o coração,
Que vive apenas de ilusão,
Uma ilusão que traz emoção,
Emoção que ao mesmo tempo
É levada pelas lágrimas,
Até atingir o chão,
Aonde brota uma flor,
negra de amarguras,
De seiva vermelha como sangue
E salgada como lágrimas,
Regada por gotas de fel
que vieram do céu
em forma de chuva.
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Medo - por Alba Vieira

Noite fechada,
Tudo soa estranho.
Ai! Dá um medo!
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Falta... - por Adhemar

Poucas folhas para fechar o outono,
pouco frio para fechar o inverno.
Poucos pecados para ir pro inferno,
o paraíso para chegar sabe-se como…

Pouca luz para enxergar um sócio,
pouca razão para enxergar o sério.
Desilusão para desvendar o mistério
e muita ação para parar no óbvio.

Poucos dilemas, poucas resoluções.
Poucos problemas, pouca disposição.
A maravilha que é ver televisão
e assistir aos disparados corações…

E viver em permanente sobressalto,
suspirar entre lembranças e saudade;
e esperar uma esperança sem idade
que nos faz caminhar e voar alto.

E assim simplificar procedimentos
de viver para alimentar o nada.
Se encher de ar, se distrair, cair da escada,
depois curtir a lamber os ferimentos…

Enfim, parar no alto e se deter;
olhar pra trás e ficar horrorizado
se foi a vida um dom desperdiçado
e não ter mais tempo nem pra se arrepender…



Visitem Adhemar
.

A Pobre Menina Rica - por Adir Vieira

Eram cinco as meninas que conversavam.
Da mesma idade todas, embora os tipos físicos destoassem entre si.
Uma loirinha, mais alta, tinha os olhos voltados para o social, para o que denotasse aparência e isso se fazia sentir no traje que usava - sandálias maiores que os pés, de solado grosso e alto, shorts de adulta e blusinha bordada com florões, deixando a barriga totalmente descoberta.
A outra, ao lado, vestia roupas simples de menina daquela idade, não arriscava falar muito. Era amiga da loirinha e estava de visita, parecia não conhecer as demais.
Uma morena, bem mais alta, já parecia adolescente e suas atitudes mostravam uma criança grande desengonçada. Morava no mesmo prédio e era amiga da loirinha também.
A quarta, bem mais baixa e mais esperta que todas, era magrinha e parecia uma adulta em miniatura. Trajava shorts com pedrarias e sandálias bem mais altas do que as da loirinha.
Notei que a quinta era simples demais – trajava roupas de criança mesmo, criança daquela idade – e seu rostinho meigo era seguro e seus comentários, na conversa, sem compromisso, diziam convicção.
Sentada ali ao lado, entre a algazarra que faziam, parei de ler para prestar atenção na conversa. Sempre me interesso pelos papos de crianças.
Reparei que o pivô era a quinta. As quatro tentavam descobrir, a partir da afirmação da loirinha, se era verdade ou não o fato dela, a quinta, ser rica.
Eis que, do nada, surge a mãe da menina para buscá-la para o jantar e outras duas incitam a terceira a desvendar o mistério, indagando da mãe. Depois do empurra-empurra habitual, uma delas se encorajou e fez a tal pergunta:
- Tia, perguntamos à Taissa se ela era rica e ela respondeu que sim, é verdade?
Percebi que a mãe, sem nada entender, apenas respondeu:
- Se ela disse que é, podem acreditar que sim, porque só somos o que verdadeiramente sentimos ser.
A mãe e a menina despediram-se do grupo que, um pouco decepcionado e sem mais o que comentar, desfez-se…
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Você - por Adir Vieira

Pouco a pouco vou conhecendo você melhor.
Um fato aqui, outro ali, um comentário que analiso, uma resposta que escuto…
Tudo é importante, nessa intenção de descobrir você.
A princípio você se impõe limites, para que uma espontaneidade desenfreada não ponha tudo a perder.
Como quem faz não perceber, vou administrando idas e vindas dos seus freios e traçando sua verdade.
Constato, por fim, que você é admirável e não entendo o porquê de tantas críticas.
Percebo que basta olhar e evidenciar, mas olhar com critério, com atenção e jamais com subjetividade.
Se buscássemos listar seus predicados faltariam muitas folhas de papel…
Perfeita é você!
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Amanhã - por Adir Vieira

Amanhã vou começar “aquela” dieta.
Decidi isso agora, quando me olhei no espelho de perfil.
Amanhã, prometo, vou começar. Tão decidida estou, que vou esvaziar o freezer das esfirras e sanduíches naturais preparados para a semana. Não posso tê-los perto como tentação.
Decidi mesmo, vou começar.
Preparei todos os artefatos necessários para não voltar atrás nesse momento de total decisão.
Já preguei na porta da geladeira minha foto preferida, aquela que me mostra quinze quilos a menos, aquela em que de frente, de perfil, de costas, pode se ver os ossos, hoje tão escondidos.
Junto a ela, outra e mais outra, onde o sorriso – a boca era maior ou a gordura encobriu-a em parte – era de poderosa.
Tirei do guarda-roupa peças de tamanhos menores e jurei que em mim entrariam, pelo menos, daqui a duas semanas.
Separei revistas com dietas de todos os tipos e amanhã vou escolher a melhor, aquela que me fará, sem sacrifícios ou não, atingir o meu objetivo hoje – o de começar uma dieta amanhã!
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Ela Se Foi - por Adir Vieira

Acabaram-se as férias e ela se foi. No máximo daqui a dois dias não mais se lembrará de nós. Não mais necessitará de nós. Outras serão as tias que se farão presentes em sua nova rotina. Sua autodefesa inteligente não deixará que sinta saudades, só para não sofrer.
Ela se foi e o vazio da sua ausência instalou-se novamente em nós.
A casa, antes repleta das vozes infantis, também assumirá ares de museu sem seus ruídos, sem sua presença. Roupas de cama, colchões, gavetas, não precisarão mais se mover de seus lugares devidos para acomodá-la com conforto.
Suas solicitações, inúmeras, às vezes tão difíceis de cumprir, darão lugar à rotina equilibrada de nossa vida de casal maduro que, nessa altura, não se atropela nos afazeres comedidos de quem já conhece a vida.
Nesses poucos meses em que ela aqui está, a campainha da porta e os telefones brigam entre si para se fazerem notados, visto que suas coleguinhas clamam a todo instante por sua presença doce e cordata, apaziguando ânimos.
Seu astral é tão especial que até os bebês a preferem nas brincadeiras. As maiores, então, nem se fala. Nota-se, sem dificuldade, a energia positiva transmitida por ela em tudo o que faz.
Decidida, sabe o momento de parar e descarta até a piscina, seu prazer preferido, se não for mais do seu interesse. Aí, ela reina sozinha, mostrando que só faz o que tem vontade e não adianta os apelos das amiguinhas mais queridas e de suas chantagens para fazê-la ficar. É admirável na sua verdade.
Ela se foi e ficamos relembrando, aqui, seu jeitinho, sua forma única de se fazer querida.
Como não lembrar do seu bom dia, chegando de repente, na ponta dos pés, na cozinha, abraçada ao urso quase do seu tamanho e com o habitual paninho, companheiro de todas as noites, enrolado no pescoço?
Como não lembrar das indagações sobre o que comeria no almoço e das suas idéias para trocar o menu que não lhe apetecesse?
Como não lembrar das suas mãos estendidas para o abraço quando estava completamente feliz, mesmo que saindo do banho e enrolada na toalha?
Como não lembrar e sentir saudades da rotina diária de cuidar dela, viver como se fosse só pra ela?
Como não passar pela sala e vê-la sentada na sua poltrona preferida, com a bandeja de comida no colo e saboreando um pedaço de frango, perguntar se poderia repetir?
Como não ouvir suas gostosas gargalhadas, assistindo mil vezes ao mesmo programa, que já conhecia de trás pra frente?
Como não lembrar dos momentos em que, circunspecta, pegava sua agendinha da Barbie para anotar o que havia feito de melhor no dia?
Como não se alegrar com ela, vendo-a chegar de uma festinha no play com as maçãs do rosto rosadas de tantos folguedos?
Como não lembrar do seu jeito vaidoso quando, de máquina digital em punho, programava-a, sozinha, para se fotografar em caras e bocas, como artista de TV?

Ela se foi e vamos demorar um pouco para esquecer tantos momentos felizes que, sabemos, só voltarão nas próximas férias.
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Despedida - por Alba Vieira

Partida certa…
Devo então aprender
A curar dores
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A Vida é Aprendizado - por Raquel Aiuendi

Poderia fazer uma lista grande de aprendizados que pude receber ao longo da vida através de meu avô, minha avó; e, mesmo nas adversidades e contradições dessas relações pude aprender com meu pai e minha mãe; e na “beleza” da “infantilidade”, da adolescência e, na relação que hoje busca uma maturidade, aprendo muito com meus irmãos (mais velhos e mais novos).
Isso me faz sentir felicidade, a sensação de caminhar e crescer, de ser e estar, de realizar, participar... se resumindo (melhor: engrandecendo) em amar. Ser feliz é o resultado de uma vida com amor. Nem sempre se está alegre, mesmo se sendo feliz: isso é normal. Esse amor é a experiência de quem conhece Deus (nossa força motriz, nosso eixo e equilíbrio).
Pessoas podem ser fatores de crescimento ou involução... Tendemos a acreditar que depende muito do que elas nos fazem para que possamos constatar se são crescimento ou não em nossa vida... Depende muito mais do que façamos com o que nos apresentam.
E a vida é bonita porque cada manancial (cada ser humano) é farto e extenso. O desafio é sério, portanto profundo e belo o resultado. Agradeço a Deus a oportunidade que me deu de ser quem sou, para ser melhor a cada momento novo da vida. Faz-me feliz ter essa capacidade evolutiva.
Ÿ je Ñande Ru Imbarete (Sou semente de um Deus Forte).
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Autossabotagem - por Léo...

Agulha: o palato ponteia
A palavra passa submersa
Condensa estorvo em verso
Condena o dreno terno

Presença: o olho desaponta
Desabrocha um chão sobre o soalho
A palavra enterrada seca, engrossa a saliva
Quase salta - hesita, volta
Sen sa(l)to saboto-me

A chuva – chove mais forte
Preenche o espaço pesado
talha o nada – lâmina ágil
Inventa valor pro tempo fendido - findado

A manhã nasce, nubla
Enegrece o todo
Seu entorno turva
Olhar embotado:
Língua de amido
Algodão molhado
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E o Celular, Heim, Gente????? - por Portugal Moura

NOSSA, QUE INVENÇÃO MARAVILHOSA ESTA, HEIM????
VIVA O CELULAR!!!
HUMMM……..SERÁ?????

Ele veio para ajudar, claro, mas tem momentos que é uma chatice!
Nossa privacidade foi pras “cucuias”
Todo mundo nos acha, e mesmo sabendo que temos o direito de desligá-lo quando bem quisermos, não o fazemos porque nos tornamos, mesmo, escravos desta coisinha pequenina.
Como ficar sem ele?
IMPOSSÍVEL!
Sem o telemóvel parece que estamos sem roupa, tal é a força que damos a ele.
Como será que nossos antepassados viveram sem ter na bolsa, nas mãos ou no bolso um celular?
VIVERAM MUITO BEM, COM CERTEZA!!!!
É aquela história: quem tem, já não vive sem!
Longe de mim negar sua importância e utilidade, quantas situações que nós vivemos ou vimos outros viverem que, graças a ele, nos salvaram?
Negócios são realizados em plena rua em movimento, brigas com namorado, marido ou amante já aconteceram numa ligação de celular.
É, minha gente através dele, foram recebidas boas e más notícias e tudo isso eu já presenciei, ou seja, OUVI, em alto tom!

Seja na rua, seja em ambientes fechados, muitos perderam o senso e parece que querem fazer, de uma ligação, o palco de suas alegrias, de sucessos ou fracassos de negócios, de tristezas, das quais o nosso bom amigo o celular, não é capaz de nos poupar!
Que fazer?
Quando ele não existia, vivíamos muito bem sem ele, agora, IMPOSSÍVEL!!!
Bem, o progresso e as grandes invenções estão por aí e junto com elas, nós, seres humanos que fazemos destas mesmas invenções nossas prisões e, ao utilizarmos, conseguimos muitas vezes nos tornar RIDÍCULOS! Rsrsrsrsrs

Quem é que já não falou num celular em tom de voz tão alto que os que estavam a sua volta puderam ser espectadores desta conversa????

CADÊ MEU CELULAR, GENTE?????

E VIVA O TELEMÓVEL!!!!
.

Comigo Ninguém Pode - por Ana

Depois que voltei dos mortos
Pela mão do deus Casé,
Fiz entrada triunfal,
E, como sempre, de pé,

Impávida, portentosa,
Altiva, vitoriosa,
Magnífica, poderosa,
Retumbante e gloriosa.

Mas a tal ninja, tadinha!...
Tá sempre de pé quebrado!
Conforme ela mesma disse
No texto que tá postado.

Disse mais umas besteiras
Que eu vou ignorar,
Não valem gastar meu tempo,
Mas outras cê vai encarar!

Ô índia, quem foi que correu?
Eu corri de tu foi nada!
Mas me chamar de cachorra
Foi baixaria danada!

Eu que não ia aceitar
Duelar desta maneira.
Voltei atendendo a pedidos
E porque eu sou guerreira.

Voltei também, vou dizer,
Porque li duas respostas
Que você postou depois
E estavam mais compostas.

Nestes termos então eu sigo,
Luto um milhão de rounds.
(Mas não serão necessários:
Logo tu vai a nocaute!)

Diz não ter medo de chuva
E eu vou dizer o porquê:
Tu tem casa e, quando pinga,
Corre pra se proteger.

Tá lá no “Noite de Chuva”,
Você não me deixa mentir!
Vive se contradizendo...
Não sei quem tu quer iludir.

E tá morrendo de medo,
Quer o Casé como escudo
Pra desviar a atenção,
Pois sabe que não me iludo.

Casé, amigo, é bem-vindo,
Se quiser participar,
Mas atente à covardia:
O que ela quer é te usar

Como nuvem de fumaça.
Tu não conhece os ninjas?
Apanham e dão no pé.
(Se eu errar, me corrija.)

E pra não serem mais feridos
Eles agem de má-fé:
Distraem os opositores.
Não cai nessa, ó Casé!

E antes de terminar
Este round do duelo,
Não posso deixar de lembrar
Dos elogios singelos

Que recebi dos leitores
Que acompanham, sorridentes,
Esta saga inspirada
Em desafios frequentes.

Agradeço à minha torcida:
A Rosa, Vicenzo, Adhemar...
Mando beijos para todos!
Não vou decepcionar!



Resposta a “Esse é Pra Quem Foge”, de Raquel Aiuendi.
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Contradição - por Rosa Cancian

Discrimina-se
a infância prostituída
pelo seu infeliz destino.

Mas reverenciam-se
os bordéis dessa sociedade
hipócrita e medíocre.
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Momento de Consciência - por Rosa Cancian

Quando me sinto uma
erudita autêntica
ação eloqüente
vinda de ignorante aparente
espaços em mim preenche
que eu nem sabia existentes.
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Dúvida - por Rosa Cancian

Será ateísmo
não bater o cajado
na rocha pra ver
água pura e cristalina jorrar
ou será ingenuidade
manter os olhos elevados
esperando maná para se
alimentar?
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Com Certeza - por Rosa Cancian

“Se a humanidade amasse verdadeiramente uns aos outros, haveria fome e miséria no mundo?”
É um questionamento comum com uma resposta óbvia mas, infelizmente, muitas pessoas ainda não estão dispostas a viver essa resposta.
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Dúvida - por Raquel Aiuendi

Não sei se eu conceituo ou se sou assaltada pela expressão do conceito que sou.
Raquel Aiuendi
Neste dia.
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Contradição - por Rosa Cancian

Evangelizar diabolizando
pregar a vida exterminando
fazer a flexibilidade radicalizando
pedir silêncio gritando
realizar a paz bombando
exigir amor violentando…
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Cada qual com seu cada qual… - por Rosa Cancian

“Natal noite de luz
Carnaval noites de nus.”
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Aflição - por Rosa Cancian

Não sei o que é
mais assustador
se a gang pela
sociedade estereotipada
ou se a juventude
engomada e pela
mesma sociedade
resguardada!!!
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Mudança - por Rosa Cancian

Não acredito
Nem no além nem no divino
Por isso não haverá
Milagre se repetindo.
O que pode acontecer
É a descoberta de uma palavra
Que traz resultados profundos:
Solidariedade, essa sim,
Pode mudar o mundo.
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Encontro

Crie um texto sobre este tema e deixe aqui, em “comentários”, que nós postaremos.
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Flores em Escarpas - por Ana

Hoje você foi uma sombra que persegui e perdi por um minuto. Ficou a sensação de mãos que não conseguem alcançar, mas que deixam no ar um movimento bonito durante a busca, a tentativa. Era eu um minuto atrás de você que se foi sem saber de meus olhos.
É assim essa parte da vida: você que vai e eu que vejo, sem tocar ou chegar perto, apenas olhando e sentindo.
E isso me aquece: a sua existência e o meu sentimento. Até que transborda por completo e dá lugar ao vazio frio que me faz desejar o tocável que então busco; mas, ao encontrar, junto está a sua ausência, que torna o palpável impossível de me preencher.
Então me afasto, me volto para você e o ato simples de olhar me basta novamente.


Inspirado na pintura Flores em Escarpas, de Alba Vieira.
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Eram Tempos de Flores - por Raquel Aiuendi

Tempos que se regavam às escondidas as flores, flores que nasciam em quintais ermos, quintais de solidão solidária e altruísta… flores as mais diversas, como tudo neste país; flores, flores, flores… primavera proibida, primavera desejada, primavera quase desesperançada, primavera outonada…Primaveras despertadas por sonhadoras flores-sementes que um violento clima despetalou, fortes flores, tristes apenas pela dor, felizes por suas cores de Amor.

Homenagem a todos os que lutaram por algo melhor num país onde a auto-estima não é das melhores.
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Inspirado na pintura Flores em Escarpas, de Alba Vieira.
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MSN - por Raquel Aiuendi

Eu disse: Td bm?
Tu disse: Td, kra
Eu disse: 9vidads?
Tu disse: Naum
Eu disse: Kraca, vlw!!!
Tu disse: Blz, fuiiiizzz!!!!
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A Luara Lua - por Passa-Tempo

Para a Lua deixo essa letra
e deixo com a maior clareza;
Sei que as palavras são suas,
e delas reconheço a beleza;
E tudo que escrevo,
eu escrevo com firmeza;
Por isso sei que gostas do que faço,
e disso eu tenho certeza!


Resposta a “Para Passa-Tempo”, de Luara Lua.
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Parabéns, Minha Irmã! - por Ana

Ela é forte, poderosa,
Tem uma voz muito linda
E põe medo nas pessoas
Que não a conhecem ainda.

Desde bebê é assim:
Sempre soube o que querer,
Repleta de idéias próprias,
Só assim sabe viver.

É prática, decidida,
Inteligência invejável,
Veloz em palavras, ações,
E em beleza, admirável.

Mas também tem sentimentos
Que aparecem vez em quando,
Demonstra doçura e bondade,
Com o coração transbordando.

A vida pra ela não foi
Fácil, nunca! Não foi, não!
Mas sempre fez limonada
Mesmo com meio limão.

Em meio às dificuldades
Procura, incansável, a saída,
Não lamenta, chora ou desiste:
É uma guerreira na vida.

Além disso, sempre encontra,
No campo espiritual,
O sentido dos revezes
Do seu caminho atual.

Acredita em Deus com fé,
Com quem fala em oração…
Seu chaveiro é miniBíblia,
Que está sempre em sua mão.

Ela tem duas meninas:
A Priscila e a Dandara.
Uma é livre, divertida,
A outra é séria e encara.

E ainda há a Peluda,
Cachorra branquinha e mimada,
Que também é da família,
Que como pessoa é cuidada.

Então, esta é minha irmã,
Em poucas palavras breves,
Pois não cabe biografia
Em poesia que se escreve…

Hoje faz aniversário,
Mais um ano aqui passou…
Cumprindo o seu destino,
Da forma que Deus mandou.

O que desejo, todo dia,
Desejo hoje também:
Que a vida não seja tão dura,
Que se instale algum Bem

Nos seus dias tão chuvosos…
Que o seu céu possa se abrir,
Que desçam anjos bondosos
Que façam você sorrir.

E enquanto eles não vêm,
Seja feliz como der…
Admiro a sua força,
Minha querida Ester.
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Mãe - por Alba Vieira

Esperança lã
Que aquece corações
É amor de mãe
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Reinaldo Ferreira: “Receita de Herói” - Citado por Penélope Charmosa

Tome-se um homem feito de nada,
Como nós,
em tamanho natural.

Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
De uma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.

Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.
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Diza e Jorge, Parabéns! - por Alba Vieira

União feliz
De dois corações puros
Dispensa festa

Hoje e sempre
Amor e alegrias
Pra Jorge-Diza

Apaixonados
Embelezam o mundo
Então, parabéns!

Abraços, beijos
Carinho, admiração
Felicidades!
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Ó, Dúvida Cruel! - por Alba Vieira

Luz fugidia:
Alma do outro mundo?
Estrela guia?
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Sobre Mim - por Raquel Aiuendi

Poeta, artista, artesã
lúdica, alegre e sã
a vida por opção
e por falta de opção
o Amor a priori
para que tudo melhore.
Também digitadora;
da cultura e arte, produtora;
indígena
mais do que por coração:
escolha minha e de meus irmãos
de raça e identidade e expressão,
olhar e convicção.
Sou Raquel Aiuendi
Acho que você entende.
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domingo, 25 de janeiro de 2009

O Falecimento da Morte - por Geise Meireles

Não sou Augusto dos Anjos, por isso não serei pessimista. Porque falar de morte se, na realidade, ela não existe? Na ciência estou cansada de ouvir que nada se cria, apenas se transforma, por isso pra quê se martirizar em uma pergunta sem resposta?
Sábios são os poetas que escreveram CARPE DIEM, afinal só temos uma vida, uma chance de aproveitar o mundo, as pessoas, a rotina que acidentalmente seguimos, aqueles erros responsáveis pela euforia do acerto, aquela “balada” que já foi, mas que permanece nas fotos. Sei que é o clichê do século XXI, mas se você reparar não parece tão utópico assim. A intenção não é adquirir uma doença maligna para perceber que a vida tem sentido, isso é muito dramático e triste. A intenção é fazer as pessoas observarem o que acontece ao seu redor, a expressão das pessoas nas ruas, o movimento da onda, o ar leve que bagunça os cabelos, o jardim que você nunca observou indo ao trabalho. A intenção é essa! O CARPE DIEM não é só fazer o que nunca fez, é também aproveitar o que sempre faz. Uma atriz que infelizmente não me lembro o nome agora, disse que aqueles que lutam tanto para sair da monotonia querendo mudar e mudar, acabam entrando em outra rotina, talvez a pior de todas, a rotina de mudar, mudar e mudar.
Faço minhas as palavras dela!


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Brasil - por Rosa Cancian

Brasil
Sensacional!?
Carnaval!?
Tropical!?

Brasil sem senzala
e com Lei Áurea
Brasil invadido
índio fudi…

Brasil na moda
afro-descendente
sem preconceito!?
certamente!?

Brasil violação
mulher, ancião
saúde
educação.

Brasil sem infância
por desnutrição
pela facção
e violação.

Brasil maravilhoso!?
Para o poder detentor
para o sonhador
para o expectador.

Brasil de verdade
essa é minha identidade
ora sou coadjuvante
ora sou protagonista
dessa guerra fria que
aqui predomina.
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