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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sábado, 16 de novembro de 2019

"PALIVRES"

Metáforas insuficientes.
Sutis demais.
Palavras rebuscadas,
pouco eficientes.
Anárquicas.
Incitantes.
Instigantes.
Revolucionárias.
Incoerentes.
Manifestam-se de pijama.
Acomodadas.
Contraditórias.
Convencidas.
Convictas...
Hesitantes?!

Metáforas artísticas.
Pernósticas.
Arrogantes.
Infelizes.
Opressivas.
Impactantes.
Apresentadas em lindos pacotes.
Malcheirosas.
Indecentes.
Chegam como se fossem presentes.
Produzem efeitos inesperados.
Desesperados.
Eufóricos.
Mas, são apenas palavras.
Doentes.
Saudáveis.
Saudosas...


[Adhemar - São Paulo, 15/11/2019]

sábado, 21 de setembro de 2019

SOUVENIR

De tanto ficar deitado
o corpo todo doeu
De tanto desencontrar
o que se devia falar se escreveu

Mal entendido
quanto mais explicado
mais confundido
mais complicado

Esperar uma palavra qualquer
ou no correio - que viesse escrita -
ou no telefone - para ser ouvida -
era bom ter
Até na janela, se chegasse bonita
entrando aqui
pra gente se entender

Agora, nada disso é possível
Só em sonho, poesia ou histórias
Mas enfim, pode crer, foi incrível
te gostar, te perder, te segurar na memória...


[P/ BSF]
[Adhemar - São Paulo, 19/09/1987]

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

QUENTURA

Num súbito calor, acordar.
Pele e sensações se estranhando,
ardores misturados com emoções.
Lágrimas contidas.
Saudade derrubada da cama,
jaz ali, estirada no chão.
O coração aos pulos,
em batidas apressadas,
enquanto as mãos seguram o suor.

Súbita febre, semiconsciência.
Um formigamento pelo corpo,
interestelar...!
Poeira cósmica ralada,
de tantos sentimentos sem conflitos,
sem contradições:
apenas sentimentos.

Fotos sem foco,
que num súbito calor te fazem acordar.
O corpo todo efervescendo,
ressuscitando dos sonhos,
do torpor de amar...
Como se a cama, uma piscina,
servisse apenas para esse... mergulhar...
Insano mas autêntico
ao ponto de nos desorientar;
porque ao sentir essa febre,
esse calor,
não saber se a gente ainda está dormindo
ou se acorda pra sonhar...


[Adhemar - São Paulo, 13/08/2019]

sábado, 13 de julho de 2019

CONTrA

Os ponteiRos estão coRRendo agoRa.
DeixaRam de andaR.
Os eRRes estão difeRentes, 
um teste.
E não apareceu nem algum agá.
Pelo menos por enquanto.
Pelo menos por encanto.

Os ponteiros estão morrendo, agora.
Deixaram de andar.
E de correr.
A mudança dos eRRes...
JÁ AcontecerA com os "A"...
Os Há...
Finalmente um agá!

Quase Que peLos canTos,
com as LeTras mudando,
enTerrando os ponTeiros Lá.
A mão vai parando,
se LevanTa acenando,
deixando o Tempo parar...


[AdHemAr - São Paulo, 15/07/2012]

sexta-feira, 28 de junho de 2019

SOCIOLER - por - KBÇAPOETA




Posso ler-me
Socialmente
Simplesmente
Por me ler

Entender-me
Novamente
Livremente
Livrecer

Desfalado
Se letrado
Se livrado
Livro ler

Sociedade
Sem algoz
Literária
Tem sua voz

Livro meu
Livro teu
Livra voz
Livra nós


Dourados-MS- 2018




quarta-feira, 26 de junho de 2019

LADEIRAS

Memórias perdidas
nas rampas que vão abaixo.
Lembranças caídas,
escorridas,
resgates profundos.
Um vale inundado
onde lágrimas se confundem
com risos,
com espaços.

E há os desatados laços,
uma eterna nostalgia que não cessa.
Um ingresso,
vertente,
um pedaço;
a saudade indistinta
do descanso e do cansaço.

Registros difusos
rolando abaixo;
íngremes abismos
desse repertório antigo,
representado e embalado na roupagem
de um ideal sem abrigo:
despojado e despejado!


[Adhemar - São Paulo, 30/01/2010]

quinta-feira, 30 de maio de 2019

PROFECIAS

Horas tantas,
uma voz misteriosa se levanta.
Cava, profunda, concentrada.
Altissonante, impressionante, enfeitiçada.
Escura, turva, convincente.
Falando coisas do futuro,
do que acontecerá no "mais pra frente".
Pisando duro.
Nauseando a tontura.
Sussurrando... assustadoramente...

Horas tantas,
a voz misteriosa e acachapante
não diz nada otimista, interessante.
Ecoando na escuridão absoluta
apenas intimida e condena.
Grita solitária sua certeza absoluta,
maltratando a inteligência
sem nenhuma pena.

Horas tantas...
Que não passam, não acabam.
Uma danação eterna, essa voz,
improdutiva, autoritária e algoz.
Uma voz impositiva,
de tonalidade arbitrária
que comanda a todos e é veloz...

Horas tantas,
sacrificadas prisioneiras dessa voz,
cruel e carcereira,
que adensa, imprensa e incendeia
o ânimo e o espírito,
dor atroz.

Essa voz,
que anuncia e pressagia o destino,
o final e a fantasia
do que somos...
e seremos...
todos nós.


[Adhemar - São Paulo, 07/10/2018]

terça-feira, 30 de abril de 2019

ATRASAR

Queria mesmo, muito,
ter algo pra dizer agora.
Uma desculpa esfarrapada,
uma demora...

Queria mesmo, muito,
ter um abraço, um afago...
Um carinho qualquer guardado...
Queria, mesmo...

Também queria - mesmo, muito - 
agradecer, enaltecer, aplaudir...
Ter um presente improvisado,
merecido, escolhido...

São tantos quereres acumulados...
Engasgados, atrapalhados,
amontoados e dispersos...
Alguns em prosa, alguns em versos...

Queria mesmo, muito,
outro destino, outro desenlace;
mas fico aqui, parado,
sem uma senha, sem um  passe.

Queria muito, e tanto,
que me perco neste desencanto.
Conspiração do Universo:
meio fracassada, meio que sucesso.

Também queria, mesmo, muito,
saber mais palavras pra cantar meu canto,
pra escrever meu verso.
Saber mais coisas pra viver um tanto,
um pouco mais desse amor tão curto.

Queria... muito pouco,
dizer adeus, já vai, já vou...
Me atrasar para o aeroporto
e, exatamente, perder o vôo...


[Adhemar - São Paulo, 25/09/2018]

sexta-feira, 8 de março de 2019

MAIS... MAR...

Foto de Arquivo (Archillect)


Tentei conter a lembrança,
reter na memória o teu olhar...
Mas, sucumbi à tristeza
dessas coisas mais difíceis de lembrar.

A voz silenciada,
contida na mais profunda dor,
afogada numa onda rasa
que levou o teu amor...

Tentei conter a saudade
que faz esse barco se afastar...
Mas, sucumbi à tristeza
dessas coisas mais difíceis de aguentar.

Tentei ressuscitar
os momentos mais felizes que vivi só.
Mas, todos eles afundaram
nessa maré de paixão que foi você...

Agora, içando as velas,
não vejo a hora de zarpar.
Ir para bem longe
outras terras desbravar...

Tentei chorar de novo,
pra subir essa maré que foi você;
e afogar tanto sentimento que 'inda resta,
mas, que eu nem sei aonde colocar...

Vai comigo,
qual bagagem indispensável;
vai me seguir pra sempre,
para onde quer que eu vá...


[Adhemar - São Caetano do Sul, 08/03/2019]

sábado, 16 de fevereiro de 2019

SABEDORIA


Nascer.
Vir do conforto absoluto para o ambiente hostil do mundo.
Hostil, no sentido de contraste.
Ao ar livre, já não depender
do oxigênio em via líquida
que nos chegava pronto.

Chorar.
Chorar para aprender
que a vida não é fácil
e para aprender a respirar,
tirar do ar o mesmo oxigênio
que nos chegava pronto...

Chorar,
porque de repente a fome se manifesta,
um vazio ardente que antes não existia nos invade.
E sugar o leite porque,
se não movimentarmos os lábios
por nossa própria conta,
ele não vem.

Chorar,
quando algo sai de nós e incomoda,
queima a pele e cheira mal,
nas coxas pelo lado interno e nas nádegas...
Chorar até a aparição reconfortante
daquele risonho semblante,
que aparece preocupado em nosso campo de visão
pra nos limpar e acalmar.
O mesmo que nos tinha alimentado...

Chorar,
quando essa visão reconfortante
do nosso porto seguro está distante;
e ansiamos que ela volte pra nos carregar...
E vai nos carregar cada vez menos...
Falar, andar, interagir...
Entender esse mundo hostil fora do lar,
cada vez mais
e mais urgentemente.

Acordar,
um dia e de repente,
já sabendo tantas coisas,
conhecendo tanta gente.

Estudar,
querendo saber mais
do passado e do pra frete...
Observar o mundo ir diminuindo,
progressivamente,
enquanto ficamos maiores,
mais espertos,
presumivelmente...

Amar,
já não mais só o amor geral,
ou familiar,
mas descobrir um outro ser
com quem você quer ficar
alguns momentos ou pra sempre...

Voar, 
achando que já sabemos tudo,
desprezando o passado
como se houvesse só o presente.
Achar que a maturidade pode ser entusiasmante
e, sem perceber,
ir ficando displicente...
Desperdiçar tanta energia importante
em coisas sensacionalmente superficiais;
ou tão irrelevantes
que chegam a ser sensacionais...

Viver
tantas realidades mescladas de ilusão.
Olhar pra trás confiante,
cheio de sabedoria e sensação.
Mas,
um belo dia vai chegar,
encararemos nossas próprias mãos.
Será o dia de pesar prós e contras,
ruins e bons,
respirar imaginando se valeu a pena,
avaliando ações, sentimentos,
luz e sons.

Aspirar
uma tranquilidade de paisagem a contemplar,
sem responsabilidade.
Na verdade
é outra ilusão...
A necessidade de saber e de agir nunca cessa;
vai durar
até o dia desse nosso ciclo se fechar.


[Adhemar - São Paulo, 16/02/2019]

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

RECORTES

Silhueta envolta na toalha
passos macios à distância
uma sombra que se espalha
no contorno
através da luz recortada

É uma estranha circunstância
voz que soa entrecortada
penumbra e luz em alternância
no entorno
base lisa da figura esboçada

Névoa fina percebida
vai na luz e vai na sombra com seu brilho
esvoaçando livremente agradecida
no retorno
oculta o aparente andarilho
do espaço, do ar, da vida

Se caminha ou embala o seu filho
na velocidade indevida
embrulhada com pepel colorido
como adorno
amarrada com fitilho...


[Adhemar - São Paulo, 30/07/2018]