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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sensações - As Nossas Histórias IX

Misturar. Esta ideia me veio de súbito. Misturar cores, sons e sabores os mais variados na festa que vou dar aqui em casa domingo. Uma festa onde só quero felicidade... chega de tristeza!!!
Então comecei a planejar o cardápio, a trilha sonora e a decoração. E, principalmente, comecei a pensar nos convidados. Queria misturar pessoas de gostos e interesses diferentes. Tinha que ter tudo de tudo para que todos os tipos de pessoas podessem se divertir na festa. Com esse objetivo me joguei no trabalho. Não seria fácil... é complicado agradar gregos e troianos.
Comecei pelo espaço, que tinha que ser enorme para abrigar as multidões que esperava que viessem. (Eu e esta minha mania de grandeza!) Mas, na verdade, eu teria mesmo era que acomodar todo mundo aqui em casa.
Aí me dei conta da limitação do espaço. Não era pequeno, mas nem de longe tão grande quanto gostaria. Uma certa frustração se acercou, mas mandei-a embora. Adequaria minha pretensão inicial ao que de fato dispunha.
Tendo decidido isto, convidei todas as pessoas que conhecia, que eram de uma diversidade escandalosa: evangélicos, darks, umbandistas, emos, kardecistas, vegetarianos, hare krishnas, flamenguistas, DJ's, patricinhas, faxineiros, reikianos, economistas, botafoguenses, nadistas, bancários, prostitutas, atletas, aposentados, esquizofrênicos, corintianos, militares, hinduístas, churrasqueiros, palmeirenses, muçulmanos, sindicalistas, mauricinhos, estivadores, beatas, empresários...
Festa para ficar na memória por muito tempo! Ops! Olha a mania de grandeza aí de novo. Que fazer se a minha expectativa era esta? Festa bombando e no melhor estilo “Torre de Babel”.
Que sensação! De estar no mundo: misturada a tantas formas de pessoas, ondas sonoras, vibrações coloridas, a tantas línguas incompreensíveis entre si e olhos curiosos, a tantos territórios distintos entre cercas vivas, a tantos alimentos exóticos e um buffet clichê, a tantos hábitos excludentes em brindes coletivos, a tantos conceitos opostos e assuntos supostos, a tantos valores complementares e adnominais, a tantos cotidianos contraditórios em um domingo de festa... Tantas sensações numa só noite, registradas para sempre nas paredes de minha memória, como um psicodélico holograma emoldurado.



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Brincadeira de Roda - por Ana

À tarde, em lugares calmos e familiares, muitas coisas podem acontecer: as brincadeiras das crianças nas calçadas, os sonos dos cachorros nos portões, as fofocas gerais dos vizinhos nas cadeiras enfileiradas diante das casas, as corridas dos grupos enlouquecidos dos meninos atrás das pipas avoadas, as notícias chegando nas mãos de carteiros cansados arrastando os sapatos gastos, os ônibus escolares despejando bagunças nos braços de mães zelosas, chuvas repentinas que esvaziam as ruas de toda esta vida cotidiana...
Podem acontecer coisas vãs e inexpressivas, além de fúteis ou profundos terrores humanos. As mesmas paredes que protegem dos olhares e ataques externos podem ser prisões quase invioláveis que abrigam o sadismo e suas invisíveis vítimas. Aquelas infantis, idosas, indefesas... que são, repentinamente, imprensadas na roda do destino.
Porque o evidente não reflete o todo, porque a dor se esconde sob várias formas, porque viver é sério, não é brincadeira de roda.



Texto cujos título e início foram utilizados para Brincadeira de Roda - As Nossas Histórias VIII.
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Duelando Manchetes III: Preconceito Racial - por Alba Vieira

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BRANCO É BRANCO, PRETO É PRETO


Esta questão de cor de pele não traria qualquer problema se pudéssemos nos comportar em relação a isto como meros observadores, sem que nossa avaliação resultasse em catalogações com as suas consequencias.
Assim, como disse a magnífica Dona Canô, o fulano seria preto e chamado de preto naturalmente, assim como nos referiríamos ao branco como branco. Seria simples assim.
E num país de miscigenação forte é risível tentar dividir a população em um sistema de cores e raças. Todos nós somos a mistura de brancos (portugueses), índios e negros (africanos) e pronto. Corre em nossas veias sangue negro sim, mesmo que nossa pele seja a mais nívea.
É ridículo tentar enquadrar alguém como pardo. O que é o pardo? Qual a gradação que vale entre o branco e o negro na cor da pele? Surgirão as eternas dúvidas e o que mandará na hora de se auto-declarar serão as conveniências de cada cor em dado momento de vida da dita sociedade.
Que vontade eu tenho que chegue logo o dia em que impere a simplicidade e se possa apenas observar a pele de alguém e decidir que cor ela tem sem que haja qualquer vinculação de vantagens ou desvantagens.
Porque, considerando toda a humanidade, a cor da pele é só mais um detalhe no físico de alguém. E o físico é só uma parte da natureza daquela pessoa que inclui também o emocional, o mental e o espiritual. Logo, quando lidamos com a realidade é impossível não enxergar o absurdo da segregação racial a partir da cor da pele.
E no caldeirão chamado Brasil, então, é hilário estabelecer estes limites e instituir benesses baseadas neles, principalmente numa questão tão importante na vida de uma pessoa como a oportunidade de entrar para uma universidade. Vincular a cor da pele à distribuição de vagas é mais uma opção estabelecida por ensandecidos e, portanto, só poderá gerar dúvidas e infindáveis contendas.
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Duelando Manchetes II: Eutanásia - por Alba Vieira

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ÊTA, TEMA DIFÍCIL!


Eutanásia é tema difícil porque se relaciona com a morte, este tabu intransponível do qual a maioria das pessoas nem quer se aproximar. Morte, é bom pensar sempre que só acontece com os outros e melhor ainda, com aqueles que estão bem longe de nós, não fazem parte de nossa família ou relações.
Assim entendo porque este tema está proposto no Duelos desde o dia 11/04 e até agora ninguém escreveu sobre ele.
Para mim, assim como o aborto, eutanásia é uma questão de direito. Devemos ter todas as opções possíveis para fazermos nossas escolhas. Mas é claro, que a informação deve ser vasta e a possibilidade de trocar experiências sobre o tema tem que acontecer bem antes que isto figure como uma ocorrência em nossa vida sobre a qual precisemos decidir.
É um assunto tão complexo e polêmico, já que envolve morte, culpa, espiritualidade, doação de órgãos, limite de vida, sofrimento, reencarnação, vitimização, medo, raiva, tantos outros aspectos do humano, sobrehumano, sendo difícil emitir uma opinião sem que se caia na realidade de que é preciso ainda aprofundar a discussão.
Numa sociedade como a nossa, bem diferente da realidade que existe na Suíça, legalizar a eutanásia pode ser temerário. Até lá resta a opção velada, que acaba sendo rotina nas UTI’s, manipulada por consciências que, muitas vezes, não se coadunam com as do interessado ou de seus familiares.
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Sangue e Vinho - por Ana

Drama bonzinho...



Sinopse: Cineclick
Trailer: Spout
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Resposta a Um Estranho no Ninho, de Luiz de Almeida Neto.
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.E você? Que filme gostaria de comentar aqui?
Bob Rafelson

Notícias - por Alba Vieira

Muitos já compreenderam o novo paradigma, este que diz que nós estamos ligados a tudo o que existe, que aquilo que afeta a um atingirá certamente a todos, ainda que não percebamos. Nada se move no universo sem que afete a todos. Mas quantos de nós experimentam isto no dia a dia? Nós somos seres de luz, temos o que chamam Deus dentro de nós mesmos: assim, somos capazes de muito mais do que sabemos. Podemos fazer o que se considera mágica. Mas, para realizarmos magia, devemos antes admitir magia no nosso sistema de crenças.
A nossa realidade é aquilo em que acreditamos. O que faz parte da crença de cada um de nós neste momento? Será que acreditamos na perfeição? Será que vendo o que acontece neste mundo podemos acreditar? De todos os lados nos chegam as piores notícias: as imagens são aterradoras, os sons nos transmitem horrores ocorridos em todas as partes do mundo, o ser humano está degradado ao nível mais rasteiro. Estamos acabando com o meio ambiente. As crianças que nascem hoje ouvem todos repetirem que estamos no fim do mundo, que o mundo é feio, triste, injusto, absurdo. A vida foi banalizada, as emoções foram rebaixadas em relação à razão e, paradoxalmente, somos cada vez mais insanos. As crianças crescem esperando o pior. E o pior continua piorando, acontece tudo do jeito que esperamos.
Mas, este fim do mundo bem que poderia ser este mundo inglório, este mundo de pernas para o ar, este mundo feio, indigno, estampado nas páginas dos jornais, veiculado nas telas, ouvido em toda a parte como sons de dor e agonia. Podemos sim decretar o fim deste mundo de uma hora para a outra.
Eu creio nisto porque há sementes espalhadas por aí. São seres que habitam todas as partes do mundo e que estão coadunados com esta nova realidade, que se expressam de acordo com as leis da natureza, que esboçam a perfeição. E estes seres estão influenciando outros tantos e um dia, que não está tão distante, esta página de indignidade terá sido virada e seremos testemunhas de novas notícias. Será a hegemonia da perfeição.
E as crianças que nascerem formarão seus sistemas de crenças de acordo com a nova realidade onde o amor será a lei, curas espontâneas serão a regra, a paz, a justiça, a beleza, a ausência de dor e sofrimento, a harmonia serão consideradas absolutamente normais.
Se, como têm provado os fatos, o homem continuar seguindo o que ocorre com ratos e macacos, assim será.



Visitem Alba Vieira
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Fracionado - por Ana

Você não sabe da missa um terço,
Não tem da casa um quarto,
Não aguenta do inferno um quinto,
Não possui dos sentidos o sexto,
Não possui das sinfonias a sétima,
Não aguenta das notas uma oitava,
Não tem da família a nona,
Não sabe da poesia a décima.
Você é, de homem, um meio.
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Memórias de um Seminarista (Parte II) - por Paulo Chinelate

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A VISITA DO PADRE


Cheguei em casa, felizmente, sem nenhuma tocaia da parte dos “unhas-sujas”. Estou almoçando mas não disse nada à mamãe sobre a visita do “padre”. Foi marcada para a noite quando eles, papai e mamãe, estivessem juntos. Até lá darei um jeito de avisá-los. Puxa vida! E não é que tive mesmo a coragem de me candidatar a ser padre? Onde será o seminário? Nunca vi padre com aquele crucifixo pendurado no peito, só o bispo, pelo menos não na nossa paróquia.
Acabei de entregar o almoço do papai. Enquanto ele degusta a bóia simples que mamãe tão amorosamente preparou, fico a tirar uns alinhavos de prova em um paletó de tergal inglês; especialmente neste tecido o cuidado deveria ser maior. Tecido caro. Não posso ir enfiando a apontada tesourinha. Prejuízo seria enorme. E para ser redundante, um olho no terno e outro no padre, digo, no papai.
Acabada a frugal refeição, é costume de papai receber na singela alfaiataria, na hora do quilo, descanso do almoço, um que outro colega de ofício dos tantos que há na 7 de Setembro. Jogam umas duas mãos de “damas” do que costumam chamar “o clube dos paturebas”.
E eu de olho no pad… digo papai. Arre, essa palavra “padre” não me sai da cabeça.
Ufa! Finalmente, a sós. Arrisco, que não sou de meias palavras, indo diretamente ao assunto. Justamente na hora que papai ia se sentar à máquina de costura, esticando a mão ao velho aparelho procurando a Rádio Aparecida de quem era velho devoto, arrisco dizendo: “pai quero ser padre”.
Sob o ruído da rádio que não chegara a ser sintonizada mira-me estático com o olhar arregalado, surpreso. Por uns segundos senti o chão faltar sob o tamborete onde me quedava sentado. Em seguida abriu-me o mais largo sorriso que jamais havia visto naquela face amorenada. No segundo seguinte pude traduzir, item que eu esquecera, que do “congregado mariano” e “sacristão” não poderia proceder senão com a reação que agora presencio. E admirado pela novidade, já sentado, rádio chiando no alto da prateleira, recebe o resto do pacote, pronto, completo: “Um padre vai lá em casa hoje pra conversar com o senhor”. Assim, na tampa. E seja o que Deus quiser. E quis. Tanto que, voz embargada pela emoção cobra-me de onde tirara tal idéia e que estória era essa de padre lá em casa. Explicações todas dadas.
Não preciso dizer que as horas estão passando muito lentamente. Da tal visita tenho prenhes fantasias, miragens do que seria minha vida doravante. Isto é, claro, se houvesse da parte dos “velhos” o aprove necessário.

Nesta noite não tem pescaria*. O sopão cheiroso, no capricho, denota a visita ser importante. Lá pelas tantas, aparece o religioso. Feitas as apresentações, ainda na varanda, aborda-se diretamente o assunto. Ao meu lado a pancada dos seis irmãos, o outro, o sétimo, nos braços da mamãe. Olhos arregalados, curiosos, não entendendo o que poderia proceder de tão diferente visitante. Ditos os preâmbulos e conduzida logo ao ambiente familiar da cozinha, já sentados à grande mesa, papai vai se inteirando de todos os detalhes. Eu todo atenção a todas as perguntas e mais ainda às respostas. Uma delas me chamou mais a atenção: a necessidade de um enxoval. Ué! Enxoval? Não vou me casar como a tia Rosa no mês passado!?


*Referência a Relembranças, de Paulo Chinelate.
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Reconfiguração do HD - por Raquel Aiuendi

Pensei em suicidar
Embaixo de carro?...
Em cima de trem?...
Na linha cruzada: tiroteio?...
Cair da ponte, passarela?...
Bater a cabeça na parede?...
Blá, blá, blá...
Hum...
...
Ah! Já sei!
Reconfigurarei meu sentimento.
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Saadi de Xiras e os Desejos - por Therezinha

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Quem deseja segurança melhor permanecer na praia, mas quem busca tesouros precisa mergulhar no oceano.
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