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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Amor - por Alba Vieira

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O amor realizado nos coloca naquele ponto da nossa existência em que nada mais desejamos, não há expectativas, somente eterno contentamento.
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Life is a Dream that Keeps me from Sleeping - por Mellon

Eu sei como você usa as palavras. Quando você quer que alguém preste atenção em algum aspecto da sua personalidade ou na sua camisa, você diz que a pessoa é que repara nesse tipo de coisa, como se você não desse a mínima. E quando alguém repara em algo que você não esperava, você ri.

Você ri como eu rio. Porque nós dois achamos que podemos antecipar tudo, reações, diálogos, sentimentos. Você não pode. Nem eu.
Nós somos iguais e por isso ficamos tão distantes. Você sabe e eu sei que não teria graça se nos víssemos todos os dias, se tivéssemos conversas de cinco horas toda semana. Isso não tem graça para nós dois. Nós conversamos à distância, em silêncio.

Isso você não vai conseguir com qualquer outra pessoa. Eu posso até ser sua Mary Tyler More, mas também sou sua Audrey Hepburn. E no dia em que nos virmos, eu não vou mesmo dizer nada.

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Eu Não Sou Assim! Mas Sou... - por Luiz de Almeida Neto

Há algo de diferente de mim mesmo
dentro de mim
Tal qual um estranho
rebelde e insubordinado
que nunca obedece aos meus apelos

Fico sério, quieto, sossegado
e não quero mais que isso
Então eis que o estranho se aproxima
com desejos e vontades
intromissões e arrepios

Não quero fazer nada
muito menos escrever
Mas a mão começa a tremer
dirigindo-se irremediavelmente
à folha de um branco sem fim

Sussurro, rogo pelo amor de Deus
que se acabe este impulso
que segure este anseio
que não posso mais me expor
Não tem jeito
e quando me dou conta
há folhas cheias pela sala

O estranho se esvai
e eu respiro aliviado
não preciso mais escrever
tenho controle dos meus impulsos

Vejo de soslaio
no canto da sala
o raio de uma garrafa de rum
Restante da noite de ontem

Ah, mão maldita!
Que entra pela minha boca
e devora todo o meu ser
Acho que sou mais verdadeiro
quando deixo minha mão guiar meu corpo…

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Aflição - por Ana

Estava na minha sala quando vi um homem matando a esposa. Foi horrível! Nem acreditei que estava vendo aquilo… Pensei: “Tomara que alguém esteja vendo e chame a polícia!…” (Eu não teria coragem de fazer isso, não gosto de me meter com estas coisas.) Pois não é que chamaram a polícia? Fiquei aliviada! A polícia chegou. Mas o cara era policial… os colegas nem entraram na casa dele… Fiquei revoltada! De repente, faltou luz no bairro. Não vi mais nada… E eu não parei de pensar naquele crime, não conseguia nem dormir direito… O que fazer? Eu pensava, espremia meus neurônios em busca de solução e nada! Isso foi no sábado e, na quarta, eu ainda estava péssima, querendo justiça para a mulher. Minha inconformação era enorme! Então me lembrei de alguém que poderia me ajudar. Liguei imediatamente para minha irmã e fui perguntando, logo de cara: “Você viu o Supercine até o final?”

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A Sombra - por Alba Vieira

Minha vida chegou a um impasse. Lembro-me de uma carta do tarô que fala que em determinados momentos devemos simplesmente esperar, deixar o barco navegar seguindo as ondas, sem remar, sem tentar voltar, ficando à mercê da vontade maior. Também é um momento só para reflexão em que me sento e, em meditação, reflito sobre as coisas que vêm acontecendo.
Sei que não posso deixar de experienciar o que preciso, embora tantas vezes seja custoso demais. Gostaria de emergir deste lodo, tomar um longo banho, trocar todas as roupas e jogá-las fora para me livrar de vez de toda esta lama em que me sinto mergulhada. Mas ainda não é chegada a hora, eu sei. Um dia será e, debaixo das lágrimas de dor pelo tempo de sofrimento, nascerá um novo rosto, libertado da crispação desta dor e do escurecimento do pesar.
Conformação é a palavra. É necessário que eu me conforme com o que tenho que ver, sentir com meu nariz e pegar com minhas mãos. Não adianta querer negar, espessando a pele das mãos, queimando os dedos com a raiva de não querer tocar a realidade. Preciso da conformação com o sofrimento, tenho que entender que a vida, com todas as coisas, possui os dois lados; que a sujeira, a estagnação, a podridão não residem apenas nos cemitérios. Estão dentro de nós mesmos. É preciso aceitar ver o corpo morrer em vida, para também ser capaz de celebrar as belezas e maravilhas do corpo vivo todos os dias.
Acho que já reagi muito mais, já tentei - esgotando minhas forças - corrigir as imperfeições do mundo e das pessoas. Eu busco a perfeição, mas hoje sei que sou tão suja quanto qualquer ser vivente e tento aceitar o fato de me macular, de sujar minhas vestes e minha pele naquilo que faz parte da existência também.
Busco a ordem, mas devo aceitar o caos. E sem perder o sentido da ordem. É muito fácil ser branca transitando numa sala impecavelmente limpa. Mas conservar a pureza chafurdando nos charcos, correndo nos lamaçais, é tarefa difícil.
É um momento de estar voltada mais para mim mesma, de reunir e guardar forças que não têm mais permissão de serem usadas em coisas boas e naturais, de dar gosto. Isso agora é raridade. É tempo de dedicação, de servir e de abrir mão da individualidade. É o momento de me entregar à arte de aprender, de aprender um outro lado de mim tanto tempo negado, mas que é meu, que não pode ser rejeitado, que tem que ser olhado e compreendido para que, só assim, perca a força e me permita brilhar outra vez.

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Irmã - por Raquel Aiuendi

Irmã, foi como um repente que li esse poema…
Irmã, que a vida me trouxe amiga.
Irmã, em gens, muito mais em alma
com quem tenho uma relação calma
de quem aprendo…


Resposta a "Parabéns, Minha Irmã", de Ana.
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Déjà vu - por Raquel Aiuendi

Dexa vir o déjà vu
é sempre uma forma
de rever ou revir
o que já foi
e que se deixar
não vai mais vir.
Por isso,
dexa vir o déjà vu.

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