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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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quinta-feira, 19 de março de 2009

O Dia do Chacal - por Ana

O Dia do Chacal - Frederick Forsyth


“‘Dia do Chacal’. Leu? É demais!”



Resposta a comentário de Bruno D’Almeida em “Epitáfio do Espião”, de Ana.
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E você? Que livro você achou demais?
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As Nossas Palavras II - por S. Ribeiro

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COLEGA

A mão dele me parece uma longa explicação
que não compreenderá o olhar de quem o quer tocar; tampouco o compreende ele mesmo, perdido e vivo nos olhos transparentes que seguem os carros... Assim percebo seus pêlos.
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Visitem S. Ribeiro
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As Nossas Palavras II - por Nina

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Para certos mistérios do mundo, não há explicação compreensível ao limitado olhar humano...
Se você não enxerga a veracidade da minha “não-longa” frase, ou tampouco a compreende, jamais compreenderá mistérios simples, como o olhar que te dou agora.



Visitem Nina
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As Nossas Palavras II - por Leo Santos

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Quem não compreende com o olhar, tampouco explicação alguma compreenderá...



Visitem Leo Santos
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As Nossas Palavras II - por Escrevinhadora

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Quem não compreende uma longa explicação tampouco compreenderá um simples olhar.



As Nossas Palavras II - por Aaron Caronte Badiz

Olhar a miséria é algo triste...
Longa e dura é a vida do zé-ninguém...
Explicação para esta ausência de tudo não existe,
Tampouco para a indiferença de quem tem.
Compreende você porque vivemos assim?
Compreenderá o que esbarrou, outro dia em mim?:

Um olhar perdido que não espera nada,
Uma longa tortura numa boca cerrada.
Uma explicação que nunca é dada...

Ele não compreende a rota traçada,
Mas ele, tampouco, recusa a estrada
Onde jamais compreenderá o porquê da jornada.

Então pergunto: você compreende, em sua toda completude, este olhar?
Longa explicação não é necessário me dar,
Pois creio que, assim como eu, você, tampouco, compreenderá.
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As Nossas Palavras II - por Lélia

Vou lhe dar uma explicação não muito longa: percebo, pelo seu olhar, que você nunca me compreendeu, não me compreende e jamais, tampouco, compreenderá. Por isso estou indo embora.
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João Linhares e “O Conforto dos Teus Braços” - por Ana

Oito horas de vôo num concorde
Cinco dias num barco mar adentro
Sete noites dormindo ao relento
Sete ciganas lendo a minha sorte
Quatro dias, em pé, no trem da morte
Vinte léguas montado num jumento
Sete mil flores no meu pensamento
E eu trilhando os últimos espaços
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

Valentia de pai ou de irmão
Concorrência com o astro do momento
Temporal, tempestade, chuva e vento
Holocausto, hecatombe e tufão
Desemprego, palestra e sermão
Tititi, coqueluche, casamento
Pé de ponte, mansão, apartamento
Paparazzi, sucessos e fracassos
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

Ladroíce, mutreta, malandragem
Álcool, droga, barato, passamento
Amnésia, larica, esquecimento
Roubalheira e má politicagem
Cabaré, palacete, sacanagem
Fome, greve, motim, acampamento
Confusão, batalhão, fuzilamento
Reclusão, solidão, sonho aos pedaços
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento
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Sala de Anatomia - por Alba Vieira

Esqueleto empertigado
Passeia na sala vazia,
Remexe os ossos sem graça,
Busca, talvez, companhia.

Quem sabe queira dançar,
Suavizar a coluna,
Soltar-se, ficar mais leve,
Fazer qualquer diabrura.

Mas, de repente, se acende
A luz do laboratório,
E ele corre com medo,
De volta pro purgatório.

Volta a ficar pendurado
Naquela pose idiota,
Esperando que lembrem dele
Somente nos dias de prova...
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A Liberdade - por Raquel Aiuendi

A liberdade é uma mulher
Presa à vontade de cada um
Pensamento, tão qualquer
A ser devorada num stadium.
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Os Três Mosqueteiros do Ônibus Sacolão - por Adir Vieira

Aparentemente eles se entendem como irmãos que não são. Os três - as duas moças e o ajudante.
Sua lida diária começa já de madrugada, quando eles - cada um partindo de sua casa - encontram-se pontualmente às três da manhã, no local de abastecimento, para a escolha frenética dos produtos, sua separação e armazenamento.
Lá, sequer têm tempo para um pequeno café. Pelo que comentam, até as seis da manhã a corrida pelo ouro é grande.
Seu cansaço fica imperceptível quando, já no ponto de vendas, revezam-se na atenção aos clientes.
No entanto, na minha visita anterior, notei o quanto é grande a concorrência entre os três.
Uma das moças é a responsável pelo caixa e assume ares de dona do veículo e de sua carga.
Acho mesmo que é ela a encarregada do transporte. Chamaram-me a atenção seus gestos másculos e firmes e seus músculos do braço acentuados demais para uma mulher. É a que mais fala, enquanto recebe o dinheiro e dá o troco. Elogia-se quase sem sentir e engrandece os produtos, como se fosse ela a única peça naquele movimento.
A outra moça é responsável por separar as verduras, memorizar quantas cada cliente ensacou e colocar os ovos em dúzias, nas caixinhas apropriadas. Se algum dos clientes informa à caixa quantidade inferior àquela que tem na sacola, ela se apressa a corrigir o erro e fazer o cliente pagar o valor correto. Não sei como consegue fazer as vezes de um computador, memorizando sempre o exato, esteja a fila pequena ou quilométrica.
O rapaz é o responsável por colocar e tirar as sacas de cima da balança, enquanto a caixa digita o valor do quilo. Seus braços fortes dançam ritmados naquele tira e põe sem cessar. Cuida também de informar aos clientes os preços dos produtos selecionados, como frutas e legumes fora de época, que por essa razão, variam de preço. Se ele se engana na informação, aquela que parece ser a gerente, corre a corrigi-lo com energia na frente dos demais.
Percebi que os três se fiscalizam e não apreciam muito o trabalho que fazem.
Já pelo menos há cinco semanas, com a permissão da gerente, me utilizo dos serviços do ajudante que transporta minhas compras até minha casa. Ela mesma sempre fez questão de mandar fazer a entrega, pois é do seu total interesse que eu acumule bolsas e mais bolsas com seus produtos.

Nesse final de semana, os produtos estavam por demais selecionados, o que me fez exceder nas compras, no que fui acompanhada por um grande número de clientes.
Como sempre, acabei de pagar e pedi pelo entregador. De pronto, a gerente negou, passando um sermão no coitado na frente de todos que ali estavam, enfatizando seu interesse em ganhar a minha gorjeta, que só ficaria para ele.
Estupefata, ameacei deixar as sacolas e fazer com que ela devolvesse meu dinheiro, quando apressou-se a me acalmar, dizendo que eu era sua cliente especial. Não percebeu, na sua ignorância, que com isso arrematava a ira da fila que, depois do comentário, não se julgou tão especial assim.
De súbito, deu ordens para que o ajudante trouxesse minhas compras.
Descobri então a causa da questão - é que há duas semanas atrás eu tinha presenteado o ajudante com sapatos, sandálias e camisas do meu marido que, em desuso, julguei pudessem ser melhor aproveitadas por alguém mais necessitado. E eu, que sempre os via felizes e puros no seu trabalho braçal, concluí, então, que nem sempre o que parece é.
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Musa - por Leo Santos

O poeminha escorreu por entre os dedos
de todos os medos, esse o menor
pior seria, mutilar a poesia
então, o que restaria?

O dia findou com mão pesada,
nada, nenhuma inspiração
só a narração da desdita coube
e nem isso, fazer direito eu soube

O poeminha, hei de laçar outrora
agora, conto o acontecido
extraviou-se um madrigal
uma perda, sim, mas não tão mal

O dever do poeta é sua vocação
canção pra todo instrumento
quando a falta de inspiração abusa,
o jeito é ter a própria falta por musa...
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Solidão na Metrópole - por Mellon

A cidade se reflete no gramado com as estrelas cadentes, respira o amor há muito esquecido e emana uma dança de sapatos altos numa neve que nunca existiu. As pessoas hoje parecem não se entender. Agora a solidão parece mais forte em cada canto das cidades.
Talvez porque hoje as pessoas tenham medo ou esquecem mesmo de pedir desculpas. Elas têm medo de pegar no telefone e dizer algumas palavras de conforto para um familiar que mora longe.
As pessoas não se surpreendem mais com a violência ou com a falta de cuidado. O que eu posso fazer? Tudo parece fazer sentido e de repente as pessoas levaram embora tudo aquilo que elas mesmas precisam. A cidade não pode ser mais solitária do que já é, eu espero. É uma pena que o ser humano não possa recomeçar... ou pode? Talvez não esteja acabado. Porque uma parte da cidade e da vida comunitária está morta e no chão. A correria diária está matando o que a gente antes podia chamar de sociedade. Quem somos nós? A individualidade do ser humano está suportando tudo que pode suportar e não pode esperar mais. Nós perdemos tanto tempo e isso não pode nos derrubar. Vamos pensar que essa solidão seja apenas um mal entendido. Estamos presos em nós mesmos. Eu acredito que nada vai mudar o mundo, nada. Mas as pessoas podem mudar, sem afundar na noite, permanecendo sozinhas embaixo do céu. Eu sinto o frio gelado no rosto e observo as horas passarem. As pessoas hoje dormem em uma cama segura, enroladas e protegidas.
Protegendo a visão, sob um teto seguro, um abismo em suas casas, inconscientes das mudanças da noite. À noite é possível ouvir a escuridão respirar, sentir o desespero quieto como uma entidade viva, ouvir o silêncio. Alguém tem que estar lá. Alguém deve estar lá. As pessoas sentem falta umas das outras. Talvez elas consigam se encontrar, sob um céu vermelho sangue.
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Sutras de Shiva - Citado por Alba Vieira

Quando estiveres vividamente atento através de um sentido qualquer, mantém-te alerta.

Quando sentado ou deitado, deixa-te ficar sem peso, além da mente.

Vê, como se fosse pela primeira vez, uma bela pessoa ou um objeto comum.

Na beira de um poço profundo, olhe atentamente para a profundeza, até o assombro.

Olhando para o céu azul atrás das nuvens, vê a eternidade.
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