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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Déjà vu - por Leo Santos

Eu vi a razão ceder espaço
Ante o instinto animal;
As águas transportando fezes
Ao topo do planalto central
O sofisma enfeitando a árvore
Sem ser tempo de natal
O espinheiro jactando-se de frutos
Que medraram noutro quintal;
Indignidade chutando a barriga,
E nascendo de parto normal;
Mesquinhez recompensando à formiga,
E a cigarra no carnaval.
A farda furtando o ovo,
E confundindo o pardal
Os defensores do povo
Perdidos num bacanal;
Vi muitos recebendo incenso
Outros respirando mal;
E um dragão forte, imenso,
Morando na catedral.
Vi pequena tormenta
Prenunciando um temporal;
Quanto mais a chapa esquenta,
Mais água deixa o sal;
E o pior de viçar o vício,
É a virtude passar mal,
E saber que esse comício,
Ainda está longe do final.
.

Eu Sou… - por Johnson

Eu sou…
Sou de lua
Sou de tempos
Não tenho entendimento
Sou como o vento…
Sou da terra
Sou do sol
Sol que queima
Derrete;
Destrói;
Sou prisioneiro sem cela
Sou céu sem estrela
Sou só dela
Sou bicho
Sou lixo
Sou do mundo
Sou imundo
Sou feito do pó
Sou sobras da vida
Sou insatisfeito
Mas que jeito?
.

George Orwell - por Escrevinhadora

1984 - George Orwell
A Revolução dos Bichos - George Orwell


“Adorei 1984. Fiquei fascinada e horrorizada com a possibilidade de sermos vigiados o tempo todo. Depois li ‘Animal Farm’ e me tornei definitivamente fã do talento de George Orwell.”
.
.
.
Resposta a “1984”, de Alba Vieira.
.
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.
E você? De que autor você é fã?
.

Uma Queixa - por Escrevinhadora

Eu tinha um blog (acho que ainda tenho), no qual eu escrevia de vez em quando. Depois que conheci o Duelos, nunca mais voltei pra lá.
Aconteceu que no meu blog eu ficava sozinha, esperando alguém me visitar, o que nem sempre acontecia.
Aqui não. Aqui sempre tem bastante gente plugada. Se eu não tenho nada pra escrever, encontro sempre algo interessante pra ler.
Parece que, sem querer, mudei em definitivo para os Duelos.
Abraço.



Recado de shintoni
Para quem quiser visitar o blog da Escrevinhadora, eis o link: blogdafatinha
.

Sempre Há Solução… - por Raquel Aiuendi

Janelas abrem
Quando portas se fecham
Sempre entrarás


Variação de “Sempre Há Solução”, de Alba Vieira.
.

Insanidade - por Alba Vieira

Valha-me, meu Deus!
Proteja-me dos loucos!
Eles vão me pegar!
.

Não sei como começar… - por Ana

Não sei como começar… Então lá vai: Dane-se!
Dane-se você com suas roupas justas e seus terninhos a la Direito.
Dane-se você com sua fala mansa e seu olhar de corsa abatida.
Dane-se você com seu jogo de cintura e sua eterna diplomacia.
Dane-se você com seu marido perfeito e suas crianças limpinhas.
Dane-se você com seu emprego estável e sua carreira brilhante.
Dane-se você com seu ego inflado e suas contas bancárias.
Dane-se você com tudo o que você tem de bom.

Dane-se você e todo o resto.

Porque uso roupas largas,
Falo grosso,
Jogo na cara,
Não quero casar,
Não trabalho,
Não tenho grana
E tô na boa!
.

Ordem de Despejo - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Sensação de casa vazia
Liberdade?
Sensação de solidão
Saudade?
De verdade?
Sensação gostosa
De acordar, olhar e ver
A cama ainda por fazer,
O almoço esfriando na panela
As flores sedentas na janela
O gato de porcelana que não mia
O pássaro de mentirinha
E gritos de mãe chamando:
- Venha para dentro menina
e o som longe perdido
de crianças brincando
escravo de Jó; tira, põe
põe, tira

Lembranças vagas, perdidas
Nas fotos amareladas
O do primeiro amor
O do amor primeiro
O do primeiro beijo
O do beijo ligeiro
Olhares apaixonados
Nas fotos amareladas

Sorrisos de cumplicidade
No rosto, um bem querer,
Depois o vazio, o nada.
Um casamento desfeito
Um ar de abandonado
Um jeito de gato escaldado

Coisas que ficam pra trás
Assuntos mal resolvidos
Promessas não cumpridas
O inquilino do meu coração
Deixou dívidas esquecidas
E um insolvente amor

Na sentença final
Com tanta fé e contra fé
O Juiz decreta solenemente

desocupe a mente
abandone a emoção
esvazie todas as gavetas
do seu coração
Leve tudo, não esqueça nada
não deixe o pássaro, o realejo
Pois essa é uma ordem
Sumária
De DESPEJO
.

Alice no País das Maravilhas - por Ana

Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson)


“Como é que pude esquecer de Alice?!
Maravilhoso! Já li e reli! Que viagem! Demais!
Obrigada por me lembrar, Kbçapoeta!”
.
.
.
Resposta a “Dodgson”, de Kbçapoeta.
.
.
.
E você? Que livro achou maravilhoso?
.

Fisiognomonia - por Alba Vieira

Nariz pontudo
Marca vontade forte
Busco um assim
.

Homem de Segunda Mão - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Carros velhos, usados
Com defeitos a valer
Vazam óleo não engrenam
E que nas ladeiras da vida
Teimam em não subir

Voltam sempre para trás
Dão ré para os velhos caminhos
Não têm força na ladeira
E os pneus? Já tão velhinhos

Manual já não existe
Perdeu-se ao longo do tempo
A nova dona coitada
Deve ter sido tapeada
Comprando o exterior
Carro velho e batido
Carro usado e remendado
Por um excelente pintor

Com o tempo tudo volta.
Os defeitos são iguais
E a dona antes contente
Consegue um novo cliente
Para com todo jeitinho
Passar o bagulho pra frente!
.

Rio de Janeiro - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Rio de Janeiro de frente, de costas, de lado para o mar
com tantos morros, eu morro de vontade de voltar para lá
mas com tanto tiro, tanto assalto, tanto arrastão
eu já nem sei se te dou meu coração
Rio de Janeiro, que eu sempre hei de amar…
mas que como esposa traída e rejeitada, abandonada,
sinto que fui destratada
deixastes os bandidos subirem o morro
e tomarem conta de tudo,
do nosso céu
os fogos de artifício são balas de metralhadoras
e os canhões de fogo são fuzis AR-15
Rio de Janeiro onde e como poder voltar?
Nem mesmo assim de costas para o mar para as montanhas,
para o céu, para o ar
Nosso céu sem estrelas poluído
As estrelas do mar fugiram, não são vistas
Parou o barulho das ondas que não são mais vistas
agora só ouço o barulho de tiros matando pessoas
Rio de Janeiro como posso continuar a te amar
se não posso mais estar junto a ti
se tenho medo de tua insanidade, da tua loucura,
da tua beleza, da tua velocidade, da tua vaidade,
da minha cidade
Rio de Janeiro de belezas mil
tragada pelos bandidos, virada covil
de ti não sobrou nada a não ser retirantes,
assaltantes, armas, munições, tráfico,
fuzil, gente perdida, gente que morre quieta
gente humilde, gente pobre, gente honesta
gente que não sabe como viver
e que luta desesperadamente para sobreviver
No meio de tanta desgraça meu Rio se perde no mar
.

Caixinha de Costura - por Raquel Aiuendi

Caixinha de costura
e colcha de retalhos
têm pequenos pedaços
de coisas que faço.

Agulha, linha e botão
uso e uso de montão
em bolsa e bolsão
mesmo em biju, cordão.

Melhor de tudo é
que caixinha pode ser…
parece mágico, né?
Que costura pode fazer.
.

Saudade de Você - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Saudade de você:
do teu sorriso,
do teu jeito alegre de ser,
das tuas mãos suaves
sobre o meu rosto.

Do teu cheiro
que penetra no meu ser
e me faz sonhar.
Dos teus beijos,
raros que me são tão caros.
Dos abraços
que só ameaçam
tocando de leve
nos meus braços.

Do teu riso meio fechado,
do teu ar, da tua cara séria,
do teu ar sisudo.
Saudade… saudade.
.

1984 - por Alba Vieira

1984 - George Orwell


“Livro fantástico! Muito bom você ter lembrado dele! Quando eu li fiquei fascinada. Diga-se, de passagem, que o li bem antes de 1984.”
.
.
.
Resposta a “1984”, de Kbçapoeta.
.
.
.
E você? Que livro achou fantástico?
.

Cavaleiro das Nuvens - por Moita

Mote
Cavaleiro das nuvens me apresento,
dia e noite ao sabor do vento norte.


Não garanto saber aonde estou.
O meu rumo é o vento que imprime.
Minha meta é aquela que reprime
a certeza de saber pra onde vou.
Meu destino, eu não sei onde ficou,
e se passei por aqui foi pura sorte,
rebanhando a vida e não a morte,
cavalgando, contorno o desalento.
Cavaleiro das nuvens me apresento,
dia e noite ao sabor do vento norte.



Moita pegou este mote no blog de Antoniel Campos, Poros e Cendais,
que, por sua vez, pegou no blog de Márcia Maia, Tábua de Marés.
.

Mente Inquieta Indisciplinada - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Minha mente inquieta
Indisciplinada
Só quer você

Minha mente sem controle
Parece festa de magos

E no meio dessa estrada
Me vejo tonta perdida
Fazendo grandes estragos

Minha mente quieta
Disciplinada

Sabe que não pode ter você

E toma o controle exagerado
De fingir não sentir nada
Quando me abraço a você
.

Epitáfio - por Raquel Aiuendi

Jamais jazem os que aqui samba-jazzem.


Homenagem a um grande amor.
.

Amar é… - por Daisy

Como já disse o poeta, “É impossível ser feliz sozinho” e “O amor só é bom se doer”, portanto…
Amar é sofrer e chorar, mas é viver! Amar é ter ciúmes e ficar magoada, mas é viver! Amar é cuidar e abdicar de algumas coisas, mas é viver!
Quando a gente perde o amor e fica sozinha, apenas com as lembranças, ainda assim é viver!
De que adiantaria não sofrer, não chorar, não ter ciúme, não ficar magoada, não cuidar e não ter que abdicar de nada, mas não viver?
Pois como já disseram, “Viver sem amar não é realmente viver” e “A medida do amor é amar sem medida”.
.Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Victor Hugo, Molière

Poema à Minha Filha - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Tatiana
Você menina mulher
Mulher menina
Que tanto orgulho me traz
Você a amiga presente
De todas a mais capaz

De me trazer segurança
De me fazer tão feliz
Você filha querida
Que parece uma menina
E de repente é mulher

Capaz de tudo entender
Sem eu precisar explicar
De dar conselhos tão sábios
De me ensinar a sobreviver
De passar amor nos lábios

De pintar meu coração
Com cores vivas brilhantes
De mexer com a emoção
De me fazer ter orgulho
De ter te feito querida
Com tanto amor e paixão
Queria ser poeta
E poder te dizer
Que te amo de paixão
Que se você não existisse
Minha vida não seria
Mais que uma mera ilusão
Se você não existisse
Eu não seria quem sou
Seria uma flor amarela
Dobrada nas páginas
De um velho caderno
Servindo apenas para
Lembrar, para marcar

Mas você em minha vida
Sempre me faz esquecer
Uma pergunta tão tonta
Uma pergunta tão boba
- “Como pude viver
Antes de ter você?”
.

Escravos Urbanos - por Casé Uchôa

Acorda Tom, que já raiou o dia
Urubu já pousou lá no lixão
Vamos lá catar papel, renovar nossa agonia
Que eu até desistiria de viver, humilhação

Acorda Tom, vem ver
Que a vida não melhorou
Acorda Tom, vem ver
Deixa de ser sonhador

Quem sabe a gente encontre
Nas sobras de um banquete
Algo que se aproveite
Pra matar a nossa fome

Quem sabe a gente conte
Com um pouco de sorte
Pra escapar da morte
Mas escapar pra quê?

Acorda Tom, vem ver
Que a vida não melhorou
Acorda Tom, vem ver
Deixa de ser sonhador

Vem ver que essa cidade
Por falta de caridade
Desde a tua tenra idade
Te largou, te abandonou

Vê que a rotina é dura
Não há espaço pra candura
No menino que atura
Do lixo ser catador

Vê que não há beleza
Na criança que peleja
Na dor que tudo caleja
Na falta do cobertor

Vê que não há poesia
No lixo de todo dia
Desespero que judia
Da alma do sofredor

Acorda Tom, vem ver
Que a vida não melhorou
Acorda Tom, vem ver
Deixa de ser sonhador


Inspirado em O Homem no Lixo, de Ana.
.

Leveza - por Alba Vieira

O elefante
Lembra-nos segurança,
Contudo dança.
.

Brasília, um Lugar para se Morar - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Brasília é considerada, hoje, uma das melhores cidades em qualidade de vida, para se morar. Realmente, morar em Brasília é ter coisas que contando, ninguém acredita.
As quadras (ruas em outras cidades) são arborizadas com árvores frutíferas e, assim, você tem um pomar na sua quadra: abacate, manga de diferentes espécies, jambo, jaca, limão, fruta do conde, jamelão, pequi e tantas outras. O brasiliense, acostumado com isso, não faz como em outras cidades, onde apedrejam as mangueiras. Todos podem pegar e comer, desde os limões até as jacas. Em outras quadras já encontrei manjericão, boldo, alecrim….
Aqui, a Orquestra Sinfônica apresenta-se gratuitamente no Teatro Nacional uma terça-feira de cada mês e, assim, você pode se deliciar de assistir a uma apresentação maravilhosa sem ônus. Isso é cultura! É uma cidade dedicada à cultura e ao esporte.
Ruas e mais ruas, quero dizer, quadras com lugares para se caminhar. Academias e Clubes em profusão. Avenidas enormes que ligam o Norte ao Sul. Uma freeway de dar inveja a qualquer gringo.
Mas tem a secura que racha os lábios e sangra o nariz… Mas tem um lago artificial mais lindo e maior do mundo…
Tem apartamentos enormes onde você se perde dentro. Mas são os imóveis mais caros do Brasil tanto para alugar como para comprar… surreal… Mas todos têm uma infra-estrutura notável.
O verde que te quero verde aqui é realidade. A nossa área verde é de causar vontade de qualquer um ser vivente, correr, morar aqui. Aqui a natureza se esparrama… Tem flamboyant, ipês coloridos e, mesmo com a secura, se chover uma gotinha, ela se vira e faz da gota um manancial que colore tudo e faz a grama ficar verdinha em instantes… Os ipês florescem e parecem quadros de pintores famosos.
Ah! Se não fosse isso e se tivesse uma praia... Ah… Ai, não ia dar para quem quisesse. Aí ela seria considerada a número um no mundo…
Brasília não tem um Cristo Redentor de braços abertos como o meu Rio de Janeiro, mas tem Anjos, ou melhor, tem Asas… Asa norte e asa sul…
Seus projetos arquitetônicos fazem qualquer estudante de arquitetura babar e ter arrepios.
E o trânsito? Perdoem-me os paulistas, mas aqui pedestre tem vez… Aqui você se sente no primeiro mundo. Atravessar a rua na faixa de pedestre sem sinal? Só esticando o braço ou, como diz a propaganda, “dê sinal de vida” e os carros param para você atravessar… Você se sente o Rei ou a Rainha. O trânsito para para você passar… Não gostamos de buzina por aqui e, assim, você só a ouve em condições especiais… para evitar um atropelamento ou uma batida.
A vida noturna tem seus barzinhos… não é como o Rio, pois não temos esquinas, mas tem muito barzinho animado…
Tem a alma mística Brasília. Você não escolhe morar aqui. Ela escolhe você! E esse misticismo te envolve.
Não tem praias, mas tem cachoeiras e nelas lavamos as nossas almas. O sol aqui parece que já chega alaranjado e deitado. É um por do sol maravilhoso, belíssimo.
Tem que conhecer Brasília para amá-la. Ela é como a mulher discreta que se mostra vagarosamente, que se deixa despir aos poucos, que se deixa admirar cautelosamente, que se deixa amar a contagotas para depois explodir como uma cascata de fogos e luzes e assim encantar a todos.
Eu, como carioca da gema, por ela me apaixonei. E tentei deixá-la, abandoná-la. Tentei traí-la voltando para o meu Rio de Janeiro. Mas não deu.
Bateu a saudade doída de sair e chegar sem medos, de ter onde estacionar, de visitar amigos e fazer amigos. E ela, com a alma doce, pacientemente me aguardou. Esperou o retorno da filha pródiga de braços abertos. Como não tinha Cristo, iluminou a Esplanada dos Ministérios e todo o Planalto se cobriu de luzes e de alegria…
Por isso eu digo: Brasília, a melhor cidade do Brasil, quem realmente te conhecer nunca mais vai lhe deixar…
.