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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




quinta-feira, 30 de abril de 2009

As Nossas Palavras VIII - por Lélia

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O comportamento dos outros nem sempre é leal, mas não altere seu modo de ser por isto: você deve se contentar, apenas, em estar bem consigo mesmo.
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Você - por Passa-Tempo

Você foi a inspiração para as minhas mais bonitas poesias de amor,
Você foi motivo de meu riso, e minha tristeza,
Foi a causa de minhas lágrimas,
Você foi meu nascimento em minha frieza,
Você foi meu desenvolvimento em um mundo sem cor,
Você foi meu tudo,
Meu azar e minha sorte,
Você foi a minha vida,
Você foi minha morte.
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Escrava Isaura e A Cabana do Pai Tomás - por Alba Vieira

A Cabana do Pai Tomás - Harriet Beecher Stowe
Escrava Isaura - Bernardo Guimarães



“Interessante romance de Bernardo Guimarães que aborda a questão da escravatura, já retratada em A Cabana do Pai Tomás, da escritora norte-americana Harriet Beecher Stowe.
A história é tocante para os corações compassivos. Para mim, a releitura dessa obra me trouxe de volta os devaneios da adolescência quando a li em capítulos ansiosamente aguardados todas as manhãs. Bons tempos...”
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.E você? Que livro gostaria de comentar aqui?
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Mistura - por Clarice A.

Hoje acordei inspirada, com vontade de fazer algo diferente. Como a cozinha é o meu xodó, foi para lá que fui. Lembrei-me daqueles pratos preparados por chefs famosos, enfeitadíssimos, indecifráveis para quem está acostumado ao bom e velho prato feito, e pensei: por que não? Eu uma boa cozinheira de trivial simples, decidida a inovar, dar um upgrade no meu currículo de rainha do lar, fazer aquele prato lindo, inesquecível, papa fina. Eles iriam ficar boquiabertos com a surpresa.
Decidi-me pelo peixe, mas o forte seria o molho. Misturar é a palavra chave.
Animadíssima, fui ao mercado comprar os ingredientes e o critério de escolha foi o nome exótico e as cores fortes ou suaves, mas combinando entre si.
Coloquei a melhor panela no fogo e não sei se me sentia uma alquimista ou uma poderosa bruxa e seu caldeirão, preparando algo fantástico. Nada de receitas, criação própria, minha chancela, tudo no olho, improviso total, confiando nos sentidos e na intuição. Nem provar para não estragar a surpresa.
Comida pronta e cheirosa, faltava cuidar da estética, que é parte importantíssima. Mais algumas misturinhas para enfeitar o prato. Modéstia à parte, ficou lindo!
Enfim a comida servida, eu na maior expectativa, eles incrédulos com a beleza e o odor do que lhes era servido. Eu me sentindo a rainha da cocada preta.
Às primeiras garfadas, o balde de água fria no arremedo de chef, a pergunta solta no ar: quem fez essa gororoba? Tá bonito mas ruim à beça. Respondi que não estavam acostumados, não sabiam reconhecer uma iguaria. Ato contínuo, provei a comida, e o pior: cheguei à mesma conclusão.
Restava o cachorro, este pelo menos não me decepcionaria. Ele, como fazem os cachorros, cheirou, cheirou e nem tocou na comida. Puxa! Nem o cachorro?
Pedimos uma pizza e o cachorro comeu a ração satisfeito da vida, dando-se ao luxo de comer o que gosta.
Passei o resto da noite ouvindo as gozações de praxe.
- Mãe, onde fez seu curso de gastronomia?
- Vai cozinhar bem assim lá na China.
É, na China pode ser. Não deve ser difícil estorricar lacraias e escorpiões num palito de churrasco. Resta saber como colocá-los no palito.
Até a próxima mistura que, jurei de pés juntos, não será na cozinha.
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Palavra - por Kbçapoeta

A palavra não é faca.
É navalha que não deixa fechar a cicatriz.
Palavra falada causa pranto,
E o mesmo jorra aos borbotões.
A palavra é branca,
Recebe diversas variações
O branco é como a palavra.
Pois o branco não é branco.
É a mistura de todas as cores.




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Provérbio - Enviado por Therezinha

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Uma águia não caça moscas.
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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Castigo - Leo Santos

Estranho o amor mal vestido
perdido entre tapas e beijos
primeiro forjando a mágoa,
depois dividindo o pão-de-queijo

Mas é assim o amor, esse louco
capaz de extremos, bem perto
inda que se faça pouco-a-pouco
qual o príncipe e a raposa no deserto

Quando vê defeitos e não quer ver
ou as virtudes ousa negar,
é doença que cada um quer ter
e só o tempo consegue curar

É estultice que espreita na porta
a forjar os deslizes dos lábios
o formigueiro onde senta e suporta
aquele que outrora fora sábio

Depois de umas doses de tempo
e uns goles de realidade
as alegres respostas são desalento
e as duras ameaças, verdade

Enfim, um quê de certa doçura
e ameaça constante de perigo
talvez por isso Cristo tenha dito
“Amai os vossos inimigos”.



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A Vida Continua... - As Nossas Poesias XIII

Dizem que a vida tem fim
(Não é nisso que eu acredito),
Dizem que é feita de ciclos
Com príncipio, meio e fim.

Pois nisso eu acredito
E estou contente no meio
Do ciclo da maturidade,
E te digo, sem receio:

Para uns isto é velhice
Para outros, terceira idade...
Como chamam não importa...
“É o mesmo que estar morta”.

Dou os sinceros pêsames
Para os que pensam assim,
Para mim isto é um bônus,
Pois vários ciclos vivi.

E sei que depois daqui
Minha sina é igual à tua:
Vamos pra outros lugares,
Pois a vida continua!



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Ocorrência - por Adhemar

As palavras se perderam cantadas ao vento,
escorridas pelo ralo do chuveiro
ou pelos ecos do pensamento...

As palavras se perderam foragidas, exiladas,
refugiadas do seu próprio sentido,
estranhas e mortificadas.

As palavras se perderam caladas,
embriagadas de desentendimento,
frustradas, entediadas pelo divertimento.

As palavras se perderam consagradas a um momento,
a um amor, uma paisagem,
uma passagem no portal do tempo.

As palavras se perderam confundidas,
misturadas aos gritos da torcida...

As palavras se perderam, se encontraram
e resolveram não dizer mais nada.
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Poesia cujos título e primeiro verso foram utilizados
para a versão coletiva Ocorrência - As Nossas Poesias XII.
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Visitem Adhemar
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Classificados - por Alba Vieira

Procuro, para compromisso sério, mulher equilibrada, que seja ponderada, que fale pouco e me permita guardar silêncio por longos períodos, que acorde sempre de bom humor, que saiba fazer um mínimo das tarefas do lar e cozinhe o básico para garantir que eu não seja envenenado por fast food e que, acima de tudo, não tenha a expectativa de que eu seja a solução de seus anseios sexuais ou o encantado portador daquele cartão de crédito que tornará possível todos os seus sonhos de consumo.



Visitem Alba Vieira
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Terreiro de Pajé - por Kbçapoeta

Histórias de causar arrepio.
O índio bravio
Nessa sessão.
Copos, joguetes, enfeites,
Dois ramalhetes e
Um cavaleiro de gesso.
Ela recebe o guerreiro
Traz alvoroço ao terreiro
Pai de santo vira Pajé.
Charuto e cachimbo da paz.
Em dois rituais:
Dois filhos varões
De um mesmo pai.




Visitem Kbçapoeta
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Acendem - por Manassés Diego

A venda que deveria estar nos olhos está na boca – ternuras!
Senhores divertidos, mitigarão paisagens na volta: nós, crianças de um novo circo, entregávamos aos prazeres as carnes desconhecidas, todos símbolos falsos – todos símbolos são verdadeiros!
Acreditávamos só no alojamento. Imitávamos os doces e injustos. De vez em quando, alguém se levantava desesperado “Eu quero ajudar minha família”... mas logo essa loucura era esquecida.
Passávamos mensagens.
Essa batida acaba com a lucidez.
Quando todas as manhãs abraçavam-nos, as cabeças, dentro desse arco, haveriam de apresentarem... mas a claridade daqui mistura nossas dores; mistura.
Ansiamos por um paraíso mal alimentado – onde queiram nos ver.

***

De dia, seremos substituídos, e a noite – nos atrairão para sempre.
Máscaras! Encantos! A pergunta é se, alguns jovens dedicaram sua vida e fortuna a pessoas como nós, serão recompensados. A amargura dançante de baile abraçados.
Almas cobertas! Suas experiências nascerão; sua calma, dilacerada por andróginos, tirem-nos desse quarto! R$ 200 ao mês!
O amor existiu...



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Crônica das 3 Horas - por Mellon

É curioso comentar um sentimento que muitas pessoas têm em seu íntimo. Muitas vezes estamos em meio a uma multidão e sentimos solidão, sentimos falta de simplesmente uma pessoa.
Tantas pessoas, prédios, carros ao redor e homens e mulheres mal se olham. Sendo que o verdadeiro gosto destes é da voz, do toque e mesmo do olhar. Tantos medos em comum, morte, desprezo e até uma noite vazia assombra os corações sozinhos em meio à multidão.
Muitos crimes e injustiças são cometidos, e o que realmente toca uma pessoa são paixões. O universo é tão infinito e imóvel para ser compreendido desta forma, pois quem faz a realidade individualista do mesmo são os próprios seres humanos.
São três horas da manhã nesse momento. Às vezes as pessoas pensam em recomeçar tudo. Tudo de novo. E aquela conversa que nunca tiveram com alguém, às vezes parece tão necessária. Está silêncio, e não tem ninguém por perto. Apenas o estrondo e a explosão dentro das pessoas, como se um anjo viesse em direção ao chão. Apenas o estrondo e a explosão, como se um anjo batesse no chão.
Quatro minutos passam, e parece ter passado uma década. As pessoas só influenciam umas as outras, elas só machucam um ao outro ainda mais. Onde nós estamos? Hoje a gente apenas ouve dizer de alguém que uma outra pessoa viu em algum lugar no centro da cidade. E na maioria das vezes nem nos lembramos de quem é. Não nos conhecemos mais na rua. Então aqui estamos nós, no mesmo mundo, mas sem notarmos um a presença do outro.

Talvez algum dia as pessoas se perguntem: “Algo não está faltando?”.



Visitem Mellon
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Tirem-lhe o Mofo e as Teias! - por S. Ribeiro

Estive meio morto por estes dias. Assim, desconstruído, médio. Vocês sabem quando os pratos escorregam das mãos? Pois é quase isto.
É isto que te digo em meio aos laços da cidade. Saiba, pois, que estive pensando não mais repetir as palavras, vossos olhos estão cansados. Deixe que eu te leve ao silêncio pelo meu verso inaudito. Você perdeu muitos interesses pelos séculos, ainda te espero. Te cabem mais explicações? Sim, as deixo.
Hoje só existem poetas retóricos, em neon. Só surgem estas placas de ensimesmamento delirante, os poemas parecem pinturas... que não são as de Toulouse-Lautrec! Não me repreendo nem me esqueço. Minha lira é inclusive transição, tentativa, erro, esquecimento.
Tu que me colhes e me aceitas, entendes, que te esclareço (peço por esclarecer-te) que em minhas palavras te carrego e te faço inclusive surgir por entre elas! Me esqueça, se quiseres. Não te esqueça que ainda escrevendo sou pequeno, só subscrevo vossa pequenez. Tu que lês, não me mortifiques, pois sou somente a tentativa de nos unirmos.



Visitem S. Ribeiro
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terça-feira, 28 de abril de 2009

As Nossas Palavras VIII

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Wordle: As Nossas Palavras VIII
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Clique na imagem para ampliar
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Imagem: Wordle
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Provérbio Indiano em As Nossas Palavras VII - Enviado por Adhemar

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Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio.


Visitem Adhemar
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Nossa História Vai Passar Outra Vez - por Alba Vieira

Pois é, você chegou e nem me falou porque é que vinha. Eu o olhei e me fascinou tudo o que eu via. Tudo era lindo, familiar, seus olhos verdes, meu verde mar. Tudo, a sua postura, envergadura de todo amor que me inspirou. Você me faz acreditar no prazer de amar, no prazer da vida, de uma vida tão conhecida de outro mar... Tudo de novo: o seu caminhar, sua doçura, o seu olhar... Sinto que, para sempre, na minha estrada você há de estar. Eu quero a sua vida emaranhada na minha. Assim vou resgatar o que se perdeu em outro mar...
A nossa história eu sei que de novo vai passar...



Visitem Alba Vieira
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Criação - por Escrevinhadora

Dá pra registrar, salvar tudo no pc, nos documentos digitais. Mas o processo de criação mesmo, esse só toma forma diante do papel. O preto no branco, as ideias fluindo conforme a mão desenha as palavras. É assim que funciona pra mim também.



Resposta a “Recado”, de Clarice A.
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Canção do Existo - por Raquel Aiuendi

Minha terra tem palmeiras
Com lamento triste a soar
Ao soar o clarim do dia
O lamento volta a chorar

Do lamento surgiu a unidade
A mistura do povo e liberdade
Criou-se a cultura no pé: sambar
Minha terra com palmeiras
Tem um povo a cantar
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Concepções - por Tércio Sthal

Há quem diga que se nasce pra morrer,
há quem diga que se morre pra nascer,
há quem diga que a morte é um desgosto,
há quem diga que a morte é um descanso.

Há quem crê que a morte é o fim de tudo,
há quem crê que é da porca, o parafuso,
há que crê que é só o passaporte,
há quem crê que nem existe morte.



Visitem Tércio Sthal
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Som da Razão - por Thiago Benício

Domingo, não sei quando de Setembro ou Agosto de 2008.

Em par comigo, busquei apego a coisas que nunca tive apreço. Tentei, porém os preconceitos desvairados, que tomam minhas razões, nem sempre cheias de razão, fizeram com que deixasse de lado a ânsia de aprender o novo pra renovar o que já conheço bem.

Meu velho e desbotado violão olhava pra mim, como um filhote de vira-lata, quando te olha, a fim de ser levado pra tua casa. Nunca resisto a este olhar seu, pego-o em meus braços e dele faço eu; juntos músicas fazemos, mas só pra nós dois, mais ninguém.

O descompromisso de minha liberdade repentina me levou a crer que, mesmo querendo, não consigo ser o que não sou. Eu sou eu e meu violão, só. Algo mais estraga, pelo menos por enquanto. A ânsia maior minha, é pensar que não conseguirei viver o que quero viver - assim, voz e violão vira-lata. Não sei se é a vida que cobra demais ou se eu é que não tenho nada para dar para a vida… A minha vida.

Em luz adormeço e quando devo acordar e que me lembro que a vida está a me cobrar, deixando o som das cordas de nylon do empenado violão em meio a ilusões que não sei se são razão. Ainda assim, prefiro voz e violão…



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Feitiço - por vestivermelho


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Não sei,
Encanto-me,
Com teus encantos,
Será que te encanto...
A roupa preta e vermelha eu visto,
Que loucura, não resisto,
No caldeirão dos petiscos,
Até arrisco, um feitiço,
Para doces encantos,
Dedico-me tanto,
Os ingredientes juntar.
Cinco punhados de amor,
Três pitadas de abraço,
Paixão um maço,
Felicidade dois maços,
Beijo pode exceder,
Quanto mais colocar,
Mais vai encantar,
Pois faz o caldo encorpar,
Mexendo devagarzinho,
Acrescentado sempre lágrimas de amor,
O encanto vai pegar,
Que azar passou do ponto...
O encanto reverteu,
E no meio de tantos encantos,
Quem te amou fui eu.
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Visitem vestivermelho
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Vicenzo Raphaello

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UM POUCO DO VICENZO RAPHAELLO


Inculto
Leio pouco
Vocabulário restrito
Sentenças longas me afligem
Pois de pontuações nada entendo
Já li
Quando jovem
Hoje dono de uma preguiça vergonhosa
Não consigo me fixar em textos complexos
Não gosto de poesia que me obriga a ler várias vezes o mesmo texto
Acho que leitura e seu entendimento devem ser mensagens simples e de fácil compreensão
Difícil é, entretanto, dar a compreensão de uma idéia de forma sucinta
Aprecio muito o minimalismo
Sobretudo na pintura
De música gosto de tudo
Bach a Satie de Scarlatti a Beethoven de Wagner a Lennon de Gershwin a Djavan e por aí afora
Sou fã dos sonetos de Camões
Astronomia e seus mistérios me fascinam
A incompreensão da física quântica é frustrante
Já viajei bastante
Vi a morte de perto
Tive experiências extremas
Afetivas e físicas
Tenho poucos amigos
Vivo cercado de estrógeno
Mulher, filha, netas, sogra e companheiras de trabalho, ajudantes da casa
Acho uma tolice astrologia
Hoje estou tomado de um profundo sentimento de impotência e desalento
Política e políticos.
Pinto, já fiz jóias, arquitetura, desenho, planto árvores, cuido de orquídeas
Uso o corretor do computador para que tantos erros não apareçam na ortografia e gramática.
E por aí afora.
Johann Sebastian Bach, Erik Satie, Domenico Scarlatti, Ludwig van Beethoven, Wilhelm Richard Wagner, John Lennon, George Gershwin, Luís Vaz de Camões

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Biografias

Hoje está sendo inaugurada a categoria Biografias, na qual vocês poderão encontrar os principais aspectos das vidas dos autores que são citados aqui.
Se alguém quiser colaborar com a biografia de algum autor preferido, é só enviar o texto para shintoni@terra.com.br.
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Adelmar Tavares (Biografia) - Enviada por Ana

Adelmar Tavares da Silva Cavalcanti (Recife, 16 de fevereiro de 1888 - Rio de Janeiro, 20 de junho de 1963) era filho de Francisco Tavares da Silva Cavalcanti e de Maria Cândida Tavares.
Ainda como estudante de Direito pela Faculdade de Direito do Recife manifestou interesse pela imprensa colaborando como redator no “Jornal Pequeno”. Formou-se no ano de 1909. No ano seguinte mudou-se para o Rio de Janeiro, que na época era a capital do Brasil, onde veio a ocupar importantes cargos, como os de professor de Direito Penal na Faculdade de Direito do Estado do Rio de Janeiro, de promotor público adjunto (1910), de curador de resíduos e testamentos (1918), de curador de órfãos (1918 a 1940), de advogado do Banco do Brasil (1925 a 1930), de desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal (1940) e finalmente o de presidente do Tribunal de Justiça (1948 a 1950).
Participou da Sociedade Brasileira de Criminologia, do Instituto dos Advogados, da Academia de Belas Artes. Escreveu obras jurídicas, entre elas: “A História do Fideicomisso”, “Do Homicídio Eutanásico ou Suplicado”, “Do Direito Criminal”, “O Desajustamento do Delinquente à Profissão”.
Mesmo exercendo a magistratura, Adelmar Tavares sempre colaborou com a imprensa, tornando-se conhecido em todo o país por suas trovas. É considerado, até hoje, aquele que mais se dedicou a esse gênero poético no Brasil. Suas trovas sempre mereceram referência na história literária brasileira. Sua obra poética caracteriza-se pelo romantismo, lirismo e sensibilidade. Os temas mais comuns estão relacionados à saudade e à vida simples junto à natureza.
Foi membro e patrono da Academia Brasileira de Trovas. Era considerado o Príncipe dos Trovadores Brasileiros. Recebeu, em 4 de setembro de 1926, a posse da Cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras pelas mãos do acadêmico Laudelino Freire, chegando a exercer a presidência desta Academia em 1948.

Obras
1907 - Descantes (trovas)
1910 - Trovas e Trovadores (conferência)
1912 - Luz dos Meus Olhos, Myriam (poesia)
1921 - A Poesia das Violas (poesia)
1925 - Noite Cheia de Estrelas (poesia)
1926 - A Linda Mentira (prosa)
1929 - Poesias
1931 - Trovas
1932 - O Caminho Enluarado (poesia)
1934 - A Luz do Altar (poesia)
1946 - Poesias Escolhidas
1958 - Poesias Completas



Fonte: Wikipédia
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Batman Begins - por Ana

Escrevinha, concordo totalmente com você: Batman Begins é demais! O início do filme é lindo! Adorei demais! Artístico!



Sinopse e trailer: Cineclick
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Resposta a comentário de Escrevinhadora em Batman, de Ana.
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E você? Que filme gostaria de comentar aqui?
Christopher Nolan

Meu Irmão Mais Feliz: - por Alba Vieira

Ele está sempre de bem com a vida. Sua principal característica é a confiança. Espera sempre o melhor de cada situação vivida. É receptivo aos acontecimentos, às pessoas e às mudanças. Sempre risonho, é difícil conseguir tirá-lo do sério. Mas quando se aborrece eleva a voz, faz cara feia que chega a assustar. Mas passa rápido e logo recupera o ar jovial, o sorriso no rosto, as palavras suaves! É tão otimista, que quase sempre exagera nas expectativas de bons negócios e acaba tendo prejuízos. Mas não se importa, está sempre recomeçando. Sabe perder e recomeçar sempre com o mesmo entusiasmo.
Tem senso de estética apurado e adora trabalhar com as mãos, produzindo peças caprichadas, em madeira e metal. É autodidata, com um largo campo de interesses, sobretudo voltado para eletrônica e informática, nos quais sobressai e realiza coisas fantásticas. Mas seu forte é a diversidade. Já trabalhou em inúmeros projetos, desde criação de camarões e escargots até construção de aeromodelos. Na informática está sempre acompanhando as novidades. Já trabalhou com fotografia, montando um estúdio de alto nível e depois deixou seu sofisticado equipamento, sendo usado somente como hobby. Na verdade, ele é extremamente criativo, desapegado, vinculado exclusivamente ao momento presente e apaixonado por tudo que faz, sem se importar com questões financeiras, previsões e burocracias.
Aprecia, sobretudo, os prazeres da mesa, é excelente cozinheiro do trivial e adora experimentar novos pratos.
Seus amigos o adoram simplesmente porque é bom desfrutar de sua companhia.
Não tem orgulho, é o irmão mais velho, mas nunca se importou de solicitar auxílio sempre que precisou.
Constituiu numerosa família, criando seis filhos que tiveram sempre abundância de carinho, liberdade, incentivo e felicidade. Não aceitou comprometer a sua felicidade em troca de segurança material. Tenho certeza de que sairá da vida deixando para os filhos a riqueza representada pela alegria de viver cada dia como se fosse o último de sua existência.



Visitem Alba Vieira
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De Novo para Ana - por Escrevinhadora

Você estava muito quieta
cheguei mesmo a estranhar
é bom ver que ainda reage
que tem balas pra disparar
e solta mísseis de repente.

Não vou te dar nenhum conselho
não tenho tal pretensão
na condição de torcedora,
de colega e admiradora
só quero fazer um pedido.

Não aceite provocação
de qualquer tipo de gente
no bate e rebate deste blog
não vá disparando ao acaso
contra índios de qualquer tribo
economize munição.

Você é muito talentosa
não desperdice teus versos,
tua rima, tua prosa
escolha bem teus inimigos.

E por favor poetisa
seja generosa comigo
antes de partir para o ataque
lembre-se de que eu sou pacifista
não me bata sem motivo.



Resposta a “‘Pode Ir Armando o Coreto’...”, de Ana.
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Friedrich Nietzsche e o Erro - Citado por Penélope Charmosa

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A vida sem a música seria um erro.
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Júlio Barroso - por Raquel Aiuendi

A Vida Sexual do Selvagem - Júlio Barroso



“Naquela segunda sem feira saímos do andaraí e fomos por aí com destino certo à oito de dezembro encontrar com’s camaradas da Caixa Preta (...). Batuques (des)ritmados e ganhei uma obra do artista plástico Daniel naquela casa de passagem de menores com problemas sócio-familiares (como se ninguém os tivesse: os problemas e os menores). Depois eles voaram para o vizinho do pinel e eu fiquei de fora em vila isabel (superlotação no táxi de então), peguei o oito três idem (3) e desci na tiradentes; fui conhecer luís de ‘calmões’: não tão calma assim, e em seguida me deparei com hélio oiticica e, por fim, estou aqui com júlio selvagem barroso e sua vida sexual. Gostei!”
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E você? De que autor e livro você gostou?
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Júlio Barroso e o Destino - Citado por Therezinha

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O destino é, muitas vezes, sobretudo no casamento, o pseudônimo da nossa imbecilidade.
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domingo, 26 de abril de 2009

A Bagaceira da Leitura do Mundo - por Bruno D’Almeida

Aprender a ler foi uma das coisas mais fantásticas que ocorreram na minha vida. Era um toquinho de gente descobrindo o mundo, quando pude perceber que ele era bem maior, era de um tamanho que não cabia naquele bolso sujo de balas, chicletes e outras porcarias que um guri de cinco anos costumava guardar e engordar. Eu aprendi a ler por uma necessidade, um fio condutor entre o desejo de devorar o mundo e decifrar as letras impressas em qualquer superfície.

Recebíamos em casa cartas de familiares de Salvador, pois tínhamos mudado para Aracaju. Meus pais sempre diziam que meu tio havia mandando lembranças, que minha madrinha estava morrendo de saudades, que meu primo Jean tinha jogado água na televisão e outras milhares de etecéteras. Eu via meu velho com os olhos grudados naquele papel rabiscado e imaginava que era mágica. “Pai, como você consegue entender as coisas que estão aí nesse papel?” Ele respondeu com um “sente aqui, meu filho, vou lhe explicar”. Pronto. A bagaceira da leitura começou ali, fiquei doido quando comecei a juntar as sílabas de bola, uva, casa e paralelepípedo.

Minha brincadeira virou a brincadeira de aprender a ler. Ficava com um caderno na mão atrás de mainha, pedindo pra ela me dizer palavras para eu escrever. E até hoje não me conformo pelo fato de a palavra balde não ser baude. Meu pai chegava de noite e me mostrava as benditas cartas, eu me achava o máximo saber que tia Pinha vinha passar as férias lá em casa, e que meu primo Jean estava virando um terrorista de verdade, agora tinha tocado fogo na televisão e atirado pela janela.

O próximo passo foram as histórias em quadrinhos. As palavras deixaram de ser soletradas, ficava feliz em bater o olho no texto e o significado das palavras aparecer num instante. Eu era leitor de bulas de remédio, outdoors, páginas de revistas, livros, jornal e queria até ver se dava pra ler alguma palavra naquele miserável papel higiênico rosa, tipo lixa, enquanto sentava no trono e me sentia rei. Rei das palavras.

Eu podia ler que um rapaz morreu atropelado na Avenida Brasil, podia ler Drummond dizer que o stop da vida parar era por conta do automóvel, eu lia que um tal de Figueredo mandou que o povo o esquecesse. Lembrava da letra de Cazuza gritando que o tempo não pára, eu li uma receita de bolo na primeira página censurada pela ditadura no jornal O Estado de São Paulo. Li que o mundo ia acabar por causa da bomba atômica. Eu misturava tudo num liquidificador chamado cabeça e aprendi a dizer o que penso e acho de tudo.

Mas a coisa mais importante que li na vida não foi nada disso. O que eu li de verdade estava nas entrelinhas, escondida nos cantos de todos os textos que passaram pelos meus olhos. Eu lia, lia, lia e percebia que ali estava uma fonte inesgotável de conhecimento. Por isso não vou te dizer qual foi a coisa mais incrível que li na minha vida. Se você quiser saber, mas saber de verdade, neste exato momento, pegue o primeiro texto de uma coisa que você curte muito e leia agora mesmo. Garanto que vai descobrir.




Visitem Bruno D’Almeida
Carlos Drummond de Andrade.

Antes de Partir - por Ana

Muito legal! Também... com Morgan Freeman!



Sinopse e trailer: Cineclick
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Resposta a Um Estranho no Ninho, de Luiz de Almeida Neto.
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E você? Que filme achou muito legal?
Bob Reiner

Todos os Mares - por Alba Vieira

Mar de azuis
De algas, de recifes de corais.
Mar das redes fartas
De coloridos peixes
Dos pescadores com seus barcos.

Mar bravio
De ondas colossais.
Mar dos desbravadores,
Dos piratas e seus tesouros,
Das garrafas com segredos.

Mar de sonhos,
Mar de lágrimas
Daqueles que esperam na praia.

Mar de ilusão,
Mar das sereias fantásticas
E dos marinheiros enfeitiçados por seu canto.

Mar das crianças travessas, dos tatuís,
Dos surfistas pegando ondas, suas pranchas
E das mulheres com seus nus.
Dos caixotes e inevitáveis tombos,
Com seios à mostra e rosadas bundas.

Mar de audácia,
Mar de desconsolo e dor,
Mar de grandiosidade e tragédias.

Mares onde nos perdemos para nunca mais,
Dos afogados nas águas ou nas próprias tristezas.
Mares que nos levam para longe...
Para terras estrangeiras ou para o estranho em si,
Para buscas insondáveis, perdição ou reconhecimento.

Mares de náufragos...
Dos esquecidos
De si mesmos ou de todos.



Visitem Alba Vieira
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“Pode Ir Armando o Coreto”... - por Ana

Há muito eu estou quieta,
Calada cá no meu canto,
Com o rabinho entre as pernas:
Magoei a Escrevinha um tanto...

Tal de Alba escreveu coisas,
Nem me animei na resposta...
Li com a mente calada,
Bem se fingindo de morta.

O gato escaldado (né, Leo?)
Tem medo de quaisquer águas,
Ainda mais se envolvem
Possibilidade de mágoas.

Mas agora a tal Raquel
Tá voltando devagar,
Graça aqui e graça ali...
Comecei a matutar...

Vou botar ordem na casa,
Organizar a bagunça,
Acabar com esta farra,
Dar uns tecos nas jagunças.

E a primeira da fila
É a Alba tremelique,
Que está na minha mira
Desde o último chilique.

Último e derradeiro,
Devo vos relembrar:
Não aguentou as pancadas,
Não fez mais que ameaçar.

Tadinha! Deu foi peninha!
Vai ser covarde lá longe!
Pra quê tentou golpear
Se só se esquiva e esconde?

Hilária a criatura!
Não encara nem formiga!
Mandou uns recados magrinhos
Depois quis ficar amiga...

Me chamou de implicante,
Ameaçou xingamento
Me mandou dobrar a língua,
Cheinha de atrevimento.

Outra que diz e desdiz,
A morder e a soprar...
Ataca e fala de paz...
Mais uma que é bipolar...

Se autodefine audaz!
Querida... eu só gargalho!
Mas o verbo eu vi que largou:
Saiu catando cavaco.

Arrasa nas entrelinhas?
Só nas entrelinhas mesmo!
Pois nas linhas, minha filha,
Dá voltas e voltas a esmo!

Só concordo com você
Quando afirma que é zen.
Isso todo mundo lê
Todo dia neste trem.

Tu é a maior viajante,
Nisso não tem pra ninguém!
É Chopra... Viver de Luz...
Tratados sobre o Além...

Dos seus delírios senis
Aqui todo mundo é refém.
Tu escreve direitinho,
Mas eu não te digo amém.

E como está longa a coisa,
O bom senso me detém.
Depois termino a resposta:
A segunda parte já vem.

Enquanto isso, mocinha,
Tome o Haldol sem porém
Pra continuar sempre assim:
Psicopata do bem.



Resposta a “Tô Saindo de Fininho: Me Dei Mal...”, de Alba Vieira.
Deepak Chopra, Jasmuheen.

Recado - por Clarice A.

Alba
Também não consigo escrever no teclado, preciso de papel e lápis ou caneta, gosto de sentir a mão deslizando no papel, a escrita meio bagunçada, as ideias chegando e eu registrando. Ordená-las é o próximo passo e ainda surgem coisas novas. Não é porque não consigo teclar na velocidade do pensamento, acho que isto pode ser treinado, é porque com a folha de papel é completamente diferente.
Aonde nossos sentidos nos levam, também é muito bom.
Um beijo
Clarice


Resposta a Escrever, de Alba Vieira.
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Comentário - por Kbçapoeta

Em um ônibus “Circular” o motorista deve sair tonto.



Resposta a “Bota Movimento Nisso!”, de Adhemar.
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Fernando Pessoa e o “Abat-jour” - Citado por Penélope Charmosa

A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza
Sobre o chão que é meu.

No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.

E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.

Bem sei ... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!

E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...
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O Meninim Cupim Faquir Fraquim - por Raquel Aiuendi

Era uma vez um menininho
Pequeno, pequenininho
Não gostava de comer
E começou a enfraquecer

Não queria comer nada
Nem arroz, angu, feijão
Nada de carne ou rabada
Foi diminuindo e ficou anão

Por isso tinha delírios
Via monstros, fazia vexames
- É fraqueza, nada de colírios.
Disse o oculista após o exame.

Coitadinho do meninim
Delirava: era um cupim
Fraquinho e sem asa
Roía madeira, dançava

Era apenas um cupim
Magrinho e sem asa
Mas sonhava assim
Em carregar sua casa

Pensava em ser forte
Como caracol ter sorte
De conseguir um dia
Levar sua casa com alegria

Tinha delírios em ser
Livre como a mariposa
Asas grandes queria ter
E poder voar todo prosa

Queria ser cantor
Ou saber tocar guitarra
Para espantar sua dor
Acompanhando a cigarra

Os delírios iam e vinham
Nada resolvia seu estado
Dias, meses passavam
Ele, cada vez mais acabado

Esta foi a história
Do Meninim Cupim
Faquir Fraquim
E não da vaca Vitória

Quem não gostou assim
Que mude o enredo
Faça, então, um novo fim
E vá dormir mais cedo

Quem não gostou assim
Vire ao contrário
Faça um novo fim
Que fique mais hilário

Não sabe o que é hilário?
Não precisa dar murros
Procure no dicionário
Que é o pai dos burros.



(Ao Irmãozim Rapazim Grandim Fortim.)
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Provérbio - Enviado por Therezinha

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Quem é muito indulgente para si geralmente tem pouca complacência para os outros.
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sábado, 25 de abril de 2009

Duelando Manchetes IV: Violência Contra Crianças - por Alba Vieira

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É PROBLEMA NOSSO
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Existirá coisa mais triste e absurda que uma criança refém da infelicidade e frustração dos pais?
Quantas crianças neste exato momento sofrem no próprio corpo e na alma os maus tratos daqueles que deveriam protegê-las?
Porque diabos estes seres frágeis são feitos de sacos de pancada que aliviam as agressões sofridas, diariamente, por pais despreparados, nesta sociedade injusta?
E o que dizer daqueles que se omitem quando não denunciam e livram por vezes da morte, crianças cujos gritos e choros contidos fingem não ouvir?
Estes filhos do desespero, do medo, da raiva e da dor são nossos também, daqueles que ainda conservam um pouco de lucidez e equilíbrio neste mundo louco.
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Duelando Manchetes IV: Violência Contra Crianças

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CASAL É PRESO POR SUSPEITA DE AGREDIR FILHA DE 4 MESES NO RIO; CRIANÇA ESTÁ INTERNADA
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Uma menina de quatro meses deu entrada em um hospital da zona oeste do Rio de Janeiro, na noite de quinta-feira (16), com sinais de agressão. Os pais da criança foram detidos por suspeita de praticarem o crime.
Segundo informações da Polícia Civil, a criança foi levada ao Hospital Albert Schweitzer pela tia e pela mãe que afirmaram que a criança chorava demais. Durante exames, os médicos detectaram fraturas - antigas e atuais - nos braços, nas pernas e na clavícula, além de hematomas que podem ter sido causados por agressão.
Com base nos exames, a polícia foi acionada. Ao ser questionada, a mãe da menina afirmou que a criança sofre agressões constantes do pai, informou a polícia. Na casa da família, o pai foi localizado e culpou a mãe pelo crime. Os dois tiveram a prisão temporária decretada e foram presos na manhã de sexta.
A polícia informou que vizinhos e parentes do casal foram ouvidos e relataram muitas brigas e choros da criança. Devido aos ferimentos, a menina foi transferida ao Hospital Estadual Azevedo Lima, onde permanece internada na CTI (Centro de Terapia Intensiva). Não há previsão de alta.
Neste sábado, a Vara da Infância e Juventude decidiu suspender a guarda dos pais. O pai da criança foi transferido para a Polinter em Pavuna e a mãe para carceragem feminina da Polinter em Mesquita.
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Leia mais
Leia o que há em nossos arquivos sobre agressão contra crianças
Livro mostra como a VIOLÊNCIA urbana no Brasil afeta seu dia a dia e aponta soluções
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Fonte: Folha Online, 18/04/09
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Fernando Gabeira, Paulo Coelho e Dan Brown - por Kbçapoeta

Crepúsculo do Macho - Fernando Gabeira
O Código Da Vinci - Dan Brown
O Diário de um Mago - Paulo Coelho
O Que é Isso, Companheiro? - Fernando Gabeira


“Primeiro quero indicar ‘Crepúsculo do Macho’, de Fernando Gabeira. Excelente!

Farei um mea culpa sobre Paulo Coelho. ‘O Diário de um Mago’ é um livro bacana, Paulo Coelho relata sua experiência esotérica em Santiago de Compostella, terra de peregrinações de várias vertentes religiosas.
O livro revela alguns experimentos que o RAM, ordem esotérica a que Paulo Coelho pertencia na época, exceto o ritual da morte, que ele trocou por um exercício teatral.

‘Crepúsculo do Macho’, de Fernando Gabeira é, nitidamente, uma continuação de ‘O Que é Isso, Companheiro?’, onde Gabeira conta suas experiências em vários países durante o exílio.
Ex-guerrilheiro / jornalista / escritor / fotógrafo / deputado federal / defensor da maconha e agora candidato derrotado à prefeitura do Rio de Janeiro, apresenta ‘Crepúsculo do Macho’, onde ele percebe a derrocada da luta armada no Brasil, o ‘racha’ no MR8 que, após a morte de Lamarca, definhou e hoje é uma ala, não oficial, do PMDB.

Quando terminei esse livro, que é tão bom quanto ‘O Que é Isso, Companheiro?’, passei a respeitar o livro de Paulo Coelho. Claro que ‘O Diário de um Mago’ não deixa de ter uma linguagem simples e sem surpresas, o que ocorre na maioria de suas obras. O oposto de Gabeira.

‘O Código Da Vinci’, de Dan Brown, com a saga do melhor professor de simbologia e a mocinha bela, independente e predestinada pelo avô que fogem de vilões malvados, masoquistas e exímios estrategistas; a polícia francesa manipulada por integrantes da Opus Dei, achei muito clichê, mas a parte das artes, simbologias e rituais religiosos é perfeito e, na minha opinião, o que salva o livro.
Achei muito raso o enredo, como acontece em muitos livros do mago.

Mas na verdade eu não deveria ter comparado os dois, o estilo de um é bem diferente do outro. ‘O Diário de um Mago’ é uma autobiografia e ‘O Código Da Vinci’ é romance.
Pronto!
Mea culpa feito.


(Ana vai querer me enforcar. rsrsrsrs)

Abraço para a todos do Duelos.”
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Resposta a “Paulo Coelho e Dan Brown”, de Ana.
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E você? Que autores gostaria de comentar aqui?
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Escrever - por Alba Vieira

Sempre se escreve sobre si mesmo. Talvez seja apenas isso: uma explosão repentina no ser que precisa ser aliviada. Eu escrevo estilhaços de pensamentos que, de repente, caem na minha cabeça. Tudo é fragmentado como a própria vida. A questão de cada um é juntar os pedaços, descobrindo o relacionamento que há entre os fatos, exercendo dessa forma a compreensão.
Quando escrevo tenho medo, porque me sinto despida, me revelo para os outros, sinto-me, por vezes, em carne viva, esfolada de minha proteção. Talvez seja por isso que minhas mãos ficam vermelhas, coçam tanto e esfolam. Eu quero me revelar. Eu busco me mostrar para mim mesma.
Só sei escrever assim: sem enredo, sem preparação, apenas dando vida ao que vai jorrando, brotando de mim.
Há tempos comprei uma máquina elétrica para escrever meus textos. Mas, doce ilusão, ainda não consigo, até hoje, acompanhar, com o teclado, a rapidez das ideias. Gosto mesmo é de escrever com a caneta deslizando pelo papel. Acho tão bonito esse movimento! É fluxo, é um escorrer de idéias, de sensações, de impressões...
Muitas vezes, quando espio pela janela do ônibus, surgem mil reflexões, todas elas geradas pelos cheiros que eu capto da vida. Enquanto os ônibus correm, os odores vão chegando, me impressionam e logo mudam para outros que trazem novas cenas que se desenrolam na minha mente. É incrível a velocidade em que o mundo vai acontecendo! Quanta coisa existe para percebermos com os sentidos! As imagens que entram pelos nossos olhos, os perfumes que se sucedem marcando acontecimentos, os ruídos que nos transportam para mundos diferentes. Como a realidade é rica de coisas e como elas nos fazem voar! Como cada um pode ser tão rico quanto quiser, quanto for capaz de enriquecer suas percepções! E o toque? A sensualidade é mansa e doce. Pensar, sentir, voar. Voar para mais alto, acima de todas as coisas. Integrar realidade e fantasia. Soltar as asas e ensaiar voos cada vez mais plenos de sentir. Quanta riqueza em cada um de nós! Quanta beleza presente, pronta para ser captada por todos que se sentem aptos a viver de fato! O imaginário é, a um só tempo, nosso servo e senhor.
Sensibilidade, estar à flor da pele, ansiar por doçuras, estar acima de todas as coisas, pensar somente com o coração. Tudo faz sentido. Tudo, de repente, fica belo.
Hoje pensei num trem. Tantas analogias passaram pela minha cabeça! Um trem é tão presente, é um impulso, sem freio, é continuidade, é perseverança, é destino. É um desenvolver aos poucos, é um balançar, é um barulho contínuo. É imponente, se visto de frente. Pode ser ameaçador. É dor pungente, de saudade, se visto de costas. É belo e convidativo ao olhar, se olhado de lado. Somos nós nas suas janelas. E aí tudo passa pela gente. O trem corre ou são as coisas, o mundo que corre? Somos nós que passamos pelo mundo ou será o mundo que desfila aos nossos olhos? Fico me imaginando dentro de um deles. Não me importo se há requinte no seu interior. Eu gosto de requinte, de cuidados, mas prefiro a simplicidade. O que me atrai de fato é percorrer longas distâncias olhando pela janela. É poder ver o mundo passar por mim, é essa alma de voyeur, é a experiência da impermanência de todas as coisas. Eu vibro quando consigo captar não só imagens como também cheiros que me transportam para outras realidades. Sei que os odores que impregnam meu nariz sensibilizam áreas nervosas que são então integradas no cérebro e me despertam emoções. Adoro a fluidez das informações chegando. São tantas vidas a passar pelos meus olhos! Vidas que me fazem deflagrar outros sonhos. Vibro com a realidade que vejo e com os sonhos que cada fato real me desperta. É uma riqueza imensa que brota de dentro de mim. É vida sobre vida.
Para mim, isto é estar aberta. É sempre que o mundo me impressiona. É quando eu me conecto com o exterior. É quando o que vai por dentro de mim consegue romper as barreiras e extravasar. Adoro esta palavra: extravasar. É ir além, romper limites. É ir subindo devagar, transbordando, espalhando-se.
Música também me atinge em cheio. Ouço Je t’aime e fico trêmula. Porque hoje estou à flor da pele. E estar assim é estar viva, mesmo que isso aconteça somente às vezes. Fora isso, me sinto uma máquina de realizar. Realizo, faço, cumpro, venço, produzo. E é tão bom ser só sentidos, estar à janela do trem e ver o mundo passar. E sentir, sentir, deixar-se levar. Ser somente. Nada a fazer. Não fazer. Soltar-se. Soltar as amarras e ir à deriva, mar afora. Trem solto dos trilhos. Pássaro sem asas.



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Cavaleiro da Triste Figura - por Kbçapoeta

As suas mãos.
O seu rosto.
Houve uma transformação
Transfigurada por um turbilhão de sentimentos,
Que insiste em se fazer cata-ventos,
vez ou outra gigantes,
Mas nunca um ser real...
Nem mesmo Rocinante acredita no que vê.
Meu escudeiro foi atrás de ilhas imaginárias.
Estou só,
Triste e sozinho.
Morrerei com uma companheira infame!
Minha lucidez.




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Provérbio Chinês - Enviado por Penélope Charmosa

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O sábio começa no fim; o tolo termina no começo.
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Atualidade - por Raquel Aiuendi

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Atualmente nós temos mais frentes frias que costas quentes.
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Provérbio - Enviado por Therezinha

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A felicidade é uma bola atrás da qual corremos quando ela rola e na qual damos um pontapé quando para.
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sexta-feira, 24 de abril de 2009

As Nossas Palavras VII - por Eu

Se um dia falares demais,
Cuida de não dizer coisas feias.
As palavras são suas serviçais
E suas melhores guerreiras.
Mas o silêncio vale mais.
Palavras têm força, podem destruir sonhos e matar a esperança.



Complemento a As Nossas Palavras VII, de Aaron Caronte Badiz.
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Visitem Eu
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Ocorrências - por Clarice A.

As palavras se perderam cantadas ao vento
Levadas por vento forte, prenúncio de tempestades
Impregnadas de ódio e violência
Levaram a guerras, miséria e fome
Trouxeram discórdia e desunião
Desavenças e antipatias mútuas
Tornando inimigo quem deveria ser irmão

As palavras se perderam cantadas ao vento
Levadas por brisas suaves, encantadas
Impregnadas de amor ao próximo
Levaram amor, fé, esperança
Agradecimento, consolo, alegria
Apoio, fraternidade e carinho
Compreensão, cura e perdão
Regeneradoras, balsâmicas, palavras de união
Tornando outrora inimigos, verdadeiros irmãos

Quando jogar palavras ao vento
Tenha sempre isto em mente
Que os ventos que as levam
Um destino vai encontrar
E se o terreno for fértil
Algo vai semear
Prefere que sejam mazelas
Ou que incentivem a amar?
A escolha é só sua
Pense bem antes de falar.



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IR - por Alba Vieira

Mês de cálculos!!!
Só tributos injustos:
Leão ou porcos?

Cadê a grana
Que pago de impostos?
Social? Zero.

Não dá pra correr,
Sou assalariado:
Só resta pagar.

Eu financio
A farra em Brasília
Com meu trabalho.

E até quando?
Não dá para entender...
Melhor nem chiar.



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Bemvindo Sequeira e a “Vida Após a Vida” - Citado por José Ivo

Sempre pensei que ia morrer cedo. A luta armada, a clandestinidade na luta contra a ditadura, aventuras, promiscuidade, orgias, drogas, riscos... Tudo me levava a crer que não chegaria aos trinta anos. Para quem tem vinte anos, quem tem trinta já é coroa... Tomei um susto quando vi-me vivo e saudável aos trinta.
Aos quarenta, percebi a possibilidade real da morte. No dia do meu aniversário, quarentão, um jovem ator de 24 anos perguntou como eu me sentia: “Agora? De frente para a morte”. Para minha surpresa foi o jovem quem morreu logo depois...
Aos cinquenta, apaixonei-me pela letra de Aldir Blanc na voz de Paulinho da Viola: “...aos cinquenta anos, insisto na juventude...”, isto enquanto percebia meu ângulo peniano descendo. Mas, antes dos sessenta, a pílula azul alargou minhas possibilidades e possibilitou-me ver o sexo por ângulos mais estreitos.
Agora estou além dos sessenta. Aos quarenta, rezava pela alma dos mortos amigos e parentes. Nome por nome, eu pedia ao Senhor. Hoje, são tantos os que caíram, que apenas peço “pelos mortos em geral”. E, mais uma vez, espanto-me por estar ainda vivo, e consolo-me no Salmo 91.7 que diz: “1.000 cairão ao teu lado e 10.000 à sua direita, mas você não será atingido”. Mesmo confiando na Palavra, ainda assim caminho debaixo de marquises, para São Pedro não me ver.
Ainda estou vivo e, para quem pensou que morreria aos trinta, descubro que existe vida após a vida. Mas o preço do viver é muito alto para o jovem de hoje: tem que comprar apartamento, arranjar um trampo, ganhar dinheiro, ficar famoso, comer todas, bombar no youtube, malhar, casar, ter filhos, comprar carro, estar bronzeado, conhecer tudo de web, e ainda ir ao show da Madonna, entre outras miudezas...
Após os sessenta, você já está quite com tudo isto e pensa que vai viver em paz. Qual o quê: tem que tomar insulina, antidepressivos, rivotris, controlar a pressão, não comer açúcar, não comer sal, não fumar, não beber, se conseguir comer uma ou outra já é uma vitória, tem que caminhar ao menos meia hora por dia, mesmo sem querer, cuidar do joanete, dormir cedo, vender o apartamento, fugir da bolsa, não discutir no trânsito, não se alterar no caixa do supermercado, tolerar os filhos, agradar os netos, ficar calado diante da mediocridade, aceitar o salário de aposentado, ter o testamento em dia, e curtir todas as dores ósseas, nervosas e musculares, porque, se algum dia você acordar sem dor, é porque está morto...
Claro que o idoso tem suas vantagens: uma delas é a transparência. Quanto mais velho, mais transparente você se torna. Chega a ficar invisível: ninguém mais te percebe, mais um pouco e nem te enxergam. Mas você pode passar à frente dos jovens nas filas todas, com aquele ar de superior: “Você é jovem e sarado, mas eu tenho prioridade”. E ante qualquer aborrecimento ou dificuldade, você ameaça enfartar ou ter um AVC. Funciona sempre, todos logo se tornam gentis e cordatos, e é garantia de muitas meias e lenços como presentes no Natal...
Lidando com a minha “terceira idade” ouço de meu psicanalista, o bom Luiz Alfredo: “Só há dois caminhos: envelhecer ou o outro, muito pior”. Prefiro envelhecer, aceitando cada minúsculo “sim” que a vida me dá com uma grande alegria e uma grande vitória. Hoje, quando encontro vaga num elevador do shopping, quando o banco está vazio, ou quando encontro promoção na farmácia, já considero uma bênção gigantesca e agradeço a Deus pela Graça Alcançada...
Após os sessenta, como no filme de Brad Pitt, regrido na existência, deixo Paulinho e a viola de lado e reencontro Lupicínio: “Esses moços, pobres moços... Ah! se soubessem o que eu sei...”. Mas, se soubessem, não ia adiantar nada, porque a sabedoria é filha do tempo. Como diz o amigo Percinotto, também idoso: “o diabo é sábio porque é velho”.
Pelo andar da carruagem, percebo que já morri muitas vezes nesta vida e que viverei até fartar-me...



Nota pessoal de José IvoCom a devida vénia e crédito para o autor, aqui transcrevo este artigo “Vida Após a Vida”, dum génio literário, que me encheu as medidas, com a maneira como divolgou os seus sentimentos de idoso,
duma maneira bastante subtil.
Disfrutem este pedaço de literatura, com vontade de partilharem e fazerem parte do mundo de idosos,
quando chegarem a essa faixa etária.
Um abraço amigo
José Ivo
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Bemvindo Sequeira é ator e diretor de teatro e TV, autor e idoso.
Lupicínio Rodrigues.

Mahatma Gandhi e sua Convicção - Citado por Penélope Charmosa

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Estou convencido das minhas próprias limitações, e esta convicção é minha força.
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Para um Grande Amor - por Raquel Aiuendi

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O amor é inevitável, a saudade adiável e a eternidade irrevogável.
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Revolução! A Alma Armada... - por Vagner Heleno

seremos porosos edemas
sulfúricos ácidos colíricos
enfisemas pulmonares agudos
dores em todos estágios letais

viera a nós vossos contos lúgubres
e nossa resposta é um não, jamais
foste câncer por demais impune
a nossa cura, a contra doença
a nossa busca, a impune idade
a juventude será a erma paz

seremos cólera sem algemas
sonoros poemas a te cepar
tuas audiências públicas não serão
em nós tua trapaça não chegará

a torre cai em nossas mãos
somos futuro, o embrulho terás
a úlcera somos, ó santa cidade
tua forma se deformará

nosso ódio é amor fortuito
se não pela sã forma, pela dor
assim o seja, o aprenderá



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quinta-feira, 23 de abril de 2009

As Nossas Palavras VII - por Aaron Caronte Badiz

Se um dia falares demais,
Cuida de não dizer coisas feias.
As palavras são suas serviçais
E suas melhores guerreiras.
Mas o silêncio vale mais.
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As Nossas Palavras VII - por Lélia

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Existem muitos falares no mundo, muitas palavras, demais... Às vezes uma cuida da outra, para que apenas as melhores ideias sejam ditas. Mas, na maior parte das vezes, deveria haver só silêncio.
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As Nossas Palavras VII - por Leo Santos

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Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.



Visitem Leo Santos
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Fim de Semana na Casa da Tia - por Alba Vieira

Ela tem 10 anos e veio passar o final de semana comigo. Pensei em como poderíamos nos divertir, mas na bagagem, ela vinha trazendo livros e cadernos porque tinha que estudar, recomendava o pai. É que agora nas escolas existem muitos trabalhos, atividades e provas. Assim, crianças da 4ª série, na minha época chamada de curso primário, já precisam estudar, inclusive nos fins de semana. Como resolveríamos esta questão? Afinal, ela estava comigo para enriquecer algum outro aspecto de sua vidinha, eu imaginava. Resolvi que faríamos todas as tarefas e estudaríamos livros e cadernos de um jeito bem tranquilo, divertido, sem stress. E, principalmente, sem comprometer o precioso tempo destinado ao outros aprendizados.
Ela havia chegado na sexta-feira à noite, pois fica todos os dias no integral até as 18 horas. Então só deu para jantarmos, vermos um pouco de televisão e irmos dormir, já que para estar na escola às 7 horas, o ônibus escolar a pega em casa às 6 horas e ela acorda às 5:30.
Fico admirada de como a vida das crianças de hoje é sacrificada. Aí entendo porque as fobias, úlceras e doenças de pele são tão prevalentes.
Então, no sábado, depois do café, saímos para andar um pouco pela rua e pegar sol, olhar as pessoas. Descobri que ela tem horror a cachorro e medo de sair na rua, medo aprendido com o pai já transtornado pela violência da cidade. Voltamos e iniciamos os estudos. Enquanto ela estudava, eu a ajudava e lhe ensinava a cozinhar também. Intervalos para brincadeiras e orientações várias sobre relacionamentos com colegas e professores, táticas para estudar mais rápido, como secar os cabelos, como cuidar das unhas etc. Ela descobriu que estudar podia ser divertido, interessante, sem preocupações com resultados de provas, visando apenas o conhecimento. Na tarde de sábado, já tínhamos conseguido completar as tarefas e o estudo.
Foi aí que ela me mostrou um livro que teria de ler ainda naquele dia, com 60 páginas, falando como se fosse uma horrível condenação. Mostrei a ela o gosto pela leitura e como os livros nos enriquecem. Lemos juntas, cada uma um capítulo. O livro era fantástico: A Fada que Tinha Boas Ideias, de Fernanda L. de Almeida. Propus a ela que lêssemos dramatizando as falas. Ela adorou, leu direitinho, entendeu e interpretou fadas, bruxas, cometas etc. Foi demais!
Ao ir dormis, no sábado à noite, estava em dia com todas as obrigações e assim poderia ter o domingo livre, sem pensar em escola (que a mente precisa se afastar de tudo, periodicamente, para descansar). Na manhã de domingo brincamos de karaokê porque ela iria embora à tarde para almoçar com o pai. Cantamos, dançamos, pulamos, gritamos. Eu me soltei, liberei tudo, me diverti demais. Rimos de gargalhar cantando a música do sapo que não lava o pé, com a e i o u. Foi libertador.
Hoje, segunda-feira, liguei pra ela às 5:30 e falei assim: “I sipi ni livi i pi, ni livi i pi piqi ni qi...” E ela dobrou de rir. Estamos começando uma nova semana leves, renovadas e, sobretudo, felizes.



Visitem Alba Vieira
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Pipas - por Ana

“Olha a pipa! Tá avoada!
Vamo correr pra pegá!
Quem chegá depois é marica
Vamo logo arrepiá!”

E os meninos vão correndo
Desabalados atrás
Daquele sonho sem dono,
Como fizeram seus pais

E também os seus avôs,
Seus tios, primos, vizinhos,
Que perseguiram, vorazes,
Algo tão pequenininho.

Grupos grandes, barulhentos,
Desesperados por pouco
Que naquele momento é tanto
Que vale qualquer sufoco.

É... No momento da fome,
O desejo só tem olhos,
Músculos, força e adrenalina
Praquilo que quer, com antolhos.

Desejo cego que leva
Os pés pra qualquer lugar,
Sem que se veja mais nada,
Nem onde se vai chegar.

Quando a pipa se aproxima,
Ao final da correria,
Se for possível pegá-la,
Ainda há luta e covardia.

Tapa, murro, pontapé,
Soco, gravata, rasteira...
Apenas um é vencedor
Se ela estiver inteira.

Porque na hora crucial,
Em meio a tanta agitação,
O sonho pode se quebrar,
Desfazer antes do chão.

Assim é a história das pipas
E seus vários pretendentes:
Quase se matam pra tê-las,
Que existem, indiferentes.

As pipas são nossos desejos
Bailando, soltos, no ar,
Somos os meninos incautos
Em perseguição milenar.
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Ok, Vocês Venceram. - por Fatinha

Querido Brógui:

Ok, vocês venceram.
Já longos três anos se passaram desde que comecei a escrever o Querido Diário, sucesso de público e de crítica. Durante esse tempo, sempre que incluía mais um assinante compulsório na minha listinha, pedia encarecidamente que não repassasse o conteúdo para os seus amigos, amigos dos amigos e nem mesmo para os não tão amigos assim. Por que? Um misto de sentimento de posse (pô, a vida é minha, o texto é meu), apego à privacidade (confesso que me incomoda um pouco esse negócio de ficar falando da minha vida para todo mundo) e ganância (vai que pinta a oportunidade de publicar meus escritos e ganhar um troco? Vai que copiam o que escrevo e eu perco os direitos autorais?).
Enfim, sucumbi à chatice dos amigos que sempre ficavam se rasgando de vontade de mostrar pra todo mundo o Querido Diário - ô povinho fofoqueiro! - mas não o podiam, presos ao pacto de sangue por mim imposto. Depois de pedidos, apelos, chororô, passeatas na minha porta, ameaças de morte e suicídio coletivo, greves de fome e toda a sorte de canalhices sentimentais que só meus amigos são capazes de fazer, decidi criar o tal do blog.
Mas eu não sei fazer esse troço!
É fácil, disse-me uma amiga à beira de um ataque de nervos. Ela tinha razão. Demorei um pouco pra criar o nome do blog, optando pelo mais fácil, devidamente aportuguesado em sinal de protesto pelo excesso de americanismos na nossa tão linda língua portuguesa. (Halloween é o cacete!). Algumas horas pra me entender com as dicas super simples, passo a passo, fornecidas pelo Terra, de como criar um blog. Mais algumas pra entender como edita um blog. Um telefonema básico pra outra amiga pra saber se o neologismo “brógui” levava acento agudo ou não. Escrever o primeiro texto, isso foi rápido. Bem, acho que fiz tudo direitinho.
Tomara que meu Querido Brógui agrade ao respeitável público e torne sua vida um pouquinho mais divertida.



Visitem Fatinha
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José Ângelo Gaiarsa e Dráuzio Varella - por Ana

O Gaiarsa é muito bom mesmo, Clarice. Ele tem uma importância fundamental neste processo pelo qual estamos passando de tornar inteligíveis os meandros das ciências da saúde. Ele trouxe para os leigos a compreensão de problemas de saúde, abordando-os de forma simples e direta, como você diz. Algo que o Dráuzio Varella também faz atualmente.
Beijo.



Resposta a “José Ângelo Gaiarsa”, de Clarice A.
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E você? De que autor você gosta?
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Anthony Robbins e o Valor - Citado por Penélope Charmosa

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Nada tem qualquer valor senão aquele que você mesmo lhe dá.
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Para SamurAi - por Raquel Aiuendi

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Aformatou e dançou, no meio do show ela desencantou.
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Provérbio - Enviado por Therezinha

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Justo é o sutiã: oprime os grandes, levanta os caídos, protege os pequenos.
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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Peso-Pesado - por Leo Santos

Esse vir insistente bater sem lesar,
e ir sem desistir, sempre voltando;
figura a perseverança, o baile do mar,
quanto preciso aprender do oceano!

Afinal, após uns tombos e umas fraturas,
joguei a toalha, no ringue da espera;
o que sonhei em conjugações futuras,
pretérito mais-que-perfeito eu quisera…

É que Netuno tem mais forte braço,
conhece o oculto de todas as cavernas.
Meus sonhos, restritos a tempo e espaço,
restos mortais, em tumbas eternas.

Aí vejo na areia uma sina pior,
ignorância depositando suas sobras:
Triângulo do avesso, afronta ao Maior,
pedindo um peixe ao pai das cobras.

Me refaço e volto aos meus pensamentos,
de que a força é frágil, se tem uma dona;
peso-pesado que derrubou a trezentos,
e o mal de Parkinson levou à lona…

Mas o dono do peixe não é o mar,
pois mesmo ele, imenso, presta contas;
fé, esperança e amor, no devido lugar,
não porei do avesso minhas três pontas…



Visitem Leo Santos
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Ocorrência - As Nossas Poesias XII

As palavras se perderam cantadas ao vento,
Esvoaçaram leves, soltas e descompromissadas
Exprimiam muita doçura e amor
Alguns as encontrariam disfarçadas
Em gestos, decisões e olhares,
Na ocorrência da vivência delicada.



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Ao Filho que Não Nasceu - por Ana

São pra você estas linhas,
Pedindo para aguardar
Que eu me acerte no serviço
Pra poder te sustentar.

Sei que sua alma espera
Habitar um corpo humano.
Um pouco de paciência,
É o que peço... mais um ano.

Já sinto suas mãozinhas,
Já te vejo nos meus sonhos,
Você me espera, eu te espero
Com este rostinho risonho.

Me dê só mais um tempinho,
É o que preciso... por favor...
É que alma não entende...
Não se vive só de amor...



Poesia cujos título e primeiro verso foram utilizados
para a versão coletiva Ao Filho que Não Nasceu - As Nossas Poesias XI.
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As Nossas Palavras VII - por Alba Vieira

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Cuida em guardar silêncio. É preferível falares somente as melhores palavras.



Visitem Alba Vieira
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Duelando Manchetes II: Eutanásia - por Escrevinhadora

Se no silêncio das UTIs um anônimo, por compaixão ou por se considerar dotado de poderes divinos pode tomar a decisão por nós, não seria melhor que a lei garantisse a cada um a possibilidade de escolha?



Resposta a “Duelando Manchetes II: Eutanásia”, de Alba Vieira.
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O Primeiro Banho - por Alba Vieira

Era o que pretendia ser o primeiro banho do neném. No quarto, esperavam a avó paterna e a tia avó materna, quando a mãe chegou com o pequerrucho no colo, que sentindo a aproximação do local do “sacrifício”, já botou a boca no mundo. Foi conduzido até uma pequena mesa, onde deveria ser colocada uma banheira e deitado lá, para em seguida, lhe tirarem a roupinha e a fralda. Mas cadê a água? A avó correu para trazer uma pequena bacia com água morna, enquanto a mãe pegava um chumaço de algodão que umedecia e passava pelo corpinho do bebê que, vermelhinho de tanto gritar, continuava reclamando, enquanto era virado para limpar as costas e as nádegas. Nada de sabonete, nada de cheirinho de neném. Que frustração! O umbigo era protegido por uma compressa de gaze para receber a limpeza com álcool. E depois,colocaram a fraldinha, a camisinha de pagão, a calça comprida, as meias e a blusinha de manga. Enquanto faziam este ritual, mãe e avó cantavam uma música estranha que falava de um reizinho que chegava na casa, sob os olhares incrédulos da tia. E o banho? O bebezinho agora já estava aninhado no colo da mãe, já abrindo a boquinha naquele reflexo de sucção em busca do leite para saciar a sua fome e desproteção.
Enquanto recolhia as roupinhas usadas, fraldas, gaze e algodões, deixando o quartinho outra vez todo arrumado, a tia se lembrava de como eram os banhos de nenéns em sua casa onde a enorme família era comandada por sua mãe, uma mulher forte, rosada, gordinha e sorridente que com sua mão protetora sempre dava o primeiro banho em todos os bebês da família, inclusive na mãe desse bebezinho, sua neta. Sempre era escolhido o quarto da frente da casa, mais iluminado. Sobre a cama era colocada a bacia rosa ou azul, a toalha colorida e felpuda, roupinhas limpas, cinteiro e fralda, talco e sabonete do bebê. Os familiares formavam a plateia embevecida. Um era encarregado de trazer a água morna, outro ajudava a despir o bebê. Então a matriarca erguia a criança sustentando as costas com a mão, deixando a cabecinha pender recostada ao braço e descia lentamente até a água que molhava os pezinhos, as pernas e então o corpinho que ficava submerso até o pescoço enquanto com a outra mão lavava a cabecinha deixando a água levada pela mão em concha escorrer pelos cabelinhos, com o cuidado de não deixar entrar nos ouvidos. Em seguida, era lavado o rosto, o corpinho, pernas e braços. Era um banho rapidinho que só era iniciado depois de fechadas todas as janelas para impedir que houvesse corrente de ar que poderia, segundo ela, provocar uma pneumonia galopante na criança. E os bebês adoravam. Seus corpinhos eram lavados assim como as suas auras ficavam limpas pela água morna. Enrolados na toalha felpuda e apertados junto ao corpo da doce avó, ficavam quietinhos enquanto ela enxugava cabelos, rostinho e corpo. Logo eram vestidos com a ajuda de tias e tios sob exclamações de orgulho e comparações com outras crianças da família. Saía do quarto só depois de ser perfumado, acarinhado e receber um tantinho de talco nas costinhas para evitar alergias, sob os protestos desta mesma tia que estava estudando Medicina e reprovava o uso de talco. A fraldinha era colocada depois de besuntar o bebê com Hipoglós. Seguia-se a disputa da família para ver quem seguraria o bebê, inclusive a mãe, depois do banho. A avó, orgulhosa, recolhia os utensílios no quarto e saía triunfante, tendo ensinado a mais uma marinheira de primeira viagem como era dar banho no bebê.



Visitem Alba Vieira
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A Coragem de um Homem - por Jorge Queiroz da Silva

Conheci na minha vida profissional um homem de coragem, formado em farmácia, que atuava como Diretor de Operações numa indústria em que trabalhei.
Respondia pelas áreas de importação e exportação e pela obra de expansão da empresa.
O que mais me marcou foram as indicações de energia, coragem e força desse executivo, que era um autodidata. Muito me admirei em saber que tinha sido o comandante do vapor Márcia, que teria sido afundado na última guerra mundial pelo submarino alemão em águas brasileiras.
Vou tentar relatar agora uma história que diz bem da sua coragem e que muito combinava com o seu jeitão de homem forte e decidido, e que, num determinado momento da vida, mais ou menos na faixa de 40 anos, iniciou um processo de cegueira. Lutou bravamente contra a doença, quando a recomendação médica o proibia inclusive de dirigir automóvel, principalmente no período noturno. No entanto, ele não desistia e continuava a vir ao trabalho diariamente, dirigindo seu próprio carro, evitando apenas de sair tarde, preferindo deixar o trabalho ao cair da noite, quando ainda a cidade estava iluminada.
Um dia descuidou-se, o dia avançou e ele insistiu em ir para casa quase anoitecendo. Iria fazer um deslocamento da Tijuca até o Leblon, e já quase chegando em casa a sua visão começou a faltar e para não dar o braço a torcer, colou o seu carro na traseira do carro da frente e a visão das lanternas o ajudava a dirigir. O carro da frente andava, ele andava junto, o carro da frente parava, ele parava junto, aí então o carro da frente não mais andou e ele, muito irritado, começou a buzinar, esbravejando:
- Oh, rapaz! Não vai andar não?
Ao que o outro respondeu:
- Como é que eu vou andar, se estou dentro da minha garagem?
Todos comentavam o fato e tentavam, cada um à sua maneira, se espelhar nesse grande exemplo de coragem e firmeza diante da vida.



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Espaço-Tempo - por Kbçapoeta

Hoje quero ver o sol
Acima do cinza
Que costuma pairar
Sobre nossas cabeças.
Estou sob chuva,
Amando a tempestade,
Pedindo a cor escarlate
Dos lábios teus.
O pretérito sempre foi mais que perfeito,
Por não poder lembrar
O que realmente ocorrera.
Como o futuro do presente,
Que sempre transpassou o breu
Do agora.
Mas hoje,
Só hoje,
Entendi o ontem




Visitem Kbçapoeta
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Paulo Coelho e Dan Brown - por Ana

Anjos e Demônios - Dan Brown
O Alquimista - Paulo Coelho
O Código Da Vinci - Dan Brown



“Kbça:
Pô! Adorei Anjos e Demônios! Li de uma vez, não parei para nada, nem para dormir, enquanto não terminei. O Código Da Vinci foi escrito, nitidamente, com as sobras de Anjos e Demônios, mas achei bom também.
(...) Não consegui passar do primeiro parágrafo de O Alquimista. Muito fórmula pro meu gosto.”
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Resposta a “Paulo Coelho e Dan Brown”, de Kbçapoeta.
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E você? Que livros gostaria de comentar aqui?
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Paulo Coelho - por Kbçapoeta

Brida - Paulo Coelho
O Diário de um Mago - Paulo Coelho



“‘Diário de um mago’ e o ‘Brida’, achei ‘Bonitinho’, aquele tipo de literatura para adolescentes na fase esotérica.”
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Resposta a “Paulo Coelho e Dan Brown”, de Ana.
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E você? Que livro achou bonitinho?
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Visão - por Thiago de Sá

O sonho está na realidade de quem vê!
Existe um momento, um instante, uma luta que só pode ser lutada por quem deseja vê-la.
Que na verdade existem muitas coisas que só dependem da vontade.
A vontade de quem professa ter uma fé sincera,
E que lutaria até o fim da vida por ela.
O pobre palhaço esquece-se do progresso
E continua com as mesmas vestes.
Que mais de um século atrás o ensinaram a caminhar!
Mas, quando existe a primeira oportunidade de provar
Que o que é dito não se resume somente ao texto descrito, com ponto e vírgula e o forte exclamar.
Que se transforma no sonho de quem motiva.
E vira realidade na mente de quem vê.
Tantas são as palavras que podem ser ditas.
Porém somente uma atitude pra mudar o mundo que outrora foi descrito por quem provou que tudo pode ser mudado com a vida!
Sem muito pleonasmo e sem muito vício
Vivo vivendo o que antigamente a mim foi ensinado.
Sem esquecer jamais de onde vim e de minhas fraquezas que diversas vezes fez do meu navio um grande barco tombado.
O mundo é um círculo e pode-se correr nele mudando ou sendo mudado!
Ou se pode pular no meio e acabar ficando como um tonto.
Com poucas palavras ou muitas, vários e invariáveis homens e mulheres vivem sem vida.
Buscando uma saída para Arte que só se faz completa sendo vivida,
Assim como já dizia um presidente morto dos Estados Unidos:
“Quem não vive para servir já não serve pra viver”.
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terça-feira, 21 de abril de 2009

As Nossas Palavras VII

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Wordle: As Nossas Palavras VII
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Clique na imagem para ampliar.
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Imagem: Wordle
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Mahatma Gandhi em As Nossas Palavras VI - Citado por Adhemar

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As coisas que queremos e parecem impossíveis só podem ser conseguidas com uma teimosia pacífica.


Visitem Adhemar
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Tratamento de Choque - por Ana

Não gostei. Exagerado, estilo besteirol, com direção absolutamente comercial. Horrível! Não gosto nem de ver os anúncios.



Sinopse e trailer: Cineclick
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Resposta a Um Estranho no Ninho, de Luiz de Almeida Neto.
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E você? De que filme não gostou?
Peter Segal

Augusto dos Anjos - por Ana

Eu - Augusto dos Anjos



“De Augusto dos Anjos li Eu. Há coisas lindíssimas!”
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Resposta a “Obras”, de Leo Santos.
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E você? Que autor você gostaria de comentar?
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Duelando Manchetes II: Preconceito Racial - por Aaron Caronte Badiz

- Oi, Samanta! Tudo bem? Como foi lá na inscrição?
- Tudo bom.
- Por que está com esta cara, então? O que te aborreceu?
- Estava cheio e muita gente estava falando em fazer Medicina.
- Mas você já sabia que era bem concorrido. A sua parte você já está fazendo, que é estudar.
- É verdade.
- Mas não é só isso... Tô vendo que tem mais coisa...
- Essa coisa de cotas... Quando preenchi o formulário, li o lance de cotas e já me incomodou. Depois, o pessoal lá tava comentando que o percentual vai aumentar no ano que vem. Isso não tá certo! Se eu não passar este ano, no ano que vem vai ficar mais difícil por causa deste negócio de cotas. Não tá certo! Isso é inconstitucional! Todos devem ser iguais perante a lei! Isto é um absurdo!
- Mas você não compreende a premissa do Governo? A ideia é diminuir a desigualdade social...
- Não é desta forma!
- Pode ser... Daqui a alguns anos, em médio prazo, mais negros terão curso superior e isto ajudará a equilibrar um pouco a situação de desequilíbrio social em que vivemos...
- Mas não é desta forma! Primeiro, quem disse que só afrodescendentes são impedidos de entrar para a faculdade por questões financeiras? Se queriam igualar, que fosse por critério econômico e não racial!
- É verdade...
- Segundo, se querem dar melhores condições a quem não tem, que melhorem os ensinos básico e fundamental para que todos tenham as mesmas oportunidades. Esta medida de cotas é injusta e inversamente discriminatória! Como é que querem resolver a discriminação invertendo a mão?
- É verdade!...
- Além do mais, não sei quantas pessoas vão entrar para a faculdade tirando notas mais baixas que outras! A cor vale mais do que o conhecimento!
- Mas a ideia primeira das cotas é esta mesmo.
- É?! E daqui a alguns anos, que profissionais nós teremos? Que ensino superior público nós teremos?
- Os professores não vão baixar o nível das aulas porque alguns alunos não acompanham...
- Não? Tá certo, digamos que não... O que estes alunos vão fazer? Vão é ficar reprovados até serem jubilados, porque não têm condições de acompanhar o curso. Então tiraram a vaga de quem tinha condições à toa! Só para eles sentirem o gostinho de entrar para uma pública?
- Bem... Creio que eles se esforçarão para não desperdiçarem a oportunidade.
- Mesmo que façam isso, não serão todos e as vagas irão para o beleléu!
- Mas no sistema anterior isto também acontecia, por outros motivos. Há um índice considerável de desistência no primeiro período na maior parte dos cursos das instituições públicas.
- Mas o Governo vai agravar isto! Só vai piorar esta situação então! Será ainda mais um motivo para que isto aconteça!
- Não creio que obrigatoriamente seja assim... Teremos que esperar um tempo para que esta avaliação seja feita com base estatística. Eu arriscaria dizer que o índice de evasão entre as pessoas que entraram pelo sistema de cotas seria bem menor que os de não-cotas. Mas não adianta a gente ficar discutindo este ponto, porque são só especulações.
- Tá certo... Mas uma coisa não é especulação e me assustou muito hoje: foi um sentimento que tive e que sei que outras pessoas devem ter também, de forma arraigada e com consequências graves. Você sabe que minha melhor amiga é negra, meu pai e minha avó são mulatos, e nunca pensei no mundo dividido em pessoas negras e não negras, mas quando eu ia saindo da inscrição hoje vi um garoto negro chegando e tive vontade de que ele não existisse.
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Semear - por Alba Vieira

Estou num imenso jardim onde exercito aquilo que mais me fascina. Não é um jardim como aquele que conhecemos e sim um outro com os mesmos atributos. No jardim do mundo semeio novas ideias. E fazendo isso não busco reconhecimento, mas o faço apenas por hábito. E esta tarefa obedece às regras da natureza.
No plantio, havemos de escolher o momento certo em que a terra-gente pode receber a nova semente. E esta, dependendo da planta que se espera, não pode simplesmente ser lançada. Teremos que cavar um sulco na terra, um ponto de menor resistência deve ser aberto para abrigá-la. Molhar o solo frequentemente se faz necessário. E o semeador de ideias fará isto trazendo exemplos de casos bem-sucedidos que funcionarão como a água fertilizadora da semente. E quando, num milagre da existência, a planta-ideia florescer, será preciso vigiá-la para que não fique exposta às intempéries do tempo. É que frequentemente as novas ideias e seus defensores são alvo daqueles que desejam manter o que está arraigado. É o peso do convencional.
Depois, quando vingar, a plantinha deverá crescer para ser vista por muitos neste imenso jardim. E é necessário protegê-la dos depredadores, aqueles que são devoradores de novas ideias que, como tratores, egoisticamente passam por cima do projeto de árvore, impedindo a propagação do novo.
Mas não basta protegê-la, é necessário também guiar seus ramos, impedindo que se desvirtuem do tronco, alterando aquilo que foi inicialmente proposto.
E o verdadeiro jardineiro não se dedicará apenas a uma espécie de plantas. Ele irá diversificar, espalhará várias ideias, semeando em muitas áreas desde que encontre solo fértil.
E um dia verá plenamente desenvolvidas plantas de caules flexíveis que se movimentam ao sabor do vento, numa liberdade de se adaptarem tanto quanto se fizer necessário. Encontrará outras árvores rígidas, são os pensamentos que devem permanecer inalterados, que são a base, os troncos fortes que constituem a estrutura das ideias de uma civilização.
Assim, cada conceito, cada pensamento terá o seu perfil, sendo todos necessários e todos pertinentes. O jardineiro sabe disto tanto quanto a mãe que reconhece a diversidade de personalidade dos filhos, todos concebidos, gerados e cuidados por ela.
E obedecendo à ordem de todas as coisas, o semeador verá suas plantas-ideias, num determinado momento, ceifadas pelo tempo, entendendo que mesmo após a morte, partes destas suas ideias serão adubo natural que permitirá, no futuro, o nascimento, desenvolvimento e propagação de outras ideias originais, plantinhas novas, naturais ou híbridas. O que importa, no fluir do tempo, é, inevitavelmente, o surgimento do novo.
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Senhora das Feras - por Ana

Em mim moram libélulas
doidivanas, prostitutas,
em levíssimas revoadas
gozam suas vidas curtas.

Em mim habitam leões
altaneiros, desdentados,
lutando por território,
cedendo ao tempo passado.

E em mim moram girafas
silenciosas, inteligentes,
comendo tranquilas folhas
enquanto rangem os dentes.

Moram, em mim, esquilos
assustados, maltrapilhos,
rondando a própria toca
enquanto cuidam dos filhos.

E em mim moram baratas
sorrateiras, incansáveis,
limpando tudo que encontram
desde tempos imemoráveis.

Ainda em mim há cachorros
aconchegantes, interessados,
dormindo sobre os sofás
por cima do próprio rabo.

Em mim moram animais
que rondam, limpam, revoam,
dormem, comem, guerreiam...
enquanto meus dias escoam.

Eu amo como libélula,
luto como um leão,
observo como girafa
e escondo como um cão.

Protejo como um esquilo,
purifico como as baratas,
sem contar os gatos, lebres,
tartarugas, maritacas.

Minha aparência humana,
sei, engana a muita gente
habitada por zoológico,
que nem de longe o pressente.

Mas eu vejo olhos de linces,
garras de tigres e águias,
corpos de carrapatos,
flexibilidades de tilápias,

armaduras de besouros,
impotências de joaninhas,
gestos de louva-a-deus,
diligências de galinhas,

crueldades de hienas,
inconstâncias de beija-flores,
pânicos de tatuís,
preocupações de castores,

individualidades de patos,
forças de elefantes,
tranquilidades de cisnes,
passos de rinocerontes...

Enxergo bem cada um
na diversidade existente,
pois reconheço em mim
naturezas diferentes.

E quando se faz necessário,
engravido, fico à espera,
de mais um que me defina:
eu sou a senhora das feras.
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