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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Duelando Manchetes II: Eutanásia - por Cacá

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EUTANÁSIA!


Para uns, Deus é a medida de todas as coisas. Outros, porém, estão sempre em busca de algo além de verdades prontas, pré-estabelecidas, os dogmas. Há ainda aqueles que vagueiam inseguros, por aqui e por ali à procura de algum significado para a existência humana.
Diante de determinados fatos de repercussão global, quem acaba colocando o assunto na roda dos debates são os meios de comunicação. Aqui vou falar da eutanásia. E vou tentar fazê-lo sem nenhuma opinião pré-concebida, sem nenhum fervor religioso, sem nenhum paradigma que possa direcionar a minha opinião.
Alguém, qualquer pessoa que seja, independente de sua condição sócio-econômica, cultural e religiosa, sexual ou cor da pele, encontra-se, pelos desígnios da vivência, absolutamente incapaz de se manifestar, de se locomover, falar, sorrir, chorar, se alimentar e fazer suas necessidades fisiológicas por conta própria. Passa a ser mantida viva como uma planta e com auxílio de aparelhos inventados pelo homem. E depois de muito tempo, feitos todos os esforços, todos os estudos, tentadas todas as terapêuticas, chega-se ao diagnóstico da impossibilidade de reabilitação ou cura. Não possui esta pessoa nem a capacidade de interferir naquilo que lhe é oferecido, ou seja, se aceita ou não esta condição. Até que ponto alguém pode decidir sobre seu destino? E decidir o quê? Se a mantém assim ou se abrevia a sua condição, praticando, neste caso, a tão controvertida eutanásia?
As leis no mundo em torno do caso não permitem praticar, em alguns lugares, a eutanásia “não consentida”, ao estabelecer a pena de morte? Inclusive de gente que não está em estado vegetativo? Pessoas que, segundo estas mesmas leis, têm direito à vida? Outro aspecto da lei com relação ao direito à vida: este direito, no caso em questão, tem que virar obrigação? Se se trata de um direito, a pessoa não pode abrir mão dele? E ela, não podendo, por falta de condições psicoemocionais, o seu responsável ou pessoa mais próxima pode abnegar do direito por ela?
Quanto à ciência, ela estaria dando uma contribuição à fé religiosa, comprovando pelos seus métodos e recursos técnicos que não há vida ativa naquele corpo? Se as pessoas religiosas creem em algo além da matéria, não estariam amparadas para permitirem a paz e o descanso dessa alma em sofrimento? Ou não, ela e quem mais a ama e lhe quer bem devem sofrer até que sua sina seja cumprida?
Não apoio, não recrimino, não julgo. Apenas me tirem os tubos, desliguem as tomadas, se for meu o caso um dia.
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O Balconista da Mercearia - por Adir Vieira

Somos nós que damos aos lugares o brilho natural ou são os lugares que, de acordo com sua performance, mudam nosso estado de espírito?
Eis uma questão que sempre me vem à mente quando passo na porta de uma mercearia próxima a minha casa.
O ponto, por si só, é de destaque, digno daqueles capazes de angariarem, só para si, a clientela geral. Localizado na esquina principal, abrange duas ruas populosas. Apesar de ter uma área pequena, todos sabem que lá vão encontrar as miudezas que na hora dos preparos de última hora são imprescindíveis. Ali tudo se mistura, do pão ao sabão em pó, mas parece que as pessoas não se importam muito com o fato. Já na entrada, rente ao único balcão, engradados de refrigerantes de dois litros quase que impedem a entrada dos clientes, visto que têm que se esgueirar para atingir o atendente.
Este, com o sorriso de Monalisa, nunca está à vista e, na maioria das vezes, está providenciando a troca de dinheiro na padaria em frente para consolidar a venda, enquanto o cliente atendido aguarda a sua volta e “toma conta” do negócio. Essa questão, tão repetitiva, demonstra a desorganização do comércio e mostra com firmeza o descomprometimento do balconista com o seu trabalho.
Via de regra, raramente um ou outro cliente, especialmente aqueles que tentam se fazer de amigos (privilegiam-se no “caderno de contas”), também usufruem do uso do banheiro que, pelo odor, deve justificar a ausência de clientes no local.
Todas as vezes que por ali passo, observo com detalhe a postura do balconista. Senhor de meia idade, bem apessoado, mas envolvendo em si uma tristeza tamanha daquelas que interferem na nossa energia. Fala baixo, olha o vazio, tem atos mecânicos no embrulhar o produto, abrir a gaveta de dinheiro para dar o troco etc.
As prateleiras sugerem uma arrumação imediata, embora nunca tenha visto baratas ou moscas, apesar da sujeira, mas ele, o balconista, parece sempre estar brincando de estátua junto à parede, quando presente no local.
Pergunto-me se ele é o dono ou mesmo o que mantém aquele comércio funcionando há tantos anos e pelo visto, sem prejuízos? Não encontro explicação, mas minha mente vaga e com a eterna mania de quem no trabalho selecionava a pessoa certa para cada atividade, imagino o “Lino sorriso” comandando aquela mercearia...



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Gente Miúda - por Alba Vieira

Quando eles chegam tudo em volta brilha.
É algazarra, brincadeira, festa e liberdade.
Não se pode ter sossego, muito menos tristeza.
Ter criança perto deixa sempre saudade.

Muito eles têm pra ensinar aos adultos,
Tão acostumados às vivências importantes.
Mas nada nesse mundo é mais fecundo
Que o que gera a convivência com os infantes.

Porém o aprendizado depende de atitude.
Acompanhar as crianças convida à mudança,
A gente deve se soltar, deixar que tudo mude...
Fazer bagunça, rir à toa e entrar na dança.




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DoidivAna - por Ana

Eu já nasci meio virada da cabeça. As pessoas diziam que eu era meio esquisita, estranha... A curva de crescimento foi subindo e trazendo adjetivos mais corpulentos: doidinha, pancada, amalucada, doida varrida, pirada, maluca, doida de pedra, 22, psicótica, alucinada, egressa, esquizofrênica, louca, alienada, demente, diazepina...
Fui encaminhada ao psiquiatra ainda na infância e recebi o diagnóstico do agnóstico: “Pode ser psicose ou alter ego.” Na dúvida, medicou. Com as pilulinhas, cortei vestidos, amarrei rabo de gato, estinlinguei vizinhos, esganei cachorro, iniciei criação de carrapato, fui de camisola pra igreja, fiz uma extensa coleção de origamis com os livros didáticos, vesti fantasia de fada que só tirava pra tomar banho, tosei o cabelo para ficar igual ao Kojak, entre outras pequenas coisas... Obviamente, a medicação foi suspensa. Não se falou mais em médico. Optaram pela versão alter ego.
Depois da adolescência eu sosseguei um pouco: chamada à responsabilidade, tentei não frustrar a família e a mim mesma. No entanto, sempre que podia, manifestava este lado irreverente, mal compreendido e ainda discriminado por todos que me conheciam.
Um dia, assistindo à TV com minha sobrinha, me deparei com um personagem de desenho animado que dirimiu todas as dúvidas e trucidou as minhas possíveis (e impossíveis) culpas. Descobri que não era psicose, não era alter ego. O que eu tinha era alter Helga!
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Linhas de Minha Mão - por Kbçapoeta

Existe destino?
Alguns o chamam de sina,
Outros de carma,
Os mais razoáveis de: soma de ações.

Alguns desfechos de vida
Não foram obra do acaso?
Seriam carmas
De suas pobres almas?

O destino de alguns
Foram ações subtraídas
Que não aconteceram
Por medos, nada razoáveis.

Desejos indesejados,
O pecado que morava ao lado,
O bem e o mal,
O vou ou não vou.

O destino é :
O galho que flutua sobre o rio,
O pólen que dança pelo vento,
Semente germinada do acaso.

O acaso não depende de você.
O destino depende do que o acaso
Irá lhe propor.
Você deve agradecer aos céus por isso.




.....................Visitem Kbçapoeta
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