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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




segunda-feira, 29 de março de 2010

Gratidão - por Letícia

(Paródia da música infantil “Cai, Cai, Balão”)

cai cai gratidão
cai cai gratidão
aqui na minha mão
não cai não
não cai não
não cai não
cai no meio do povão

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Cascatas Incandescentes - por Ana

Quantos passos dados sem você!…
Quantas lágrimas choraram saudade solitária, voltadas para a parede que testemunhava meu entristecer se transformando em dor e angústia.
Quanto me culpei por ter errado, por ter deixado ir, por ter calado, por não ter fechado as mãos nas suas dizendo fique porque de você preciso.
Quantas palavras imaginei que explicavam, amavam, acariciavam, pediam, acompanhadas da reafirmação de meu amor.
Quantos abraços em sua lembrança tão viva.
Quantos beijos senti novamente em meio a um enorme vazio que antes era preenchido por seus carinhos.
Quantos anos chamei seu nome baixinho, com o olhar voltado para a direção de seus dias.
Quantas noites sonhei você a meu lado, buscando a paz que havia perdido.
Quanto minha alma se estranhou, partida, solitária, muda, dissociada, aleatória, infeliz, opaca, aprendendo que viver somente é cumprir o tempo se está distante de você.


Inspirado na pintura Cascatas Incandescentes, de Alba Vieira.
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terça-feira, 23 de março de 2010

Recesso no Duelos

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Caríssimos amigos:
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Devido ao agravamento dos problemas de conexão,
o Duelos entrará em breve recesso,
até que os técnicos consigam resolver a questão.
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Enquanto isso, podem continuar enviando seus textos!
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Agradeço a compreensão.
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Um grande abraço!
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segunda-feira, 22 de março de 2010

Escaravelho - por Ana

A lua deslumbrante ilumina o quintal. Suavemente cai uma folha, a joaninha não está mais ali e a flor de ontem murchou; amanhã uma nova folha nasce, surge um escaravelho bicolor. Assim as coisas mudam devagar e não são hoje mais o que eram antes, sem que saibamos. Mas quando o roseiral floresce, todos vêem e admiram.
Trago um roseiral dentro de mim, perfumado e lindo, com flores de pétalas delicadas e cores suaves, todas dedicadas a você, que entrego uma a uma em forma de palavras, gestos, olhares e promessas não ditas.
E eu prometo meus passos ao lado dos seus, meu olhar apaixonado, meu coração acelerado, minha pele sensível, minha alma tranqüila, meu sorriso leve, minhas mãos carinhosas, meus beijos profundos ou envoltos em sorrisos felizes, meu colo macio que descansa tão bem você. Prometo envolver sua vida e passos porque assim eu existo em você.


Inspirado na pintura Escaravelho, de Alba Vieira.
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sexta-feira, 19 de março de 2010

Guerra - por Kbçapoeta

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Meteoros estão surgindo

Clareando o céu de zinco,

Mães desesperadas,

Crianças a chorar.

O estrondo derradeiro,

Digno de fotografia,

A poeira que surgia

Após tudo desmoronar.

A visão era do inferno,

Contemporâneo pós-moderno,

Ao encerrar o assunto

A bomba pôde detonar.

Qual seu dialeto

Cultural materno

Quando a bomba lhe beijar?

Está armado de espírito

Anos de convívio

Com sua cultura popular...
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Visitem Kbçapoeta
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Hermógenes - Citado por Alba Vieira

Desliga-te de todos os meus.
Esquece-te de quem és.
Silencia tuas ansiedades.
Perdoa quem te ofendeu.
Não chores pelo que perdeste.
Bem, agora senta-te quieto onde ninguém te chame. Deixa-te ficar assim.
Vê teu interior.
Nada esperes. Nada planejes.
Esquece o tempo, o lugar, o corpo...
Desliga-te de todas tuas âncoras, principalmente de eu...
E é assim que a Paz toma conta da gente.
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quinta-feira, 18 de março de 2010

Não Deu Tempo... - por Gio

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Avenida Rio Grande, por volta de 2h30min da manhã. Era mais uma daquelas noites de verão, onde se pode esperar de tudo. Mesmo assim, por essa nem eu esperava. Estávamos eu e mais três ou quatro amigos, sentados no muro baixo da pracinha das crianças. Era um ano onde três de nós tínhamos entrado na faculdade, fazendo com que a conversa girasse em torno desse assunto eventualmente.

Foi quando ele chegou. Um cara de boné pedalando uma bicicleta meio velha e surrada. O mais interessante é que ele conseguia estar com uma aparência mais velha e surrada que a própria condução: braços arranhados, roupas maltrapilhas, ares de quem tinha levado algumas surras e saltado sobre algumas cercas. Eu observei, meio incrédulo, aquela figura que, do nada, resolveu parar à nossa frente. Essa “roupagem” do sujeito acabou, inicialmente, nos assustando, e o fato de não haver policiamento àquela hora não ajudava em nada. Ironicamente, esse sujeito acabava por ser fascinante, de um modo que, por alguns segundos, esqueci que ele poderia falar.

– Vocês sabem me dizer o que é isso?

Foquei minha atenção novamente para a bicicleta, e notei uma cestinha na parte traseira, carregando... Um scanner. Quem é que carrega um scanner em uma bicicleta no meio da madrugada? De qualquer forma, nós confabulamos um pouco, e alguém acabou explicando o funcionamento do aparato. É de usar no computador... Funciona que nem máquina de xerox... Copia fotos para o PC...

– Tá, e quanto vocês acham que custa uma coisa dessas?
– Olha, não sei – disse o mais velho de nós –. Esse aparelho deve estar ultrapassado, mas novo devia custar uns 100 reais. Usado assim, deve valer uns 50.
– Sessentinha e a gente conversa!

Em um instante, o homem ignorante da bicicleta se tornou um candidato a vendedor da Polishop. O aparelho (que ele até então desconhecia) passou a se tornar a sua especialidade de venda. Ele apertava todos os botões, abria e fechava a tampa, e descrevia as mil qualidades que o aparelho que tinha em mãos oferecia:

– Vocês vejam que o aparelho está em perfeito funcionamento.
– Mas nós não temos dinheiro – disse alguém.
– Não tem problema, façam uma vaquinha entre vocês.
– Não, não, obrigado.
– Olha, o aparelho está em ótimo estado.
– Senhor, a gente realmente não tem dinheiro...
– Mas vejam que o aparelho é bom para toda a família e...

O cara era realmente insistente. “Desistir” não era parte de seu vocabulário, e nós já estávamos incomodados com aquele ser ameaçador na nossa frente, no meio da avenida. Foi preciso mentir um pouco, para ver se ele se mandava:

– Nós não temos nem computador.
– Vocês podem dar de presente para alguém!
– É sério, nós nem temos dinheiro.
– O aparelho está em perfeitas condições, inteiraço. Só não peguei o plugzinho porque não deu tempo...

É, depois dessa, eu podia parar por aqui. Mas calma, sempre tem o arremate para fechar com chave de ouro:

– Olha, eu acho que se o senhor sair por aí, consegue vender esse scanner fácil, fácil. Tá cheio de turista com dinheiro, e tal.
– Ah, é que eu tô muito cansado. Acordei cedo hoje, sabe...
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Visitem Gio
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Hermógenes e a Solidão - Citado por Alba Vieira

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Aproveita, amigo.
Se estás só, aproveita.
Mergulha na solidão gostosamente como abelha na colmeia.
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Mais Uma Dose, Por Favor - por Angel

A vida está lá fora, pulsando na mesma batida que faz tremer o meu peito. Qual é a vibe que te balança? Que pensamento faz sua mente expandir, e explodir, e mesmo assim querer mais, e mais, e mais...? Já pensou no que vai fazer hoje? Uma festa, uma viagem, uma música, um texto, um filho? Pense em qualquer coisa que desloque o eixo, que te faça ir além do que você tem ou é. E seja o que for peça antes mais uma dose, um abraço apertado em Johnnie Walker, ele merece. E dance uma música, a primeira que te vier a cabeça. Faz valer a pena, faça algo que você nunca fez. Por você, ou por quem estiver com você, ou com quem estiver com você, é só escolher. A escolha, ou o escolha, e experimente, sinta gosto... da vida. E veja a noite escapando por entre seus dedos, testemunha fiel de cada um dos seus acertos, ou erros, não importa. Acabou, descanse, sonhe com um anjo, e só depois, acorde. E sinta a vida acontecer novamente, te convocando à próxima batalha, afinal, ainda não vencemos a guerra. E vencer é uma lenda, ninguém conseguiu, todos morreram, ou irão morrer, inclusive você.

E então, já pensou no que vai fazer hoje?
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Visitem Angel
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José Régio e o “Poema do Silêncio” - Citado por Penélope Charmosa

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi-tragicômicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. Ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalômano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.
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Programação do Duelos

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Domingo
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(Em férias)
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Segunda-feira
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Terça-feira
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Quarta-feira
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Quinta-feira
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“APENAS CONTAGIO”
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Sexta-feira
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Todos os dias
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VÁRIOS E GRANDES AUTORES
QUE FAZEM O DUELOS SER O QUE É!
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quarta-feira, 17 de março de 2010

Vagões - por Leo Santos

No trilho da vida, enorme comboio,
passa e passa, cansando a vista;
cabina escura, oculto maquinista,
mas há quem o possa enxergar;

O trem da avareza queimando seu óleo,
amontoando o que devia ser plano.
Dia pós dia, vagões engatando,
a uma locomotiva que já vai parar…

Transporta pro além a dor de alguns,
fabricantes de dores aqui.
Guardando as sombras somente pra si,
e a calma, que queime os rivais…

Mas, os dormentes já estão carcomidos
e a ponte não cruza o desfiladeiro;
as coisas que não compra o dinheiro,
embora gratuitas, lhes são caras demais…

Há muitos que os invejam, no entanto,
e pelo bilhete, dariam tudo;
imaginando a aquisição de um escudo,
por verem, tal qual parece;

Seus olhos fitos, ninguém os demove,
do sonho da grande escalada,
reputando tudo, aquilo que é nada,
o que ouvem diverso, logo esquecem…
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Visitem Leo Santos
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Hermógenes e a Quietude - Citado por Alba Vieira

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Se o vaga-lume aprendesse a ficar quietinho, aceso, satisfeito, humilde e tranquilo, não haveria quem não o tomasse por estrela.
É bom ficar quieto, paciente, em silêncio, esperando a visita da Luz.
O vaga-lume tem luz, mas é ainda vaga.
Falta-lhe quietude. Silêncio já tem. E tem também o negrume da noite envolvente a servir-lhe de fundo, a realçar-lhe o fogo.
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Albert Einstein e a Tradição - Citado por Penélope Charmosa

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A tradição é a personalidade dos imbecis.
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O Caminho - por Yuri

foi em uma noite
tenho uma vaga lembrança como se fosse ontem
havia pouca luz e muita chuva
como eu fui tão bobo? e você tão mau?
e pra onde foi toda aquela sua paixão?
nós éramos tão ligados, e acho que ainda somos... mas depois que te assisti mas ou menos de camarote
eu não tive mais tanta certeza...
eu era tão novo ontem
hoje levo como lição, até porque nada é pra sempre
e eu nunca pensei que seria com você, só cheguei pensar que tinha um toque de realidade
agora minha cabeça gira, gira e gira... mas tanto que não consigo te achar em cada posto que ela estaciona rápido
e tenho na mente agora o que um velho conhecido disse: a paixão requer respeito, e ela não te deu isso
e eu enxergo agora com luz sua paixão venéfica
antes eu tivesse uma antropofobia para que minha algofobia não surgisse nunca
porque quando o tenho em minhas mãos começo a tremer mais uma vez como se fosse cair no mesmo instante com medo nos olhos e nas mãos
de seguir em frente
é quando você quer alguém pra desperdiçar toda aquela dor que parece ser sem fim
tudo aquilo que ela te causou
parece que todos se transformam em nuvens, flutuam e simplesmente somem
na verdade estou de saco cheio disso! de pessoas egocêntricas! e não sei se aguento mais por muito tempo
ficar só na caminhada dói, mas dói mais seguir deixando pra trás cada instante perdido
não preciso mais que esfreguem na minha cara, já está tudo 4x4 em meus olhos
deixe que o barulho do mar quebre nosso silêncio
até porque eu não tenho mais nada pra te dizer hoje...
fatos concretos ou não, não preciso deles, já está tudo tão perto, é só ligar os fatos reais
e o caminho é longo
está em meus olhos!
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.Visitem Yuri
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terça-feira, 16 de março de 2010

A Máquina de Lavar - por Fatinha

Querido Brógui:
.Segunda-feira, dia de corno. Nada como uma edição do Querido Diário requentada para começar bem o dia. Essa é do início de 2007.
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.“Querido Diário:

Cássia está com tendinite. Não veio trabalhar essa semana toda. Aqui em casa a roupa é lavada semana sim, semana não. Como essa era a semana sim que virou semana não, na sexta-feira percebi aterrorizada que não me restava limpo um pé de meia, uma blusinha, uma roupinha de ginástica, nadinha. Minhas gavetas estavam completamente vazias e o cesto de roupa suja completamente cheio. O meu terror veio da dupla constatação: 1) eu teria que encarar uma lavação de roupa; 2) tenho bem menos roupas do que gostaria de ter. Das duas, a última foi a que mais me doeu, é claro.
Então, cheguei ontem do curso já preparada psicologicamente para dar uma de peniqueira. Enquanto almoçava, lembrei-me vagamente de que não dominava a complexa técnica de operar a nova máquina de lavar. Pode parar de rir, essa é uma tarefa difícil, sim, nem vem. Poucas pessoas a sabem executar com maestria.
Bem, como penica que é penica não foge à luta, peguei o cesto de roupas sujas, fui lá pra trás, dei uma olhadinha nos botõezinhos daquela coisa (é botão que não acaba mais, a outra máquina só tinha o de ligar e o de desligar), tentei adivinhar como aquilo funcionava, não consegui e acabei por me render à leitura do Manuel.
Na máquina antiga, a gente primeiro enchia de água e depois botava a roupa. Foi o que fiz, coloquei a máquina pra encher enquanto lia as instruções. Aí, dez páginas depois, chegou numa parte que dizia: “nunca encha a máquina de água antes de colocar as roupas”. Danou-se. Já comecei errando. Desliguei rapidinho e pensei em esvaziá-la pra botar a roupa e depois encher de novo. Só que no Manuel não ensinava como tirar a água da máquina. Não sucumbi à tentação de tirar a água de dentro dela com um balde, achei que seria burrice demais, até para mim. Decidi colocar a roupa com ela cheia mesmo, qual o problema? Na medida em que fui colocando a roupa, o nível de água foi subindo, subindo. Simples lei da física aplicada à atividade peniqueira. Enquanto isso, continuei lendo as dicas do Manuel e cheguei na parte que ele dizia: “o nível da água não pode passar do quarto furo da bacia.” Que bacia? A bacia aqui de casa não está furada… É até relativamente nova… Não, sua Anta, a bacia da máquina, disse-me o Manuel. Parei de colocar roupa antes que transbordasse, liguei novamente a máquina e ela começou a bater.
Daí o Manuel me disse: “coloque o sabão em pó e o amaciante nos recipientes devidos.” Danou-se de novo! Esqueci que tinha que colocar sabão em pó e amaciante. Abri a máquina pra colocar o tal do sabão em pó e o amaciante e ela parou de bater. Pronto! Quebrou. Não, sua Anta, toda vez que você abre a tampa, ela para. Ah, tá. E cadê os tais dos recipientes devidos? Achei. Comecei a puxar e o treco não abria a tampinha. Lógico, sua Anta, não é de puxar, é uma gavetinha dividida em duas metades. Qual será a metade pra botar o sabão? E cadê o sabão? Onde será que a Cássia esconde o sabão em pó e o amaciante?
Vitória! Imagina se eu, com dois cursos superiores completos, mais de mil livros lidos, curso de inglês na Cultura, vinte anos de magistério e dez anos de academia de ginástica, iria ser derrotada por uma simples máquina de lavar! Fiquei contemplando minha façanha, embevecida, toda orgulhosa, quando de repente a bicha parou de bater de novo. Agora danou-se mesmo. Dessa vez eu consegui quebrar a máquina. Minha mãe vai me matar e o pior é que depois de morta ainda vou ter que lavar essa montanha de roupa no tanque!
Fiquei alguns minutos olhando para a máquina, em estado de choque, tentando inventar uma boa mentira pra contar pra minha mãe e ao mesmo tempo pensando como iria fazer pra tirar a roupa e a água de dentro daquela meleca. Repentinamente, ela começou a bater de novo. ???? É que o ciclo de lavagem completa tem uma batidinha e um intervalo pro molho, outra batidinha, outro intervalo, sua Anta! Legal, entendi.
Dei conta de toda a roupa da casa após três ciclos de lavagem completa. Pendurei tudo na corda, subindo e descendo as escadas para o terraço com as bacias cheias. Pura aeróbica.
Finalizei a missão com a alma lavada e enxaguada, como dizia Odorico Paraguaçú. Nada como um servicinho de corno pra deixar a pessoa livre de quaisquer problemas existenciais, emocionais, sexuais ou financeiros.”
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.Repostado, originalmente, em 13/10/2008.
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.Visitem Fatinha
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Hermógenes e o Asceta - Citado por Alba Vieira

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Somente na alma do asceta reina a Paz. Ele não quer mais do que tem. Não anseia tornar-se o que ainda não é. Não se angustia nem mesmo com a estupidez dos homens. Não se filia a doutrinas, que deva defender ou impor. Não persegue ilusões. Não teme a morte. Nunca se sente pobre. Não deseja poderes, honras, lugares, haveres... Não reprime. Não se reprime. Não se engana. Não engana. Não explora. Mas também nada tem e, se nada tem, não anseia aumentar ou guardar. Não se perturba, pois nada o ameaça. Não se ira, pois ninguém o pode ferir.
Ele só tem uma estrela a supri-lo com Infinito, Beleza, Justiça, Amor, Verdade, Beatitude...
Sua estrela é Ele mesmo.
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Augusto dos Anjos, “A um Gérmen” - Citado por Penélope Charmosa

Começaste a existir, geleia crua,
E hás de crescer, no teu silêncio, tanto
Que, é natural, ainda algum dia, o pranto
Das tuas concreções plásmicas flua!

A água, em conjugação com a terra nua,
Vence o granito, deprimindo-o... O espanto
Convulsiona os espíritos, e entanto,
Teu desenvolvimento continua!

Antes, geleia humana, não progridas
E em retrogradações indefinidas,
Volvas à antiga inexistência calma!...

Antes o Nada, oh! gérmen, que ainda haveres
De atingir, como o gérmen de outros seres,
Ao supremo infortúnio de ser alma!
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segunda-feira, 15 de março de 2010

O Grito - por Marília Abduani

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Um grito acordou a noite.
Onde florescem sonhos,
borboletas se agitam
ao vento.
Movimento como se trovejassem primaveras.
Eu desperto,
tímida rosa no teu jardim
esperando o orvalho.
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Hermógenes, a Pedra e o Lago - Citado por Alba Vieira

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Jogaram uma pedra na tranquilidade do lago.
O lago comeu-a.
Sorriu ondulações e...
ficou novamente tranquilo.
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Augusto dos Anjos, “A um Epiléptico” - Citado por Penélope Charmosa

Perguntarás quem sou?! - ao suor que te unta,
À dor que os queixos te arrebenta, aos trismos
Da epilepsia horrenda, e nos abismos
Ninguém responderá tua pergunta!

Reclamada por negros magnetismos
Tua cabeça há de cair, defunta
Na aterradora operação conjunta
Da tarefa animal dos organismos!

Mas após o antropófago alambique
Em que é mister todo o teu corpo fique
Reduzido a excreções de sânie e lodo,

Como a luz que arde, virgem, num monturo,
Tu hás de entrar completamente puro
Para a circulação do Grande Todo!
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Poesia - por Ana

Se você, com frio, espera,
que a vida lhe ofereça,
numa xícara de chá,
alguma coisa que aqueça…

Na maior parte dos dias
irá tiritar no gelo,
endurecer de frio,
sofrer de desaconchego.

Mas, se olhar pra dentro,
com bastante atenção,
verá uma délicatesse
em forma de coração

onde o espírito-garçom
serve, em linda porcelana,
sentimentos que alimentam
um ser que, às vezes, reclama

de viver silêncio triste,
não ter encontros de amor,
não cultivar amizades,
não ter vida interior.

E depois de alimentado,
este ser, então, percebe:
não é de fora que vem,
é de dentro que recebe

tudo que de mais precisa
pra sua felicidade,
pra seu descanso tranqüilo
e sua sensibilidade.

E o éden de seus desejos,
do belo, da emoção,
vem em um pires finíssimo
com flores pintadas à mão.


............Resposta a Poesia, de Alba Vieira.
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sexta-feira, 12 de março de 2010

Noa - por Kbçapoeta

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Mais uma vez inicia minha noa.

Noctâmbulo nas grafias que jazem

No sepulcro das palavras.

Almejo vislumbrar

No criado-mudo de Hades,

Línguas mortas, desvarios psicossomáticos

De corpos esquecidos,

Dissipados na cinza do tempo.

Tempo, meu caro tempo...

Díscolo, dissimulado incentivador das

Dismnésias

Dos sicofantas.

Renegados do passado,

Heróis do futuro

No presente de hoje,

Passado de amanhã

Tornando-o agora

Pretérito do futuro

Onde,

Tudo passa,

Lava e melhora.

Mas não limpa.
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Visitem Kbçapoeta
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Hermógenes e o Rio - Citado por Alba Vieira

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Antes de ser remanso, o rio se arrebenta todo nas corredeiras da montanha.
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O Buraco - por eros.ramirez

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Tinha um buraco no meio do caminho. No meio do caminho tinha um buraco. Antes de me deparar com ele achava que obstáculos eram as pedras que se agigantavam encolhendo nossa passagem. Hoje temo mais os buracos que sorrateiros nos esperam, por vezes até camuflados com um pouco d’água. Nunca me esquecerei deste acontecimento na vida de minhas botinas tão castigadas. Enquanto as pedras se exibem permitindo que passemos a largo, os buracos nos surpreendem quando nos vemos já dentro deles.
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Visitem eros.ramirez
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Augusto dos Anjos, “A um Carneiro Morto” - Citado por Penélope Charmosa

Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!

Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!

Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos - fontes de perdão - perdoaram!

Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia de Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!
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quinta-feira, 11 de março de 2010

Três - por Gio

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Carlos estava na parada de ônibus, esperando o velho Mercedes-Benz – provavelmente o único Mercedes em que andaria, ao menos nos próximos 50 anos – chegar, e o levar para casa. Era um daqueles dias (noites, na verdade) em que todas as linhas parecem estar funcionando, menos a sua: a chance de o ônibus chegar é inversamente proporcional à sua pressa. Mais que com pressa, estava cansado, já que aquele sábado no balneário foi mais cansativo do que proveitoso.

– Ei, Carlitos!

Demorou a reconhecer a figura que vinha da penumbra, mas, ao fazê-lo, quase deu um pulo. Era João Pedro, amigo de colégio desde os tempos do ensino médio, o qual não via há uns dois anos. João foi fazer curso técnico em uma cidade interiorana, e eles acabaram perdendo contato. Foi inevitável a mais clichê das perguntas-exclamação:

– Joãozinho, há quanto tempo a gente não se vê!?
– O tempo suficiente para você criar barba na cara.
– É verdade. E eu que disse que nunca usaria barba?
– E eu que disse que nunca sentiria saudades daqui?
– Disso eu já não tinha dúvidas. Diga, faz quanto tempo que você voltou?
– Uns três meses. Mas não se preocupe, não avisei ninguém – queria tempo para me reorganizar, me readaptar. Mais tempo pra respirar, eu diria.
– Pelo jeito, tiraram o teu couro lá naquela cidade...

E esqueceram-se da vida, colocando a conversa em dia, comparando as cidades, relembrando os velhos tempos, com o assunto caindo periodicamente em futebol, dinheiro e mulher – não necessariamente nessa mesma ordem. Ficaram lá uns 35, 40 minutos, durante os quais nenhum ônibus passou, obviamente.

Quando o velho Mercedes chegou, a impressão que se tinha é que era Mercedes só no nome: em vez do visual polido, uma carcaça deteriorada pelo uso e pelo tempo; em vez de bancos de couro e ar condicionado, assentos de um estofado de quinta e passageiros com o desodorante vencido; em vez do espaço e conforto característicos, pessoas espremidas nos corredores, portas e janelas.

– Tem espaço pra gente aí dentro? – perguntou João ao motorista.

O motorista olhou para trás, como que perguntando ao cobrador. As pessoas dentro do ônibus gemeram – já estava difícil respirar do jeito que a coisa estava, e colocar dois passageiros a mais não iria melhorar a situação. Ouviu-se um grito lá de dentro.

– Se o pessoal do fundo apertar, cabe mais uns cinco!

Ao entrarem, em vez de um chofer, quem os recebia era um motorista mal-humorado fumando um dos cigarros mais fedorentos dos quais eles poderiam lembrar. Seu humor só não era pior que o do cobrador que, na última viagem de seu turno, atendia com resmungos. Humor que não melhorou ao receber uma nota de vinte de Carlos.

– Senta aí, e espera. Vou ver se tenho troco.

E assim os dois ficaram ali, quase do lado da roleta, espantados tanto com a grosseria do cobrador, quanto com o fato de ele os ter mandado sentar. Deve ser o sono, comentaram. Enquanto o próximo pobre passageiro que daria o que faltava ao troco de Carlos (antes de ser espremido feito uma laranja) não chegava, retomaram a conversa. Foi quando Carlos avistou algo na janela.

– Tá vendo aquele cara passeando com a garota no início da avenida?
– Sim, por quê?
– É o meu herói.
– Como?
– É como ele é conhecido. “Meu herói”. De herói não tem nada, mas é chamado assim devido às suas façanhas.
– E quais seriam essas façanhas?
– Atualmente, ele está com três namoradas ao mesmo tempo. E eu, que já tenho dificuldades para lidar com uma só...
– Três namoradas? E quanto ele gasta de avião para manter isso?
– Nada.
– Ônibus?
– Não.
– Ele tem carro?
– Nem perto.
– Não vá me dizer que...
– Exatamente. As três são aqui da cidade.
– O que esse cara tem na cabeça? Isso é suicídio!
– Ele diz que gosta de viver perigosamente.
– Mas como alguém consegue administrar três garotas na mesma cidade, sem elas nunca se encontrarem?
– Entende porque o chamam de “meu herói”?

O cobrador finalmente tinha arrumado troco. Carlos esticou o braço, e os dois se moveram para um lugar menos desconfortável no fundo do ônibus. João Pedro retomou:

– Mas... Três? Não seria mais fácil com duas?
– Ele diz que não. Com três, se uma das mulheres o descobre com outra, ainda sobra a terceira. Ei, se a Renata me escuta falando isso...
– Renata?
– É, minha namorada. Não te comentei na parada?
– Comentou, mas não tinha dito o nome dela. Estão juntos há quanto tempo?
– Quase dois anos. Conheci ela pouco tempo depois que você partiu.

O ônibus deu um solavanco ao passar por um quebra-molas na estrada, arremessando desavisados alguns metros para trás. Um rapaz que estava atendendo o celular caiu sentado no chão.

– Conheceu ela na faculdade? – divagou João.
– Não, ela faz faculdade particular. Foi em uma dessas festas da vida, regada a tequila liberada.
– Não sabia que dava para se conhecer namoradas nessas condições...
– Nem eu, Joãozinho, nem eu... Mas sabe, até que ela anda bem acomodada. Nem quis vir comigo hoje para cá!
– Ah, que pena. Acho que perdi de conhecê-la esse final de semana.
– Ah, qualquer dia essa semana eu te levo no trabalho dela, quando for buscá-la. Ela trabalha no posto de saúde ali no centro. Podemos sair para comer alguma coisa!

Que estranho, pensou João Pedro, mas guardou isso para si.

– Hmm... Pode ser. Ela faz o que no posto mesmo?
– Estagiária. Ajuda com as vacinações, e confere as carteirinhas.
– Sei.
– Só espero que ela queira sair. Como eu disse, ela nem para a praia quis vir hoje. Foi visitar a...
– ...Dinda doente?
– Exatamente. Como adivinhou?

O ônibus dobrou rápido demais em uma curva, jogando uma senhora de idade, cuja bengala acertou em cheio na coxa de um homem que, ao menos até ali, estava dormindo.

– Carlitos, eu também estou vendo alguém.
– Nossa, que bom! Finalmente você pretende tomar jeito. Desde quando?
– Desde que eu cheguei aqui, quase.
– Onde a conheceu?
– Num posto de saúde. Fui checar se havia alguma dose de vacina que eu tinha esquecido.
– Num posto? Não diga! Vai ver ela conh...
– Carlos, ela é loira, tem aproximadamente 1,75m, trabalha no turno da tarde, tem um sotaque meio...
– Carioca. Vive de rabo-de-cavalo, usa um perfume que já saiu de linha, e não suporta cheiro de...
– Fritura. Especialmente batata frita. Passou a semana inteira em função...
– De provas, e agora esse fim-de-semana não pode sair do centro, pois tinha de cuidar de sua dinda...
– Helena. E o nome dela é...
– Renata! – Ambos exclamaram. Várias pessoas se viraram, espantadas. O cobrador olhou com cara de reprovação. A senhora que sentava no banco ao lado deles também os olhou com cara de reprovação, mas não era por causa do grito.

Em um outro canto da cidade, Renata rolava em abraços calorosos dentro de um quarto. É, a essa altura eles já se encontraram. Se fossem só dois...
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Visitem Gio
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As Surpresas do Dia - por Adir Vieira



Ontem, o dia amanheceu morno, assim... com aquele ar parado, como se não tivesse sido programado, inconscientemente, no dia anterior.
Embora as expectativas me levassem a crer que tudo correria de acordo com os compromissos já agendados, no meio do dia uma surpresa mudou meus planos, quase sem que eu percebesse.
Vi-a ali, deitadinha, com aquela carinha enigmática, talvez pensando se deveria ou não me dizer o que estava sentindo.
Já tínhamos todos almoçado e aguardávamos o horário de sair para a academia de ginástica, quando eu, ao estranhar seu comportamento quieto, tão diferente do habitual, indaguei sobre o que estava acontecendo.
Senti que ela temia me dizer que não estava bem para fazer aula de ginástica olímpica, pois já havia faltado a aula anterior para brincar com as amigas na piscina do prédio.
À minha insistência, disse estar com dor abdominal. Pronto, aí entrei em desespero. É sempre assim. Não consigo conviver com mal-estar de criança. Macromizo meus pensamentos pessimistas e de súbito a vejo apática e sem a alegria tão espontânea. Acerquei-me dela, preocupada, e aí é ela que me deu lições com sua voz meiguinha e decidida querendo tranquilizar-me.
Esqueci-me do mundo para prestar atenção aos seus sintomas. Unimo-nos para que a dor não avançasse e acho que fui feliz nessa tarefa.
Pelo resto da tarde jogamos, lemos e interpretamos os textos, assistimos um novo DVD e a “tal dor” sumiu, como apareceu.
Deixei de fazer minhas compras, coloquei em segunda ordem o que havia priorizado, mas valeu a pena sentir seus bracinhos em volta do meu pescoço, no abraço de agradecimento por eu ter esquecido de tudo e me dedicado somente a ela.
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Visitem Adir Vieira
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Hermógenes e as Estrelas - Citado por Alba Vieira

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Não pules ansioso e ávido querendo agarrar estrelas.
Senta-te quieto e mudo e esquece-as inteiramente.
Quando teu silêncio fizer de ti uma estrela, uma das do céu descerá para brincar contigo.
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Augusto dos Anjos e “A Peste” - Citado por Penélope Charmosa

Filha da raiva de Jeová - a Peste
N’um insano ceifar que aterra e espanta,
De espaço a espaço sepulturas planta
E em cada coração planta um cipreste!

Exulta o Eterno e... tudo chora, tudo!
Quando Ela passa, semeando a Morte,
Todos dizem co’os olhos para a Sorte
- É o castigo de Deus que passa mudo!

- Fúlgido foco de escaldantes brasas
- O sol a segue, e a Peste ri-se, enquanto
Vai devastando o coração das casas...

E como o sol que a segue e deixa um rastro
De luz em tudo, ela, como o sol - o astro -
Deixa um rastro de luto em cada canto!
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quarta-feira, 10 de março de 2010

Midas - por Leo Santos

Falta uma orquídea que inda não floriu,
e o jardineiro rega, em paciente espera;
até que vibre a corda do amor,
acordando a esperança que dormiu,
ao ecoar o som, da harpa da primavera…

Falta uma seta, Cupido guardou,
e Vênus distraída, nem notou a concorrência;
senão, já teria advertido,
e seu filho arqueiro a teria ferido,
pra mim e a deusa, a sobrevivência.

Sobra um cálice amargo, não bebo,
pois o teor não apraz minha sede;
um vagar por vagar, ir ao léu,
correr para o mar anelando o céu,
sob o peso das asas, e a restrição da rede.

Falta coragem pra dizer o que gritei,
quando o eco devolvia sem uso, minha voz;
é que agora ouviria alguém,
que por certo, falaria também,
ah, essa insegurança atroz…!

A canção do amor, planta mal regada,
Sina de um Midas, em fértil solo:
Primeiro,ouro, tocando em tudo,
e por fim – pobre louco! – orelhudo,
por ter questionado a vitória de Apolo…
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Visitem Leo Santos
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Hermógenes, Ansiedade e Paz - Citado por Alba Vieira

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Enquanto ansiamos pela Paz não a alcançamos.
Ansiedade e Paz são antíteses. Nunca se juntam.
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Dia Internacional da Mulher - por vestivermelho

adorei ler
mulher é ser feminina, é ser princesa; rainha tem alma masculina, mas a princesa sempre romântica à espera de seu amor...
eu quero ser princesa eternamente rsrs
não quero ter dias especiais... todos os meus dias são especiais

e o seu, Vera, deve ser mais que especial...

abraços

salve as femininas e boa sorte às feministas...
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.Comentário em Invente Outra (Ao Dia Internacional da Mulher), de Vera Celms.
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.Visitem vestivermelho
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terça-feira, 9 de março de 2010

Pensando Gordo - por Fatinha

Querido Brógui:

Rapidinho: na mesma revista, veio uma matéria sobre o uso da terapia cognitivo-comportamental para emagrecer. Pobres psicólogos sérios que trabalham nessa linha… Além de solução mágica para o TOC, depressão, ansiedade, stress pós-traumático, fobias, vícios em jogo, bulimia, agora vão ter que dar conta dos gordinhos. O pior é ter que explicar para essa galera que terapia não é milagre, que o processo pode ser rápido ou não, que é necessário separar o joio do trigo…
Mas não é isso que quero falar. Lá no meio da matéria tem um quadro “O pensar gordo e o pensar magro”. Depois de ler atentamente como funciona a cabeça de um gordo e de um magro, concluí que sou, irremediavelmente uma magra com cabeça de gorda. Eu busco conforto na comida, às vezes como compulsivamente, tenho fome de doce, quando perco peso retomo meus horríveis hábitos alimentares ao invés de prosseguir na reeducação alimentar, quando engordo penso que jamais vou conseguir perder aquele quilinho, me sinto injustiçada porque tem gente que come e não engorda, não tenho hora certa pra comer.
Acho que vou ter que trabalhar isso com a minha terapeuta.
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.Postado, originalmente, em 12/10/2008.
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.Visitem Fatinha
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Fabuleta - por Cacá

Um dia o diabo resolveu dar umas voltas sobre a Terra e aterrissou no Brasil. Aterrissou é mentira, posto que veio lá de baixo: então irrompeu no Brasil. Circulou geral e como não podia deixar de ser, andou visitando parlamentos, palácios de governos e outras plagas que abrigam umas pragas eleitas pelo voto. Fez muitos amigos, entabulou muitas conversas, deu conselhos e, principalmente, fez muitos tratados. Disse aos seus pares que poderia lhes oferecer o paraíso se seguissem os seus ensinamentos. O paraíso, a seu modo, claro! Com os seus métodos e também com os seus riscos. Garantia inclusive, que a taxa de risco seria muito baixa, a fim de conseguir bastante adeptos. Disse também que havia o paraíso prometido, “o outro”, mas esse, quem o desejasse, que fosse se queixar com um bispo, afinal era demorado alcançá-lo e não havia garantias reais. Garantias do tipo as que ele mostrou ao levantar seu saiote, mostrando a cueca e as meias recheadas de dinheiro. Um pacto foi assinado de imediato por muita gente com olhos brilhando e lambendo beiços. Uns já suspeitos, outros insuspeitos até então. No ato da assinatura, no entanto o diabo avisou: - A condição para ser membro desse doce paraíso é que meu nome nunca apareça. Sabem como é, ando meio desgastado perante a opinião pública e isso não é bom para mim e pode não ser para vocês numa eventual reeleição. Então, em todas as suas campanhas, dirão nos comícios e também depois de eleitos, em todos os meios de comunicação possíveis:
A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS.
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*Fabuleta é uma pequena fábula sobre as peripécias do capeta.
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.Visitem Cacá
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Dia Internacional da Mulher - por Escrevinhadora

Também não “engulo” o dia internacional das mulheres. Pra mim é a prova cabal de que as mulheres ainda são tidas como seres de segunda categoria. Necessitam de 1 dia no ano pra serem lembradas. Nos outros dias, em tantas partes do mundo, a todo momento, mulheres são violadas, espancadas, assassinadas sem que isso cause uma reação firme. Em algumas culturas, infelizmente, a agressão contra mulheres não só é aceita, como estimulada, a despeito de toda a evolução da qual nos orgulhamos. No Brasil, apesar da Lei Maria da Penha, o número de agressões contra mulheres é impressionante e algumas vezes a punição ainda fica na entrega de cestas básicas. Não precisamos de um dia pra comemorar nosso sexo. Precisamos de respeito, igualdade de oportunidades e reconhecimento das diferenças que nos separam dos homens mas que nem por isso nos tornam inferiores a eles.
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.Comentário em Servidão, de Camila Oliveira.
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Eu Posso? - por Yuri

vocês entendem aquela fria sensação de vazio?
que costuma chegar sem você ver
mas você tem que trabalhar e trabalhar até fazer o certo?
eu quero te tocar de novo
quero voar com você
eu sei que eu errei, quero admitir olhando pra você, e falando o quanto gosto de você
mesmo que seja pela última vez, e se for... realmente eu não sou importante pra você
eu espero... te pedindo desculpas enquanto você pensa, enquanto passa sua raiva
e enquanto eu me preparo pra sempre dar o melhor de mim e poder te tocar outra vez
poder voar... contigo!
I can?!
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.Visitem Yuri.............
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segunda-feira, 8 de março de 2010

Conflito - por Marília Abduani

Estou perto e longe de mim.
Vejo formas e cores
bordando as linhas do meu destino
em minhas mãos.
Nem triste nem feliz,
vou me descobrindo ainda
e ainda me surpreendo menina,
mulher.
Há nuvens que persigo.
Há prantos que adormeço.
Há medos que atravesso,
mares onde me afogo,
ventos que levam
para qualquer direção.
Estou dentro e fora de mim.
E quando me olho,
vejo outra que não eu.
Meus olhos me enganam,
meus passos me distanciam de mim,
me levam
para onde, eu não sei.
Ampliar-me é preciso
para que eu me encontre.
e me veja, livre,
e seja eu mesma
a que mais amei.
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Servidão - por Camila Oliveira

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A submissão é mais fácil que a rebeldia
Mas a consequência da covardia
Do ato, é a dependência,
Disfarçada de benevolência,
Essa dependência vem mesmo que tardia.

Não queremos teatro
Não queremos manifestações
Queremos resolvido nosso trato
Devolvidas nossas orações.
Eles nos dão barulho, queremos canções
Deixaram-nos fartos
Iremos embora sem emoções.
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Um Abraço - por Leila Dohoczki

O abraço é um laço
Que se faz com os braços
Que enfeita o carinho
Embrulhado com sorrisos
Estampado na alma.

Um abraço acalma,
Abranda e dissipa tempestades
Desfaz mal entendido
E mata saudades
Há tanta força
Num abraço apertado...

Abraço amigo
De namorado
De mãe e pai
Amigo do amigo
Do vizinho
Do filho
Abraços
Abraços
Abraços.
Tem coisa melhor?

Por isso eu penso:
Abraço é quase um nó!
Quem abraça, nunca está só
E fica sempre entre laços.

Quer saber?
Pra você, um abraço!
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Invente Outra (Ao Dia Internacional da Mulher) - por Vera Celms

MULHER… não é só um substantivo
Já foi só adjetivo,
Hoje é verbo intransitivo
Não... locução adverbial
Mulher é mais que fazer
Mulher é multi-fazer
É multi-crescer
É multi-ser
Nasce princesa
Afinal, qual a família que não outorga,
titulo de princesa, a suas meninas?
Já então, um postulado ao reino absoluto,
Rainha na mais ampla concepção da palavra
Já foi rainha com e para seu rei
Hoje abraça o reinado solo, mas também gosta de colo...
Não precisa mais do “macho viril” na condução,
Virou pai além de ser mãe, meio a contra mão...
Concebe, gesta, pari, adota, educa, alimenta, custeia,
Mas, acima de tudo, ama muito, ama tudo...
Sem limites nem restrições,
Matéria aprendida em várias lições
Hoje a mulher é verbo bastar
Mulher hoje não tem mais nenhum limite que a restrinja,
Impõe limites que a norteiam
Mulher em dupla ou tripla jornada
Trabalha, e como trabalha!!!
Opera, dirige, responde, xinga, orienta, decide e reza...
Mulher inventa o que não encontra pronto
Mulher tripula, monta, desmonta
Faz e desfaz se preciso for,
Mulher redige, programa, projeta, constrói, demole e negocia,
Dança, canta, faz poesia, chupa cana e assovia...
Troca fraldas com uma mão, enquanto conserta a pia,
Hackeia, acelera, manobra e freia
Chega em casa cansada, mas se confessa apaixonada,
Conserta o interruptor de luz, troca pneu e a cama
Mulher lava, passa, cozinha, se penteia
Mulher briga, discute, defende, ordena e esperneia,
Não aceita ordens vãs, divide prazeres e responsabilidade
Viaja de um país a outro, pra outro mundo, sem sair da cidade
Mulher arruma, organiza, se arruma e se perfuma e brilha,
Como brilha!
Num só olhar diz tudo o que quer dizer, com prazer...
Num só movimento, preside, prescinde, mas não deixa de confrontar,
Aguenta dores, cuida e cura dores, sem reclamar
Tão capaz de amar quanto odiar,
Tão capaz de acarinhar, castigar ou relevar
Se preciso luta, por direitos ou por poder,
Entende que na lei do mais forte, é matar ou morrer...
Capaz de depressões ou revoluções, sem opressões,
Capaz sim de sucumbir, mas muito mais de convalescer ou renascer,
Pra mulher de hoje, é vencer ou vencer...
Mulher, desafio constante, presença importante
De mil a milhão num instante,
Mulher... ame-a ou ame-a...
Ou, invente outra...
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.(Poesia publicada na coletânea do primeiro Concurso Literário de Poesias
do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Jundiaí/SP, em maio/2007)
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.Visitem Vera Celms
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Perdão - por Ana

Meu amor, peço desculpas,
Não queria te ofender,
Quando vi já tinha dito,
Eu te peço pra esquecer…

Ainda sou muito novo,
Não tô pronto pra casar,
Não podia dizer sim,
Concordar com o altar…

Por isso quando você
Tão alegre perguntou
Se eu queria casar contigo
E ansiosa esperou

Minha resposta amorosa
Num carinho sedutor,
Só ouviu, estupefata:
-“Tá maluca?! Endoidou?!”

Não era minha vontade
Ser assim tão animal.
Saiu sem que eu quisesse,
Eu juro, não fiz por mal…

Me perdoa, meu amor,
Por favor, pense com calma:
É que nosso inconsciente
é o arauto da nossa alma…

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sábado, 6 de março de 2010

Parabéns, Heloísa e Marcelo! - por Alba Vieira

Hoje é o casamento do meu sobrinho e eu sou a madrinha. Pensei no que diria aos noivos nesse importante momento de suas vidas.
Eles já se conhecem há um bom tempo, sabem que se amam muito e desejam viver juntos formando uma nova família.
E agora vão descobrir o que é viver com outra pessoa, como cada um realmente é no contato com o outro. E essa experiência é inédita para os dois.
Digo a eles então que a realidade cotidiana será mais doce, a casa deles terá mais harmonia, luz e felicidade se ambos tiverem como objetivo maior concretizar a felicidade do outro. Parece ilógico que alguém deva se responsabilizar pela felicidade de outra pessoa, mas o simples desejo de fazer feliz quem você ama, tentando descobrir o que agrada e o que desagrada àquela pessoa e, sendo uma atitude de ambos, no mínimo é capaz de facilitar o relacionamento. E para que a receita seja eficaz, é fundamental a sinceridade no que diz respeito à emoção.
É importante ter uma comunicação aberta, sem subterfúgios, sem jogos ou insinuações, sendo capaz de dizer ao outro exatamente como se sente, qual o impacto que palavras, gestos e atitudes do companheiro têm sobre a sua emoção.
Dessa forma clara será possível perceber os problemas que surgirem ao longo da vida, não deixando pendências no relacionamento que poderiam gerar o enfraquecimento da aliança que foi prometida para os dias felizes e também para os momentos difíceis da vida do casal.

Que dentro desse espírito de união, amor e sinceridade, vocês possam construir uma família muito feliz, num lar harmonioso, pródigo e iluminado. Felicidade!
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Visitem Alba Vieira
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sexta-feira, 5 de março de 2010

E o Destino? - por Kbçapoeta

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No desfile de idiossincrasias
Sou mais um mestre-sala
Que declama a história de vida,
Escrita da forma errada,
Destemperadas, culminando
Com o tempero do desespero
Que é a válvula de escape
Do populacho.
Chego ao fundo do poço!
Descubro que posso chegar
Um pouco mais abaixo
Nas profundezas pantanosas
Dos desprazeres.
Pode-se observar
Que o homem não possui limites,
Seja heroico, seja covarde.
Não importa o fim
É inegável que o homo
Cada vez mais distante do sapiens
É um mestre de si mesmo.
Descobrimos que somos
Senhores de nossos destinos
Do qual não podemos mensurar,
Mas temos uma certeza
Nesse mar de divagações imbecilóides
Contemporâneas.
O destino?
Não sabemos,
Mas no fim, todos perecem.
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Visitem Kbçapoeta
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Hermógenes e o Interior - Citado por Alba Vieira

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Se as coisas lá de fora te amedrontam e te perturbam é que até agora ainda desconheces a silenciosa e sutil fortaleza de Paz que está dentro de ti.
É paraíso. Segurança. Plenitude.
Mergulha.
Para dentro.
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Infância é Tudo - por Ninguém Envolvente

A infância é a melhor fase da vida você sempre pode brincar, tem quem cuide de suas coisinhas e assim por diante. Mas muitos traumas que a pessoa adulta tem, são causados por uma infância “judiada”, por exemplo: traumas, medo, conduta anti-social e outros infortúnios.
Tenho um ente querido que passou por maus bocados na parte da infância, apanhou demais, viveu em lugares inapropriados e deve até ter passado fome.
Ajudar na melhora de vida daquele que passou por tantos pesadelos, é muito difícil e exige paciência, um trauma que levou uma semana para ser adquirido, pode levar 1 ano para ser esquecido! A vítima perde a confiança naqueles que convivem com ele e só o tempo pode ajudar.
O meu ente que teve uma infância injuriada, hoje tem vários problemas no convívio social, não gosta de ficar sozinho, não gosta de visitas, tem medo de receber carinho, quase não dá carinho, come demais (por ter um dia passado fome) e não sabe diferenciar brincadeira de briga!
Não sabemos mais como lidar com este problema temos que amá-lo para que talvez ele entenda que nem todas as pessoas vão tratá-lo de forma tão repugnante. Não se pode ter pressa, cada progresso por minúsculo que seja, será sempre bem vindo.
Ainda acredito que minha gatinha vai ser meiga.
Ela foi abandonada, maltratada, bateram nela até com vassouradas e nós a acolhemos. Faz 5 anos que ela é nosso novo ente querido. Chama-se MINHA (porque chegou tão fraquinha e desnutrida que mal tinha força para miar... não fazia Minhau ou Miau... somente conseguia fazer “minha, minha, minha.”).
Hoje Minha está melhor, mais feliz talvez.
Minha deve ter seus 5 anos de idade e nunca ronronou! Quem sabe um dia, algo toque no coração dela e a faça ser feliz de verdade.
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Humanitários ou Abutres? - por Paulo Chinelate

Lembro-me de certa feita, pelos idos 1983, quando um companheiro de trabalho, voltando para casa ao final do expediente sofreu a pior experiência, segundo ele, já vivida.
O carro tipo bugre em que transitava quebrando a barra da direção, capotou, ficando o motorista preso embaixo do mesmo.
O cinto de segurança ficara preso e ele em posição difícil gritava por ajuda. Acendeu a esperança quando, passos ouvidos, percebeu a aproximação da “ajuda”.
Ato seguinte, conforme relata, foi a causa de tantos pesadelos futuros dado o trauma que ficou. O dono dos passos que ouvira, baixando-se ao nível do chão em que se encontrava fez um único gesto: arrancou o relógio que estava em seu braço preso entre as ferragens e em seguida evadiu-se.
O caso acima não seria descrito neste artigo se não fosse a similitude do que estamos lendo e ouvindo nos noticiários sobre o Haiti.
Não estou me referindo aos saques e roubos de pessoas famintas.
Um troca-troca de acusações, destinação de verbas humanitárias e disputa por maiores quantidades de soldados e ONG’s. Contestação por mando territorial por nações quais as do aeroporto da capital e outros terrenos importantes.
Vêm-me a lembrança do antigo companheiro acidentado. Estamos lá para realmente ajudar um povo capenga de tudo ou estamos visualizando somente um grupo potencial de futuros consumidores de nossos produtos?
Que a mão direita não saiba o que a esquerda faz. (Jesus)
Somos os Humanitários ou os abutres?

Que os nossos mártires não o sejam em vão!
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.Visitem Paulo Chinelate
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quinta-feira, 4 de março de 2010

O Quase-Show - por Gio

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Computador ativo e operante, agora. Enquanto eu me reorganizo, e dou um jeito na bagunça e o atraso que a TPM da máquina me deixaram, vou postar algo que eu escrevi sobre o fim de semana que eu voltei da viagem.
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Voltando da viagem, eu dormia
Foi quando “Thugz Mansion” berrava
De um celular no bolso, que tremia
O vocalista que telefonava

Me avisando em cima do laço
De um show - e com essa, eu tonteio -
Mas, da tontura, logo me desfaço
Sou bom gaúcho, não me aperreio

Canja marcada dali a dois dias
Num pub no coração da cidade
E agora, como sair dessa fria?
Sem ensaio, só na força de vontade!

Desde então, a mente maquinava
E com meus botões, já raciocinava
O que fazer pra sair do sufoco

O cruzamento eu matei no peito
Se é pra fazer, é pra fazer direito
Tenho coragem, mas eu não sou louco!

Com só um dia para ensaiar
Tinha que ser tudo na correria
Não dava tempo nem de respirar
Mas que outra escolha eu teria?

O show e o dinheiro eram curtos
Mas se, ao dono, a gente agradasse
Daquela noite nasceriam frutos
Contrato feito, olha só que classe!

E quem não quer tocar com dia certo?
É sempre bom ser a banda da casa
Por isso, então, eu já fiquei esperto
Pra ver se, nessa canja, a gente arrasa

O ensaio foi feito, carregado
De humor, e o corpo esquentado
Pelo quentão e chocolate quente

Já vi que levo jeito pra cigarra
De novo, peguei músicas na marra
Que, mais surpresas, ele não me invente!

E chega o dia, chego cedo lá
Chegada a hora, fico impaciente
Ligo pro cara, que vem me falar
Era mais tarde ainda o show da gente

Só me restava mesmo esperar
E, já que estava cedo por ali
As minhas coisinhas fui arrumar
E fiquei pasmo com o que descobri

Não bastavam os cubos e os cabos
Que trazíamos tranquilos, de humor bom
Humor que se desfez, ficamos brabos
Ao ver que não tinha mesa de som

Reunião, a banda em conversa
Quase que toda a formação dispersa
Mas logo chegamos a um consenso:

A apresentação do dia, cancelada
A nossa canja já foi remarcada
Vou me esquentar? É só usar bom senso.
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Visitem Gio
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Minha Doceira Preferida - por Adir Vieira


Tudo nela cheirava a doce, a açúcar.
Por anos a fio, os caramelados, os grandes bolos ornamentados que só ela sabe fazer, povoaram nossas festinhas domésticas e as grandes festas, os casamentos da família, as formaturas, os bailes de quinze anos.
Talvez a proximidade do meu aniversário a trouxe de volta na minha memória.
Conheci essa senhora, quando ainda trabalhava e minha sobrinha, hoje com vinte e oito anos, ia completar um aninho de idade. Ela era famosa no bairro por suas “quentinhas”, fornecidas ao gosto do cliente, aos inúmeros trabalhadores das fábricas ao redor de sua residência. Orgulhava-se em dizer que com aquele trabalho, tinha formado um filho em medicina.
Tudo nela era doce, agradável. Sua “fábrica” era a própria residência. Um pequeno apartamento de dois quartos, sala e cozinha, no terceiro andar de um prédio de classe média, sem elevador. Na sala, as mesas, viviam abarrotadas de caixas com os doces caramelados prontos para entrega, ou então, com um bolo grande, confeitado no desejo do cliente. Fazia como ninguém, bolos infantis ou de casamentos, com o mesmo bom gosto. Tinha prazer em exibir seu “book”, como se ainda precisasse fazer novos clientes. Quem comesse de sua comida, ou provasse um caramelado, jamais deixaria de pensar nela, para encomendas, quando alguma festividade fosse ocorrer.
Seus salgados desmanchavam na boca. Eram delicados, como ela, apesar dos seus noventa quilos.
Lembro que depois do falecimento de minha mãe, quando o nosso “quartel general” foi desfeito, deixei de manter contato. Nossa última encomenda foi há quatro anos atrás, quando uns quatrocentos docinhos caramelados, fizeram a alegria e o encantamento dos nossos convidados no aniversário do meu marido.
Hoje, ela me veio à cabeça, com seu sorriso feliz, próprio daqueles que asseguraram pelo próprio esforço, o maior êxito na vida.
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Visitem Adir Vieira
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Hermógenes e a Paz - Citado por Alba Vieira

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Neste mundo bélico, “lógico”, psicodélico, tecnológico, competitivo, erótico, dispersivo, neurótico, violento, pseudo-artístico, virulento, tão “normal”, tão “intelectual”, tão superfície, tão oco, tão agitado, tão louco, tão material, tão hedonista e sem rumo... os poucos que têm Paz são “marginais”.
Marginalizemo-nos. Mergulhemos na Paz.
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Tarde Demais - por Duanny

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Eu estou me segurando na sua corda, estou a três metros do chão, e sim, eu estou ouvindo o que você diz, mas simplesmente não consigo emitir um som, você diz que precisa de mim e depois você me derruba, mas espere... Você diz que sente muito; não imaginava que eu me viraria e diria que é tarde demais para se desculpar. Eu disse que é tarde demais para se desculpar.

Então não me olhe assim. Você já deveria saber, me deixou à deriva como uma qualquer, enquanto eu me descabelava por sua causa. Acha isso legal? Mas não, chega! Agora é mesmo tarde demais.

Eu me arriscaria outra vez, eu levaria toda a culpa, sem ressentimentos. Embora tudo isso me faça sofrer, não me arrependo de nada, sabe porquê? Dependi de você como um coração depende de uma batida, como a garganta da voz, como a boca da saliva; mas isso não é novidade. Te amei com toda a minha intensidade, mas por sua culpa as paredes desse lugar parecem sangrar tinta, e você diz “eu sinto muito”.

Talvez fosse com um anjo, mesmo com aquele sorriso malicioso no rosto, no começo me trouxe tudo o que eu mais queria, e o céu me fez mesmo pensar que você era meu anjo, mas me deixou de lado, como uma prostituta, dentro de um bordel, com uma garrafa de bebida na mão, sei que dei a volta por cima e não me arrependo. Aquilo me fez amadurecer, mas agora é tarde de mais.

E agora é minha vez de te deixar à deriva, sinto muito.
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Palavras - por Rachel Omena

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Boas são as palavras. Este texto fala do encontro que temos com a vida, as fases e a esperança que muitas vezes fica frustrada como um câncer que não mata, mas deixa as sequelas. Todavia, as pedras existem e não podemos fazer nada para que saiam de nossos caminhos. Mas espere e terá a certeza de que um dia algo mudará. Assim sendo, vivemos com o dia virando para a noite e a noite é um instante.
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Comentário em Belphegor, de Leandro M. de Oliveira.
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quarta-feira, 3 de março de 2010

Natureza - por Leo Santos

Há manhãs de agosto, que afrontam o inverno,
ares primaveris, e cantos de nidificantes;
E tardes de outubro que voltam a “César”
cujas cinzas espalham, sonhos de antes

Ao câmbio do tempo e circunstâncias,
a liça de viver, pesado trabalho;
A natureza que pulsava dentro da noite,
ora canta e pula, de galho em galho.

Quase sádico que esse outubro revele,
prematuro fim, de ditoso começo;
Um pulso que fora sangue e pele,
agora, penas e apreço.

Cronos, maestro, e sua batuta,
ante uma partitura tocada em dó;
a sina de um livre como só um homem,
preso, como um homem só…
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Buda: “Importante é Como Falar” - Citado por Alba Vieira

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Aqueles que encontram as palavras certas nunca ofendem ninguém. E, no entanto, eles falam a verdade. Suas palavras são claras, mas jamais ásperas. Eles não recebem ofensas e não as dão.
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Sou Eu, e um Pouco Mais... - por Angel

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Deixo aqui o mais simples dos enredos, meras palavras outrora soltas, que agora se unem para dar voz a alguém que ama. Este amor que arde em meu peito não tem nome nem destino certo, é soberano embora simples, e mesmo sem ter sido aprisionado há de ser liberto. Não há chaga capaz de conduzi-lo à morte, nem força maior que a sua benevolência. Este amor que me completa, que me enche de esperança quando a alma sofre, é o amor ao próximo plantado por Deus no coração dos homens, é o sentimento esquecido por uns, é também aquele desprezado por outros, mas que, pelas mãos que sucumbem à sua essência, é cultivado, e floresce íntegro mesmo com o passar do tempo.
Nada é eterno, disseram-me eles. O amor é eterno, digo eu a vocês.
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.Este texto está originalmente em manuscrito, postado no dia 19/02/2010,
para que nós, blogueiros, possamos nos conhecer um pouco mais..
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Ócio - por Kbçapoeta

Fico o dia inteiro
Subjetivando teorias
Exaltando heresias
Regadas a pseudo lucidez.
Das paredes do meu quarto
Sem um pingo de magia,
Encontro um novo mundo
Carregado de simbologia
De nitroglicerina
Em uma usina nuclear.
Quantas noites de inverno
Tornaram-se o mesmo dia,
Com tédio e preguiça
De um pequeno-burguês?
Divagando abro os olhos,
Observo seu retrato,
Nítido como os girassóis
De van Gogh
Em uma película de Goddard.
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Haikai - por Marília Abduani

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Diagnóstico fiel:
sem teus olhos de mar
cadê céu?
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terça-feira, 2 de março de 2010

Diarreia Mental - por Fatinha

Querido Brógui:

Como hoje é domingo, não vou lhe servir uma edição requentada. Pra você, com amor, uma fresquinha.
Estava eu folheando a revista em busca de alguma coisinha leve para ler, o que é difícil atualmente em meio a essa crise no mercado financeiro que deixa até os modestos poupadores de cabelo em pé. O pior é que quanto mais os especialistas tentam me tranquilizar, mais nervosa fico, porque esses caras… não sei não. Mas, enfim, encontrei uma pérola que estimulou a minha produção de veneno. Pegue rapidinho seu soro antiofídico pra se garantir.
O título da entrevista com a atriz Cláudia Alencar é: “Ama a si próprio como a ti mesmo”. Vou repetir: “Ama a SI próprio como a TI mesmo”. FALA SÉÉÉÉRIO, como dizem meus alunos. Num relance, a dona já diz a que veio. A cidadã já começa mal, misturando a primeira com a segunda pessoa. Normal.
A atriz bate ponto na telinha na novela pra lá de trash “Os Mutantes”, da Record, que, a propósito, aconselho dar uma olhadinha por três minutos. Não passe desse tempo, os danos cerebrais podem ser irreversíveis. Tudo certo, tá ganhando seu dinheirinho honesto, mas isso não é salvo-conduto para abrir sua torneirinha de asneiras.
Numa tentativa de travar um papo-cabeça com a entrevistadora, a criatura diz que o “ama ao si próprio como a ti mesmo” vem da filosofia hinduísta que deu origem ao cristianismo. Hã? De onde ela tirou essa informação? Deixa pra lá.
Gentilmente, ela é corrigida: “Não seria ama ao próximo como a ti mesmo?” OK. Há vida inteligente no mundo jornalístico. Ponto para a entrevistadora.
Acho que a atriz leva muito a sério sua filosofia de vida. Só quem ama a si própria como a ti mesma tem uma autoestima tão inabalável a ponto de falar tanta abobrinha com tanta autoridade sem perder o rebolado. Admirável.
Sentido firmeza nas suas palavras, ela continua a bostejar, afirmando que os físicos dizem que com a maternidade a pessoa entende o lado divino do ser humano e passa para uma segunda dimensão. Deixa eu ver se eu entendi: de acordo com a física, há uma segunda dimensão, que tem a ver com o lado divino do ser humano e só quem tem passe livre para essa dimensão são as mães. Tenho amigas que são mães e que jamais mencionaram ter mudado de dimensão. Será que as mães podem transitar livremente entre as dimensões? E por que elas nunca me contaram como é por lá? Será que é algum segredo guardado tipo aquelas sociedades secretas? Vou investigar isso, detesto me sentir excluída. Se há uma outra dimensão, eu quero ir, nem que tenha que ter um filho para isso.
Para finalizar a diarreia mental, a moça, que também escreve poesia, arremata: “A ansiedade é falta de delicadeza com o andar da natureza.” Deixa eu ver se entendi. (…) Não, não entendi.
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.Postado, originalmente, em 12/10/2008.
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Belphegor - por Leandro M. de Oliveira

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Vento norte que em rota inesperada faz desnorte. Esse ar, essas ruas, esse cadáver, eternamente jaz, flutuando sobre mim. Queria uma emoção leve que fizesse do tempo um exercício comum, como não consigo, caminho como quem se suicida, ou tomo o ônibus que leva a um país inverossímil. A persistência que parece insustentável, o ermo feito indizível. Tudo é partida. Subi o monte com grandes expectativas, quando lá cheguei só havia pedras e árvores. Buscar uma explicação é ter a alma pelo avesso, e eu como nada sei da direção comum, meto a mão no que sinto como um tumor que cresce de dentro pra fora. Viver custa caro, nisso tenho sido obrigado a por de própria algibeira. Por mil anos trabalhei no silêncio, obsoleto, agora minhas estão deformadas e minha vista cegou-se na incomensurável espera. Para o serviço de recenseamento seria eu excesso de contingente ou morto não declarado? Situação ingrata, ter de ser pertencido por alguma parte sem ser pertencido por parte alguma. Nessa terra devassa nem amargor é capaz de definir o meu amor. Todo sacrifício é degradação, toda vez que abro uma janela a paisagem persiste a mesma.

O silêncio às vezes é entrecortado pelos sons dum animal errante. O silêncio é um mistério inominável aos que carregam uma turba pelas ventas. Deus é som, animal, ou silêncio? Há tanta metafísica nas coisas ordinárias que a crença já não é algo mais tão seguro, os inquisidores tiraram férias... Não, não tiraram.
Apaixonar-se é ter nostalgia da perdida infância. Isso seria uma observação ou uma epígrafe? Talvez uma boa coisa pra se escrever nas paredes de um urinol público. As necessidades sempre fazem o homem parecer mais profundo. Irremediavelmente, a nostalgia tateia memórias além da memória, desce ao porão escuro agitando o pó já assentado. Na treva não há o que se contemple. Lá embaixo todos os sepulcros foram lacrados. Acaso existem infravermelhos pra se enxergar o escuro da alma? Na impossibilidade das respostas vou, com um cemitério na cabeça, com o universo todo por sobre os joelhos.

Conhecer do atemporal é engenho nobre. Irrelevante; debruçar-se a isso num mundo mais raso que um prato de sopa. Bem vindo à época da produção em série. Ave, triunfo burguês! Quem roubou meu cantil? Tenho sede e não há água em canto algum. Depois de certo tempo no deserto as pessoas passam a fazer parte dele. Homens de areia, mulheres de nada, paços insólitos permeiam a cidade. O mundo existe em mim como existe uma bruma a cobrir a paisagem, como existe alojada uma doença a que se quer purgar.

Prometeu amarga um perene castigo. Mandado ao Cáucaso por ser um homem bom? Bondosamente imbecil, salvar os outros é perder-se a si mesmo. O caminho e a resposta vêem de dentro. Também não sei por que cargas d’água me ponho a assim pensar, se dessa feita ocorresse, a espeleologia cuidaria de todos os vazios. Mãos ao alto ao mistério, mãos ao chão na queda. A gravidade é sempre inconstante, pode ser que estar em paz seja fechar os olhos e abrir a boca. Consumir idéias alheias é a forma mais antiética de canibalismo. Todavia fomos salvos, a TV democratizou o saber e fez com que todos soubessem as mesmas coisas. Boa noite e merda!

Depois que a mídia se tornou o nosso aiatolá, existir ficou tão colorido, tão nauseantemente simplificado que nem o vômito surte mais efeito. Tomaria alcalóides e dormiria como um xeique enfeitiçado, as garrafas estão vazias. Tenho de beber da esquizofrenia coletiva e fingir um pouco de lucidez. Onde estão meus óculos? Onde está a forma pacífica de ver as coisas? Já que tudo é guerra coloco botas de borracha e busco despojos na fossa sanitária das consciências. Estão vazias, visceralmente apartadas. Belphegor trabalha às tantas. Abençoados os que não se arrependem, amaldiçoados os que os abençoam. Discursar é uma forma de fazer com que as pessoas não reparem nossas vidraças, toda palavra é agressão. A luz apagou, a tempestade não estiou. Pra onde fugir agora? Que lugar é possível sem que haja luzes, tempestades e memória? Fronteiras de meu reino, de tantas terras donde nunca ouvirei falar. O vento sopra a este bordo, o vento sempre soprou a mesma nota. Não escutar o arredor é ser ultrapassado pelas costas, talvez exista cera demais nos ouvidos. Quero partir em disparada, mas a letargia parece ter atrofiado meus membros.
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Haikai - por Marília Abduani

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Teu olhar de lamparina
Acende
a ternura mais fina.
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Os Gatos - por ZzipperR e vestivermelho

A noite estrelada queria contar uma história de amor para o mundo, então trouxe seus encantos para nos atrair com seus segredos ocultos, escondidos na escuridão das páginas do seu livro.
Na varanda colorida pelas flores eu a via ouvindo a súplica da noite convidando-a para uma festa de máscaras com uma música penetrante e dominante levando-a para longe.
Olhando-a pensativa na linda varanda colorida fico imaginando:
“Se ela estivesse perto de mim, se até seus pensamentos estivessem dedicados a mim, eu faria ela se sentir do meu lado, se aquecendo no calor do meu amor que queima na alma.”
Eu sinto a vibração do seu amor chacoalhada pelo seu coração batendo tenso e emitindo ondas sonoras de amor por todo o seu corpo. Essas ondas de amor me atraem e eu a sinto bem próxima de mim. Essa vibração nos leva mutuamente a uma vontade de dançar irresistível, flutuando num som trazido pelo desejo de viver os segredos escondidos na noite iluminados pelas lâmpadas da praça da cidade.
Ela saiu da varanda e caminhou lentamente pelos telhados, até chegar a um mais baixo, bem próximo ao desfile dos mascarados enquanto eu a sigo num olhar atento, não quero que a minha gatinha se machuque, então coloco a minha máscara de gato e caminho sobre as telhas seguindo-a para protegê-la.
A gata esperou que eu me aproximasse, pegou em minha mão e saltamos para os braços aconchegantes da noite, fazendo parte da legião de mascarados que desfilavam entregues ao som do bloco dos mascarados.
Mascarada de gatinha, ela desaparecia entre os mascarados fazendo charminho, mas não tirava seus olhos felinos do seu gatinho, que a procurava insistentemente entre os foliões da noite.
A noite passa e leva os foliões embora deixando os dois mascarados sentados em um canto da avenida, cansados e felizes ao mesmo tempo.
Ela agarra o gatinho por trás com suas garras felinas, respirando pertinho dos seus ouvidos, curtindo e saboreando o doce do amor e esperando o dia clarear tirando as suas máscaras.
A gata caminha lentamente escalando os telhados e deixando o gatinho para trás enquanto ele pensa:
“Se ela estivesse sentadinha ao meu lado e não estivesse com os pensamentos distantes, entenderia tudo num simples olhar apaixonado pedindo:
- Entrega seu amor pra mim?”
Assim o amor vive correndo atrás do amor, pois o amor precisa de amor para viver. Se você estivesse comigo nesse momento teria carinho, amor e seria muito amada.
Os dois tiraram as máscaras e o dia clareou.
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