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terça-feira, 6 de março de 2012

Do Mal em Nós, fala A. Soljenítsin - Enviado por Ana

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“Ah, se as coisas fossem assim tão simples! Se num dado lugar houvesse pessoas de alma negra, tramando maldosamente negros desígnios, e se se tratasse somente de diferenciá-las das restantes e de aniquilá-las! Mas a linha que separa o bem do mal atravessa o coração de cada pessoa. E quem destrói um pedaço do seu próprio coração?...
No decurso da vida de um coração esta linha desloca-se dentro dele, ora oprimida por uma alegria maligna, ora libertando espaço para o despontar da bondade. Uma mesma pessoa nas suas diferentes idades e em diferentes situações da vida constitui um ser completamente distinto. Ora próxima do diabo, ora próxima de um santo. Mas o nome não muda, e é a ela que tudo é atribuído.
[...]
Sim, o homem oscila, debate-se toda a vida entre o bem e o mal, escorrega, cai, levanta-se, volta a cair de novo. Todavia, enquanto não transpõe o limiar da maldade guarda sempre a possibilidade de retorno, e mantém-se nos limites das nossas esperanças. Mas quando, pela densidade dos atos de maldade, ou pelo seu grau, ou pelo poder absoluto que detém, ele transpõe subitamente o limiar, ei-lo que abandonou a humanidade. E talvez sem regresso.”


In “Arquipélago Gulag”, p. 171, 177.
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