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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Estanho - por Kbçapoeta

Foram loucas paixões.
Beijos no retrato do almejado
Querendo deliciar-se no regaço do escolhido.
Súbito entorpecimento, uma noite de delírio.

Ósculo inocente, roubado.
Sua boca como grilhões,
Prende-me em seu calcanhar de Aquiles.
Paraíso do qual nunca teria voltado.

O inferno soa frio,
Gelado como seu beijo morno.
Sua mão, que não toca a minha.
Mão solitária na tarde de outono.

O criado-mudo é testemunha
Desse devaneio de palavras tensas.
No passado, você guardaria as rosas que lhe dei.
Mesmo depois de secas.



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Bi-Atriz - por Gio

(Paródia da música “Beatriz”, de Chico Buarque e Edu Lobo)

Olha,
Lá vem essa moça
Com o punho em riste
Me achando otário
Será que é pintura o sangue no nariz?
Se ela dança e vai pro beleléu
Se ela acredita que ganha, ou já quis
acreditar, e agora só reclama... Créu
Devia ir cuidar da sua vida

Olha,
Será que ela é louca?
É doida de pedra?
Parece loucura
cantar qual canário, e estar por um triz
Um desaforo, e estarás no céu
Ou no inferno, mastigando giz
Que já não escreve mais no seu papel
Por que não vai cuidar da sua vida?

Xiii, mais drama deprimente de atriz
Devia duelar com os pés no chão
Sua vida está sempre por um triz
Ah, você é um desastre, está na minha mão
Digo, é perigoso e muito infeliz

Olha,
Se acha uma estrela
Só conta mentira, mentira, mentira
Já virou comédia
(Feito cocaína na Amy, o nariz)
Logo, logo, vai despencar do céu
E os pagantes exigirão bis
Mas estarás fora, frita (como pastel)
Era melhor cuidar da sua vida...




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A Professora - por Adir Vieira

Essa noite sinto que sonhei. O estranho é que me lembrei do sonho, o que normalmente não acontece.
Não foi um sonho agradável e buscando razões para tê-lo sonhado, não as encontro.
Imaginem vocês que eu era ainda uma menina, de mais ou menos uns oito anos e me encontrava na sala de aula de uma escola pobre, daquelas que ficam em centro de terreno e todo o pátio ao redor é de terra batida.
Árvores imensas rodeiam o local e vejo que não são árvores frutíferas nem, tampouco, floridas. Galhos, muitos galhos verdes, muito verdes e firmes. Os troncos são da largura de um homem alto e forte e de um marrom que seria difícil qualquer pintor chegar ao tom.
Dentro da sala de aula, carteiras antigas, como no meu tempo de escola - aquelas que têm um fundo para a guarda dos objetos e têm acopladas em si a cadeira. São carteiras novas, sem sequer um arranhão e brilham como se tivessem sido há pouco enceradas.
Ocupo a terceira fileira e lá na frente uma mesa imensa, cujos pés são troncos de árvores, dispõe em cima uma pilha de livros igualmente grossos. São dicionários e livros de história geral.
A professora, uma senhorinha miúda, de óculos e cabelos amarrados em coque, é austera, como para convencer a todos os alunos que ali não estamos para brincadeiras.
Traz nas mãos uma régua comprida e a cada virada que os alunos dão na carteira, a agita na sua direção pedindo silêncio.
Ninguém ousa um movimento enquanto ela fala com sua voz rouca e seca.
Uma das meninas do meu lado se inquieta e começa a rir, não sei porquê. A professora que estava escrevendo no quadro-negro se volta para a turma e severamente atribui a mim a desordem, me fazendo levantar e ir ao seu encontro sob o olhar piedoso dos demais. Obriga-me a ficar de pé, com o rosto voltado para a parede, até a aula terminar.
Enquanto ali estou, fico ruminando uma raiva crescente e, num dado momento, saio correndo e fico no pátio, dando voltas e mais voltas em torno de uma das árvores.
Não sei o que isso significa, mais acordei ainda com aquela sensação de dissabor e bastante ofegante. Não foi à toa que lembrei do sonho. UFA!
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Varal - por Alba Vieira

No amplo quintal da casa, balançam ao vento roupas coloridas pregadas ao varal. E quem fica perto sente no rosto os respingos da água que são lançados pelas peças que ainda deixam escorrer a água do enxágue no chão depois de lavadas, umedecendo a grama que fica então mais verdinha. É coisa bonita de se ver.
Lavar roupas nas casas do interior ou nas zonas mais pobres da cidade é um prazer ainda hoje. Não existe o som monótono e barulhento das máquinas de lavar. O que se ouve são as vozes das mulheres entoando as suas cantigas de saudade e nostalgia pelo estímulo do contato com a água, enquanto ensaboam e esfregam as roupas nas beiras dos rios ou nos tanques das casas. São roupas que elas conhecem, das quais tratam com um desvelo especial. É uma reunião de mulheres onde a conversa corre solta ou são mães e filhas que desnudam as almas enquanto lidam com os afazeres domésticos. É um espaço pleno de aprendizados transmitidos oralmente. As roupas são lavadas em água abundante e colocadas para quarar, ficando mais claras, absorvendo a energia do sol. No pátio aberto, depois de enxaguadas, são espremidas deixando um pouco de umidade ainda. E quando sacudidas molham o chão e as moças que irão pendurá-las e sempre trazem os pregadores presos aos vestidos como broches.
É um ritual de liberdade. É um trabalho de renovação: lavar, retirar a sujeira, enxaguar, receber a energia do sol, secar ao vento, exibir as cores, deixar que dancem, alegremente, balançando presas ao varal. E depois de já secas vão ser recolhidas e encostadas aos peitos das mulheres, pertinho do coração delas, incorporando um quantum de emoção e afeto, tornando mais vivos e abençoados os que irão usá-las depois.



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Harriet Logan e as Pipas da Liberdade - por Esther Rogessi

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Harriet Logan... Um exemplo de mulher!
Espírito guerreiro, protegido por uma armadura aparentemente frágil – corpo feminino. De origem inglesa. Uma cidadã do céu!

Os confrontos entre o Taliban e as tropas nacionais e internacionais, os maus-tratos sofridos por seu povo e a submissão imposta às suas mulheres levaram a fotógrafa inglesa a infiltrar-se dentre elas, as mulheres de Cabul.

Disfarçada sob a burkha – vestimenta que encobre totalmente o corpo, deixando a mulher irreconhecível – , sob ela levava sua máquina fotográfica e assim entrava nos lares para entrevistar as mulheres... Desta forma se tornou possível mostrar ao mundo os horrores que o povo deste país sofreu – em particular suas mulheres –, durante o Regime Taliban, que se estendeu de setembro de 1996 a outubro de 2001.

Harriet Logan aceitou o convite da London Sunday Times Magazine, em dezembro de 1997, para colher imagens das mulheres afegãs, subjugadas pelo dito regime, há quinze meses.

Juntamente com um fotógrafo e intérprete, no trajeto de seis horas do Paquistão a Cabul, simplesmente por não ter coberto devidamente o corpo e ter deixado à mostra uma mecha de cabelo, os seus acompanhantes foram duramente espancados.

Os afegãos eram proibidos, dentre outras coisas, de rir em público, ouvir música ou empinar pipas e aos homens, era-lhes proibido cortar a barba. Às mulheres, além de se esconderem sob a burkha, não podiam estudar, trabalhar ou mesmo usar produtos de beleza.

Harriet colheu dezenas de depoimentos de mulheres – profissionais competentes – que foram obrigadas a abdicar de seus ofícios. Algumas delas, após os depoimentos, não mais foram encontradas. Entre tantos testemunhos de opressão, foram colhidos os de meninas que, impedidas de estudar, carregavam sob suas vestes livros e cadernos para estudarem com as corajosas mestras que se escondiam em seus lares e os transformava em salas de aulas... Tanto quanto em salas clandestinas de uma ONG de costura, cujas profissionais tinham sido presas por exercerem a profissão.

Harriet voltou a Cabul, após a partida do Taliban. Queria constatar a realidade atual. Não mais haveria subjugados...

Viu muitos aparelhos de TV, música no ar, risos, gargalhadas... E muitas pipas voando livremente. Porém as mulheres afegãs continuavam usando suas burkhas.

O Taliban se fora, porém, em cada homem, continuava o espírito opressor!
Alegaram que não estavam acostumados a ver suas mulheres com os corpos desnudos.

Resta-nos a alegria de sorrir, vendo o colorido das pipas no céu...



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No Século Vinte e Um... - por Ninguém Envolvente

Não tenho pena dos pandas estarem sumindo da face da Terra, são preguiçosos demais até para se reproduzirem, eles são uma vergonha para o mundo animal e nós estamos indo no mesmo caminho dos pandas. Duvida?
Primeiro veio o leite de caixinha, já fervido sem micróbios e prontinho para tomar; o que dizer do cubinho? O tempero em forma de cubinho, tão gracioso e saboroso, mas será que tem mesmo cebola e alho naquela porcaria oleosa? E as coisas light? Por que simplesmente não conseguimos comer menos? Talvez comer preencha o vazio e a angústia da espera pelo próximo brilhante invento prático e reciclável.
Há algo muito errado, as pessoas estão cegas, o que é isso? É carne enlatada, basta esquentar e rezar para não ter botulismo, mas é tão delicioso e cômodo que não deixamos de comer e quando terminar é só jogar no lixo e como num filme da Disney, a cozinha está limpa e nem uma única panela está suja. Exceto seu fígado, boiando e gritando em tanto óleo.
Espremer laranjas é muito complicado e ridículo, compre logo a caixinha longa vida já que ela é reciclável, compre refrigerante de cola já que você não precisa mais mastigar com tanta força, os alimentos já vêm praticamente digeridos em latinhas e pacotinhos, não tem problema se o refrigerante corroer seu dente e ele cair, você já se adaptou aos pastosos Pack.
O que fizeram com a água? Agora ela tem gás e gosto de limão! Qual o problema com a original, insípida e inodora? Por que aromatizar algo que já é perfeito e se basta? Mais uma porcaria, como se os Dolly® da vida já não bastassem, precisavam mexer na água, e agora estão pondo gás até no leite! O fim do mundo está a caminho...
Clique espere carregar... Imprima e rasgue logo, fiz o resumo da nossa vida miserável e catastrófica indo rumo ao nada progredindo para virar uma tonelada de obesos em meio a um chiqueiro de Pack e lixo eletrônico.
Quando você morrer, tem três escolhas: enterrar, cremar ou fazer diamante humano com o carbono do seu corpo e deixar de herança para seus netos, já que vão precisar de dinheiro para comprar água potável que não tenha sabor e seja própria ao consumo humano. Você não vai poder doar seus órgãos, vão estar feito lixo por conta de tanta porcaria que você ingeriu em seus anos de vida. Algumas coisas são recicláveis, você não.
“Volto logo... Vou ali recarregar a bateria do meu pulmão de plástico biodegradável”. Seria isso o diálogo do próximo século? Quem sabe...



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Vasco Pinto de Magalhães, Prioridades ou Emergências? - Citado por Penélope Charmosa

Há uma pergunta que me parece essencial: movo-me por prioridades ou por emergências? Isto é: ando a correr atrás de urgências, como tantas vezes nos acontece, ou sou capaz de parar e ver o que é prioritário ser feito? Ser “bombeiro” é simpático, mas será esse o meu papel no mundo, aquela missão que a mais ninguém pertence? Podemos ter que andar a “apagar fogos”, mas que o imediato não encubra o essencial e que o contributo específico de cada um não se perca.



In “Não Há Soluções, Há Caminhos”.
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