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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




domingo, 6 de fevereiro de 2011

(Sem Título) - por Davi Rodrigues

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Quando adolescente, costumava acampar muito... Sempre levava um livro, o qual nunca retornava comigo. Creio que era o desejo de deixar um pedaço de mim ali...
Lembro-me de um deles com carinho “O Pequeno Príncipe”, deixei com uma menininha em Minas... Quem sabe no Duelos a gente se encontra um dia...
Esse livro é tão inteligente, que resolvi dedicar uma página a ele...
Aqueles que não o leram, agora podem lê-lo em meu blog. Não percam essa emocionante, cativante e tão agregadora história!!!
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Duelando Manchetes XI: Homossexualidade (IV) - por Vera Celms

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VAMOS PARAR O ESTUPRO CORRETIVO DE LÉSBICAS NA ÁFRICA DO SUL - URGENTE

Caros amigos:

“O estupro corretivo”, a prática cruel de estuprar lésbicas para “curar” sua homossexualidade, está se tornando uma crise na África do Sul. Porém, ativistas corajosas estão apelando ao mundo para por fim a estes crimes monstruosos. O governo sul-africano finalmente está respondendo - vamos apoiá-las.
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Millicent Gaika foi atada, estrangulada, torturada e estuprada durante 5 horas por um homem que dizia estar “curando-a” do lesbianismo. Por pouco não sobrevive.
Infelizmente, Millicent não é a única, este crime horrendo é recorrente na África do Sul, onde lésbicas vivem aterrorizadas com ameaças de ataques. O mais triste é que jamais alguém foi condenado por “estupro corretivo”.

De forma surpreendente, desde um abrigo secreto na Cidade do Cabo, algumas ativistas corajosas estão arriscando as suas vidas para garantir que o caso da Millicent sirva para suscitar mudanças. O apelo lançado ao Ministério da Justiça teve forte repercussão, ultrapassando 140.000 assinaturas e forçando-o a responder ao caso em televisão nacional. Porém, o Ministro ainda não respondeu às demandas por ações concretas.

Vamos expor este horror em todos os cantos do mundo - se um grande número de pessoas aderir, conseguiremos amplificar e escalar esta campanha, levando-a diretamente ao Presidente Zuma, autoridade máxima na garantia dos direitos constitucionais. Vamos exigir de Zuma e do Ministro da Justiça que condenem publicamente o “estupro corretivo”, criminalizando crimes de homofobia e garantindo a implementação imediata de educação pública e proteção para os sobreviventes.
Assine a petição agora e compartilhe - nós a entregaremos ao governo da África do Sul com os nossos parceiros na Cidade do Cabo.

A África do Sul, chamada de Nação Arco-íris, é reverenciada globalmente pelos seus esforços pós-apartheid contra a discriminação. Ela foi o primeiro país a proteger constitucionalmente cidadãos da discriminação baseada na sexualidade. Porém, a Cidade do Cabo não é a única, a ONG local Luleki Sizwe registrou mais de um “estupro corretivo” por dia e o predomínio da impunidade.

O “estupro corretivo” é baseado na noção absurda e falsa de que lésbicas podem ser estupradas para “se tornarem heterossexuais”, mas este ato horrendo não é classificado como crime de discriminação na África do Sul. As vítimas geralmente são mulheres homossexuais negras, pobres e profundamente marginalizadas. Até mesmo o estupro grupal e o assassinato da Eudy Simelane, heroína nacional e estrela da seleção feminina de futebol da África do Sul em 2008, não mudou a situação. Na semana passada, o Ministro Radebe insistiu que o motivo de crime é irrelevante em casos de “estupro corretivo”.

A África do Sul é a capital do estupro do mundo. Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler. Surpreendentemente, um quarto das meninas sul-africanas são estupradas antes de completarem 16 anos. Este problema tem muitas raízes: machismo (62% dos meninos com mais de 11 anos acreditam que forçar alguém a fazer sexo não é um ato de violência), pobreza, ocupações massificadas, desemprego, homens marginalizados, indiferença da comunidade e - mais do que tudo - os poucos casos que são corajosamente denunciados às autoridades, acabam no descaso da polícia e a impunidade.

Isto é uma catástrofe humana. Mas a Luleki Sizwe e parceiros do Change.org abriram uma fresta na janela da esperança para reagir. Se o mundo todo aderir agora, nós conseguiremos justiça para a Millicent e um compromisso nacional para combater o “estupro corretivo”.

Acabar com a cultura do estupro requer uma liderança ousada e ações direcionadas, para assim trazer mudanças para a África do Sul e todo o continente. O Presidente Zuma é um Zulu tradicional, ele mesmo foi ao tribunal acusado de estupro. Porém, ele também criticou a prisão de um casal gay no Malawi no ano passado, e após forte pressão nacional e internacional, a África do Sul finalmente aprovou uma resolução da ONU que se opõe a assassinatos extrajudiciais relacionados à orientação sexual.

Se um grande número de nós participarmos neste chamado por justiça, nós poderemos convencer Zuma a se engajar, levando adiante ações governamentais cruciais e iniciando um debate nacional que poderá influenciar a atitude pública em relação ao estupro e homofobia na África do Sul.
Assine agora e depois divulgue.

Em casos como o da Millicent, é fácil perder a esperança. Mas quando cidadãos se unem em uma única voz, nós podemos ter sucesso em mudar práticas e normas injustas, porém aceitas pela sociedade. No ano passado, em Uganda, nós tivemos sucesso em conseguir uma onda massiva de pressão popular sobre o governo, obrigando-o a engavetar uma proposta de lei que iria condenar à morte gays da Uganda. Foi a pressão global em solidariedade a ativistas nacionais corajosos que pressionaram os líderes da África do Sul a lidarem com a crise da AIDS que estava tomando o país. Vamos nos unir agora e defender um mundo onde cada ser humano poderá viver livre do medo do abuso e violência.
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Com esperança e determinação,

Alice, Ricken, Maria Paz, David e toda a equipe da Avaaz.
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Visitem Vera Celms
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Mãos à Obra - por Alba Vieira

Quanta angústia! Quanta dor se vê durante todo o tempo! Tão perto de nós! Que magnitude de destruição!
As imagens são aterradoras. O susto e quase tudo veio abaixo! Parece a carta da Torre do tarô!
As mortes, o desamparo, os ferimentos, a fome, a solidão, o abandono, os órfãos, os idosos, os deficientes, os traumatizados física e emocionalmente.
Tão perto e ao mesmo tempo tão distantes de nós, das nossas mãos para acudi-los, dos nossos olhos para lhes transmitir força, das nossas palavras de consolo, da nossa força de trabalho para lhes garantir teto, água e comida, roupas, um mínimo de condições básicas para continuarem, apesar de tantas perdas.
Muitos de nós, ou porque moram nas áreas afetadas, têm parentes por lá, fazem parte das forças de socorro público ou se dispuseram e conseguiram ir para lá ajudar, talvez não sintam essa angústia. Eles estão lidando diretamente com a desgraça e o mínimo que puderem fazer lhes traz um sentimento positivo de vitória diante do sofrimento, embora também se cansem e se fragilizem no contato com a tristeza e a dor e precisem ser substituídos por outros sujeitos compassivos, pelo menos aqueles que, exatamente por estarem ajudando na linha de frente, consigam renovar suas energias e se mantenham muito bem, uma vez que não funcionam apenas no corpo, na matéria e sim guiados pelo espírito.
Mas há aqueles de nós que têm compaixão e estão longe, assistindo pelos noticiários na tv e pelos jornais ao desenrolar dos acontecimentos. São pessoas do Rio e de outros estados do Brasil ou mesmo de outros pontos do mundo, que como já aconteceu em outras catástrofes, se mobilizam, trazem os afetados no seu pensamento durante todo o tempo e manifestam a sua compaixão e vontade de ajudar através do envio de donativos por variadas vias, torcendo para que cheguem aos desabrigados e sejam distribuídos com equanimidade. Mas, dar dos bens que possuímos, seja muito ou pouco de acordo com nossas posses e apegos, não satisfaz nessas horas. A vontade é poder estar lá, agindo ou algumas vezes apenas compartilhando a dor e apoiando os que necessitam.
Seria bom que em virtude da magnitude da catástrofe, parte dos atingidos pudesse ser trazida aqui para a cidade do Rio de Janeiro e colocada em abrigos que possibilitariam àqueles que moram e trabalham aqui e não podem se deslocar para a região serrana, prestar o auxílio que desejam, dentro das suas habilidades, aptidão e áreas de atuação profissional.
É preciso considerar que esse apoio não pode ir esmorecendo com o passar dos dias, como acontece naturalmente após a primeira mobilização, até porque o número de mortos computados deve crescer, mas, nas próximas semanas, o que se espera é o aparecimento das doenças infecciosas na população sobrevivente, o que demandará ainda mais cuidado e ajuda de todos nós.
Que essa corrente de solidariedade possa sempre se expandir, porque os tempos são de certeza de estarmos todos no mesmo barco.
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Visitem Alba Vieira
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Fronteiras e Guerras - por Ninguém Envolvente

Durante todo o período de existência a humanidade foi guerreira, lutou por tudo o que pensou ter direito sobre.
Mesmo quando não tinha direito ou a razão de lutar por algo se lutava então por ego. E muitas gerações foram afetadas pela cultura primitiva em lutar por seus direitos em vez de usar uma das características que nos difere dos animais, a ferramenta de saber argumentar e o objetivo ser alcançado com inteligência.
O final de confrontos sangrentos depende do respeito que cada um tem por si mesmo. Do que espera que aconteça a ele e então por tabela vai desejar o mesmo para seu vizinho.
Existe uma fronteira entre a incerteza e o medo. A primeira é de como dar o primeiro passo e aprender a lutar com palavras, a segunda é sobre o que pode acontecer àquele que der este passo e se somente ele o der terá sido em vão.
Mahatma Gandhi foi exemplo do primeiro passo que pode não ter consertado a forma de conquistar algo, mas abriu espaço para que outros poucos homens de coragem pudessem ensinar um modo justo e limpo de ter aquilo a que se aspira. E quebrar um pouco o muro da fronteira do medo de agir da forma correta.
Mais do que fazer guerra e tomar posse ao que de fato o pertence, guerra é também um sinônimo de ganância e sadismo (exemplo de ganância é a que ocorre no Brasil entre índios e fazendeiros).
O sadismo fica por conta de quem projeta qual forma de ataque será efetuada, que vai de simples mísseis a armas biológicas (vírus) ou agentes químicos da mais impiedosa forma esperada, como o fósforo branco que, quando em contato com o ar, faz a pessoa entrar em autocombustão.
O principal problema ao começar uma guerra não é a de quantos soldados ou civis serão mortos, mas quantos de seus amigos e familiares vão voltar e vingar sua morte. E o que era um combate talvez até irrisório torna-se de proporção mundial.
As coisas irão se normalizar quando tirarem do poder aqueles loucos que pensam ser normais. Talvez eles ainda não saibam, mas destroem nosso mundo.
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Desenho - por Marília Abduani

Sou desenhada a giz como desenho meu filho.
Ele fica meio torto em meu desenho, apago e torno a desenhar, mas falta um braço.
Torno a apagar.
Tentarei desenhá-lo todos os dias até que o desenho fique bom, aí eu o passarei para o meu ventre, com tela e tudo, deixarei que ele durma até o instante em que cairá em meus braços, saltando por todos os meus poros.
Então, eu terei que desenhar o berço.
Nesse desenho ficarei anos até que consiga a projeção perfeita do que queria lhe dar.
Quando eu conseguir desenhá-lo inteiramente, meu filho, por certo, já estará crescido e não precisará mais dele.
Na tentativa de programar o berço, eu me esquecerei dos brinquedos, de levá-lo para conhecer as ruas, de lhe dar alimentos nas horas certas,.
Certamente, ele irá ficar fraquinho, carente, doente, quase irá morrer.
Será que ele perceberá que eu ao menos tentei?
Será que me perdoará por eu não ter acompanhado os seus passos?
Minhas pernas estavam pregadas em um mundo que nem lhe mostrei, nem consegui lhe dar.
Ele irá me perdoar por ter ficado tão só, rondando sem lamentos pela casa vazia?
Quando me perguntar pelo pai e eu lhe disser que ele é apenas um retrato, um sonho que eu criei na solidão?
A solidão dói muito, dói queimável, dói sofrível...
Então, ele voltará para os meus braços, frágil que nem criança, e me pedirá que eu lhe ensine a arte do desenho.
E ele também inventará um filho e compreenderá a minha fonte de desejos.
Entenderá sozinho o berço que não teve, a rua que não conheceu, o alimento que não digeriu e a morte que quase o levou de mim.
Pedirá que eu lhe ensine, para que ele possa ensinar, as canções de ninar que não ouviu de minha boca.
Pedirá que eu lhe ensine o abraço, o beijo, e eu o desenharei, mais uma vez, como homem feito ante os braços pequenos de um menino.
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(Sem Título) - (Anônimo)

Ai, ai... Como é que pode?
Simpatia em ti não finda
Assim cabrito vira bode
Pra responder coisa tão linda.

Mas ok, vou explicar.
Que por onde não fiz não
Ela é que veio se alojar
Aqui em meu coração

Lá do Além acreditava
Ter em mim uma opção
Se lascou, quando estava
Crescendo no barrigão

Deve ter percebido o engano
Quando já era tarde demais
Mesmo assim “saiu entrando”
E daqui nunca mais sai.

Eu que nada tenho na vida
Abstenho-me da pretensão
De crer que um dia a tive
Ou a terei - que ilusão!

Cruz credo, deixa eu descer
Desse carrossel malucão
Quando a menina crescer
Largo logo sua mão

Pois já tem seu caminho e
Seus planos bem traçados
Decide e, para “O Deus”, baixinho
diz que já está tudo acertado:

- “Vou ser médica-bombeira!
Vou estudar um bocado!”
...Viu você como é besteira
Acreditar que tem cercado?

A “isso” a gente só assiste
E como permite a condição
Se de longe, não é triste.
Se de perto, intensivão!

O negócio é poder ver,
Assistindo à evolução:
Nova espécie aparecer
E à nossa: Extinção!
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Um Dia - por Passa-Tempo

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Um dia sei que isso vai acabar,
sei que um dia você irá crescer,
e logo irá namorar,

Um dia sei que eu vou sumir,
Sei que você vai me esquecer,
E de sua mente com o tempo irei sumir.

Sei que um dia o que é somos terá virado fomos,
A vida terá seguido seu rumo e você será uma grande mulher,

Hoje você ainda é nova e linda,
Uma moça apaixonada, uma menina
E eu o rapaz, que habitará o coração dessa futura mulher,
O Carioca, um amigo,
o vizinho bonitinho,
que se chama Ronier.
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Sem Nós - por Renata Zonatto

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A verdade é que o nosso amor era uma corda arrebentando...
...uma corda pequena demais para se dar um nó!
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.....................................Visitem Renata Zonatto
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Dá Pra Rir no Inferno - por Fatinha

Querido Brógui:

Fui hoje fazer uma visita a uma amiga que trabalha na Saara. Para quem não mora no Rio, é um conjunto de ruas comerciais no Centro da Cidade. Não é O Saara é A Saara, uma sigla que não lembro o que significa. Se em condições normais de temperatura e pressão aquilo lá é a ante-sala do inferno, na véspera de Natal é o próprio inferno.
Sou metida mesmo. Bater perna pra mim tem que ser em shopping ou, no máximo, uma feirinha muderna, desde que em horários em que não seja obrigada ficar batendo chifre. Pago mais caro pelo produto, mas desfruto do ar-condicionado, do estacionamento, do quase que silencioso ambiente, coisa impossível no comércio popular. É, na Saara, em cada porta de cada loja tem um cabra com um microfone na mão fazendo a divulgação dos seus produtos. Tem noção? Some-se a isso a oitiva ininterrupta da rádio Saara, que consiste em alto-falantes que igualmente fazem propaganda do comércio local. As propagandas veiculadas pela rádio só não são risíveis porque não dá pra rir sendo pisoteado a cada três minutos e empurrado a cada dois. Não dá pra rir no inferno.
Na Saara você também tem o desprazer de se sentir monitorado como um meliante qualquer. Tudo bem, acho que o fato de existir uma criatura que fica de pé em cima de um banquinho no meio da loja ou na porta dela olhando o movimento denota que a quantidade de furtos praticados deve ser algo beirando a obscenidade. Mas, cá pra nós, é muito desagradável saber-se alvo de tão severa vigilância.
Temos ainda no cardápio Saara o esgoto correndo a céu aberto em algumas ruas e lojinhas vendendo lanches suspeitíssimos ao povinho porco que colabora com a imundície lançando guardanapos e copinhos descartáveis pelo chão.
Minha passagem pela Saara só não foi mais traumatizante porque consegui arrancar minha amiga do escritório para almoçar comigo e de quebra comprar os presentinhos de Natal das crianças. Retiro o que disse: dá pra rir no inferno.
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Postado, originalmente, em 08/12/08.
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Visitem Fatinha
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Pequeno Grande Homem - por Gio

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Antes de tudo... Esqueçam as três postagens semanais. Pelo menos por enquanto - esse final de ano está uma loucura, e as coisas só tendem a piorar. Não quero atrasar tudo por aqui como antes, mas não vou prometer o que não posso cumprir. Já dizia um filósofo escocês: “Antes prometer uma postagem e conseguir fazer duas, do que prometer três e não fazer nenhuma”. Espera, acho que não foi um filósofo escocês... Ah, não importa!

Acordou tarde. Afinal, era sábado, e vida na 3a série pode ser muito, muito cansativa. Já não era mais hora do café da manhã - nome o qual não entendia, já que tomava um copo de leite, e seus pais, suco com torradas -, então teria que esperar até a hora do almoço. Resolveu ir à cozinha de qualquer jeito, para ver se conseguia um pacote de bolacha recheada com o poder de seus olhos arregalados, e, ao chegar perto, ouviu seus pais discutindo. Seu pai teve a ideia de fazer churrasco para o almoço, e sua mãe estava reclamando que ela passava trabalho demais fazendo as saladas e trazendo os temperos, enquanto o pai “só assava a carne”. Ele também não entendeu, já que sua mãe era a única que comia as saladas.

Percebeu os humores alterados, e achou que não era uma boa hora para tentar comer biscoitos fora de hora. Foi para a sala tentar ver TV, mas com o sinal de cabo cortado por causa de um tal de Pagão (que devia ser muito mal, já que deixou sua casa no escuro na outra semana), a programação não era muito variada. Resolveu fazer coisas que não tinham sentido: arrumar a cama que ele desarrumava todos os dias, escovar os dentes que ele iria sujar dali a pouco, e tomar banho. Ao menos tomar banho era divertido: o Barney lambia seus pés quando ele saia do banheiro. Se perguntou por que o Barney só tomava banho uma vez por semana... Ah, às vezes ele gostaria de ser um cachorro.

Decidiu caprichar. Arrumou a cama de seus pais (ou ao menos pensou ter arrumado) e passou tanto gel que seus cabelos pareciam as cerdas da vassoura nova. Depois de se vestir, pegou Barney (que tinha acabado de rolar na areia) no colo, e foi para a sala da churrasqueira ver o que seu pai estava fazendo. Encontrou-o no telefone conversando com seu irmão mais velho, que estava pedindo dinheiro emprestado. Seu irmão era o máximo: morava sozinho, então podia ficar sem tomar banho e comer biscoitos quando quisesse. Só a parte de trabalhar o incomodava: seus pais sumiam 8 horas por dia “para ir trabalhar”, e voltavam estressados e com mais olheiras do que tinham quando acordavam.

Enquanto seu pai conversava, olhou os porta-retratos que ficavam em cima de uma cristaleira. Viu sua mãe grávida, e achava engraçado ter saído dali de dentro. Só não sabia como tinha entrado. Seu pai o carregava atrás da nuca em uma das fotos, enquanto sua mãe o embalava no balanço em outra. Viu sua formatura da pré-escola, e se sentiu grande. Já não usava fraldas, cortava as unhas sozinho e sabia o caminho para a escola e o supermercado.

– Pai, eu quero morar sozinho!
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Visitem Gio
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Insônia - por Leo Santos

O cansaço embalando, e a chuva em cantos de ninar,
contudo o sono insiste em fugir,
vã é a tentativa de repouso,
se algo impede de repousar.

É que há tumultos na sala,
onde recuerdos e afetos,
inquietos bagunçam tudo,
e quem dorme com sua fala?

De quais insumos o sono é feito?
conjugando-se conforto e cansaço,
seus braços inda se cruzam,
e acusam a dura maciez do leito.

Enfim, chega, quando o tumulto acalma
porém a senha se ignora,
aflora alheio aos reclames do corpo,
talvez, uma concessão da alma…
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Visitem Leo Santos
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(Sem Título) - por Adir Vieira


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Parece que estou vivendo uma olimpíada doméstica. Com sono ou sem sono, todos os dias, às seis da manhã, o relógio falante do meu celular me avisa que eu tenho que levantar para medicar meu marido ainda convalescente. Levanto-me feito autômata e, ao abrir a porta do quarto, o ar abafado dos outros cômodos sem ar-condicionado parece me esbofetear, tamanha a força da diferença de clima.
Corro até a cozinha e, tateando, encontro a caixa de remédios, quando um sininho me alerta para ficar esperta e não medicar erradamente a criaturinha que ainda repousa nos braços de Morfeu.
Deito novamente, enfim, e tento conciliar o sono, mas como, se a tal pilulazinha age como uma bomba-relógio a acordar a mente do meu marido?
E ele fala, fala, fala ...
Decido então iniciar a primeira tarefa do dia, após minha higiene pessoal.
Ao mesmo tempo, ligo cafeteira, microondas e torradeira para propiciar um café quentinho e no ponto. Sinto que ainda estou sonolenta quando a faca corta o pão e meu dedo. Aí lá se vai o café quentinho, porque o sangue jorra e só estanca após o curativo feito analiticamente pelo meu marido.
Enfim, consigo requentar o café, mas ao levar a xícara à boca, o telefone insiste em tocar anunciando que algo importante vem a caminho.
E lá se vai meu café!
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Visitem Adir Vieira
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Olhando Para Você - por Yuri

eu olho para fora
sobre os olhos da janela ventando agora
eu tento enxergar seu reflexo dando um intervalo para que meu coração
possa se quebrar perfeitamente
cansado de tentar mesclar as partes com minhas lágrimas
neste mês eu juro que não sairei da cidade
só para lembrar do seu último olhar sobre mim
só para ter suas mãos nas minhas
porque eu estou pagando pra ver
o meu próprio falecimento
bem lento.
por mais que eu esteja mofando de tão cansado que eu estou
deste lugar
eu não consigo deixar esse amor morrer
no fundo e no fundo eu só quero que fique tudo bem
palavras podem quebrar
quebrar o intervalo do seu silêncio, ou de um qualquer
e pessoas podem dizer
dizer coisas que valem mais que suas próprias vidas
então eu disse: neste final de semana eu resolverei tudo! prometo a mim mesmo.
te ligarei e irei dizer tudo, tudo, tudo e mais um pouco disso e aquilo
te direi um pouco de como me sinto neste momento
te direi que vejo os ponteiros descendo e subindo no mesmo segundo
te direi que o que tem aqui dentro não falha, não é mentira
porque é o sincero mais puro verdadeiro amor
e eu só quero que fique tudo bem.

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eu não quero ficar com meu suéter e meu charuto a sós
esperando aquele seu último olhar voltar
eu quero poder te tocar de novo
me guardar aí dentro
não se vá
ou vá e me deixe mofar aqui sozinho...
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Visitem Yuri..............................
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(Sem Título) - por Poty

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Se for pra fazer, porque sofrer? Se não é pra fazer, porque se lastimar?
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Visitem Poty.......................................
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Entre os Lobos e os Bobos Carneiros - por Tércio Sthal

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Mas parece existir um grande riacho,...................................................................
Aonde as pessoas que bebem de sua água...................................................................
Já nem querem sabem aonde ele deságua...................................................................
E sossegam de uma vez por todas o facho;...................................................................
Tanto faz, como fez, sei lá, eu acho....................................................................
(Tércio Sthal)...................................................................
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Vejo aqui deste lado do rio
uma alcateia, um bando sombrio,
selada com a História de ser
a supremacia, o prevalecer,
outros não podem beber da sua água
sem ‘levar chumbo’, ou sem ‘levar tábua’.

Do outro lado do rio vejo os carneiros,
molestados e covardes o tempo inteiro,
aos lobos delegando todo o poder
para comandá-los e para os abater,
sofrendo fome e sede, cedem as suas lãs,
não requerem direitos, e dos lobos são fãs.
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..................................Visitem Tércio Sthal
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Fumacinha Ridícula - por Paulo Chinelate


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Prometi a uns amigos que escreveria sobre o cigarro. Melhor dizendo: sobre o vício do fumo.
Antes, porém, um convite: se tiver um fumante por perto dê uma olhada, mire, fixe no quadro do levar o cigarro à boca, soprar, bater cinzas, sugar a brasa, reter, expirar… expirar… sugestiva esta palavra, a cada inspirada, o sujeito ou sujeita, em seguida expira, falece, morre, desencarna, estrebucha um pouquinho mais cedo. E paga para isso. Paga pelo maço, paga pelo ridículo e pagamos nós por tomar o mesmo veneno que eles.
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Agora vou dar uma receita de como evitar toda esta tragédia:
Fui fumante por 20 anos. Aprendi a fumar quando era bonito, charmoso e socialmente correto. Aprendi no quartel, na Escola Militar. Nos acampamentos de instrução em campo, na hora do “boião”, recebíamos no bandejão e junto com a sobremesa uma carteira de cigarro. Lembro-me muito bem. Continental sem filtro. Maço branco com o desenho do mapa do continente americano. Engraçado que alguns crentes recebiam, não fumavam e vendiam para nós: “Não peco, mas vocês podem”. Ouvi dizer que o cigarro era doação da companhia de cigarros. Grande negócio: é que durante um ano aplicaram em nós e no resto de nossas vidas colhiam os frutos. Imaginem se existe um negócio mais lucrativo. Um ano de investimento, uma ou duas vezes por semana contra 30, 40 anos contínuos de retorno, se é que o cristão não sucumbe com câncer antes.
Daí em diante foi fácil o vício. Não satisfeito, passei a usar cachimbo (mais charmoso ainda). Cheiroso, aromático. Condizia com minha posição social de então.
Fui morar na Amazônia. Mineiro misturado com rios é igual a pescaria. Muito mosquito. Passei a usar charutos. Não os cubanos. Mata-ratos mesmo. Serviam (sic) para espantar as “muriçocas”, “maruins” e “piuns”. E lá vai bronca para o pulmão.
Ah, sim, desculpas mil. Estou devendo a receita para acabar com este drama vicioso.
Vamos lá então:
Sabemos das diversas “fórmulas”: leituras de auto-ajuda, remédios diversos, injetáveis ou orais, beberagens, simpatias, chicletes, balas de nicotina, receitas de comadres e compadres. Não adianta nada disto. Repito, não adianta nada disto sem “MOTIVAÇÃO” e “VONTADE”. O resto é alimentar a indústria existente.
Vou contar como parei:
Certa tarde, como sempre fazia, fui buscar as crianças na escola. Eram quatro pimpolhos. A mais velha com 8 anos, outra de 6, um de 4 e o último de dois. Eu, no estacionamento, dentro do velho fusquinha; entram as crianças no carro; naturalmetne eu dando uma de caipora, soltando mais fumaça dos que os velhos trens de minha Minas Gerais. A mais velha, sentada no banco da frente (bons tempos, não tinha cinto de segurança e criança ficava em qualquer lugar), vira para mim e diz: “Papai, por que o senhor não para de fumar?”. Olhei para ela espantado. A que viera esta conversa de cerca-lourenço? “É que a polícia federal esteve na escola e deu uma lição sobre ‘drogas’”. “Droga, era só o que faltava, é a única distração do papai”, dei a desculpa mais estapafúrgia que me ocorreu. “É, papai, como o senhor vai agir se me pegar um dia com um cigarro de maconha?” Quem ficou estapafúrdio agora foi eu. Olhei com cara de pastana para ela e para os outros três filhos sentados no banco de trás, certamente todos aguardando a “resposta”. Não contei uma nem duas, peguei o cigarro da boca e joguei fora. A carteira, inteirinha, também (detalhe: neste bom tempo também não tínhamos a educação ecológica de hoje).
E pronto, acabou, se quedó, c’est finit, the end. O que vocês querem mais? Parei de fumar desde aquele instante. E no more cigaretts, pipers and cigars. Tive a motivação e, principalmente, a VONTADE.
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Uma Injeção de Alegria Contra a Depressão! - por Izabel Sadalla Grispino

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Trecho da poesia “REEQUILIBRANDO AS EMOÇÕES (Voltando a Sonhar)”:

“Quando bate a melancolia,
Quando medito minhas perdas,
No reino da fantasia,
Abro sulcos em minhas fendas,
Coloco aí meus pensamentos,
Misturo-os aos meus sentimentos,
E a tristeza vira alegria...”
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Aprecie o resto desta bela poesia em um vídeo de 66 segundos (clique aqui).
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