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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




domingo, 11 de outubro de 2009

Colcha de Retalhos - por Ana

Misturo letras com amor
para que, à noite,
elas possam te chegar delicadamente,
uma a uma beijando tua pele,
como se meus lábios fossem.

Tranço as palavras delicadamente
para que, à noite,
elas possam te acariciar a saudade,
aquecendo teu coração,
como se fossem minhas mãos.

Teço as sentenças com cuidado
para que, à noite,
elas possam te enlaçar carinhosamente,
de maneira lenta e doce,
como meus braços o fariam.

Vou urdindo textos pouco a pouco,
atenciosamente,
para que neles, à noite,
possa repousar teu corpo macio
enquanto o percorrem
as letras,
as palavras
e as sentenças
que, unidas,
buscam te cobrir suavemente
para que durma,
tranqüila,
sonhando com uma história
que te envolve e faz feliz.

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Salve 27 de Setembro - por Adir Vieira

Desde há muito tempo, sou uma fiel seguidora dos Santos Cosme e Damião. Já lá se vão mais de 30 anos que eu, religiosamente, distribuo doces em homenagem aos dois e às crianças que foram. Se algum motivo me impede de fazê-lo no dia 27, o faço no dia 12 de outubro, das crianças.
Desde pequena curto aquela correria nas casas vizinhas, visto que na minha época de criança, na rua em que eu morava, as casas predominavam. Ouço ainda aquele seu ruído gostoso, fazendo fila, a mando das senhoras que faziam a distribuição que, mesmo praticando um ato que envolvia os santos, se negavam terminantemente a ceder um saquinho que fosse a alguém, mesmo faminto, que não fosse criança. Até os adolescentes que traziam pelas mãos irmãos menores ficavam fora desse favorecimento.
Lembro que na esquina da rua ficava o único prédio do quarteirão. Lá morava uma senhora de uns 70 anos, já viúva e sem filhos que distribuía semanas antes da data, na porta do prédio, cartões para a coleta dos sacos no dia 27. Esse era o mais precioso para nós. O saco era bem grande, pois abrigava, unicamente, um pão doce de uns vinte centímetros de comprimento, recheado de goiabada e coberto de glacê. Lembro que deixávamos para trás qualquer outro recebimento, mas aquele nunca. Sonhávamos já de véspera com aquele presente, pois a cada ano se apresentava de forma diferente.
Lembro também de um dos meus irmãos, saindo e voltando várias vezes para casa com os braços cheios de saquinhos coloridos com a imagem dos santos. Lembro também que ao pedido dos irmãos menores de ganharem apenas uma cocada que fosse, mandava que aguardassem até a noite para a distribuição. Aquele monte de sacos era guardado fora do alcance de nós todos até depois do jantar que, de banho tomado, sentávamos em volta dele que, pacientemente, separava, diante dos nossos olhos atentos, os doces embrulhados, as balas etc. acondicionando-os em potes com tampa, classificados devidamente.
Depois de fazer um balanço da sua coleta, aí, sim, permitia que fizéssemos a festa, sob a permissão de minha mãe sobre o que cada um poderia comer. Essa regra que ele nos impunha hoje nos traz lembranças adoráveis quando, como agora, aqui, da minha janela, observo as crianças correndo em busca dos doces.



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Ampliação de Consciência - por Alba Vieira

Quando meu olhar escapa de mim, existe uma chance de acalmar minha aflição. É que por paradoxal que possa parecer, o que me aflige no que observo, nada mais é do que um reflexo de mim naquilo que me cerca. Assim, para que a miséria, a fome, a degradação da condição humana, a dor, a doença, o desequilíbrio, o caos e tudo que me provoca incômodo, não tenham mais esse efeito devastador, é necessário me colocar como mero observador, alcançar o caráter balsâmico do distanciamento. É preciso discernir bem, através da vivência e da conscientização o real sentido do egoísmo, da compaixão, da indiferença e da capacidade de observar mantendo-se distanciado (misturando-se, mas guardando a individualidade e integrando-se ao todo com a consciência de que tudo tem um sentido e segue seu curso na roda da existência).



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