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Eróticos.)




quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Olá, Adeus e Até Logo... - por Ana

Hoje venho dizer olá.

A você que montou o blog.
A você que passa por aqui, lê e participa.
A você que gosta e deixa comentários interessantes e motivadores.
A você que, anônimo, nos acompanha sem dizer palavra.
A você que entra, esperando uma coisa e vê outra.
A você que ri de nós porque acha tudo maluquice ou desperdício.
A você que estranha tudo porque este é um mundo tão diferente do seu.

Olá às idéias criativas.
Olá aos que compartilham.
Olá aos que incentivam.
Olá aos observadores.
Olá aos curiosos.
Olá aos bem-humorados.
Olá aos estrangeiros.

Um olá de alegria e satisfação por existir este espaço,
por participar deste grupo,
por agradar a alguns,
por entreter outros,
por ser, às vezes, algo novo,
por divertir as pessoas,
por espantar sem ferir.

E assim como agora sorrio,
espero que o mesmo sorriso enfeite vocês
- por dentro e por fora -
pelas mais diversas razões,
muitas vezes, todos os dias.

A todos vocês, portanto, deixo o meu olá,
um adeus para 2008,
e um até logo, pois volto amanhã, no ano que vem.

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Oração para Lidar com a Desgraça - por Alba Vieira

Que hoje eu consiga manter a tranqüilidade mesmo que seja provocada.
Que eu permaneça aberta para o novo mesmo que os padrões em que esteja envolvida sejam antiquados e ultrapassados.
Tomara que eu consiga manter tranqüilo meu coração, que minhas costas não fiquem enrijecidas, que os meus olhos não mostrem o espanto de minha alma assustada diante de tanto absurdo. E é claro que isto é possível porque, na realidade, minha alma não se espanta mesmo, porque ela está acima de tudo isto. Eu, enquanto personalidade, é que posso sofrer e resvalar, mas a alma não. Ela se mantém íntegra, suave, alheia a todo estardalhaço, e poder sorrir calmamente de tudo é sua força.
Então peço a Deus que deixe que somente minha alma se apresente no dia de hoje, que ela esteja à frente, que possa me defender e me conduzir. Que a minha sombra se enfraqueça e eu pare de ranhetar e espernear.
Eu quero hoje agir de forma adulta e equilibrada, certa daquilo que sou, sem esperar aprovação ou buscar reconhecimento, entendendo que o mais comum neste mundo é o contrário mesmo.
Preciso não me deixar abalar diante do absurdo das situações, do distanciamento dos que estão perto e tinham por obrigação envolver-se, opinar e até mesmo me defender.
Quero viver a solidão de minha alma, expressando sua força e temperança.
Sei que na vida há momentos assim, em que tudo parece dar errado. São momentos difíceis de suportar, quando queremos fugir, cair por terra ou morrer para nos livrarmos da dor. Nesta hora, o que ajuda é saber que eles passarão porque nada é permanente, nem o bom nem o ruim.
Que eu tenha serenidade para esperar a virada que ocorrerá, sem dúvida.
Que eu seja guiada pela minha intuição para buscar o que for melhor para a minha vida.
Que, diante das opções que forem surgindo, eu possa escolher a que for melhor, sem precipitações.
Que meu Eu Superior me aponte o caminho com sinais que hão de surgir na hora exata para que eu os receba e utilize nesta jornada tão penosa em que se transformou meu cotidiano.
Que eu guarde em mim toda a força do espírito, me permitindo conectar com as esferas elevadas, afastando os sentimentos de raiva que só podem atrair para mim mais dificuldades e dor.
Permita Deus que eu não deseje vingança, que não rogue pragas, que não queira o mal dos meus opressores. Que, antes, possa compreendê-los na sua pequenez, perdoá-los, seguindo adiante livre do seu jugo, que não encontrará em mim afinidade ou ressonância.
Que assim seja.
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Cegueira - por Alba Vieira

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O pior cego é aquele que se impede de enxergar os ensinamentos que a vida quase esfrega na sua cara.
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Promessa - por Alba Vieira

Rasgo a noite
Em espera ansiosa
Pelo luminoso alvorecer
De minha nova vida,
Como um cometa
Que enquanto atravessa o céu
Desenha, em seu negror,
Um caminho de luz.
Que seja, o cometa,
Para aqueles que testemunharem sua passagem,
A anunciação de novos tempos.

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Teimosia - por Alba Vieira

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O aprendizado do teimoso é mais árduo porque ele resiste a si mesmo.
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Triste Solidão - por Alba Vieira

Desfilar como porta-bandeira da sua dor sem dar-se conta de que a escola já passou é, solitariamente, negar a evidência de que a vida continua apesar de você e de sua eterna mania de remoer.
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Caixinha de Costura - por Ana

Eu vivo de costurar
pra fora e dentro também.
Com o dinheiro que ganho
só faltou comprar um trem.

Construí a minha casa,
mobiliei, aparatei;
casei todos os meus filhos,
que viviam como reis.

Mas as costuras que faço
da forma mais preferida
são as atitudes que traço
no tecido de minha vida.

Com a régua marco o caminho,
com a fita meço a distância
entre o possível e o sonho
e corrijo a discrepância.

Com a linha costuro amor,
finalizando cada veste
que protege as relações
que um dia, vida, me deste.

Com bordados variados
realço, de cada pessoa,
as principais qualidades,
claro que, sempre, as boas.

E assim coso meus dias,
um a um, tranqüilamente,
guiando o tecido na agulha
devagar, pacientemente.

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Palavras Tardias - por Luara Lua

No nosso lugar
que já não era comum...
e agora você viu
talvez, pela última vez...
E disse que eu estava linda...
ah! Mas o que importam
palavras agora tardias
num tempo
em que a minha vida
e minhas flores
não são mais da noite
são do dia...

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Renascer - por Raquel Aiuendi

A felicidade do renascer…
é um privilégio de quem se coloca na condição de humano…
Uma dádiva que nos é concedida.

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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dias Nublados - por Jair Antônio Pauletto

Existem dias em que a vida parece ganhar um impulso extra, exclusivamente pelo espetáculo que a luminosidade do sol, sob o imenso céu azul, nos proporciona. Tudo parece mais colorido, bonito, perfumado, mais vivo, e repleto de energia. Logo, esses dias nos empurram pra frente, mesmo que estejamos um pouco desanimados. Parece que algo nos contamina e, conforme vai adentrando em nosso interior, nos transformamos para encarar os desafios da vida bem mais dispostos. Tudo parece dar certo. A esperança volta a brotar em nossos corações trazendo a certeza de que dias mais felizes nos aguardam. Já o medo e a dúvida interior parecem se desintegrar com a chegada destes raios de sol, dando lugar ao entusiasmo e a motivação, transformando os problemas que antes, considerados grandes, em interessantes desafios.
A vida passa a ser sentida de forma mais plena e parece que nada mais poderá ameaçar nossa felicidade. Essa “contaminação” do cenário externo para o ambiente interno ocorre com freqüência, tanto nos dias ensolarados como nos dias nublados, frios ou chuvosos, em que tudo parece ficar ainda mais difícil. No entanto, também existem dias em que nada parece dar certo, mesmo que a natureza nos presenteie com um espetáculo maravilhoso. Por mais ensolarado e luminoso que seja o dia, nada consegue nos fortalecer para acabarmos com a treva interior. Esta é uma situação oposta à anterior, e tudo que conseguimos fazer é fechar a cara, reclamar de tudo e de todos. Mesmo que se tente utilizar a fórmula de deixar-se “contaminar” pela beleza do dia, não se obtém resultados significativos. Lutar para uma vida melhor parece ser a coisa mais idiota a se fazer, mesmo que todos ao nosso redor nos incentivem e jurem que valerá a pena; que são esses os dias em que a vida nos prova, dá as oportunidades de crescermos e evoluirmos como humanos.
Revoltar-se ou entregar-se ao desânimo e à desesperança é dar um passo para trás no caminho evolutivo. Superar esses momentos exige um esforço gigantesco, muitas vezes impossível de ser conseguido sem orientação e ajuda. Por isso, quando o interior está nublado, devemos procurar as causas, identificar os motivos que trouxeram tantas nuvens. Geralmente são pequenas frustrações, problemas que ficaram para trás e que por alguma razão agora exigem atenção. Muitas vezes fruto da correria da vida moderna, na qual estamos sempre priorizando algo externo em detrimento aos nossos sentimentos. Vasculhar o interior em busca de causas exige coragem e disposição para enfrentar embates internos, freqüentemente difíceis de superar. Fazer uma análise interna é importante para o autoconhecimento e conseqüentemente para enfrentar dias nublados.
Quando acreditamos na força do invisível, significa que temos fé, e o esforço exigido torna-se menor e encontra uma razão para continuar a lutar. Assim, renasce a esperança de dias mais felizes, com sonhos realizados e a certeza de que outros podem ser sonhados. Ter fé é confiar, acreditar sem temor, ainda que pela frente nada pareça existir. É preciso ter a mesma certeza que o sol existe, embora que o dia esteja chuvoso. Acreditar pode não ser o suficiente para resolvermos o problema, mas é o primeiro passo a ser dado, conseqüentemente tudo se desencadeará com maior facilidade.
Não conheço ninguém que não tenha passado por dias nublados de desânimo e frustrações. É natural do ser humano, é parte do nosso aprendizado. Portanto, não temos como fugir é um processo necessário para alcançarmos dias melhores. Um fracasso, um dia de desânimo é perfeitamente aceitável e deve ser encarado com naturalidade, jamais com acomodação. Pode ser um momento necessário para colocar a casa em ordem. Pode ser aquele dia da faxina geral, do qual tudo é retirado do lugar, avaliado e depois descartado ou recolocado no devido lugar. Revoltar-se em nada contribui, pois o momento pode até passar, mas logo voltará com maior intensidade. É preciso encontrar o equilíbrio para que sejamos capazes de nos levantarmos e caminharmos, mesmo diante das dificuldades da mesma forma que devemos manter os pés no chão quando conquistamos uma vitória. O importante é manter-se no caminho, melhorar-se e acreditar sempre.
Assim, como as estações se sucedem e nelas encontramos razões para vivermos dias de prazer e felicidade, seja frio ou calor, o momento de dor e felicidade também se sucede para que possamos nos conhecer e, através disso, aprender a superar os obstáculos necessários para ingressar em estágios superiores da evolução humana. O segredo para dias mais luminosos não está em deixar-se “contaminar” pelo externo, mas sim, em contaminar o ambiente externo com o que temos internamente, e assim podermos transformar todos os dias cinzentos em ensolarados e brilhantes. A transformação sempre será de dentro para fora, a qualidade do amanhã está guardada no nosso interior. Boa semana.



Contradição - por Raquel Aiuendi

A contradição é ponto sine qua non da existência humana. A contradição não é esquizofrenia, é sim o start para uma nova condição. O que em mim contradigo é e deve ser aquilo que faço evoluir; o que contradigo na proposição de meu semelhante quiçá seja a nova posição para sua proposição. O que contradigo a um sistema seja degrau de um crescimento social. Que contradição não pode sinonimar subdição, involução.
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Otimismo - por Ana

Moro na rua, sozinho,
Durmo nos bancos das praças,
Nada de paredes, portas,
Mas eu não penso em desgraças.

Porque, mais que todo mundo,
Eu sou um abençoado:
Meus dias são livres, soltos,
A nada sou obrigado.

Além disso, meu irmão,
Vivo em paz com a natureza:
Ela me traz muita paz,
Força, harmonia e beleza.

O sol é minha energia,
A lua dorme a meu lado,
As estrelas são meus lustres,
As nuvens, o meu telhado.

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Um Dia de Cada Vez - por Alba Vieira

Caminho imersa na natureza, meus pés tocando de leve as folhas secas que atapetam o chão. A névoa úmida da manhã ainda cobre as folhas das árvores e, vez por outra, molha meu corpo trêmulo. Passeio assim sem destino preciso. Cumpro um caminho que faço à medida que ando. Não tenho medo. A solidão é a única certeza que carrego. Esta solidão me alimenta porque conecta com minha fonte de energia interior. Este passeio é concretização da fé, quando estou imersa em Deus/natureza, vivendo a vida como esta caminhada, sem medo, preenchida pela energia que flui de mim mesma, com forças para viver todas as coisas que se apresentam.
Aprendo a viver um dia de cada vez, não mais fixada na melancolia do passado e sem projeções para o futuro, concentrada no aqui e agora.
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Eu - (Anônimo)

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Sou a pessoa que meu passado criou e só cheguei até aqui sorrindo porque não dou a mínima pros dois.
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Você me Alcança - por Luara Lua

Você me alcantra
Minha voz te encontra
Você não alcança
antes de encontrar
Você bem na noite
até encontrar
a estrela perfeita
para ver brilhar
o sol encontra a noite, se chocam
e se esconde para outro dia voltar
a minha voz volta, encontra
sua meia-volta
nunca alcançará
minha voz.

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Bolo Inglês - por Raquel Aiuendi

Menino soltando sua caique
Andando livre em sua baique
Apertando o plei
Ele brinca, dança, canta ouve, joga…
E eu que já fui guéu
Já brinquei, dancei, cantei, ouvi, joguei…
Mesmo sem ter o botão plei
Posso dizer que da magia sei
Posso dizer que fui Conle, Quel.
Pra você que não foi iú
E nada fez,
meu gudibái
com mai Gódi, vai
axé,
uai!

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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Há Pessoas e Pessoas - por Priscila Conrado

Há pessoas que entram em nossas vidas e se vão,
há pessoas que simplesmente se encostam nelas,
mas há também aquelas que nunca vimos
e que fazem uma diferença crucial.

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Zizi Possi - por João Luis Amaral

Zizi Possi já era.

Culpa minha. Dia ruim, cheguei sem avisar e vi o que ninguém aguentaria ver. Ela com outro.Perdi a cabeça, disse coisas que não devia, chorei até. Ela, frágil, não suportou o destempero. Acabou por dar cabo à própria vida.

Uma diva, não tenho dúvidas. Uma estrela que brilhou intensamente, iluminou com sua luz a minha vida. Entre todas com as quais me relacionei - e foram muitas, ouso dizer - Zizi foi como uma brisa leve, pousando delicadamente sobre mim a alegria de viver em seus atos, seus gestos. Enamorado que estava, fazia promessas tolas, achando que teria todo o tempo do mundo para cumpri-las. Só que o tempo, Ah! O tempo não me deu tempo.

Zizi Possi virou história.

Uma relação complicada desde os primeiros momentos. Deliciosamente complicada.Nossa história começou como um conto de fadas. Eu andava pela rua, sem destino ou futuro certo pela frente, chutando pedras à mercê. Chutava o vazio da minha vida. Ela, numa loja qualquer, parecia aguardar o inesperado. Nossos olhares cruzaram-se e, apenas num segundo, sentimos a emoção por um amor iminente brotar maroto.

Paixão avassaladora. Daquelas que nos fazem perder o fôlego, a noção de tempo, espaço, que nos leva simplesmente a esquecer nomes, rostos, cheiros. Que nos faz criança. Os sentidos nos deixaram, tudo o que fazíamos era pelo outro. Éramos cúmplices em sua mais pura tradução - se é que existe pureza em cumplicidade.

Zizi Possi passou dessa para melhor.

Da paixão, rapidamente fomos levados ao amor. O desejo nos tomava inteiros, sem pedir licença. Como numa invasão.A distância parecia nos asfixiar lenta e perigosamente. Sua presença trazia-me de volta à realidade, era como oxigênio. Perdíamos longas horas apenas nos olhando. Tímida, não apreciava conversar. Preferia curtir o momento em toda sua intensidade, sua extensão. E quanto mais durasse, melhor. Foi o grande amor da minha vida. O único amor.

Zizi Possi bateu com as botas.

Ah, Zizi! Que falta você me fará. Não vejo meus dias sem sua doce presença, seu afeto, seu silêncio acalentador. Não quero mais acordar, porque sei que você não estará mais ao meu lado. Para quem direi “bom dia” cheio de malícia, de segundas intenções? Onde errei? Quando te perdi? Por favor, preciso saber.Não me deixe aqui com essa dúvida. Conte-me ao menos esse segredo.

Zizi Possi está morta.

Agora, de volta ao vazio da minha vida. Tudo o que me resta é voltar àquela loja e comprar um outro peixinho.
Mas, dessa vez, darei o nome de Jane Duboc.
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Caminho - por Ana

Caminho descalça nas brasas,
Este é o meu ganha-pão.
Nas calçadas da cidade
Junto, tostão a tostão,

O meu rico dinheirinho
Pr’um dia poder comprar
Minha cama de faquir
Pra eu poder me apresentar

E ganhar um pouco mais,
Estourar os meus porquinhos
Com todo dinheiro ganho
Machucando meus ossinhos.

Quando eu tiver bastante,
Melhoro a situação,
Compro toda a maquiagem,
Mando fazer um roupão

Daqueles bem arretados,
Que me suba o status,
Pois eu vou é ser estátua
Do tal do Pôncio Pilatos.

Nessa de ficar parada
Dia e noite, sem parar,
Vou ganhar é muita grana,
Aí vou aproveitar.

Vou fazer o que, na vida,
Sempre quis, desde criança:
Vou montar o meu negócio
Dos sonhos e da esperança.

Vou ser é do merchandising,
Eu vou ser publicitária,
Eu não vou mais passar fome,
Eu vou ser microempresária.

Por toda minha cidade
Todo mundo então vai ver
A minha capacidade,
O que eu nasci pra fazer.

Todo dia, em todas as ruas
Meus cartazes vão falar
Dos produtos oferecidos
Para quem se interessar.

Tão bonita a propaganda!
Toda montada por mim!
Da idéia ao layout,
Desde o início até o fim.

E, de cima do meu sucesso,
Vendo as pessoas no chão,
Vou me sentir poderosa,
Curtir minha evolução.

Vou me sentir tão perfeita,
Um ser tão especial,
Totalmente equilibrada
Nas minhas pernas de pau.

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O Segredo - por Alba Vieira

Sonhe com o mundo que você quer
Como é a vida que você deseja?
E qual o trabalho que você almeja?
Como será o seu bem querer?
Imagine como quer a sua vida…
Sinta como se já estivesse sendo vivida…
Agradeça JÁ pelo que deseja ter…
Se isto bem feliz vai lhe fazer ser.
Sorria, fique bem e só pense no melhor.
Elogie, realce o que é bom, para ficar melhor.
Esqueça a crítica, ela não faz bem a você nem a ninguém.
Concentre sua mente no que pode ser seu melhor presente.
O tempo é agora: transformação!
Mude seu momento sem demora!
Basta virar a chave e o universo acompanhará.
Diga off pra tristeza, pobreza e reclamação;
Escolha on, se ligue na alegria, saúde e abundância.
Extravase o amor que existe em seu coração.

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Contabilidade - (Anônimo)

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Nunca me ocupo do caixa do que fiz, mas com a dívida do bem que quero saldar.
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Irmã da Noite - por Luara Lua

Irmã da noite não pode morrer...
Irmã da noite não pode ficar...
Irmã da noite tem que continuar...
a viver, a brilhar, a brilhar, a viver...
Ele não pode nos abandonar...
Tem que ouvi-la a cantar...
e lhe avisar quando vai aparecer...
por isso tende ela buscar...
Irmã da noite, ó grande deusa do poder,
não deixe a claridade secar...
e nem a escuridão acabar...
pois ambos vão se encontrar...
pois ambos vão se amar.
Peça a Tangaroa para os homens libertar...
pra quando ela voltar...
renderem-lhe homenagens e adorações...
e que se arrebentem seus corações
de tanto ódio, amor, aflição, proteção, medo...

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Varadouro - por Raquel Aiuendi

Vassoura
Vai comprar em Varadouro
Vala-me
Me doura, que arranco o couro
Se ainda for pra Varadouro
Pau-do-índio
Vê lá na casa do Véio
Traga a bucha
E desembucha logo o dinheiro
Quase tudo em Varadouro
Cidade Velha
Ciranda, artesanato e fé
Cidade Velha
Afoxé, dança no pé
E dá no pé até oceano
Desce até Varadouro
Traga a esponja
De aço d´ouro
Quase tudo em Varadouro
Cidade Velha só tem
Afoxé, cultura de corpo pé
Mente, frevo, luz na Sé.

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Conceitos - por Raquel Aieundi

Dias + dias + dias = - vida física,
corpo = + energia,
alma < macrouniversos.
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domingo, 28 de dezembro de 2008

Mãe - por Virgínia

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Ser mãe é pra descer do paraíso... direto pro inferno.
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De 2008 para 2009 - por Poty

Brindemos à ida de 2008, mas ceifamos a vinda de 2009;
Plantamos em 2008 e colheremos o fruto em 2009;
Guardaremos o que foi feito de bom e queimaremos todo mal realizado em 2008 para começarmos mais uma vez em 2009;
Choramos em 2008 e curtiremos em 2009;
Sofremos em 2008 e regozijaremos em 2009;
Lutamos em 2008 e continuaremos em 2009;
Amamos em 2008 e amaremos mais em 2009;
Felicitamos em 2008 e o faremos em 2009;
Não aconteceu em 2008, mas acontecerá em 2009…
Seguiremos a eterna e incessante busca da felicidade, da liberdade, da solidariedade, a irmandade, a amizade, o amor livre e derrubaremos a impunidade, a banalidade, a indiferença, a falta de coerência, a hipocrisia… Porque corrói a mente, o corpo, a energia (a alma) da humanidade.

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Livre para Amar - por Poty

Não te quero submissa, te quero livre em meus anseios, vou a teus seios!
Será minha anfitriã, Deusa do amor.
A tua submissão é a tua negação, vem livre e bela!
Fará de mim a tua inovação, evoca o teu poder, a tua força para em teus pés ter a minha exaltação!
Vai Dama da noite, mulher do dia, rege a tua sensibilidade para ocupar meu coração.
És a própria leveza do meu ser!
Voaremos em excitação!
Seremos uno em nossa paixão!

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Constelação - por Poty

Estrelas no céu…
Estrelas no corpo,
Estrelas no peito,
Estrelas na mente,
Estrelas que brilham,
Estrelas que guiam,
Estrelas que alumiam um bem,
Estrelas que fazem bem!
Estrelas, estrelas, estrelas…
Juntas são uma constelação que ao anoitecer faz iluminar o caminho e guia onde queremos ir.

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Proteja-me do Amor - por Ana

Proteja-me do amor!
Socorro! Me salva agora!
Meu coração idiota
vai sucumbir! Não demora!

O amor causa aflição,
muita dor, ressentimento,
frustrações e piripaques,
e muito arrependimento.

O amor prende na teia,
deixa com fome, sedento,
acorrenta na masmorra
de eterno sofrimento.

O amor pega os incautos
ou os bobos de plantão,
leva pra torre, castiga,
tranca todos no porão.

O amor tortura os fracos,
os fortes e heróis também,
é tirano democrático:
não alivia ninguém.

Por favor, tô implorando,
com todo fervor e pavor,
se me ama, mesmo um pouco,
proteja-me do amor!

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Caixinha de Costura - por Alba Vieira

Rolinho de linha barbante
agulha curva também
costura couro de velho
e até barriga de neném.

A poesia está em tudo,
fique atento, seu doutor,
são os olhos que nos dizem
onde se vê o horror.

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Corpo-Mar - por Alba Vieira

Do alto olho a espuma branca que chega à praia. Percebo como é linda ao configurar desenhos, formas diversas na areia branca.
Veio de tão longe, resultante do ímpeto de um mar bravio, esta água rica de movimento.
No sobe e desce insano do oceano explode nos rochedos, brindando a nova vida, capaz de florescer na terra agora úmida.
Em minha mente um torvelinho de pensamentos desfila, tentando individualizar-se. Chocam-se uns com os outros ou encaixam-se perfeitamente, gerando, de súbito, novas idéias que, luminosas, transfiguram meu rosto num sorriso de expressar a criação, o inesperado.
Mas é no amor que o mar em mim se manifesta, quando carícias seqüenciadas evoluem na dança celestial do desejo, fazendo o sangue pulsar nas veias, aquecendo e intumescendo, criando o ambiente perfeito, assim como a flor que se abre inteira pela manhã depois de receber o orvalho da madrugada. E, vermelho rutilante, percorre caminhos nos movimentos convulsos da paixão e explode, deixando, enfim, jorrar a água límpida, quente e nutridora do corpo-mar então todo-poderoso.
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Controle - por Alba Vieira

O controle é a armadilha de teia invisível e intrincada, onde aquele que tenta exercê-lo será inadvertidamente apanhado, até que possa entender que o verdadeiro poder reside na permissão da liberdade de ser, tanto para si quanto para os outros.
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Conceitos - por Raquel Aiuendi

A vida não passa
De mera matemática
Cujos dias somados
Diminuem o período
De existência
Absolutamente física
E em relação
Inversamente proporcional
Multiplica a existência
Ultradimensional
Que, diante
dos macro universos
não passam
de hipossignificâncias.

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Oportunismo Lúgubre - por Alba Vieira

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As desgraças são os fios que os vocacionados para vítima utilizam para tecer, cuidadosa e prazerosamente, sua mortalha.
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Velhice - por Alba Vieira

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A velhice é o viés de uma vida produtiva quando o nada fazer pode ser mais produtivo.
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Máscaras - por Luara Lua

Não quero máscaras
pros falsos eu quero vendas
pros cegos eu quero olhos
pros olhos eu quero lentes de vidro fumê
para um amor eu quero outro
para ilusão: os falsos vendados
para a paixão eu quero olhos
e de você eu quero
o outro lado deste poema.

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Tempo - por Alba Vieira

O tempo que marca as horas
Corre de medo de mim
Quando tento atrasar as horas
Nesta existência sem fim.
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Cara de Brasileiro - por Poty

É a nossa cara, é a nossa marca, é a nossa miscigenação… Mistura que nos faz um povo lindo, povo ousado, povo destemido, povo batalhador, povo sofredor, povo que não se entrega… Povo que não se abala, mas atrás da bala vai a luta para dela tirar proveito e mudar o que vem. Povo que trabalha de sol a sol. Povo que busca sua resignação.
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Aquele Banho - por Poty

Rito sagrado,
Que tem sua profana realização…
Água batendo no seu corpo nu,
Eletriza,
Magnetiza,
Aromatiza,
E relaxa…
… Banho de florais
Banhos naturais
Banho de sais…
… Banho de chuva
Banho de chuveiro
Banho de torneira…
… Banho cachoeira
Banho na banheira…
… Banho no hotel
Banho no motel…
Banho nas catedrais!
Alivia dor.
Massageia e lava o corpo e a alma.
Banho que é só meu
Também com meu amor!
Creme no cabelo
Sabonete no corpo,
Um tocar sem fim!
… Sensação de liberdade…
É inigualável!
Chega-se até mixar!
Viaja-se!
Fantasia-se!
Deseja-se!
Imagina-se coisa!
É uma sessão inabalável.

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Eu Sou Aquele - por Poty

Eu sou aquele que rouba teu coração,
Aquele que rouba tua mente,
Aquele que te ama!
Eu sou aquele que te faz emergir
Do meu naufrágio,
Aquele que te afoga,
Mas revoga na imensidão!
Eu sou aquele teu anônimo
Que anima,
Que mima,
Que atina,
Aquele que afasta o teu desânimo!
Eu sou aquele ladrão
Que levou teu coração,
Mas deixa pegada no chão!
Eu sou a tua paixão
Que aquece
E vai à contramão.
Eu sou aquele que tu resistes,
Mas não tem mais jeito
Já estou entre os teus peitos!
Eu sou aquele que afaga
No teu afã,
Como sendo o teu maior fã!

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Tua Pele - por Poty

Tua pele meiga,
Teu corpo nu…
Faz desejar qualquer um!
Tua pele macia,
Teu sorriso incandescente…
Faz cativar!
Tua pele sensual,
Tua vontade carnal…
Deixa transparecer sem ser igual!
Tua pele transpira,
Sua e dá arrepios!
Tua pele brilha,
Vem ao encontro
Do desencontro da minha!
Tua pele é desejo,
É ensejo que almejo!
Tua pele é fato,
É real,
É cabal,
Mas não a toquei.
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Seduza-me - por Poty

Nesta sedução serei a escravidão…
O próprio escravo a ser seduzido…
Não roubarei o teu desejo…
Serei a tua própria fantasia que me expropria…
Seduza-me sem ser a proprietária de meus sentimentos, mas o arauto de quem confia.

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A Seriedade e o Sorriso - por Poty

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A seriedade leva à morte, o sorriso à vida;
O carrancudo envelhece, o sorridente anima o ambiente!
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Natureza - por Poty

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A natureza não suporta o luxo e o desperdício e nem o aniquilamento da sua exuberância!
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Querer ou Ter - por Poty

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Querer não faz mal,
Ter é outro detalhe!
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Mundo Pequeno - por Poty

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Talvez eu não caiba no teu mundo,
Mas você caiba no meu porque sou desprendido das coisas mundanas.
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A Beleza - por Poty

A beleza é visível onde todos a vêem,
É invisível onde não a encontram…
Mas a mente a guarda para sempre…

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Rosa e Vermelho - por Poty

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Entre a rosa e o vermelho há muitas tentações…
Aí vem o Arco-íris para amenizar a angústia da escuridão.
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Fé e Política - por Poty

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Eu sou a política,
A fé é a minha convicção.
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Dualidade - por Thiago de Sá

Se existem fases que não me preocupam,
São aquelas que eu não conheço.
Pois, os paradigmas em seus paradoxos,
São peremptoriamente confusos e complexos
Para que nossa débil mente compreenda.
A vida não se resume apenas em palavras,
Pois, por muitas vezes palavras são apenas palavras.
Não sei se é uma infeliz coincidência,
Ou a triste realidade!
Realidade que é ilusória.
Ilusão que é real.
Sonhos que são cruéis!
A história nos remete a uma fraca aliança
Entre controle e descontrolado.
Pobreza; Riqueza.
Guerra; Paz.
Dor; Alivio.
Morte e Vida.
Tudo em um misto chamado de Humanidade.
Onde o oposto não passa de aposto.
Tudo sobreposto na grandiosa e ínfima,
Humildade de um divino Deus.
Que se encontra reunido com seus filhos e irmãos
Em um grande ágape de emoção.
Diária ou cotidianamente,
O ser humano se leva a um ápice de loucura.
Loucura controlada pelo brilho que reluz a sua frente.
No pão se transforma a carne!
No vinho o sangue!
Na alma se transfigura a santidade!
Assim somos nós… Perdidos em nossa loucura.
Que escolhida foi para confundir os sábios.
Do sim hoje e do não daqui a um pouco!
Na multiplicidade dos arquétipos,
Na dualidade do bem e do mal
Vivemos na insanidade de vivermos.

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sábado, 27 de dezembro de 2008

Destino da Mão - por Kbçapoeta

A fase que mais se tem justiça
É a da justiça com as próprias mãos
As mesmas mãos que deslizaram por seus cabelos
Aquela mão
Com o indicador em riste
Tocou-te nos lábios pedindo-te silêncio
Para você ouvir eu te amo
Sim, a mesma que de tão atrevida
Tocou-lhe no sexo e te convidou para dançar
Pela primeira vez
Sim
A mesma mão
Que de tanto amor executava a pena
Mesmo quando esta se anunciava injusta
Sim
Pobre mão
Que se desculpava
Que se a violência era necessária
Mas que depressa essa mão executa
Se, em um segundo ela exulta
A alma chora
E tudo se perdoa



Abraço a todos do “DUELOS”
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Visitem Kbçapoeta
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Feliz Ano Novo - por Alba Vieira

Está chegando a hora da virada. Pode ser apenas o momento de virar a folha do calendário ou você pode fazer desta hora uma verdadeira virada, uma transformação na sua vida. Você é quem decide.
Tudo começa na nossa imaginação. Podemos imaginar este novo ano que se inicia como uma viagem.
Está chegando o instante de você se pôr a caminho…
Aonde irá? O que levará na bagagem? Já sabe para que lugares vai?
Ficará muito tempo em poucas localidades ou passará por inúmeros novos locais com estadia breve? Conhecerá novas terras profundamente ou visitará apenas monumentos e paisagens recomendados por outros, com olhares fugazes e superficiais?
Você levará uma enorme bagagem que dificultará seus movimentos ou partirá portando apenas o necessário para garantir sua sobrevivência e permitir sua aventura rumo ao desconhecido?
Vai viajar sozinho, aprofundando-se em si mesmo ou quererá a companhia de alguém especial ou mesmo viajará em excursão com amigos ou desconhecidos? Você partirá para encontros ou para uma aventura sem destino, apreciando e aprendendo com o que encontrar no seu caminho? Viajará querendo usufruir apenas as belezas, festas e maravilhas da caminhada ou estará preparado para enfrentar os obstáculos e imprevistos?
Partirá com o coração aberto, certo de que o que virá será o melhor para você e estará em condições de vivê-lo plenamente ou tremerá de medo, pensando nas dificuldades que poderão advir? Estará preparado para assumir os riscos e se empenhar nas subidas, para chegar ao topo, poder se encantar com a paisagem vista de cima ou preferirá se abster de contemplar o belo enquanto, com passos certos e tímidos, percorrerá apenas estradas já conhecidas?
A escolha é sua. Tudo dependerá somente de você.

Não sei como será sua viagem neste 2009, nem como será a minha, mas estou cheia de esperança, curiosidade, confiança de que os caminhos escolhidos por meus pés serão os exatos para mais esta jornada, os melhores para mim.
Que assim seja para você também, e que seus olhos estejam bem atentos para enxergar, seu coração em paz e aberto para receber as dádivas da vida.
Solte-se, arrisque-se e se responsabilize por sua atitude corajosa de criar sua felicidade hoje.
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Flores em Escarpas - por Alba Vieira

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A intenção de postar imagens neste blog
é propiciar inspiração para textos referentes a elas.
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Colcha de Retalhos - por Raquel Aiuendi

A vida se encontra retalhada, são retalhos que migram para as grandes cidades, mas de pequenas oriundos…
Retalhos rotos, novos ou velhos, retalhos com formatos tão variados… são retalhos.
Retalhos de morim, algodão, malhas variadas, cetins, de seda, de chita… são retalhos.
Entre pedras e asfalto, máquinas e CO­2, suicídios (materiais, emocionais e espirituais), cinzas, decibéis débeis que só sobem… sim, há retalhos de azul, natural, de olhares, vida e silêncio que encerram um pedaço de éden escondido em cada um de nós… são retalhos: todos recicláveis.
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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A Vida Continua - por Kbçapoeta

Quando nasci perguntei:
Porquê?
Quando esse porquê foi resolvido
Já era resposta obsoleta
Sendo resposta obsoleta
A vida continuava vazia
Sendo vazia
Obsoleto tornara-se meu viver
decidi passar propiciar como cupido
Um delicioso e sensual encontro
A navalha deslizando em minha garganta
Nua
A seiva vermelha jorra aos borbotões
E a vida continua




.........................Visitem Kbçapoeta
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Pedido ao Papai do Céu - por João Luis Amaral

Querido Papai do Céu,

Hoje eu quero fazer um pedido especial: quando eu crescer, eu gostaria muito, muito mesmo, de continuar sendo criança. É o meu sonho. Por que ser grande é muito chato.
A gente aprende um montão de coisas legais quando é pequeno – ensinado pelos grandes, veja só – mas tem que esquecer tudo quando cresce.
Dá para entender? Eu não consigo.
Perguntei para a minha mãe, entre uma dobradura e outra no meu super barco de papel, se tem alguma razão para isso acontecer.
Ela tentou explicar, mas confesso que não entendi nada.
Falou que era por causa do trabalho, das obrigações do trânsito infernal, das intermináveis contas para pagar, da obrigação em acompanhar o noticiário diariamente (além de ter lido o jornal), saber como fechou a Bolsa daqui, como abriu a Bolsa de lá; onde está o dólar, quem está em guerra com quem, em quem votar na próxima eleição, o time do coração que não está nada bem, a sogra que virá no fim de semana, o presente do cunhado… essas coisas.
Ouvi tudo com atenção, mas voltei para o meu barco de papel sem responder coisa alguma.
Eu, hein? Prefiro ficar aqui, enquanto posso, fazendo tudo o que gosto:

Andando descalço pela gramaJogando água na terra até virar lamaFazendo castelo com pedrinhasTentando bater meu recorde de sete embaixadinhasJogando uma partida de vídeo-gameAcampando na sala com lençol, travesseiro e as cadeiras da sala de jantarPlantando feijão no algodão e esperando brotarMisturando banana com mel e aveiaPintando papel com tinta a dedoRecortando figuras das revistas e colando num outro papel, só para ver no que vai darMontando outro castelo, agora de cartas de baralhoEscrevendo escondido na parede atrás do sofáJogando a bolinha para meu cachorro trezentas vezesTomando picolé de frutasMisturando sucrilhos com leite e nescau, à tarde, em frente à TVImaginando figuras engraçadas nas nuvensAcompanhando o caminho das formigas pela paredeJogando bola, queimada, vôlei ou qualquer outra coisaBrincando de péga-pégaMontando uma casa de madeira na árvoreTocando a campainha da casa do vizinho e fugirPaquerando a filha do vizinhoIndo ao cinema no meio da tardeChupando manga tirada direto do péAndando de bicicleta sem capaceteAprendendo a subir em árvoreTomando água da torneiraRindo à beça das trapalhadas que eu mesmo façoLendo um livro deitado no sofáAprendendo a fazer pão-de-queijo (e ficar olhando dentro do forno até crescer)Tomando banho de esguicho num dia de sol quenteDescascando laranja tudo erradoMisturando coca-cola com sorveteQueimando papel com uma lupaFugindo de abelhaComendo doce de leite sem culpaTomando refrigeranteJogando sonrisal na beira do mar e escorregando nelePegando jacaréPassando requeijão no panetoneJogando rouba-monteCompletando o álbum de figurinhasJogando bafo com as repetidasAssistindo desenhosDormindo no meio dos filmesCorrendo atrás de borboletasSujando a calça no muro brancoDançando alucinadamente no meio da salaCavocando a areia até achar águaJogando pedrinhas no fundo da piscina e mergulhar para buscá-lasTomando leite bem cedinho, tirado na hora da vaca, num copo com açúcarAssistindo filme de terror no cinema e ficar com medoRalar o joelho e passar mertiolate

Está vendo? É tudo muito mais divertido. A gente cansa no final do dia, fica quebrado mesmo. Tão cansado que dorme antes da novela das oito, que hoje em dia começa às nove. Mas vale muito a pena.

Agora, Papai do Céu, vou tomar banho para jantar. Preciso tirar o terno e a gravata, colocar meu pijama e fazer lição de casa, senão meu chefe vai brigar comigo amanhã.

Amém.

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Bolo Inglês - por Raquel Aiuendi

A minha origem é
Tupi
bantu
e do afro outras mais
Influência do latim
também se expressa na língua
que se desenrola em minha memória.
Depois vieram o apartheid, a ditadura,
de acordo com nossa história
as multinacionais, diferenças sociais,
capitalismo, globalização, tantas e tais...
O que me admira, no entanto,
É por que, e porque tanto,
Temos que viver do inglês
Esse bolo tonto.

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Nossas Escolhas - por Alba Vieira

Em relação às escolhas que fazemos todos os dias, várias perguntas poderiam ser feitas para nossa melhor avaliação de como estamos em determinado momento:
- você vive com quem gostaria de viver?
- o trabalho que você realiza é o que tem prazer de realizar, que atende aos seus anseios ou é o que se encaixa nas expectativas dos outros para você?
- nas suas relações íntimas você consegue se expressar como realmente é ou engole uma série de coisas para manter um falso equilíbrio da relação?
- você faz as coisas porque tem que fazer ou escolhe fazê-las por gostar delas?
- você tem sonhos, tem expectativas para o futuro, tem objetivos a alcançar em curto prazo, tem escolhas ou sua vida tem sido só contar os dias?
- você é livre para tomar suas decisões ou se sente preso a uma teia que você mesmo foi tecendo ao longo de sua vida e que agora o paralisa?
- você sacrificou a expressão de alguma habilidade, de algum talento, para favorecer alguém?
- você é capaz de expressar a sua verdadeira personalidade e temperamento ou se comporta de uma forma que agrade aos outros só para ser aceito?
- você se ama de verdade ou, por já ter sido rejeitado, passou a se rejeitar também, não se aceitando como é?
- você expressa seu poder pessoal? Sabe o que é isto?
Tantas perguntas, tantas respostas possíveis, mas a escolha é sempre sua: se vai continuar dando as mesmas respostas ou se vai deixar a mudança acontecer na sua vida para que seja mais feliz.
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O Quarto - por Ana

Meu quarto é esconderijo
Onde me afasto do mundo;
Tomando tantos remédios,
Buscando um dormir profundo

Que me isole dos meus sonhos,
Também dos meus pesadelos,
Pois uns não se concretizam,
Com os outros arranco os cabelos.

Então vou ficando careca
De tanto esquentar a cabeça.
Vou te contar o motivo:
Vejo fantasmas à beça.

Isso é culpa do meu pai,
Tão burro, tão esquisito,
Foi abrir uma funerária
Na própria casa, o maldito!

Já criança convivia
Com ele a cuidar das pessoas:
Lavava, vestia, arrumava,
E eu ajudava… na boa.

Então eu cresci assim,
Achando isso tudo normal,
Mas um dia eu descobri
O horror sobrenatural.

Como efeito funesto
Desta minha intimidade,
Os fantasmas dos clientes
Criaram dificuldades:

Começaram os petelecos,
Os gritos, os empurrões,
Os sustos a toda hora,
Pedidos e palavrões.

Almas pra todos os gostos,
Todas as raças e classes,
Pombas-giras, hare-krishnas,
Rabinos e kamikazes.

Desde meus quatorze anos
Na vida não tenho paz…
A morte me traz de tudo,
Me atentam até animais.

Pedi então, aos meus pais,
Um quarto só para mim,
Pra poder me proteger
Do assédio dos zumbis.

Dividir quarto não dava
Com meus outros seis irmãos,
Eles não gostam de mortos
E eu tinha uma solução:

Um exorcista famoso
Foi cliente lá da loja,
Usei seus restos mortais
Para afastar essa corja

Dos limites deste quarto,
Colocando, diariamente,
Um pouco do pó do santo
Nos umbrais e no batente.

E por causa disso, então,
Neste quarto são barrados;
Mas ficam do lado de fora
Berrando, os alucinados!

E todos os dias acordo
Em meio à maior zoeira:
Um vai convidando o outro
E assim cerrando as fileiras.

Eles são tão criativos
E também organizados,
Pra cada dia da semana
Têm um programa montado:

Às quintas, há possessão,
Às sextas, não posso comer,
Aos sábados, ladainha,
Domingos, karaokê,

Às segundas, vejam só,
Me jogam pelas janelas,
Às terças, total desespero!,
Dia de bater panelas.

Dolorosas são as quartas:
Resolvem arrastar correntes…
Nos dias de feriados
Danam a ranger os dentes.

Não agüento mais sofrer…
Eles são tão insistentes!
Pelas cinzas de minha avó
Já jurei, solenemente,

Nunca mais quebrar vasinho,
Nunca mais chutar jazigo,
Nunca mais roubar defunto,
Nunca mais puxar umbigo.

Não fazia de maldade
Ir zoar no cemitério,
Trazer sempre souvenir
Quando ia ao necrotério.

Peço a Deus pra me livrar,
Acho que eu meio mereço…
No quarto, com dedos nervosos
Giro as contas do meu terço

Pedindo pra eles sumirem…
Parece um tormento eterno!
Não agüento este sexto sentido!
Vão pros quintos dos infernos!

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Fases - por Poty

Fases são fases! [...]
Tenho as minhas,
Os outros também.

Tem as da natureza.
Tem as dos animais.

As do bicho homem
São as que não detém,
Mas vive das que retém.

Ora sofre,
Ora mantém,
Ora desiste,
Ora vive num desdém.

Ora sai de uma
Já cai noutra.

Prefiro de fases diferentes
Para não cair na mesmice.

Vou de fase em fase
Para não ser igual
Com os que dizem que não têm.

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Almejo - por Poty

Não quero saber o quanto vale a vida,
Só pretendo fazer dela o que sou capaz!
Sem querer usufruir… (além do que posso).
O que não cabe é julgamentos espúrios;
Sem a mínima condição de retratar os erros
Dos que acham que estão certos!
E, eu com meus erros, há de fazer o que?!
Continuarei a viver,
Seja com erros ou acertos.

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Crescimento - por Poty

Eu criança,
Moço,
Esperando o tempo passar…
Vou seguindo a vida
Na esperança de ser velho,
De mais idade,
Melhor idade…
Seja o que for…
Vou usufruindo
Do meu aprendizado.
Me fez ser para gostar da vida como adotei.

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Criador - por Poty

Sou o criador de minha cria,
Confesso,
Não seria mais que isto;
Porque não quero ser o dono dela.

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O Quarto - por Poty

O quarto é a essência de momento eternizante…
Uns dizem que é sagrado,
Outros dizem que é profano.

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A Vida Continua... - por Poty

Quem nasce,
Vive para sempre.
Quem aprende a viver nasce sempre.
Quem passa a cada momento da vida,
Renasce das cinzas,
Porque da semente brotou…
Do pó se reviver…
Quem cresce vivendo,
Aprende acertando
E errando…
Vai seguir seus passos.

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Singularidade - por Poty

Eu não quero ser igual aos iguais,
Nem ser diferente aos diferentes;
Mas ter a minha singularidade
Na vaidade que a idade provê.

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Amanhã - por Poty

Amanhã talvez, mas hoje pode ser…
Não deixemos para depois o que podemos fazer aqui e agora…
Amanhã porque, se posso te dar hoje!
Amanhã pode ser tarde, então faremos o que somos capazes hoje!
Amanhã ficará o que não acabamos, mas hoje faremos o que corpo agüenta, porque amanhã talvez esteja cansado.

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Sensibilidade - por Leo Santos

Sensibilidade é alma viva
Tatuando contornos do corpo
Fazendo quedar absorto
Aquela que o tem e cativa

É um sexto sentido qualquer
Que a ambos os sexos consome
Não é propriedade do homem,
Nem o que dizem habitar na mulher

É chapéu pra cabeça que cria
Nas tintas da arte, pincel
Nos arroubos do poeta, pena e papel
Nos versos da vida, poesia

O esperanto em que versam
Aborígenes da terra do sonho
Ao fazerem como eu, que componho
Fluentes, no idioma conversam

É alma plasmada que identifica
O que cria e o que admira
Notas da mesma lira
Causa e efeito de almas ricas

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Alma Penada - por Francisco Nascimento

Descobri o meu dedo os meus dedos sobre as teclas do meu computador escrevendo
e isto me possibilitou uma infinidade de situações feito
uma alma penada, visitando o meu site.
Me espantei com isto.
Veio de alguma encruzilhada na web que eu…
Agora ela está chegando para me pedir um fumo de rolo.

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Os Amores de Minha Vida - por Ana

Os amores de minha vida
são muitos, tantos, demais…
Incluem os meus irmãos,
amigos e animais…

Dois amores namorados,
um de início, um de final,
paisagens inesquecíveis
e comidas de Natal.

Os amores de minha vida
incluem um biscoitinho,
um feijão, duas minhocas,
e mais um monte de sobrinhos.

Minha vida se resume
a sentir todo este amor,
viver só pensando neles
em qualquer lugar que for.

Não há coisa mais profunda,
mais perfeita ou divertida
do que estar sempre acompanhada
dos amores de minha vida.

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Sintonia - por Alba Vieira

Busco um sentido para meus dias.
Com afã, como antes buscava, só que agora nada é fácil.
Outrora, me saciava com expressões materiais.
O trabalho, as posses, as conquistas pessoais.
Hoje, tudo isso é prescindível.
Tudo se mostra efêmero e conduz a um imenso vazio.
O que procuro já não se mostra.
Ou foge na tentativa de me atrair.
Antes, espreita no recôndito do meu ser,
Anseia pelo nosso encontro,
Plácida, confiante, a que tudo sabe…
Minha alma sorri, antevendo o momento eterno em que seremos uma só.
Enfim o casamento ideal e o nascimento possível dela…
Daquela que poderá talvez tardar
Ou, antes, ser mesmo abortada
Ou então surgir prematuramente
(Conseqüência, por certo, de variadas dores).
Todavia, sua chegada será gloriosa,
Transformará completamente a criatura,
Acalmará, conferirá segurança,
Sossegará os dias
E alongará as noites em sonhos possíveis.
O que minha alma aguarda,
Trazendo ao meu ser profundidade,
Inquestionavelmente preciosa,
É ela: a tal maturidade.

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Recado (de mim para mim) - por Alba Vieira

O que tenta me mostrar a vida que não consigo enxergar?
Por que estou com esta dor tão forte e limitante?
Que a situação em que me encontro me impede, limita, restringe, eu sei.
Que isso tem a ver com a direção de vida, com as fronteiras entre o que a cabeça pensa, o coração sente e o que o instinto determina, também estou sabendo.
Não posso ignorar que tenho me excedido, que por mais flexível que eu tente ser, há momentos em que a vida pede demais e eu não consigo acompanhar.
Sei disto tudo, mas com o que não consigo atinar é com a necessidade de sofrer, de ter uma dor tão aguda, tão desesperadora, que me dá tanto medo e dificulta minhas funções normais.
Mal consigo engolir ou falar.
Sei que aí também é bandeira: o corpo me aponta as coisas que preciso e não consigo engolir e deixa bem claro que é melhor ficar calada.
Se engulo, não desce; se falo, tem que ser bem baixo.
Mas o que é mais triste e, ao mesmo tempo, desafiador e orientador nos sintomas,
é que este torcicolo me impede de olhar as pessoas nos olhos, olhar para cima.
Só consigo, ainda que com bastante dor, manter os olhos baixos, a boca fechada, o pescoço reto de quem deve seguir sempre em frente.
O braço esquerdo também está limitado, expressando dificuldade no sentir.
Preciso integrar as mensagens para me transportar, digo, transformar.
Ato falho. Valeu…
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Encontro - por Raquel Aiuendi

Muitas vezes não precisa de palavras para que seja uma realidade: basta abrirmos uma porta e deixarmos que o próximo entre e se sinta confortável; basta que tenhamos VONTADE, SIMPLICIDADE e estejamos com a VERDADE para que resulte em COMUNHÃO.

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

É Natal! - por Ana

É Natal! Felicidade!
Ouça os alegres sininhos!
Espere o trenó, as renas,
Papai Noel, presentinhos.

Aproveite esta data
para sonhar, festejar,
encontrar com as pessoas
para confraternizar…

Se está triste de saudade,
tão sozinho, sem ninguém,
outros também sentem assim,
precisando de um bem.

O que fazer nesta hora
de tamanho sofrimento?
Ir pra baixo das cobertas
remoendo seu tormento?

Acho que não é boa idéia
cear só desilusão,
ter de presente o vazio,
e brindar com a solidão.

Se seu mal é de saudade,
se há uma pessoa ausente,
tente fazer o seguinte:
pense que ela está presente.

Diga coisas amorosas,
reviva os bons momentos,
deseje Feliz Natal,
abrace-a em seu pensamento.

Passe a noite com ela,
ligue a quem de direito,
depois vá dormir tranqüilo,
sonhando o amor perfeito.

Neste sonho, sem lamentos,
ela lhe aparecerá,
dizendo que ainda vive
e que sempre está a te olhar.

Sentindo-se renovado,
ao acordar no outro dia,
verá que o Natal foi bom
e a casa não está vazia,

porque você permitiu
saber que em sua alma habita
a certeza de outra alma
que, em sonhos, te visita.

E que embora não palpável,
é capaz de ainda ter
sentimento tão profundo
que fez você perceber

que a falta nós criamos
por sermos cegos demais,
já que amor não morre nunca
e não abandona jamais.

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Desdobramento - por Alba Vieira

Não estou em mim, viajo por terras distantes, terras onde já vivi, onde deixei marcas profundas que ainda hoje se expressam em sentimentos de seres que habitam por lá. Passeio por estes lugares que me são familiares, refresco a alma em ares ali presentes, vibro numa dimensão estranha. Sonho. Talvez seja sonho, talvez desdobramento. O fato é que não estou aqui. Hoje sou pela metade e isso não me causa incômodo porque, afinal, qual de nós vive em plenitude?
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Caminho - por Alba Vieira

Procuro dar sentido à minha vida. Passo pelos dias buscando o que realmente sou. Sei bem o que não sou. Não sou esta corrida desesperada, a cabeça tonta, os olhos vermelhos de se arregalarem o dia todo. Não sou esta máquina de fazer que repete, repete, repete. Não sou alguém alienado que passa pelos momentos sem ter a plena consciência deles. Sou algo além de tudo isso. Eu sou a delicadeza de movimentos. Sou o pensamento coerente. Sou o coração aquecido pela convivência com os semelhantes, próxima e harmoniosa.
Tento me expressar de alguma forma e quase não consigo. Na corrida desesperada, na gincana que se transformou meu cotidiano não encontro qualquer compensação. É tudo muito vazio de sentido. Procuro a arte como forma de expressão. É a alma querendo esvoaçar sem conseguir. Pinto e na mistura das tintas me liberto e encontro sentido. É muita coisa querendo explodir em mim. Mas o cansaço me acorrenta. O cansaço me impede de conseguir fazer alguma coisa realmente criativa. Se tento escrever, as palavras não seguem o fluxo das idéias. Fico titubeante, oscilando entre uma palavra e outra, sem terminar a frase. É um tormento!
Sou um barco à deriva depois de ter em vão me debatido contra os rochedos sem conseguir ultrapassá-los.
E navegar é preciso.
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Expressão - por Alba Vieira

Pinto buscando saber quem sou.
Recolhendo os cacos de mim mesma,
refaço o quebra-cabeça
e ouso vislumbrar o todo…
Quem sabe, um dia?

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Colcha de Retalhos - por Raquel Aiuendi

É colcha de retalhos que vou criando diariamente. Retalhos que me são doados altruistamente: seleciono, organizo, acondiciono ou descondiciono de seus amarrotados modos. Nunca os jogo fora, os guardo e reciclo, recondiciono… retalhos que garantem meu crescimento, retalhos que me possibilitam unir o que separado esteve, retalhos que consertam o irreparável, que dá vida ao estático… retalhos são pensamentos, retalhos são momentos, retalhos, retalhos, retalhos… são principalmente você, eu e todos a construir uma colcha de retalhos de AMOR.

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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Convite - por Fernanda Lobo

CONVITE foi o tema a escrever e pego-me futucando a memória, buscando o ITE do CONVITE no termo literário. ITE é inflamação, como apendicite, amigdalite e assim por diante. Mas não existe ainda o literaturite, que seria uma inflamação positiva e transbordante de literatua terminanda com ITE.Parece loucura, mas vivi esse ITE da literatura, quando ela, toda poderosa, trazendo universos em palavras, invadiu meu ser contador, historiando Brasil afora. Contava de tudo e os contos populares foram mais que minha “literaturite”, revivendo as lendas, causos, contos de assombração e tudo que vem dessa gente simples, de pé no chão, a relatar suas crendices com magnitude de bacharel.
De CONVITE deixo meu “literaturite”, que faz da gente muito mais que baú de letras. Fazem memórias, outros mundos tão iguais e também díspares de nossos conhecimentos, amadurecimentos… E desejando que essa inflamação do ITE fique nas pontas dos dedos digitadores, escrevedores, cada vez mais que as asas voem a registrar o improvável que a mente nos traz.

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Resposta - por Edmilson

Você me fez um convite
E agradeço
Mas tenho pouco tempo pra escrever
Após o trabalho

O que se escreve
No blog ou site de alguém
Quase sempre faz pensar

No momento após a leitura
A pessoa que você leu
Faz parte e está na sua identidade

O efeito da leitura em alguém
Dura apenas um instante
Sem ligar dentro na alma do leitor

Se ligar
Se continuar a lembrar do autor e autora
É porque ainda está na sua alma

Com efeito e tudo mais
Invadindo na alma por leitura
Mesmo contra a vontade de quem leu

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Pirulitos e a Vida - por João Luis Amaral

Era um dia comum. Apenas mais um, entre tantos outros, tantos iguais.Sol quente, pessoas circulando às pressas, atentas apenas aos seus afazeres, desatentas aos semelhantes.Ninguém se importa com os outros, são somente outros. Que sigam seus caminhos. E não atrapalhem o meu. É o que pensam, é como agem.
Vejo um senhor caminhando pela rua. Rosto simpático, olhos e pele claras, bochechas rosadas. Cabelos brancos como neve, barba rala e também alva. Calças largas, sapatos e cintos pretos, camisa sóbria. Leva um discreto par de óculos pendurados por uma fina corrente ao pescoço. Caminha tranquilamente, cumprimentando a todos. Distribui pirulitos às crianças, sorrisos aos adultos. Sorrisos contagiantes, diga-se.
Figura que se diferencia da multidão. Figura que chama a atenção. Páro por alguns instantes para observar. O mundo que espere. Algo inusitado está acontecendo.
Ele continua sua caminhada. Com a mesma tranquilidade. Sempre.
Chega até mim. Coloca os óculos, cruza os olhos com os meus. Olhos azuis que irradiam paz. Estende-me a mão. Cumprimenta-me.Retribuo, calado. Sem palavras, na verdade. Apenas admiro, sem reação.Busca na sacola um pirulito, volta a olhar-me nos olhos e diz:
- Tome, meu filho. É seu. Você só queria parar por alguns instantes, não era isso? Queria pensar na vida. Agradecer a quem o ajudou. Pedir perdão a quem feriu. Doar-se mesmo que por breves momentos a quem precisa. Acertar alguns rumos. Eis aqui o seu tempo. E, de quebra, tem sabor de framboesa!
Os pensamentos se misturaram. A confusão tomou conta. A única pergunta que consegui fazer:
- Papai Noel?
Seguiu-se um leve sorriso, seus olhos agora mais brilhantes. Sua mão agora em meu rosto, morna, terna. E a resposta:
- Basta acreditar, filho. Basta acreditar….
E seguiu seu caminho.

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De Bem com o Mundo - por Alba Vieira

Meus olhos percebem o colorido de tudo. Estou aberta para o amor. Digo isto porque hoje saio pela rua e me deixo impressionar por imagens que ontem não me diziam absolutamente nada. Não é o mundo que está diferente. O trânsito continua caótico, as pessoas desesperadas, injustiçadas, depauperadas, correndo pelas ruas como sempre. Eu é que enxergo por uma lente benévola que me permite acreditar que o mundo é belo. Vejo poesia em tudo. No que observo, tantas coisas me trazem recordações de outras que já vivi. Os camelôs, as mães com seus filhos, a expressão dos que passam, tudo me transmite paz, tudo hoje é belo. Estou apaixonada pela vida e o amor dá colorido às coisas.
Pela janela do ônibus desfilam para mim imagens que aquecem meu ser. Estou por cima, suspensa, envolvida num manto amoroso, pairo acima de tudo, elevada pelo amor e, neste estado, nada parece difícil. Desprendo de mim um odor doce… de fazer amigos, de borrifar nas pessoas, de fazê-las serenas e também amigas.
Não sei o que possa ter motivado isto. Há dias em que acordo assim iluminada e então tudo ocorre perfeitamente bem. Abro meus caminhos com uma força invisível. Nem caminho… me desloco quase como numa dança, sem tensões. Não há medos, só confiança. E esta facilidade de me transportar para o momento presente é maravilhosa. Apenas sou, não há expectativa de futuro nem nostalgia de passado, estou aberta para tudo que se me apresenta, não há resistência. É só um fluir, sem estagnação, sem prisões nem bloqueios. Sou eu quem dirige meus passos.

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A Crise que Cura - por Alba Vieira

O que mais chama atenção no mundo atual são as mudanças repentinas. É certo que há algum tempo parece que o tempo passa mais rápido, a urgência é a ordem, todos têm pressa, as crianças já têm nascido aceleradas, o stress é a vedete dos consultórios, a comida é fast food, os carros são ultravelozes etc. Os estudiosos comprovaram que mudanças no eixo de rotação da Terra trouxeram a redução real do tempo, o dia ficou mais curto. Mas agora, além disso, estão sendo mais freqüentes os fatores externos trazendo alterações profundas nas vidas das pessoas, de formas abruptas e, quase sempre, alterações relacionadas à perda.
A crise mundial econômica é um empobrecimento globalizado, puxado pela desestabilização da economia da maior potência econômica do mundo. Isto não só foi inesperado como inusitado. Quem diria que os Estados Unidos passariam por isto? Diriam somente aqueles que tinham olhos de ver, os antenados com as verdades eternas que conhecem as leis, sobretudo a da polaridade. O crescimento impiedoso desordenado, completamente alienado e insano só poderia trazer, de rebote, a crise, o caos. Por que tudo isto? E para quê? As manchetes diárias mostram as maiores potências mundiais, paises ricos tremendo e se desestruturando, ainda que utilizando tentativas desesperadas de estabilização com perda financeira, desemprego e recessão. E tudo assim… da noite para o dia, pelo menos para a população geral que não estava inteirada da possibilidade da economia ruir e, num efeito cascata, dominó, sei lá como, todo o mundo vai sendo atingido porque a economia também é globalizada. O Brasil ainda não sofre, diretamente, mas já se prepara para o tempo ruim que virá e, por hora, alguns já se aproveitam para ganhar em cima da provável crise.
A natureza, por sua vez, contribuiu para esta puxada de tapete de iguais proporções, de qualidades diferentes, mas tão arquetípica quanto a crise financeira, expressão da carta da Morte do tarô e também da lei da polaridade. O exemplo mais recente, aqui no Brasil, é a catástrofe que ocorre em Santa Catarina. A proporção das enchentes é a maior que já se viu por aqui, atingindo milhares de pessoas e também afetando drasticamente a economia do país por paralisar o porto de Itajaí. É dor generalizada e súbita, que se prolonga e traz conseqüências funestas.
Mas o que podemos extrair de tudo isto? Sim, porque os atingidos não são e nem podem mesmo ser apenas aqueles diretamente tocados pela tragédia ou emocionalmente relacionados a estas pessoas, e sim qualquer um de nós, expectadores dos acontecimentos. Entretanto, é preciso que endireitemos e concentremos o olhar, apreendendo dos fatos a mensagem mais importante e urgente: o mundo mudou, os valores devem mudar, o que mais importa agora não são os bens e sim a emoção, o material perdeu para o coração. As leis do coração devem, agora, dominar o mundo e isto é óbvio, é gritante para os que querem ouvir. Se compreendermos isto e cedermos à mudança, a harmonização virá, já que se trata de lei. Se teimarmos, a dor será maior, as ocorrências deste tipo se repetirão até que possamos entender que os tempos já são outros e, apesar de tudo, bem melhores. As imagens sobre Santa Catarina são bem claras: famílias que perderam tudo, devastadas pela dor de repentinamente não terem onde ficar, apenas com a roupa do corpo, desmanchavam a expressão de dor e sorriam entre lágrimas, abraçando e sendo abraçadas, em todos os sentidos, por vizinhos emocionados que abriam suas casas e corações para eles; outros, vítimas de desabamentos, sorriam felizes porque, tendo perdido todos os bens materiais, conseguiram salvar o que para eles era mais importante: um filho, um parente, um amor… Não que em outras tragédias não tivessem ocorrido fatos desta natureza, mas é que, agora, eles são a regra e não a exceção. E, da mesma forma, a crise econômica mundial trará, para as nações mais ricas, um crescimento enorme, importantíssimo, só que de outra natureza: o nascimento de solidariedade e a transformação da base de segurança, que passará da solidez econômica para o sentimento.
A capacidade de subsistir à crise fortalecerá os valores internos e fará uma espécie de seleção natural daqueles mais emocionalmente seguros porque, ainda que tarde, os homens comuns entenderão, finalmente, aquilo que os místicos sempre souberam: que a força não é conferida por recursos materiais de qualquer natureza (dinheiro, bens, a porção física do ser…) e sim pelo imaterial (valores morais, crenças, habilidades…); enfim, pelo que anima nossos corpos, que está acima de tudo isto e não nos pode ser retirado em qualquer circunstância. A nossa alma, o amor que ela é capaz de expressar, é o que subsistirá e que, a partir de agora, deve estar à frente nas relações humanas para que haja o tão esperado equilíbrio em todas as esferas. E assim será, aceitemos ou não.
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Resposta a "Se Minha Criança Sofre"... - por Alba Vieira

Se escrever é terapêutico, o que dizer sobre o que você nos provoca com este texto sobre a dor da nossa criança?
É um convite irrecusável para que olhemos para ela. E todos nós a possuímos, mesmo que tantos não saibam disto. Mas de fato ela está dentro de nós e clama pelo nosso olhar e cuidados.
O seu texto é mágico, é lúdico, comunica-se imediatamente com a criança em nós. Ela é atraída por suas palavras doces, por seu cuidado amorosamente oferecido, seduzida pelo carinho e proteção contidos nas entrelinhas. Hipnoticamente nos deixamos levar e lá estaremos nós outra vez, vivenciando as experiências do passado.
Mergulhamos, em regressão, seja nos fortalecendo enquanto relembramos e revivemos aquilo que foi bom, seja repetindo momentos difíceis (tantas vezes quantas necessárias) com a oportunidade de cura.
É certo que ao lermos este texto mesmo que a mente consciente não entenda (e é até bom mesmo que se distraia), nosso inconsciente vai captar a sua proposta de cura e aceitá-la. A mente inconsciente sabe bem o que fazer para curar nossas feridas, só é preciso ativá-la. E, mesmo sem ter consciência, nossa parte adulta estará lá, ao lado da nossa criança sofrida, cuidando dela, repassando as dores, transformando, ressignificando e promovendo a cura.
E este processo irá se desenvolvendo sem que saibamos, enquanto nos ocupamos de outras tarefas, nos envolvemos com outras pessoas e também enquanto dormimos. E sabe porquê? Porque falando diretamente com a criança, nesse ritmo dos seus versinhos, não haverá resistência… só aceitação. (Espertinha, heim?)
E já que a viagem é bem sucedida, fácil, sem efeitos adversos perceptíveis, uma brincadeira mesmo, nós leitores voltaremos, em busca de novas oportunidades de melhorar.
Será possível, na imaginação, enfrentarmos as bruxas, os dragões, os castelos mal-assombrados, os abismos, as masmorras, os fossos fedorentos habitados por monstros terríveis e tudo mais, porque, no fundo, sabemos que possuímos em nós (sempre) todos os elementos necessários para vencê-los, ainda que estejam adormecidos há muito, muito tempo…
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Descoberta - por Alba Vieira

Seria descoberta o que me aconteceu ou acaso mais um resgate nesta já tão longa existência?
Experimento esta terra clara, sem cheiro, sem gosto, que se liga facilmente e vai-me permitindo, devagar, criar formas que são familiares para mim. Aprendi a trabalhar com argila ontem e a emoção do aprendizado foi enorme. Sentir a temperatura fria desta terra nas minhas mãos, que vai subindo à medida que o contato com ela vai aumentando… é maravilhoso. A argila permite esta troca de energia que é tão terapêutica.
Tomei uma porção de terra nas mãos e iniciei uma brincadeira de tentar moldar alguma coisa. Foi inútil. Percebi que não deveria conceber antes a imagem e passar a moldar as formas; pelo contrário, deixava minhas mãos livres para que, tocando a argila, como que fazendo carícias, ela cedesse à força das mãos e desvendasse a forma que seria então possível. À medida que eu percebia a forma em potencial e continuava alisando a peça, sentindo nas pontas dos dedos o que ela queria soltar, como queria exprimir-se… ela ia se revelando. Fui visualizando as formas, o nascimento da figura, as curvas do corpo que ia sendo moldado, a sua postura, a expressão do rosto, a totalidade da peça. Às vezes queria refazer algumas partes, acentuar uma curva, aumentar uma protuberância, afinar um traço e notava que, se quisesse realmente controlar algum detalhe, ele se perdia. Eu violentava a peça. Ela existia por si própria. O processo de criação, uma vez iniciado, tem vida própria. O artista tem que ter a sensibilidade de acompanhá-lo, seguindo seus passos apenas, sem desviá-los. De outra forma, mata a criação.
Moldar uma peça é como proceder no amor. Tocamos e sentimos o que o toque provoca no outro. Tantas vezes as reações são leves, tão sutis que podem escapar aos sentidos daquele que não estiver por inteiro na relação e assim se perde o melhor, o efeito não estará à altura do esperado. É uma relação. Depende de um e de outro. É preciso estar inteiro no processo da criação. Temos que captar as sutilezas para atingir o êxtase. De acordo com a sensibilidade do músico, será possível tirar, do mesmo instrumento, variadas qualidades de som. Assim é no amor, que é arte, e em qualquer arte.
Falei em resgate porque senti que já sabia fazer aquilo e sabia que alguma parte de mim havia registrado este conhecimento, esta vivência; então não foi uma descoberta… antes, foi redescoberta. Entrar em contato com habilidades perdidas no tempo é difícil de explicar, mas no fundo, bem lá no fundo, a gente percebe que já sabe aquilo.
Também no amor é assim. Há, em nossa alma, a vivência do amor verdadeiro. Nem sempre alcançamos o quanto sabemos amar porque o que importa não é o que o corpo sabe fazer nem o que a mente quer que o corpo faça; no amor, corpo e mente, juntos, conduzem à música orquestrada pela alma. Na relação com o outro o ego se perde, só quando ele cede a alma toma para si a condução do espetáculo, e só assim é grandioso porque é pleno, porque a alma sabe, porque já amou de verdade em alguma vida, em algum ego que já foi.
No amor, na arte, na arte do amor não há controle: há presença, agudeza de todos os sentidos, há entrega. E para a plenitude deve haver a transcendência dos sentidos. E no gozo, como na arte com argila, só se é tudo quando se permite não se ser nada. A peça só aparece quando não esperamos nada dela, quando soltamos as mãos, suavizamos os dedos para que, na dança com a argila, componham a música orquestrada pelo maestro maior que é Deus em nós, a expressão da alma.
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Chove Fino - por Raquel Aiuendi

Chove, fino?
talvez imperceptível
chuva que se deixa
cair
cair
sobre um sentimento
angústia, abandono,
desilusão, desesperança…
chuva subliminar
tece lentamente
a superação
planta
uma calma sensação…
É sempre assim
depois de uma longa
chuva de amor.



(Para você, minha irmã.)
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aceleração do Tempo - por Theodiano Bastos

O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, acima de 100 km do solo do planeta. Esse campo possui uma ressonância mais ou menos constante da ordem de 7,83 pulsações por segundo. É uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera. Schumam também verificou que todos os invertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma freqüência de 7,83 hertz. E a vida se desenvolvia em relativo equilíbrio ecológico.
Ao retornarem à Terra, tanto os astronautas russos como os americanos que ficavam em órbita acima de 100 km, só conseguiam recuperar a saúde e o equilíbrio quando submetidos a um “simulador Schumann”. Todavia, a partir de 1980 e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. O coração da Terra passou a pulsar mais rápido e provocou um acentuado desequilíbrio; fez-se sentir: crescimento de tensões e conflitos em todo o planeta, perturbações climáticas, até furacão no Brasil e “até o aumento devido a aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é mais ilusória, mas teria base real neste transtorno da ressonância Schumann, afirma Leonardo Boff, que completa: “Cosmólogos e biólogos confirmam que Gaia, a Mãe Terra, é, efetivamente, um superorganismo vivo e que a Terra e a humanidade formam uma única entidade”.


O texto está na Internet no Blog Oficina de Idéias (O Blog do Thede).
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Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros:
O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas
e é idealizador e presidente do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação – CEPA – ES.
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Tardios Ventos - por Leo Santos

Agora, afloram as pétalas da oportunidade?
Agora, que meus pés já não rompem o limiar da cidade?
Na verdade, mais que passos, o fado me traz um porto, aeroporto
Depois de morto o sonhador na ilhota da resignação;
Meu barco já não arrosta ondas e pelas rondas dos vadios,
Sumiu o capitão.
Os cupins carcomeram as pás do meu cata-vento
E, agora??? Infame sorte!
A harpa eólica rompeu-se mercê do tempo,
E agora, sopra o norte?
Agora divirto outros, bobo entre risonhos,
Eunuco num harém de sonhos, peso morto;
Idéia vaga do que seja anelo
submisso a Cronos e seu martelo
Eis o meu Conforto!
Labor de enfeitar beldades,
pra tantos, de menos idade
E o sultão nem me paga;
Contar das pedras pra outros pés
Pra que evitem meu revés,
Eis a minha saga!

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A Ovelha Desgarrada - por pgricardo

Havre nunca havia conhecido o amor, seus olhos desgastados, seu silêncio eloqüente e sua dor que dói e não se sente, eram-lhe um mistério sutil, quando muito, arquiteturas de poetas vestidos de neve. Foi quando encontrou uma evangélica num ponto de ônibus. Lembrou-se do vaticínio de sua falecida tia, exímia vidente, que lhe dissera que ele encontraria sua amada em um domingo e essa seria morena; de fato, era um domingo e aquela senhorita era morena. Ele então sentou-se ao lado dela e ouviu comovido a história, já conhecida, de um messias, de um caminho de amor e paraísos eternos. Mostrou-se tocado por tais palavras e inventou horas inenarráveis de solidão e torturas diabólicas. A garota, comovida, convidou-o à igreja. Era sem dúvida um caminho inegável de salvação, mas sua timidez, entrar assim, sozinho, se ela não tivesse namorado ou pudesse guiá-lo.
-Levarei-o como meu amigo, era o que ele esperava ouvir e ouviu e o ouviu se repetiu na sombra invisível dos sons da lembrança. Naquela noite foi à igreja e para sua decepção homens e mulheres ficavam separados, o Pastor, através de uma péssima retórica, quis convencê-lo a entregar sua alma no altar e as pessoas o olhavam como a uma piedosa alma que precisava de apoio. Voltou à igreja por várias semanas, porém não resistiu e disse a verdade à garota:
- Eu te amo e só vou a igreja por ti. A verdade, mesmo que dolorosa, era que seu amor por ela estava acima de seu amor por Jesus, amor esse que nunca, realmente existira, afinal considerava o tal messias como um pouco ameno símbolo religioso, dotado de seguidores assassinos e singular capacidade de conseguir adeptos. A pobre menina, como uma boa mulher, sentiu-se feliz, contudo não podia aquilo deixar crescer. Disse a seu candidato a derriço que não podia relacionar-se com alguém não batizado: eu me batizo: mas o batizado é para entregar a alma a cristo: ninguém saberá: eu saberei!
Havre ficou carrancudo e resolveu falar com o Pastor V., a fim de batizar-se. O Pastor V., homem experiente, já fizera um levantamento da vida de Havre e descobrira que ele jogava bilhar, bebia conhaque e, um dos irmãos convertidos lhe dissera o mais grave, andava com prostitutas baratas! Quando Havre conversou com o Pastor V. na solidão da igreja e ouviu aquele homem criticá-lo de forma indireta, resolveu abrir o jogo e livrar-se de toda e qualquer ladainha, converter-se-ia à igreja por amor a uma mulher. O Pastor V. então se recusou, terminantemente, a batizá-lo, pois aquela alma nefasta não conspurcaria a casa de Cristo.
As pregações do Pastor V. começaram a ficar mais fervorosas no que tange a filiação a Cristo. Havre sabia que já era visto como um corpo estranho naquela igreja, continuar, sim, por que não, afinal seu amor era correspondido e sua falecida tia nunca errara antes de morta, por que erraria depois? Tentou convencer a garota a mudar de religião, com outro pastor seria mais fácil, ademais convencê-la a sair da religião, foi uma tentativa perigosa que Havre longo abandonou.
Quando Havre não ia a igreja ou quando em conversa com os jovens da igreja, o Pastor V. insistia nas notáveis formas de perversão do demônio, suas obscuras façanhas para afastar da fé, sobretudo jovens, seu poder de manipular aqueles não batizados e sua amável simpatia pela palavra amor.
Havre então insistiu com a sua amada evangélica. A pobre menina, perdida, não sabia o que fazer e numa noite resolveu ir à igreja para falar com o Pastor V.. Era um dia de chuva e não haveria culto. A menina achou estranho o portão da igreja meio aberto e resolveu entrar. Apesar de tudo escuro, lá no fundo da igreja havia uma tênue luz de vela, resolveu, não sei por qual motivo, espiar pela janela e qual não foi sua surpresa ao ver a boca do Pastor V., sim aquela boca que tanto falava em salvador, que dizia ser iluminada, a lamber uma vagina, sim, ou melhor não!! O Pastor V. estava com uma de suas fiéis que não sua esposa. Elisângela ficou desesperada, um mundo ruiu, foi à casa de Havre e lá fizeram amor.
O Pastor V. nunca mais viu Elisângela em seus cultos.
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Oferecimento - por Ana

Li que você está mal,
não tem nem onde dormir,
mas não desista, afinal
algo bom está por vir…

De onde menos se espera
surge mais uma esperança…
a felicidade paquera
aquele que não se cansa

de lutar com os próprios meios,
de buscar as soluções,
de apaziguar receios,
superar más condições.

A esperança se aproxima…
vem em forma de trovinhas,
ao concluir minha rima
verá que não está sozinha:

se precisar de um amigo
em meio às desilusões,
pode contar comigo:
ainda tenho uns tostões…
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Resposta à "Crise" de Alba Vieira.
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Meditação - por Alba Vieira

Li coisas interessantes por não ter o que fazer. Refleti sobre o lido por não ter o que fazer. Compreender o que seria… Não fazer nada é a chance de compreender. Fazer é compulsivo, é automático. Pelo menos o fazer sem consciência. Assim, não fazendo, temos a oportunidade da reflexão.
Não pensar. Pensar é dar explicações para si mesmo. Pensar é tentar explicar o que, por si só, é.
Quando apreendemos alguma coisa com os sentidos não justificamos nada, simplesmente captamos o que a coisa é. Valorizar os sentidos, ter a medida de suas possibilidades, ter atenção, é expansão da consciência.
Sair pelo mundo olhando, perceber a enormidade de cada coisa, dissecar as suas partes… Observar particularizando o olhar, mas sem deixar de ver o todo.
A minha proposta de agora é sair pelo mundo olhando mais detalhadamente, discernindo sons que me invadem, captando os odores, criando imagens a partir dos cheiros que sentir, provar os gostos do mundo como fazem as crianças, que levam tudo à boca. Mas levar à boca para sentir o gosto como um verdadeiro degustador. E tatear o mundo, sentir os contornos de cada coisa, me esfregar no mundo, em cada pedaço dele, tatear não só com as mãos, mas com todo o corpo, captando a textura, a temperatura e tudo mais. Ser através de todos os cinco sentidos e desenvolver outros que são potenciais. Intuir, saber sem saber, prever, estar acima das coisas, pairando sobre elas como a entendê-las, compreendendo seus motivos.
Potencializar o cérebro direito, permitindo que ele saia da clausura, podendo observar com maior abrangência.
Como transmitir para alguém, através da fala ou da escrita ou até da imagem, um passeio pelo campo num dia de chuva? Como passar a sensação do cheiro da terra molhada? Como fazer alguém compreender o que é ter as folhas secas das árvores estalando debaixo dos pés antes da chuva cair? É impossível transmitir a sensação do vento soprando, trazendo os perfumes e a frescura antes dos primeiros pingos de chuva. Como definir em palavras ou com traços num papel ou até mesmo com imagens de uma câmera sofisticada a simplicidade de um buquê de margaridas? Mesmo que a imagem tenha movimento, que haja som, ainda vai faltar muito, porque as margaridas são por inteiro, não se pode dissociar a imagem da leveza dos seus movimentos ao sabor do vento, do perfume que exalam e da frescura das suas pétalas se o orvalho já caiu ou não. A flor é tudo ao mesmo tempo e é interação com o que está à volta. Ela só compõe uma parte do quadro que a natureza forma.
Os pensamentos, as preocupações, as inquietações com o futuro, as prisões ao passado nos tiram do momento presente, da possibilidade de vivenciar cada coisa por inteiro. Nos tiram da vida.
Meditar é, em cada momento, estar presente realmente, com todos os sentidos.
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Viagem - por Alba Vieira

Hoje estou acima, não vivo apenas o real, me comunico com outras esferas que, menos densas, me alimentam quando estou assim tão fora/dentro de mim.
E o contato com estes dois mundos, por vezes, é esquisito, e me arrepio toda por uma emoção que não vem do que apreendo com os cinco sentidos, que transcende e me acende de prazer.
É pura criatividade!
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Espírito dos Mestiços - por Raquel Aiuendi

Ó Espírito que não nasce e não morre,
que sempre foi desde sempre para sempre.

Grande Espírito da Unificação
que reunirá o Povo, Seu Povo.

Espírito, torna a todos,
revelados ou não,
torna e tira as pinturas,
as peles desnecessárias,
as feições não originais
e os corações artificiais;
torna àqueles que somos todos nós,
espalhados pelo mundo,
com uma única marca:
a comunhão com Grande Espírito.
Àqueles que respeitam a Vida,
que professam o Amor,
que caminham com a Lógica
e vivem com Equilíbrio.

Ñande Ru, venha a nós.
Wamama, semeie-se
em nossa intenção de Paz.

Nosso Pai, permaneça à frente
do povo guerreiro que trava a luta
da harmonia e não de sangue.
O sangue precisa continuar
correndo em nossas veias,
pois com Vida escrevemos a história
que nunca foi escrita,
a história da coragem
de seguir em Paz,
a história da Inteligência Superior
que é o próprio Amor.
Que nossas pinturas sejam de louvor,
que nosso louvor seja atitude,
que nossa atitude seja sempre
pelo menos o dízimo
de seu Infinito Amor.
Amém.

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domingo, 21 de dezembro de 2008

Se Minha Criança Sofre… - por Ana

Os receios de criança
que persistem em nossas vidas
são lixos a jogar fora…
Vide a estrada percorrida:

seu corpo cresceu, mudou,
você amadureceu
em outros tantos aspectos
dentro do seu próprio eu;

passou por problemas diversos
com coragem os enfrentou;
sofreu com tristezas, perdas…
e com força as encarou;

cresceu profissionalmente
às custas do próprio valor;
ajudou tantas pessoas
com carinho e com amor.

Foi crescendo no tamanho
sem perceber que, a seu lado,
há uma menina pequena
que precisa de cuidado

e arrasta, pesadamente,
com as pequenas mãos feridas,
temores, medos, pavores
que lhes dificultam a vida.

Por vezes ela te domina
com seu pessimismo aprendido,
isto arrasa a alegria,
faz tudo perder o sentido.

Ela não pode influenciar,
você nela não deve crer;
pare, adulta, para ouvi-la,
para que ela possa viver

leve, como veio ao mundo,
alegre, feliz, satisfeita,
risonha e brincalhona,
uma criança perfeita.

Coloque a menina no colo,
cuide dela, beije, abrace,
console, acalente, sorria,
olhando-a face a face.

Diga que tudo passou,
“Das tristezas cuido eu,
cuido das dificuldades,
cicatrizo onde doeu”.

A ela cabe sorrir,
confiar na sua ação
assertiva nos momentos
em que lhes faltar o chão.

Diga a ela que aqui,
nesta terra de humanos,
há problemas, coisas boas,
sortes e desenganos,

mas que você constrói os dias
da melhor forma possível:
semeando alegrias,
afastando o que é terrível.

Se bobagens vêm à porta,
entrando sem permissão,
você cuidará de tudo,
pois esta é a sua função.

Que você sabe, convicta,
que cada pessoa uma vida;
as dores que são dos outros
não pertencem à sua lida.

Que você ajuda, se pode,
apóia, se for aceita,
colabora, tão amiga,
não faz corpo mole, não “deita”.

Mas que se algum mal surgir
dizendo respeito a vocês,
ela estará protegida
em seus braços, desta vez.

Desta vez e em outras tantas,
sempre que precisar,
pois adultos são pra isso:
defender e amparar.

Diga a ela que crianças
não devem se preocupar,
diga que não faz sentido
e explique, pra confirmar:

“Por que vai se preocupar
se o caso tem solução?
E por que se preocupar
Se é sem resolução?

É coisa tão sem propósito,
isto de preocupação…”
Esclareça a garotinha…
Acalme seu coração…

Depois de tranqüilizá-la
com todo afeto e calor,
faça uma coisa por ela,
definitiva, por favor:

desembarace a pequena
da tristeza do seu fardo,
jogue fora, de uma vez,
aquele lixo pesado.

Libere as suas mãozinhas,
cuide de seus ferimentos,
trate bem sua criança
e use bastante ungüento.

Depois de passado um tempo,
quando ela estiver curada,
toda boba, saltitante,
sentindo-se tão amada,

agradecendo com olhares,
te esticando os bracinhos,
pedindo colo, dengosa,
quando cansar no caminho,

te fazendo mil gracinhas,
sorrindo o tempo inteirinho,
te afogando em abraços,
te enchendo de beijinhos…

chame-a pra, com você,
novo hábito iniciar:
passar os dias da folhinha
sem temer o que virá.

Assim seguirá a vida,
mais tranqüila, finalmente,
envolta em felicidade
e segurança… plenamente.
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Há Outras em Mim - por Alba Vieira

Inquieta figura movimenta-se em mim.
Passeia de um canto a outro sem objetivo.

Ou prescrutando a vida, silenciosa,
em passos medidos, caminha com segurança,
talvez sabendo o que encontrará adiante.

Às vezes se solta,
indo decidida, balançando os braços,
olhando em frente, rumo à meta perseguida.

Mas um dia
corre desvairada, sem limites,
rasgando a existência, com desatino e coragem.

Algumas vezes
desafia o mundo, ignorando os obstáculos,
batendo de frente com as adversidades,
anestesiada de impulso.

Mas, tantas vezes,
esta figura se arrasta, sentindo cinza o caminho,
incapaz de levantar a cabeça e perceber fora,
tragada pela escuridão de dentro.
Logo se recupera curiosa, de olhos vivos, abre-se para o novo
e se inunda de imagens que, caleidoscópicas, se sobrepõem,
impressionando uma retina ávida de experiências.

Tenho enorme simpatia por aquela que é cega do mundo
e se orienta tão-somente ao captar o invisível,
traçando o caminho enquanto segue, sem rumo, sem destino,
desfrutando cada passo, vivendo intensamente.

(Ou será que minha avó tinha razão: “Esta menina é esquizofrênica.”?).
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Abandono - por Alba Vieira

Sou uma pétala
esvoaçando
ao sabor do vento,
solta,
embora levada
por algo maior…

Nesta liberdade de ser,
seguindo a própria natureza,
estou em paz.

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Preciosidade - por Alba Vieira

Jóia, pedra lapidada,
às vezes pendo de um fio,
balançando levada
pelo movimento
de um pescoço voluntarioso;
outras vezes,
enfeitando a aliança de amor,
componho uma prisão simbólica
que pode até ser
um jardim florido sem muros.

Mas sou a expressão máxima de preciosidade
quando, como camafeu,
repouso na caixinha antiga,
talvez com bailarina e música,
atapetada por nebuloso algodão cor-de-rosa,
como saudade envolvendo
todo o significado
de um presente do passado.

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Alter Nativa - por Raquel Aiuendi

O burguês
é um louco
numa sociedade
alternativa e
anarquista.

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sábado, 20 de dezembro de 2008

Recomeçar - por Jair Antônio Pauletto

Recomeçar é começar de novo. Não é nada mais do que o óbvio, no entanto é uma palavra ligada tanto ao medo, quanto à esperança. O medo de um novo fracasso, no qual estaremos novamente expostos ao erro e outros fatores, que por alguma razão, anteriormente, não alcançamos os resultados desejados. A esperança, por sua vez, está ligada à expectativa de iniciar uma nova caminhada em busca do que se deseja, com a certeza de que estamos mais experientes e conhecedores de certos obstáculos que impediram o sucesso anterior. Recomeçar com esperança é fundamental para obtermos sucesso em qualquer objetivo, pois é o combustível que nos faz andar atropelando o medo e a insegurança, que eventualmente pode surgir no caminho. É preciso coragem para recomeçar, seja reconstruindo algo que não deu certo, ou mesmo para lançar-se a um novo desafio.
A ambigüidade, entre o medo e a esperança que acompanham a palavra recomeçar, no cotidiano popular devem ser esquecidos e substituídos pela palavra chance. A chance de fazer melhor, de fazer diferente, de ser mais feliz. Recomeçar é: dar uma nova chance à vida; é acreditar que as oportunidades se renovam; que cada dia é um novo tempo nunca antes vivido por ninguém. Começar de novo é: permitir-se acessar outras formas de aprendizado; consertar erros; evoluir; é a chance de acessar novas páginas branquinhas e prontas para receber os registros de nossos aprendizados e conquistas daqui pra frente.
A vida nos proporciona uma infinidade de momentos favoráveis, para que possamos exercitar nossas potencialidades e evoluirmos como seres humanos, sejam elas no individual ou na coletividade. Entretanto, desperdiçar estas oportunidades, paralisados pelo medo é muito mais que falta de confiança, é não acreditar que podemos ser felizes, é não acreditar em Deus. É claro que devemos ser prudentes, e avaliar com atenção todas as possibilidades, mas permanecer paralisado com medo de recomeçar, é prejudicar o próprio crescimento. Quando se está diante deste medo é preciso ter serenidade para pensar, avaliar à situação isentos de preocupações, cheios de confiança e com a certeza de que o amanhã reúne todas as condições para desfrutarmos da felicidade.
Quando um ciclo chega ao fim, é sinal que se concluiu um aprendizado, embora que em muitos casos relutemos para aceitar o encerramento de um ciclo, de um relacionamento ou uma fase qualquer que só correu porque a lição que tínhamos de aprender foi assimilada. É uma verdade difícil de aceitar, mas basta um pouco de atenção para perceberemos quantas destas situações já vivenciamos. O recomeçar é o fim de um destes ciclos de aprendizado, ou seja, significa que já estamos aptos a novas lições e experiências. Permanecer no ciclo anterior é o mesmo que querer repetir de ano, no colégio, por várias vezes. Se um ciclo parece ter terminado, não resista, encerre-o e permita-se recomeçar. Jogue fora o que te prende ao passado, guarde somente a lição e estabeleça novos objetivos. Iniciar uma nova etapa é acreditar em si novamente, é permitir que a luz penetre no seu interior iluminando a esperança, aquecendo o coração. É como a primavera que vem e faz brotar o verde, o colorido das flores, dando continuidade à vida que parecia estar morrendo pelo frio do inverno.
Quem tem força e coragem para recomeçar vive mais e melhor, joga a tristeza fora e espalha alegria. Quantos jovens de mais de oitenta anos recomeçam todos os dias novos desafios, cheios de vitalidade, e quantos velhos de quarenta anos choram as perdas por terem se fixado no passado, tristes e cheios de medo com o amanhã. O que os diferencia é a atitude que os impulsiona para a felicidade, uma vez que a energia gasta com as lamentações e o medo de recomeçar é muito maior do que aquela que precisamos para iniciar uma nova etapa. Ao estabelecermos novos objetivos desencadeamos uma onda de energia mais leve, proporcionando as realizações, capazes de alimentar novos sonhos e conseqüentemente nos elevará a um novo patamar.
Às vezes não conseguimos fazer essa transição com tanta facilidade quanto gostaríamos, mas permanecer na indecisão é prolongar desnecessariamente uma dor que muitas vezes nos faz chorar. Se for preciso chorar, chore, pois chorar é lavar a alma, e então, com a alma limpa recomece sem medo, confiante que sempre é possível melhorar. Dar-se uma nova chance é permitir que os desejos divinos se manifestem e principalmente se concretizem através de nossas atitudes.
Espero que o seu recomeçar seja uma oportunidade em sua vida, uma renovação para novos aprendizados, crescimento e realização pessoal, mas sobretudo, que espalhe amor e esperança ao seu redor. Recomeçar é muito mais do que foi dito neste texto, pois tem um significado particular em cada um de nós, mas não permita que o negativismo se instale pela ação do medo. Independente do ponto de parada, até mesmo se tudo parece perdido, sempre temos a oportunidade de fazer de novo, e o que é melhor, com grandes chances de nos sairmos vitoriosos. Portanto, sempre que tiveres a chance de recomeçar, perceba que é uma nova oportunidade para ser mais feliz.