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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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terça-feira, 26 de maio de 2009

As Nossas Palavras XII

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Wordle: As Nossas Palavras XII
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Imagem: Wordle
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Napoleão Bonaparte em As Nossas Palavras XI - Citado por Adhemar

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Do sublime ao ridículo não há mais que um passo.


Visitem Adhemar
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Post Inesquecível do Duelos - Indicado por Dália Negra

Estas palavras me trouxeram a realidade de uma pessoa que está no final de suas forças, que já lutou muito e agora não vê mais possibilidade de reagir. É a desesperança muito bem definida e descrita. É profundo, tocante.



CHOVE FINO
(ANA)

Chove fino.
Caem gotas leves sobre minha alma de barro seco,
que não conhece flores há muitos anos.
Arrasto-me dolorida, sem erguer os pés nos passos inchados,
as roupas em trapos, encardidas pela aridez de minha paisagem interior
que suga a luminosidade da janela sem êxito.
Quando choro não umedeço,
é apenas a vazante de um rio subterrâneo que,
na superfície, secou faz tempo.
Minha pele é de camaleão, opaca,
confundida com os dias amarelentos.
Sabor de giz na língua, saliva grossa de sede,
cabelos de quem não se vê no espelho.
Não mais rimo a dor com outros sentimentos.
Sofro em uma depressão longa,
da qual não se vê o final no horizonte estéril.
Sigo em frente, sem lágrimas,
sem dor no coração, porque o desconheço.
Que é de mim? Não lembro...
Há tempos tive sonhos, hoje não durmo.
Meus olhos seguem duros por sobre o isolamento,
fixos em frente, sempre, fiéis à direção de meus passos involuntários.
Quero cair, prostrar, esquecer...
morrer sob um céu que não protege.
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Déjà Vu, Shintoni? - por Ana

No dia nove de maio,
O amado anfitrião
Inaugurou aqui o chat.
Pra mim, a maior emoção!

Poder conversar ao vivo
Com o nosso pessoal!
Pensei: “Valeu, shintoni!”
Que ideia genial!

Digitei, logo, feliz:
“Oi, galera! Tudo bem?”
Fiquei aguardando resposta,
Não apareceu ninguém.

O chat era muito esquisito
Ficou parado um tempão...
Esperei novas mensagens...
Não veio nenhuma não.

Olhava fixamente.
Nada dele se mexer...
Até que cansei daquilo,
Resolvi reescrever.

Mandei: “Tô aqui, meu povo!”
Surgiram mensagens novas
Junto com a reinvestida.
Entendi!... Passei na prova!

O troço não rola sozinho,
Temos que “Actualizar”!
Deve ser de Portugal...
Ou será de outro lugar?

Passada a primeira fase
Fiquei otimista! Pudera!
Já sabia o que fazer
Pra conversar com a galera.

Então danei a escrever:
“Ô, gente! Ó eu aqui!”
Mas ninguém me respondia
E vis. today a subir...

Eram 1, 2, 3 on line,
Eu nas mensagens de “Oi!”,
“Toc toc”, “Tô aqui!”,
“Mais um que veio e já foi...”.

Foi então que percebi
Que seria muito bom
Pra todos nós, do Duelos,
Que na caixa houvesse som.

Então em hilária conversa
Com a grande amiga Fatinha
Iniciamos protestos
Pedindo som pra caixinha.

Foi nessa conversa que eu disse
Que o chat que temos aqui
É de 1960,
“Actualiza, shintoni!”

Mas quando o Bruno chegou
Defendendo o anfitrião,
Os ânimos arrefeceram,
Abafou-se a rebelião.

Ato contínuo, na caixinha,
Veio ovação de Fatinha,
Ardorosa: “Hei! Hei! Hei!
Shintoni é nosso rei!”

Propusemos homenagem
Em régio cerimonial
De coroação nipônica
No Palácio Imperial.

Por aí cê pode ver
Como está o seu prestígio.
Foi apenas brincadeira,
Não é questão pra litígio...

Se te ofendi, shintoni,
Peço desculpas... Afinal,
Às vezes me excedo um pouco(?),
Mas acho que isto é normal

Diante da frustração
De não falar com niente...
Eu ficava só no vácuo,
Extremamente descontente...

Aí você me dá bronca
No post, mas... Ora, bolas!
Dá pra gente combinar?
O chat não toca e não rola!!!

Sei que você não é Raquel,
Mas também judiou de mim...
Desta vez não sou Abel,
Mas te digo: “Caim, caim...”



Referências: “Sobre o Chat”, de shintoni; “E Caim Matou Abel...”, de Ana.
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Manual de Instruções - por Fatinha

Querido Brógui:

Elaborei um brevíssimo manual de instruções para o envio de mensagens pela internet. Tenho certeza de que muitas das minhas regrinhas pessoais vão de encontro ao que você sempre quis dizer e nunca teve coragem.

Regrinha nº 1: não mande mensagem dentro de mensagem dentro de mensagem dentro de mensagem dentro de mensagem dentro de mensagem… É chato pra cacete e quem recebe fica com cãibra no dedo de tanto abrir anexo.
Regrinha nº 2: não mande corrente. De nenhuma espécie. Corrente foi feita pra ser quebrada. Comigo funciona assim: foi corrente, eu quebro, eu tô aqui pra isso mesmo. Se minha salvação está condicionada a repassar essas mensagens, acho que o capeta já tem uma cama bem quentinha pronta pra mim lá nas profundezas.
Regrinha nº 3: não mande slides com fotos artísticas de pôr-do-sol, fundo musical de saxofone, aquelas letrinhas caindo uma por uma bem devagarinho e a velha lenga-lenga de que a vida é linda, eu amo você, Deus é dez. Putz, todo mundo sabe que a vida é linda, seu amigo também ama você e Deus é dez mesmo, mas essas mensagens fazem a pessoa desejar a própria morte, odiar você por quase um segundo e questionar a existência de Deus.
Regrinha nº 4: quer que seu amigo compartilhe com você sua última viagem, quer que veja como suas crianças são lindas, como foi a festa no seu trabalho? Mande uma foto, talvez duas, mas não mais que três. Não precisa descarregar a maldita máquina digital inteira!
Regrinha nº 5: não mande nenhum texto com mais de dez linhas. Ninguém vai ter saco pra ler. Em tempos digitais, agilidade na informação é tudo. O texto é bom mesmo? Então faz um favor: resuma e seu amigo lhe será eternamente grato.
Regrinha nº 6: não mande vídeo de pegadinhas. Não tem menor graça ficar rindo à custa do outro. Se fosse comigo, quando o cara começasse a rir dizendo que era brincadeirinha, tomava logo um murro pra acabar de rir sem os dentes da frente.

Pronto. É só isso. Fala a verdade: minhas regrinhas até que são bem razoáveis, não?



Visitem Fatinha
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Albert Camus in “O Mito de Sísifo” - Citado por Penélope Charmosa

Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. “Acho que tudo está bem”, diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está perdido, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores Inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe.
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