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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sábado, 22 de agosto de 2009

Enquanto Isso, no Mar... - Imagem Enviada por Marcelo Ferla

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A intenção de postar imagens neste blog
é propiciar inspiração para textos referentes a elas.
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Fonte: Eclisse
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Visitem Marcelo Ferla
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Prognóstico - por Ana

Acho que tu tá pancada, rapaz!
Bateu biela... Tá quase incapaz...
Cê precisava de um pouco de paz,
Descansar pra ver se se refaz...
Eu temo pelo seu futuro, devo lhe dizer...
Fico assistindo você enlouquecer...
Gio, esse troço tu tem que reverter:
Há quantos versos tu não para de gemer?
Isso é tão triste da gente assistir...
Jovem assim e quase a sucumbir,
Levado por delírios que teima em impingir,
Mente paranóica: Samurai a perseguir.
Não ligue pras vozes em sua cabeça, não:
Ouvindo essas malditas, se dê um beliscão,
Procure evitar a hospitalização,
Que aqui no Brasil é eletrocussão.
Reze pra todos os santos que puder...
Se precisar e se lhe aprouver,
Tamos aqui pro que der e vier,
Uma força, uma conversa, um qualquer...
Você tem me atentado (não que eu me esqueça),
Xiita doido. Mas sem que eu me enobreça,
Zelo por ti, antes que o pior te aconteça...



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Volta à Rotina - por Adir Vieira

Voltei à minha calma rotina.
A casa acorda sem o seu sorriso, sem seu jeitinho doce de dar bom dia.
Tudo o que existe na casa compartilha da nossa saudade - os móveis, os utensílios e principalmente o aparelho de TV sente a sua falta, pois durante um longo tempo não exibirá aqueles desenhos e as novelas de adolescentes...
Como pode uma pequena encher um ambiente com tanta luz?
Será que suas brincadeiras, sua gargalhada genuína, sua ansiedade interminável em descobrir novas formas de brincar vão sofrer mudanças ao longo do seu amadurecimento?
Esperamos que não, que seja sempre essa eterna criança - crédula, amiga e, principalmente, feliz!
Temos que colocar a vida pra frente, aprender com ela a buscar novas formas saudáveis de entretenimento, pois logo, logo, novas férias virão e deveremos estar aqui prontos para acompanhá-la no seu vaivém de criança.
Devemos conservar a saúde e a alegria de que ela tanto necessita para formar sua personalidade.
Por hoje, cabe a nós ajustar as coisas em seus lugares e voltar a nossa doce rotina, aquela rotina só nossa, sem interferências, sem corridas, sem muito cansaço.
Aquela rotina própria dos nossos interesses, aquela em que, de novo, traz à tona nossos anseios de criatividade, e felizes contemplamos o resultado de um trabalho mútuo.



Visitem Adir Vieira
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Florbela Espanca em “Versos de Orgulho” - por Alba Vieira

O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém!

Porque o meu Reino fica para Além!
Porque trago no olhar os vastos céus,
E os oiros e os clarões são todos meus !
Porque Eu sou Eu e porque Eu sou Alguém !

O mundo! O que é o mundo, ó meu Amor?!
O jardim dos meus versos todo em flor,
A seara dos teus beijos, pão bendito,

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
São os teus braços dentro dos meus braços:
Via Láctea fechando o Infinito!...



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Paulo Mendes Campos “Amor Condusse Noi ad Una Morte” - Citado por Leandro M. de Oliveira

Quando o olhar, adivinhando a vida,
prende-se a outro olhar de criatura,
o espaço se converte na moldura,
o tempo incide incerto sem medida,

as mãos que se procuram ficam presas,
os dedos estreitados lembram garras
da ave de rapina, quando agarra
a carne de outras aves indefesas,

a pele encontra a pele e se arrepia,
oprime o peito o peito que estremece,
o rosto o outro rosto desafia,

a carne entrando a carne se consome,
suspira o corpo todo e desfalece
e triste volta a si com sede e fome.



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Bruna Lombardi, “Flautas e Lagartixas” - Citada por Penélope Charmosa

Cansa-me um pouco, Margarida, certa eletrônica de
teus dentes que consegue fazer da alegria uma coisa
fixa como um retrato 3x4. Teu romantismo dos que
ouvem rádio no final da tarde, esse costume de
cruzar as mãos sobre o peito enquanto falas e esse
olhar perdido longínquo que me atravessa.
Mas é há muito que eu esqueci de te culpar por isso.
Desde de que ficaste louca e eu te perdoei em silêncio
esse teu egoísmo de enlouquecer sozinha e me
deixar tão irremediavelmente lúcido no meio desse
país sem ressalvas.
Não foi justo usar a insanidade para poder nas tardes
de julho ficar nas árvores até as nove horas, quando
chegavam as primeiras falenas e te encontravam
deitada sobre uma larga folha verde, sentindo as
vibrações do ar como se sentem flautas.
Teu laço secreto com os animais e as coisas. Tua
estranha cumplicidade contigo mesma dentro de um
mundo primitivo governado apenas pela magia.
Caminhas com unicórnios, com os cervos, os lagartos,
comendo capim e uvas, algumas raízes, algumas
ervas, mordendo a terra, chupando frutas ácidas.
Não é justo te ver assim desprendida e descuidada,
numa mutação caleidoscópica, vivendo cada coisa
além de todo limite, amamentando raposas nos teus
seios, enquanto te cresce dentro essa planta, espécie
de trepadeira sexuada.
Te ver sentada nas estações, relaxada indolente a
bordar redes com musgos antigos, ouvindo apitos de
trens que não existem.
Agora alguma coisa despertou em ti teu parentesco
com o fogo.
Debaixo das chuvas a procurar mandrágoras, um
brilho estranho te flameja e dança dentro,
acompanhando o movimento dos corpos astrais, na
hora em que as corujas se aproximam.
Incandescências.
Em meio à noite descobrindo formações de corais
nas minhas costas, falando de outras cores, marilize,
andranólio, que me faz pensar que todo absurdo é
a nossa ignorância.
Tantos segredos em teu reino. Medusa pólipos
cogumelos te obedecem. Tens o dom da
transformação, rápida e sutil, quase satânica, o
poder de renovar constantemente as coisas,
enquanto eu tenho a consciência de estar preso
dentro das cercas da terra, onde tu apertas teu corpo
com força para ouvir um coração que eu
desconheço, porque no amplexo, dizes, se ouvem
coisas.
E eu compreendi que tinha te perdido numa
sabedoria inalcançável enquanto eu ainda acreditava
nos meus cinco sentidos.
Tuas histórias confusas metafísicas, um grande
corpo jogado no espaço, uma terrível doença
contagiosa, com vermes que se reproduzem com
tanta rapidez que não há mais possibilidade de cura.
E eu sabia então que já não eras minha e que fazias
amor com as árvores. Mas eu já perdoara teu
egoísmo de tornar-te infinita sozinha a visitar
planetas e deixar-me no meio do movimento dos
vermes e micróbios, nessa doença toda, sendo eu
também um irrecuperável micróbio como todos,
com a cara cheia das rugas da esperança, a cabeça
cheia de barreiras, o corpo cheio de limites.
Gritando contra alguma coisa dentro dela. Não foi
justo arrastar o sonho contigo o tempo todo e
enganar dessa maneira a vida e deixar-me nessa
medonha sanidade, nesse irritante equilíbrio de
encarar esse real de todo dia com ilusão nenhuma,
de enfrentar a cara do chefe de seção, do vizinho da
esquerda, de aceitar a porta e as paredes, as calças
e os botões e o perigo de caminhar nas ruas cheias de
unhas e carros e dentes, me arriscando a passar por
bom, temendo não ter feito o mal suficiente; de me
sujeitar entre os que protestam, de estar sempre
medindo as coisas, sabendo os acontecimentos,
prevendo os resultados, as consequências, tantos
desejos inúteis, desperdícios; surpreendendo-me
com o horror da minha própria risada, a angústia da
minha individualidade, minha solidão, o medo, o
vazio, minhas conclusões de lógica, armazenando
esse amontoado cruel de experiências enquanto tu
conversas com os sapos e conheces as estrelas.
Desde há muito te perdoei por isso, Margarida,
como perdoaria ao Outro se acaso fosse ele quem
desenhasse o nosso destino, por ter-te colorido tão
mais sábia para encontrar a tempo o caminho da
inconsciência e dessa liberdade que eu, tão preso à
calçada, às formas e silogismos, por vezes não
compreendo e julgo caótica e desordenada, que eu,
condenado para sempre a esta absurda racionalidade,
não te guardo rancor e te perdoo, Margarida, por
esse teu egoísmo de enlouquecer sozinha.



In “No Ritmo Dessa Festa”....................................................
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Recado - por Poty

Alguns escrevem um livro com lindas palavras, às vezes incompreensível, que precisa até de um dicionário na cabeceira da cama, na mesa, onde estiver.
Outros no jornal: na capa, na coluna social, na página policial.
Têm os críticos de cinema, de teatro, de dança, de novela, até de tudo que aparece dão seu recado.
Os analistas que analisam tudo.
E os comentaristas nem se fala!
Têm os que encenam, representam, cantam, interpretam, traduzem e fazem emocionar.
Eu apenas mando meu recado por alguém, pelo pombo correio, por sedex, por e-mail e, às vezes, vou pessoalmente levá-lo.



Visitem Poty
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