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quinta-feira, 18 de março de 2010

Não Deu Tempo... - por Gio

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Avenida Rio Grande, por volta de 2h30min da manhã. Era mais uma daquelas noites de verão, onde se pode esperar de tudo. Mesmo assim, por essa nem eu esperava. Estávamos eu e mais três ou quatro amigos, sentados no muro baixo da pracinha das crianças. Era um ano onde três de nós tínhamos entrado na faculdade, fazendo com que a conversa girasse em torno desse assunto eventualmente.

Foi quando ele chegou. Um cara de boné pedalando uma bicicleta meio velha e surrada. O mais interessante é que ele conseguia estar com uma aparência mais velha e surrada que a própria condução: braços arranhados, roupas maltrapilhas, ares de quem tinha levado algumas surras e saltado sobre algumas cercas. Eu observei, meio incrédulo, aquela figura que, do nada, resolveu parar à nossa frente. Essa “roupagem” do sujeito acabou, inicialmente, nos assustando, e o fato de não haver policiamento àquela hora não ajudava em nada. Ironicamente, esse sujeito acabava por ser fascinante, de um modo que, por alguns segundos, esqueci que ele poderia falar.

– Vocês sabem me dizer o que é isso?

Foquei minha atenção novamente para a bicicleta, e notei uma cestinha na parte traseira, carregando... Um scanner. Quem é que carrega um scanner em uma bicicleta no meio da madrugada? De qualquer forma, nós confabulamos um pouco, e alguém acabou explicando o funcionamento do aparato. É de usar no computador... Funciona que nem máquina de xerox... Copia fotos para o PC...

– Tá, e quanto vocês acham que custa uma coisa dessas?
– Olha, não sei – disse o mais velho de nós –. Esse aparelho deve estar ultrapassado, mas novo devia custar uns 100 reais. Usado assim, deve valer uns 50.
– Sessentinha e a gente conversa!

Em um instante, o homem ignorante da bicicleta se tornou um candidato a vendedor da Polishop. O aparelho (que ele até então desconhecia) passou a se tornar a sua especialidade de venda. Ele apertava todos os botões, abria e fechava a tampa, e descrevia as mil qualidades que o aparelho que tinha em mãos oferecia:

– Vocês vejam que o aparelho está em perfeito funcionamento.
– Mas nós não temos dinheiro – disse alguém.
– Não tem problema, façam uma vaquinha entre vocês.
– Não, não, obrigado.
– Olha, o aparelho está em ótimo estado.
– Senhor, a gente realmente não tem dinheiro...
– Mas vejam que o aparelho é bom para toda a família e...

O cara era realmente insistente. “Desistir” não era parte de seu vocabulário, e nós já estávamos incomodados com aquele ser ameaçador na nossa frente, no meio da avenida. Foi preciso mentir um pouco, para ver se ele se mandava:

– Nós não temos nem computador.
– Vocês podem dar de presente para alguém!
– É sério, nós nem temos dinheiro.
– O aparelho está em perfeitas condições, inteiraço. Só não peguei o plugzinho porque não deu tempo...

É, depois dessa, eu podia parar por aqui. Mas calma, sempre tem o arremate para fechar com chave de ouro:

– Olha, eu acho que se o senhor sair por aí, consegue vender esse scanner fácil, fácil. Tá cheio de turista com dinheiro, e tal.
– Ah, é que eu tô muito cansado. Acordei cedo hoje, sabe...
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Visitem Gio
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Hermógenes e a Solidão - Citado por Alba Vieira

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Aproveita, amigo.
Se estás só, aproveita.
Mergulha na solidão gostosamente como abelha na colmeia.
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Mais Uma Dose, Por Favor - por Angel

A vida está lá fora, pulsando na mesma batida que faz tremer o meu peito. Qual é a vibe que te balança? Que pensamento faz sua mente expandir, e explodir, e mesmo assim querer mais, e mais, e mais...? Já pensou no que vai fazer hoje? Uma festa, uma viagem, uma música, um texto, um filho? Pense em qualquer coisa que desloque o eixo, que te faça ir além do que você tem ou é. E seja o que for peça antes mais uma dose, um abraço apertado em Johnnie Walker, ele merece. E dance uma música, a primeira que te vier a cabeça. Faz valer a pena, faça algo que você nunca fez. Por você, ou por quem estiver com você, ou com quem estiver com você, é só escolher. A escolha, ou o escolha, e experimente, sinta gosto... da vida. E veja a noite escapando por entre seus dedos, testemunha fiel de cada um dos seus acertos, ou erros, não importa. Acabou, descanse, sonhe com um anjo, e só depois, acorde. E sinta a vida acontecer novamente, te convocando à próxima batalha, afinal, ainda não vencemos a guerra. E vencer é uma lenda, ninguém conseguiu, todos morreram, ou irão morrer, inclusive você.

E então, já pensou no que vai fazer hoje?
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Visitem Angel
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José Régio e o “Poema do Silêncio” - Citado por Penélope Charmosa

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi-tragicômicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. Ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalômano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.
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