Aflição é meu sentimento. É um fervilhar sem motivo. Tudo está bem. Há equilíbrio lá fora. Mas dentro de mim há reboliço. Será meu estado natural estar sempre buscando, querendo o desequilíbrio para criar alguma coisa? Serei mesmo quase esquizofrênica? Talvez sim. O fato é que acordo todos os dias com uma ânsia não sei do quê. Penso que me voltar para dentro é o caminho, mas sou tragada pelos apelos de fora. Mergulho sem parcimônia no fluxo da vida cotidiana com a maior facilidade. Preciso de um acontecimento que mude o rumo dos meus passos. Até quando? Por que naturalmente não procuro a mim? Por que eu não me volto para a essência e fluo neste mar de certeza e completude que é o interior de cada um? Tenho tanto apreço por este mundo de contradições, me regozijo com ínfimas belezas enquanto meu ser real se contorce em desespero na espera por mim.
Quero aprender de uma vez o caminho. Quero ser livre de todas estas amarras que me trazem cativa de um destino limitado, sem cor. Sei que posso, que estou perto, sinto que tateio no escuro quando devia saltar no abismo. Que a escuridão é o que dá a maior segurança, que o desconhecido é o berço dos que reclamam a infinita paz. Sei de tudo, mas não sou ainda o que sei. Um dia vou me saber. Então a aflição irá passar.
Descansarei na quietude dos que não esperam, não anseiam, não se abalam, não sofrem, não querem porque já têm, não buscam simplesmente porque apenas são.
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Um comentário:
Comentário por Ana — 6 fevereiro 2009 @ 11:41
Muito bonito!
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