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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sombras - por Leo Santos

A sombra se locomove por lugares sombrios,
pois a claridade tem muita luz;
Barganha aquecer recantos sós e frios,
pelo combustível do vício, inglória cruz…

A noite sua aliada permanente,
noite que chega a cada dia;
Com seu véu oculta ao olhar dessa gente,
que um amor sem amor, a miséria propicia.

A luz não alcança onde a sombra habita,
não têm pois, nada em comum;
O que uma expõe, outra evita,
não coabitam em tempo algum.

Súditos da luz até cruzam recantos,
onde a outra estabelece seu reinado;
Desconfortáveis passos, no entanto,
que pressa em sair do outro lado!

Escolhem pelo instinto essas pessoas,
e as ocultas usufruem falsa paz;
Não porque as trevas sejam boas,
antes, porque suas obras são más.

O luminar veio, foi repelido,
a cruz mostrou o que o homem pensa;
Amor-próprio quando desmedido,
é a medida exata da indiferença.

Suas obras então, só escombros,
mas propaladas em alvoroço;
Não suportando uma cruz nos ombros,
penduram um simulacro no pescoço.



Visitem Leo Santos
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Sorte - por Cacá

Às vezes a pessoa é abençoada em um lance de sorte e continua contando apenas com ela (a sorte) para prosseguir seu caminho. Acho que é necessário usar o bom senso e abrir os olhos quando se depara com uma situação que chamamos de afortunada. Como diz o ditado, “o cavalo arreado costuma passar na porta de nossa casa somente uma vez”. Daí para frente precisa-se conduzir a sua rédea.



Comentário em O Que é Sorte?, de Ignoto Jardim.
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Eu Amo Livros... - por Escrevinhadora

Eu amo livros e leio assim: primeiro a contracapa (que já deve começar me conquistando) depois as orelhas, depois o prefácio (assim, devagarinho como quem vai desembrulhando um doce e experimentando um pedacinho) e só depois entro no livro mesmo. Às vezes, pra demorar um pouco mais, ainda leio os agradecimentos antes de começar a leitura de verdade.



Comentário em Meus Eternos Amores, de Ana.
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Chamado - por Leandro M. de Oliveira

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Te encontro às seis pra mudar o mundo. Se não der pode ser às sete ou às oito, avise com antecedência. Seus pais, assim como seus fantasmas, não dormem à noite, temo que fique muito tarde. De que adianta um triunfo se todos estão em suas camas. Esperaremos outro dia. Essas medidas artificiais de tempo. Os dias são como cartas de baralho, com naipes diferentes em mãos diversas, mas sempre servindo ao mesmo jogo sujo. O tempo em si é um artifício sujo, o cadáver pré-fabricado de si mesmo. Como quero transgredir! Como quero entender como se pode ter nostalgia por lembranças que às vezes nem são suas... O maio de 68, a primavera dos povos, minha habilidade em ser melhor nunca posta em prática. Sombras ruidosas, ecos do fundo. Gostaria de uma bebida ou uma noite de sono, ambas serviriam bem ao propósito de me entorpecer um pouco. E andamos mil léguas usando o sonho como um par de coturnos, aqui estamos, de volta à miséria que consome a cada um. Ela diz acreditar na ordem, do mesmo modo que todos os tiranos conhecidos, talvez só não tenha atinado para essa parte. As pessoas são boas ou indulgentes até que alcançam seus objetivos. Busco o natural que vem de dentro, antipatizo com as regras que vêm de fora. Pra que tanta euforia em dizer que o fascismo vale a pena? Se homens são como gado ou formigas, quero me matar com uma faca cega, não tolero isso. Entendo que a sua carência por um novo Hitler seja um sentimento urgente mas compreenda, seu sangue não é o dos escolhidos. Só porque Deus está morto, não queira exibir sua cabeça por mera vaidade. As balas e fuzis não têm consideração com quem os deseja. É mais fácil teorizar sobre o inferno quando nunca se esteve nele. É mais fácil matar que deixar viver. Droga! O óbvio sempre me embrulha a vida e o estômago. Quero o não trilhado. Odiar e amar, é como abrir os olhos ou ir ao banheiro. E se fosse tão simples a ponto de ser mentira? E se fosse tão acessível a ponto de ser engodo? Não há mais porque temer a luz ou a sombra. Aos que caminham pela senda tortuosa da descoberta do “EU” não deve haver espaço para outra companhia senão o da presença santa do nada sem termo. Esqueça as algemas e os cadáveres que te deram de presente, a libertação é uma experiência solitária. O templo só abre as portas aos que estão completamente nus diante dele. Mas você prefere fechar os olhos e vestir sua vergonha, levanta cedo pra ser adestrado como um cão. Ainda me lembro do canto dos ressentidos... Nas escolas ensinam algo como que o nosso modo de vida foi construído a partir de termos éticos e morais, que a religião e a política são o escudo e lança do homem de bem. Não obstante isso, a história do mundo ocidental (cristão) é construída por guerras, suplícios e martírios sem nenhum sentido. A política vai conduzida por tiranos e aspirantes aos mesmos, invariavelmente como abutres sobre o corpo decomposto do povo. Como falar em bem ou ética ou moral? A beleza dos sistemas é a tragédia dos que a ele são submetidos. Talvez a vida seja mesmo uma causa perdida. Talvez haja pó demais assentado por sobre os móveis. Pode não ser o melhor pensamento, mas é uma hipótese pedagógica. E a consciência da finitude do tempo e espaço de cada um faz o Sísifo que há no homem reclamar seu inútil papel de eternidade. A vontade de poder nos guia a cooptar a vida alheia pra que a nossa se nos pareça um pouco mais perene. Esse deve mesmo ser o segredo dos ratos que fazem barulho à noite no sótão. Acordai, homens! Acordai do sono de ontem, do medo de sempre...


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