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domingo, 6 de outubro de 2013

Bruna Lombardi em “Transgressão” - Citada por Penélope Charmosa

oceanos onde possamos navegar, partir, tornar a voltar
muitas fronteiras, novos horizontes
em que nada se limite aos poucos sentidos
nem se restrinja a moralidades, a códigos
a crenças e princípios
nem se submeta a leis, homens, governos
lugares comuns, discursos e ismos
nem se afogue em mitos, lendas, ideologias.

Nada dessa raça de indivíduos com pés, hábitos, lágrimas, valores
e mãos vazias tentando agarrar um inatingível deus
tentando se esconder nas suas vestes
se desculpar na sua misericórdia
com oferendas, rituais e sacrifícios e toda essa farsa.

Um lugar onde se fosse ao fim das coisas
se penetrasse em cada uma delas até sugar-lhe o bagaço
até chupar-lhe as vísceras
sem medo algum, sem bloqueio, sem barreiras
construídas pelas seitas e tabus.

Continentes onde a fúria natural jorrasse livre
sem que se paralise o pensamento
onde se ouse a ação, o grito, a loucura, o drama,
a gargalhada exploda em milhões de átomos e estrelas e uivos
de animais e agonias de angústia medonha e longa
como a noite dos tempos,
a paixão desenfreada, a dança.

Que desmorone nas pessoas esse comportamento adquirido
condicionado, esses costumes de cultos formais
a obrigação, a disciplina
essa pontualidade com a vida
essas mentiras todas herdadas,
impostas, aceitas.

Que se dissolva tudo. Que tudo escorra
nos canais de irrigação.
Que sejam os desejos insensatos e os vôos sublimes.
Que sejam as cores, luzes, o som, o cheiro, o gosto, os poros sexuados.
Que fluam o sêmen, o sangue, os rios, a urina e as palavras.
Que se restaure toda a verdade
tudo o que carrega o tempo e a gênese.
Que tudo se purifique até alcançar
o significado obsceno do êxtase.



In “No Ritmo Dessa Festa”.
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