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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Slow but live







O tempo fora preciso.

Os Versos, on line, escassos,

Arredios, mas sempre livres.

Os signos?

Imagens

Rodam

Rodam

Rodam…

E…Retornan

Ao retorno

Do retorno.

Eis-me aqui!




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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

"RE-CICLO"

"Dentro da névoa"
https://pixabay.com (intographics)

Vem lá de dentro
uma coisa indefinida
Sai de qualquer jeito
diz adeus

Não acena
nem olha nos olhos
diz adeus
e sai de cena

Mergulha sobre si mesma
rumo ao desconhecido
Nada de despedida
nem um papel

Vem lá de dentro
um vazio indefinido
que a coisa deixou lá
sem oi

Não há substituição
Não há matéria mais
nem alma nem condição
nem dica do que virá

Vem lá de dentro
um vazio invisível
que gesta outra coisa
pra se despedir

É preciso vir de fora a semente
silenciar
recomeçar
até tudo se repetir...


[Adhemar - São Paulo, 24/05/2014]

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

METÁFORAS

Metáforas.
Fortes ou fracas.
Sutis, felizes ou opacas.
Explícitas, compactas.
Moeda de troca dos poetas.
Firmes.
Terríveis.
Incompletas.

Metáforas.
Bases de sonhos.
Operações delicadas.
Claras, inteligíveis, simpáticas.
Matemáticas.
Resumidas, práticas.
Metafóricas.
Sinceras.
Erráticas.

Metáforas.
Absurdas, enigmáticas...
Frutos ou sementes?
Promissoras.
Misteriosas.
Emblemáticas.

Metáforas.
Licenças poéticas,
sentidos adormecidos.
Simplificadas ou dialéticas.
Preferenciais ou sorumbáticas.
Paralelas.
Incorrigíveis.
Performáticas...


[Adhemar - São Paulo, 04/08/2017]

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PATIFARIA MALANDRA

          A segunda parte do fato repetido. A traição da lembrança, o abandono. O raio que rompe o silêncio, o grito que causa o brilho. Estranho sentimento. A rima implícita no pensar. Escorre um líquido no peito, um pronto desaparece. A oração fora do modelo, a forma dentro dos ideais. O meio comporta o morto, aqui jaz um alienado. O fim nunca se justifica, nada há para explicar. O mau tempo alimenta, o medo é que faz diferença.

          Uma grande fechadura encerra mistério e arte. Curiosidade inerte, aflita e angustiada. Não dá pra rir dessa interferência. Mão levantada na plateia, anel brilhante. O reflexo que se mostra na pupila às vezes some. Roubar o mosquito da teia. A fome da aranha. Aprofundar o conhecimento. Encalhar. Braços abertos em cruz, nada de nadar. O fato elegante. A roupa da missa. A lista. O acréscimo da frase. O que significa. A relatividade do tempo. O vaso vazio. A carga caída, a mula empacada. Receita de bolo. Um ovo.

          A terceira parte do fato repetido. Trovões e tempestade. Um ritual pagão e a festa religiosa. Crença exposta. Tantas afirmativas sem perguntas, filosofias utópicas. Onde o mundo faz a curva, o horizonte entorta. A cabeça vai cheia de respostas. 

          As infinitas partes do fato que não se acaba; que vira notícia, novela ou conto. Pode ser mentira, romance, calçada. Pode ser uma fama fria ou só um grande tanto de palavras sem nenhum significado. Querendo dizer nada. Ou querendo dizer: nada!


[Adhemar - São Paulo, 09 a 30/10/2017]

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

APOSTAS FEITAS...

Olhares diretos,
pensares enviesados.
Cartas distribuídas, 
blefe na mesa.

Risos forçados.
Ar de fumaça e álcool.

De repente, um tiro!
Música parada,
uma cadeira caída;
silêncio e escuridão.


[Adhemar - São Paulo, 31/07/2008]

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Ruas de Exu




Estou na rua perdida.

Rua que encontro ao adentrar

O beco escuro depois da encruzilhada.

O povo da rua confabula.

Encostado em um poste

Diante do despacho,

Recebo de bom grado

Champagne et poulet.

Piquenique suburbano.


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sábado, 19 de agosto de 2017

o negro dos olhos

Tão olhos eram teus negros
Que me arrastavam de mim
E perpassavam os fios dos
Ruivos nos vãos do jardim.
Quão pele a alva e macia;
Tenso, mordia teu cetim.
Voraz língua da saliva.
Toda terra não havia
Juro, nada doce assim.

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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

SUCEDÂNEO

Vento brando
espalhando palavras
refrescando

Sol amigo
trigo dourando
pão garantido

Céu azulando
emoldurando tudo
desmaiando

A noite vem
A noite deita
Anoitecendo...


[Adhemar - São Paulo, 04/08/2015]

terça-feira, 1 de agosto de 2017

QUERIDOS

Tudo o que eu não sei me pesa,
me afronta, não basta.
Queria eu não saber mais coisas.

Quisera eu vasculhar baús,
revolver mistérios.
Atrair tons sérios de cores neutras.

Quisera noutras vasculhar os cérebros.
Os mais célebres, por certo,
ou os mais por perto.

Quisera eu perturbar espíritos,
vislumbrar auras,
declamar versículos...

Queria eu escrever artigos
ou apreender amigos
e queimar uns livros...

Tudo o que eu não sei me enche
de uma clara ignorância calma;
e para tudo o mais que eu não sei
eu bato palmas...


[Adhemar - São Paulo, 06/07/2014]

quinta-feira, 22 de junho de 2017

DESINTEGRAÇÃO

Depois de se perder, fragmentar
Não se achar
Desiludir da unidade esquecida
substituída

Remendos impossíveis
Transformar em outra coisa;
ainda que indesejada
sucumbir...

Morrer dentro de si mesmo,
insepulto
Engolir o insulto
Procurar-se nos resíduos
sem saber mais o que são
(ou o que foram)

Contemplar dilacerado as cinzas
os coringas
Braços abertos, mangas expostas,
respostas

A transparência invadindo
o que éramos sumindo
Ainda vivos
sem voz audível
Dados como mortos
num enterro impossível.


[Adhemar - Santo André, 13/08/2014]

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Surrealismo


Aquele diz que molhou a mão do presidente
Este, em defesa, diz que o outro é ladrão
Portanto, eu acho que nenhum deles mente
Por isso, fica claro que ambos têm razão.

Pois a canalhice na política impera
E, ao longo da República assim tem sido
Aquele que roubou pouco, morreu, já era!
O Brasil hoje: valhacouto de bandido.

E temos, Temer versus Joesley Batista
Os quais a pouco tempo tinham confraria
Que roubavam nosso erário sem dar na vista.

Agora na mira da justa, quem diria!
Parece até coisa de comuna fascista!
Fora da vida real, uma fantasia!

sábado, 17 de junho de 2017

It's the quiet before the madness

Não seria a loucura um chamado?
Sobre a cama, mergulhado no sol da manhã.
Particulas de poeira, incontroláveis,
flutuando sobre a minha cabeça.

Talvez o desencontro entre as palvras e as coisas,
quando não sabemos quem chamar de quê.

Antes do movimento, o raciocínio em si,
A lembrança de um toque no seu nariz,
De uma lingua no meu lábio inferior.
E toda o desorganização resultante.

Mais do que a ação impetuosa,
O chamado...
De me precipitar no abismo
Dos seus negros olhos.

O silêncio anterior à loucura não seria
Já o próprio desatino?

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segunda-feira, 12 de junho de 2017

Lembrança furta-cor - por - Kbçapoeta




Conheço diversas cores

Brilhantes e opacas.

Cores amarelas com calor de vermelhas.

Cinzas com gosto de laranjas,

Brancas com cheiro de rosas.

Nesse dia diorama

Sorvi do cálice,

Calado,

O gosto imagético pigmentado.

Desde então

Desconheço

O roxo escuro do olhar.

O breu do esquecimento

Tirou-me a íris da memória.



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sábado, 3 de junho de 2017

Vou rodear
no rodeio
sem voltar
galopo em teu lugar

Segue a galope
vou te segurar

Vai roixinol
admiro teu cantar
não vou mais te rodear

Te olho
e pegando teus seios
pensando em minha
mães
meu mimar
Poty - 03/06/2017

segunda-feira, 15 de maio de 2017

BANDAGENS

A operação que devia salvar  o BRASIL
é a operação lava CHATO
Devia lavar os levianos,
os insanos,
os despóticos,
os psicóticos anti-tudo social
os anti povo...
A operação lava CHATO não transformaria em herói
o perseguidor implacável do ídolo verdadeiro
que, mesmo com pés de barro,
olhou pra baixo,
para os mais simples brasileiros.
A operação lava CHATO trataria todos como iguais
e poria a ferros todos os bunda-suja bucaneiros
e devolveria o poder de direito
a quem o mereceu mais
pelo voto popular.
Se as pessoas batessem panelas por isso,
a operação lava CHATO seria boa demais.


Adhemar - São Paulo, 15/05/2017

VISADAS

Espaço organizado
arte pichada em muro
desenho claro
fundo escuro

Urbano caos
lógica deslocada
fundo do poço fundo
balde mergulhado

Transtornado entorno conturbado
desordem arrumada
mapa do mundo
festa programada

Entendimento pressuposto
traço torto
torto risco traçado
morto posto tracejado

Ansiedade acima do limite
abraçado pensamento abstrato
espaço prato
arroz jantado...


[Adhemar - São Paulo, 12/05/2014]

Consonant sounds - por - Kbçapoeta








Melhor

Uma bela palavra,

Molha a boca.

Hibrida.

Água para o sedento.

Mata a sede pela saliva deliciosa de seus dígrafos.

Sopa de fonemas,

Canções consonantais.

Consoantes letras em meu caminho…



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quinta-feira, 27 de abril de 2017

A casa grande persegue Lula e o povo sofre o golpe (BRASIL QUEIMA) - por - Kbçapoeta






        

 Assisto um golpe em curso que não cessará sua sanha por poder e destruição do povo.
       

 CLT, SUS, INSS e o que mais houver com vontade social será devorado pelo monstro 

               Insaciável.               
       
 Atônitos, lenientes, ignorantes e impotentes assistimos o monstro vencer, destruir, devorar e 

Gargalhar.
        
 Globotizados cospem xingamentos e o ódio irradiado por fricção atômica atinge tudo e a 

       Todos.           

         Não há mais pessoas, vejo apenas andrajos entrecortados por gritos de horror e de 


Torpor.



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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Eu existo.
O nome fora da Placa.
Rosto que não tará nas fotos.
Desgarrei do rebanho.
Morri. Nasci. Remorri. Renasci.
Retornei.
E digo: Eu existo!
Só que já vou indo...
- Até logo, ou até quando
eu não existo.

https://poesiaincidente.blogspot.com.br

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Um copo d'água - Por Kbçapoeta






O que vem a ser um poeta?
Será aquele que cala a fala,
Que a pena diz
Apenas
Ser normal?
Muitos pratos quebrados.
Poemas gravados,
Todos correndo riscos.
Riscos poéticos.
Frases inteiras riscando
O mar da língua,
Rios polissêmicos
Sob chuva de signos vazios.
Gota a gota
O poeta escreve com caneta d'água.


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quarta-feira, 22 de março de 2017

VENERAÇÃO

(Imagem licenciada da internet)

Eu te queria por querer,
por fantasia,
mesmo sem te conhecer.
Eu te queria por te ver,
por desafio e desejo,
nos perder...
Eu te queria por capricho,
por inteiro.
Eu te queria feito um bicho,
faminto e traiçoeiro,
te aprisionando no meu nicho,
alcoviteiro...
Eu te queria por paixão,
idolatria;
e grande admiração.
Sempre te quis, e te queria,
por transferência e emoção,
por euforia...
Eu te queria por te amar
e por saudade,
mesmo na distância te exaltar.
Eu te queria de verdade,
em terra firme ou alto mar,
fatalidade...
Eu te queria e te quero,
catatônico;
eu te queria mas não quero,
conformado e ultrassônico
nesse meu querer sincero
mas, platônico...


[Adhemar - São Paulo, 26/10/2016]

quinta-feira, 2 de março de 2017

LIVRE A GIRAR - por- Kbçapoeta








Esqueço chaves,

Relógio,

Tempo ,

Ofensas,

Tristezas

E carteiras.

Certo dia,

Eu, de tão distraído

Perdi um amor.

Um tempo esquecido,

Interno de uma gaveta qualquer.

Depósito lotado,

Guarda-chuvas solitários.

Um desses atrevidos

Desvencilhou-se dessa opressão.

Guiado pelo vento

Girava em diagonal

Sob uma azulada manhã.

Céu leve de outono.




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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

MANOBRA

Do tratamento ao doente
porta aberta e chão
fica livre
amarração...

Dos papéis bem organizados
escrita permanente
bem pensada
perfeitamente...

Do tudo claro iluminado
lâmpada conservada
apaga a luz
estagnada...

Do ovo quebrado a clara
na receita bem pequena
separa a casca
estratagema...


[Adhemar - São Paulo, 24/05/2014]

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

PARRAS POÉTICAS - por - Kbçapoeta










Como folhas do outono,

Um visgo de poesia

Desapega-se da pena.

Frases florescem em mim,

Ecos secretos segredando

Pétala por pétala

Mémorias passadas, vindouras.

Parras sobre um corpo estranho,

Eclodindo em miásmas sem fim.

Palavras que profiro.




                                                                                      Visitem Kbçapoeta






sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Seguindo -por- Kbçapoeta






Traço meus planos

Perco meu anos

Tantos encantos

Deixei nos cantos



                                                    
                                                  Visitem Kbçapoeta


                                                  

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Tecnologia da letra






       A tecnologia pode ser entendida como a aplicação do conhecimento do homem para a resolução de um problema ou dificuldade. Independe da época ou situação cultural em que ele esteja inserido.
      Quando certa tecnologia é descoberta e divulgada para os demais, acarreta em mudanças irreversíveis na sociedade, e, o tempo em que ela não existia torna-se um marco ultrapassado, enfim, cria-se um novo paradigma.
      Um exemplo de tecnologia que ampliou as possibilidades foi a invenção da tipografia por Johannes Gensfleish Zur Laden Zum Gutemberg.
      A tecnologia desenvolvida por Gutemberg mudara para sempre a forma como os homens relacionavam-se com a informação e o conhecimento. Através de Gutemberg, os livros, manuscritos, possuídos por poucos, disseminaram-se em proporção  nunca antes imaginada, o que contribuiu muito para o desenvolvimento da moderna economia baseada no conhecimento.
      Concomitantemente com a proliferação do conhecimento, que antes calcava-se na oralidade para ser transmitido, o invento de Gutemberg fez o homem valorizar mais a imagem que o som, em outras palavras, o homem “auditivo” tornou-se “imagético”, por que o conhecimento que era oral passou a ser adquirido pelas imagens fornecidas pela letra da palavra impressa.
      Marshal Mc Luham em seu livro A galáxia de Gutemberg já apontava na década de 60 as mudanças que a tipografia causara no homem. O fato de o livro impresso ser produzido em grande escala, atingindo um número maior de leitores, fez o ser humano direcionar seu foco de entendimento, especializar-se em apenas um segmento do conhecimento, fato inimaginado antes da invenção da prensa.
      Os homens “multifuncionais” da renascença, como Leonardo da Vinci e outros, não se desenvolverão na era pós Gutemberg. O homem especialista é o que imperou e continua até nossos dias.
      O fato de a palavra impressa ter mudado o modo de o homem perceber e produzir conhecimento também fora o responsável por criar inventos em proporções que ultrapassam, em muito, os inventos criados antes da era gutemberguiana.
      Se por um lado a tecnologia da prensa fizera o homem produzir inventos em escala geométrica, por outro, fez esse mesmo homem isolar-se no que chamamos de aldeia global. O homem “gutembergueano” isola-se em sua especialização, dialoga apenas com seus pares, dificilmente expande seus conhecimentos devido ao individualismo trazido pelo livro impresso.
      Antes da invenção da prensa, a leitura era feita em voz alta e na maioria das vezes era uma ação coletiva, após a chegada do livro impresso, ocorreu o contrário, e, até os dias de hoje, as imagens das letras impressas no livro fazem o homem isolar-se para obtenção de conhecimento e, com isso, alterar sua interação social.
      A tecnologia contribui em muito com o desenvolvimento do homem, mas seus efeitos isolacionistas podem ser observados. É possível afirmar que as contribuições foram mais positivas que negativas na atual sociedade em que a imagem adquiriu mais importância que o som. Sociedade “gutemberguiana”.



                                                             Visitem Kbçapoeta




terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Amor à primeira lida



     Contava sete anos quando me deparei com ela. Empatia recíproca, entre tantos garotos que lhe fizeram a corte, tinha eu grande chance de ser seu escolhido.
     Era a escola o principal cenário de nossos encontros. Diariamente eram-me reveladas algumas particularidades de sua personalidade, seus meandros e possibilidades. Eram inúmeros.
     Bibliotecas, bancas de revistas, Chico Buarque, Oswaldo Montenegro, Domingos de Oliveria, Glauber Rocha, Aldoux Huxley, George Orwel, Karl Marx e muitos outros que conheci através de seu intermédio fizeram-me ficar mais apaixonado por ela.
     Como saber se era correspondido? Como saber se estava à altura de suas expectativas?
     Como não tinha certeza se teria sucesso ao me declarar para ela, resolvi investir em meu intelecto e conhecimento de mundo. Acreditava que se tivesse leitura e viagem suficiente, conseguiria conquistar seu amor e devotamento.
     Passava o tempo, livros e autores. Cada nova obra que conhecia era um motivo para aumentar minha estima por ela e a incerteza do seu sentimento por mim. Ela era gentil, dócil, amiga, meiga e envolvente. E amor? Ainda não havia resposta.
     Muitas vezes pensara em declarar-lhe minhas intenções e acabar com essa dúvida.
     Em meus devaneios apaixonados, ela tomava a iniciativa e confessava-me que sempre me amou , que o fato de eu lhe admirar já era prova suficiente de amor e de uma união que seria para sempre feliz. Ah, imaginava com tanta concretude que por um átimo essa cena me parecia realíssima.
     Quando atingi a maioridade de meus sentimentos e impulso, entendi que chegara a hora de ser franco, sincero, sem temer a possível rejeição. Ela sabia de meu caráter, minha boa índole e não iria se ofender se lhe expusesse meus recônditos sentimentos.
     Com voz melíflua, em um fim de tarde com o rosto contra a luz segredei-lhe anos de paixão, devotamento e ardoroso amor apaixonado.
     Contei-lhe os inúmeros livros que lera, discos que ouvira, peças teatrais que assistira, debates culturais que participara no afã de estar à sua altura, cultural e sentimentalmente ,e assim, confessar todas as sentimentalidades de enamorado, que fora cativado por ela, enfim, contei-lhe que a amava.

     Ela, como resposta, dissera que o amor sempre esteve entre nós. O amor sempre estará entre cada vírgula e reticências de nossas efêmeras vidas. Assim tornei-me amante da palavra.




                                                                        
                                                              Visitem Kbçapoeta





segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

CARREGAMENTO

Na dúvida, me declaro culpado.
Quantas assumi, não eram minhas...
Disso também sou culpado;
essa mania...

O mocinho da fita, o herói das minorias,
me desmanchando de cansaço
mas feliz pelas alegorias.

O mocinho da fita, idiota e tapado,
sem perceber que apanha o tempo todo
e só no fim é consolado...
O bandido no bem bom, aproveitando;
e o mocinho? Sendo sovado!

Aí, bem no finzinho,
a reviravolta utópica:
o bam-bam-bam encarcerado,
o babaquinha aclamado.
Todo fodido, todo ensanguentado...
Mas, até que enfim,
ganha um beijo da mocinha 
e está tudo acabado...


[Adhemar - São Paulo, 02/01/2017]


Feliz 2017 a todos!