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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tema do Mês de Novembro: Ciúme

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Caríssimos amigos:
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Hoje foram postados os textos referentes ao tema do mês de novembro: “Ciúme”,
sugerido por Alba Vieira e vencedor da enquete de outubro.
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Participantes:
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Aaron Caronte Badiz
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Ana
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Dália Negra
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Lélia
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Penélope Charmosa
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Soraya Rocha
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ZzipperR
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Muito obrigado a todos que colaboraram com esta “blogagem coletiva”!
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Um grande abraço!
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Caetano Veloso e “O Ciúme” - por Alba Vieira

 
Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme
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Que Já Não Sinto - por Kamala Aymara

Ciúme que arde em chamas
nos ares do pensamento
se sei que é mais um drama
o guardo por um momento.

Se dizes que não o sente
desculpe, não acredito
se engana a si mesmo mente
se enganas a mim duvido

Ciúme não é vergonha
nem deve ser escondido
aprenda a viver com ele
que se torna seu amigo

O que se sente não é crime
ciúme não é bandido
só não deixe que o domine
ou já estará perdido

Ciúme que já não sinto
daquele que já não vejo
Me mata, mas ressuscito
me morde, mas o desejo.
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Visitem Kamala Aymara.....
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Ciúme - por Aaron Caronte Badiz

Ciúme? Eu desconheço este sentimento.
Eu abomino a existência deste tormento.
Prezo na vida cada momento
Para não ter arrependimento.

Ciúme é filho da insegurança,
Pai da extrema desesperança,
Destruidor de toda e qualquer aliança,
Um sentimento próprio de criança.

Ciúme não vale esta tinta no papel,
Ciúme está muito longe do céu,
Ele cobra da dor o aluguel,
Encharca os dias de fel.
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Ciúme - por Lélia

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Ciúme é o amor pisado, dilacerado, esmagado pelo lado negro dos sentimentos.
Ciúme é a perda daquilo que de mais importante pode acontecer na vida de uma pessoa.
Ciúme é escuridão, solidão, tristeza, ausência de bondade.
Ciúme é possessivo, corrosivo, lesivo, assassino.
Ciúme é prova de amor por si mesmo.
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Coisa Indigesta - por Ana

Que coisa mais que esquisita,
Este troço de ciúme!
Se o amor é nosso pasto,
O outro é nosso estrume.

Daí pode-se imaginar
- Dada a metaforização -,
Que o que agrada ao paladar
Se esculhamba na digestão.

Perguntem-me, meus amigos:
Então, não temos saída?
Eu respondo com um conselho,
Já que o caminho é só ida:

Diante de lauto banquete
(Sentimento tão saboroso),
Mantém-se a educação,
O respeito e o decoro.

E o que dele surgir,
Porventura impudico,
Ignora-se. Ponto final.
Joga-se fora o penico!
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Ciúme - por Adir Vieira

Mauro negava sentir ciúme.
Discursava pela vida afora, tal qual filósofo, abominando esse sentimento que, segundo ele, fazia horrores na vida das pessoas que o tinham. Muito mais do que na vida das pessoas por ele atingidas.
Gostava de falar sobre ciúme, catedrático que parecia ser no assunto.
Suas palavras eram de total negação.
Orgulhava-se de, desde menino, dividir seus inúmeros brinquedos de filho único com os amiguinhos da vila onde morava, com todo desprendimento de quem não guardava, em si, nem as mínimas impressões desse sentimento.
Caminhou pela vida dividindo amigos, chefes, empregos, objetos pessoais e até mesmo bens materiais de valor. Tudo lhe servia de teoria para esse gosto de se mostrar isento de ciúme.
Parecia que sua vida foi de total treinamento para que angariasse troféus e mais troféus merecidos.
No entanto, surgiu Marina. Marina, a escolhida. Sem muitos atrativos, Marina tinha uma beleza camuflada que só Mauro percebia a fundo.
Parecia que Mauro escolhera Marina para que fosse poupado dos olhos desejosos de outros homens sobre ela. Mauro passou a temer suas saídas, rápidas que fossem, controladas nos segundos até a sua volta. Tudo de Marina era importante para Mauro. Captava seus sonhos, seus desejos, suas vontades. Vivia totalmente para ela.
Agora, cumprindo já dez anos de pena, olhava o teto da cela e não entendia como disparara aquele tiro em seu coração, à queima-roupa.
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Visitem Adir Vieira
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O Susto - por Cacá

Bom Conselho é uma cidade do estado de Pernambuco, a mais de 2.000 km de distância da cidade onde o Osório fora trabalhar, Mariana. A obra ficava afastada da cidade. Uma fazenda onde se descobriu minério, fora desapropriada e estava se instalando ali uma empresa mineradora. Mais de três mil peões vindos de todos os cantos de Minas e do Brasil. Osório era um carpinteiro. Um artista com armações, formas e ferramentas nas mãos. Requisitado nessas firmas que correm o país construindo obras. A rotatividade de mão de obra nelas é imensa, mas há os casos dos peões seletos, que acompanham a firma onde quer que haja um serviço de importância. Há casos em que elas costumam pagar o trabalhador para ficar em casa, aguardando obra nova. Fazem isso para não perderem os mais qualificados e dedicados operários. Como o Brasil nunca viveu grandes períodos sem crises, deu-se do Osório ficar desempregado. Saíra de casa lá de Bom Conselho, dando a benção aos três filhos e um beijo na mulher dizendo que avisava onde estaria, que mandaria dinheiro para as necessidades tão logo arranjasse colocação. Havia três meses que Osório trabalhava duro de sete da manhã às sete da noite, de segunda a sábado. Tinham pressa os engenheiros comandantes do projeto. Prometeram entregar a infra-estrutura em um ano para que fosse instalada a usina que iria beneficiar o minério retirado da mina.
Numa segunda feira, no horário de almoço, o chefe do escritório mandou lhe chamar. Os comentários no meio dos colegas são imediatos: ou é demissão ou é aumento. Não fica se chamando peão no escritório da chefia por qualquer coisa. A tranquilidade era geral no seu caso, funcionário exemplar, possivelmente ia ser promovido a mestre de carpintaria. Saiu com um papel nas mãos e um semblante preocupado. Entrou de imediato numa sala ao lado que era a do engenheiro responsável pela obra toda. O homem que fazia chover e trazia o sol, segundo jargão corrente. Em menos de cinco minutos deu-se um ruído de vozes alteradas no escritório e, no minuto seguinte, barulho de coisas sendo arremessadas por todos os lados, desenhos, pranchetas, material de escritório, cadeiras. A segurança fora acionada e foram contidos os ânimos. O engenheiro saiu lá de dentro correndo assustado, e o Osório foi levado para fora do canteiro de obras no carro da segurança e nunca mais foi visto. Todos se enganaram quanto a promoção ou o aumento de salário O papel que ele levava era uma carta. A sua mulher descobrira, depois de muito pesquisar nas empresas onde ele costumava pegar essas empreitadas o seu paradeiro lá nessa localidade. A carta dava-lhe 48 horas para voltar para casa sob pena de colocar outro homem no seu lugar, segundo disseram os homens do escritório que conversaram com ele. A bagunça toda foi por causa do seu pedido imediato de demissão recusado pelo engenheiro. Alegava ser bom empregado, não haver motivos para tal ato. Ao que o Osório resolveu fornecer, quebrando todo o escritório. Não ia deixar que ocupassem sua cama lá no Bom Conselho. Não se chegasse a tempo.
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Visitem Cacá
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Ciúme - por Soraya Rocha

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Por ruas te procurei, zonza
Por horas te busquei, louca
Por dias te esperei, mansa
Nenhuma palavra em minha boca

Até que chegaste, plácido
Sem uma desculpa rota
Só uma indiferença pálida
Nenhuma palavra de tua boca

O ciúme dominou, sádico
Criando em mim ideias toscas
Saí da relação, rápido
Nenhuma palavra de nossas bocas
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Ciúme - por Davi Rodrigues

Tal dependente amnésia de mim mesmo
O sectar-se da vida em pleno ato de devoção
Torna-se ampla a captura dominante do desejar
Tal zelo impele a alma mais branda ao lasquear de auto-estima
Já não posso mais deixar de impelir comentários aos que rodeiam meu objecto direto de fascínio
Não toquem, não olhem!
Ordem direta! Insano obstinar...
Ameaça constante que a insegurança reserva aos apaixonados...
Pobre descrença, que assola meu existir dislexo, após tal chegada em minha vida
Demanda constante de olhares desconfiados
Mente ocupada com único objectivo:
‘Ninguém pode tirar isso de mim...’
Se ao menos pudesse respirar com a mesma boca, olhar através de seus olhos
Obter a certeza, de que sou o único vislumbre
Se ao menos pudesse ser sua sombra, pouparia-me tal desfalecer...
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Visitem Davi Rodrigues........
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Ciúme - por Alba Vieira

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Camisa de força, cretinice, covardia, crispação, crise, cólera, crime, cobra.
Idiotice, infantilidade, inverossímil, imaturo, irreal, irracional.
Único, utilidade, universal, usurpador, usufruir, urso.
Mancada, malformação, menos-valia, mentalidade, mal, merda.
Engodo, engasgo, estupidez, estardalhaço, escândalo, espetáculo, embriaguez.
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Visitem Alba Vieira
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Ciúme - por Leila Dohoczki

A faca cravada
Fincada na carne
Do corpo inerte
Que verte o sangue
Que de vermelho tinge
A mão que antes
Acariciava a pele
Com ternura e leve
Num instante breve
Pôs fim a vida
O ciúme finda
A loucura, a vida
E a lágrima caída
No último instante de dor
Na face do medo
Nos olhos fechados
Futuro que a faca ceifou.

Na honra do homem
A marca negra da morte.

Dor e arrependimento
E o mesmo instrumento
Corta-lhe os pulsos
E a vida se esvai...

Aconchegado no frio corpo
Vai morrendo aos poucos
Despedindo-se da amada
Em sangue banhada
Última visão registrada
Quando seus olhos cerraram.

Não há mais honra,
Nem glória em possuir
Não há mais juras, nem loucuras
Não há mais dois
Não há nenhum.
Onde antes eram um.

O que há é a faca
Jogada entre corpos que já se amou...
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Ciúme - por Leo Santos

O ciumento contumaz
da sua insegurança faz,
um azorrague e vira as mesas
no átrio do templo da paz.

Ciúme infundado, erva amarga,
mórbida libação presa à ilharga,
ombro relapso,
lançando sobre outrem sua carga.

Ciúme, zêlo febril mirando o céu,
Caim encenando, sem cumprir o papel,
a coisa certa anelando, tentando subir, na fumaça de Abel

Ciúme, contrasenso do querer,
esforçando as mãos para perder,
aquilo que afirma que é
sua razão de viver.

Ciúme, que estupidez imensa!
Tolhe o bom siso ao que pensa,
e o faz denunciar a saúde,
pra justificar a doença...
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............................Visitem Leo Santos
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Ciúme - por Maurício Limeira

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teu coração
me pertence
mas você
não me convence
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.....................................Visitem Maurício Limeira
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Ciúme - por Dália Negra

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Anjos caídos do céu
Ninfas jogadas ao mar
Tantas bruxas em fogueiras
E guilhotinas a cortar
Madalenas apedrejadas
Os rebeldes fuzilados
Tantas vítimas da AIDS
E pedestres atropelados.
Ela ceifa, aleatória,
Tão certeiro é o seu corte.
E eu, por ela, esquecida,
Sentindo ciúme... da Morte...
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Ciúme - por Marília Abduani

“Onde estiveste de noite”
que não chegaste mais cedo,
que te deixaste na rua?
Amor, tão frágil brinquedo.
O amor, que é tênue, que é um fio,
deixa os cabelos molhados,
corre, escorre feito um rio,
carente, desgovernado.

Onde deixaste teus pés
e penduraste o teu grito?
Lembra: O amor é infinito
e o ciúme, desgovernado.

“Onde estiveste de noite”
que não deixaste um aviso?
Sonhando, talvez, com a lua?
Inventando um paraíso?
Viva a santa liberdade,
ser livre, também machuca.
Onde estiveste de noite,
que despertaste o ciúme?
“A liberdade termina
quando a saudade cutuca.”
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Visitem Marília Abduani..........
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Sobre o Ciúme - por Alba Vieira

Ciúme é arremedo de atuação daqueles que não têm o menor talento na arte de amar.

Demonstrar ciúme é, às vezes, a única coisa que alguém sabe fazer pra assegurar o sentimento de posse.

Ciúme cresce na relação inversa da competência quando se trata do amor.

Ciúme só é tolerável em doses homeopáticas, entre quatro paredes e, mesmo assim, dose única é melhor.

No terreno do amor, posse é fruto da conquista e só tem a duração de um momento que vale a eternidade. Assim, resta a quem não se garante, enveredar pelos ridículos subterfúgios do ciúme.
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Visitem Alba Vieira
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Divisão - por S. Ribeiro

do que é pergunto
pra onde fores que
não aquilo que conheci
quando de fato foste
o que não sei o que era

és daquilo que vai andando
andas aqui por favor
não te afastes mas ao menos
quando fores não me leve
o que pensar

me faça sentir aqui
o pensamento em teu cheiro
que floreia as mentes delas

parte nelas me servi
algo delas ofereço
pra que não vás
e se fores
escorregue
no que fores meu
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Visitem S. Ribeiro.........................
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Ciúme: Sentimento e Razão - por Thiago de Sá

Ciúme é sentimento,
Que explode... Descontrola.
Um medo de perder,
Perder o que não é propriedade!
Amor perfurado pela desconfiança
Pra onde vai toda a insegurança?
Se faz refúgio no ciúme.
Uma linha perigosa
Palavras lançadas no calor,
Do momento,
Do espaço e tempo.
Tempo de incerteza.
Momento penoso de emoção.
Ciúme é Descontrole
Razão é Influência,
De que tudo volte ao normal.
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Visitem Thiago de Sá..............
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Umberto Eco: O Amor Não Existe Sem Ciúme - Citado por Penélope Charmosa

Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúme pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo o custo razões de ciúme.
Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vivo o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros. O contato amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verossimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.
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Umberto Eco, in “A Ilha do Dia Antes”.
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Ciúme - por Vera Celms

Tento vestir a sua pele,
Na mesma temperatura,
Pra ver pelo teu olhar,
Para sentir no mesmo pulsar,
Quero sentir quando eriçar,
Porque, por quem,
Quero saber por que caminhos,
Trilham os seus pensamentos,
Os teus sonhos todos,
Por quem te magoas,
Por quem te apaixonas,
O que te move,
Onde e a que horas,
acorda a tua saudade,
O que te machuca,
O que te faz vibrar,
Quem te leva, e até aonde
Quem te traz de volta e porquê
Quando levitas,
Quando aportas,
Porque chora,
E o porque dos teus melhores sorrisos,
Afinal, onde me encontro em você?
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....................Visitem Vera Celms
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O Amor da Abelhinha e da Joaninha - por ZzipperR e vestivermelho

Quem será o grande inspirador desse amor?
Será o grande jardim de flores, que insistentemente desabrocha flores lindas e perfumadas mantendo o voar apaixonado delas na inspiração da beleza de suas belas flores?
A neblina cai sobre o jardim dando espaço para os raios solares lançarem focos de luzes iluminando o amor daquelas cores diferentes e atraentes, que se atraem cada vez mais. Quase invisível naquela neblina, ora deixando-os na obscuridade e em outros momentos aparentes num voar apreciador da arte visual. Um é apaixonado pelas cores amarelo e preto entre as flores e a outra pelo vermelho e preto do amigo voador de sonhos doces.
Eles voam, brincam e namoram naquele mundo perfumado pelo amor, que certamente é invisível para os olhos cegos dos que não sabem sonhar e continuam prisioneiros acorrentados pelo mundo real.
Absolutamente ninguém é capaz de voar como eles, pois fazem do voar momentos românticos e únicos, mas há perigos no ar, olhares alheios lançados como teia de aranha tecidas em desejos para capturar seus corações.
Ela voa entre as rosas e ele voa atrás. Ele voa entre os girassóis e ela voa atrás. Na neblina, no vento, no sol, entre as folhas que abandonaram seus galhos perdidos no ar estão eles voando, porém um dia o inevitável aconteceu:
Voando despretensiosamente eles pousaram em uma flor, sem perceber que ela estava na mão de uma camponesa que falou:
- Minha linda joaninha! Suas cores contrastaram lindamente com a minha flor. Chego a imaginar que você faz parte da beleza dessa flor e eu tenho um jardim muito mais bonito que esse, onde as flores são muito mais belas e com certeza você será muito mais feliz.
Aquelas investidas da garota sobre a joaninha deixaram a abelhinha enfurecida com uma reação e sensação de raiva incontrolável, mas não era bem isso que estava acontecendo e sim uma explosão do amor no coração que traz à tona o efeito do ciúme, encurralando-a como um animal feroz em um labirinto e sem encontrar saída ela falou para ele:
- Você sabia que eu tenho ciúme de você!
Aquelas palavras poderosas vindas direto do coração atingiram os sentimentos da joaninha em cheio, despertando-o para o amor da abelhinha. Eles se olharam profundamente entendendo cada palavra vinda das profundezas da alma que expressa o sentimento de ciúme em amor.
O som das asas da magia bateu abrindo as portas da imaginação e eles voaram juntos novamente, agora namorando e voando com amor naquele jardim romântico em que eles já fazem parte do cenário com suas cores, às vezes escondidos na neblina, outras vezes aparentes, mas sempre namorando, pois eles descobriram que se amam.
O ciúme é, com certeza, uma das expressões do amor.
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ZzipperR e vestivermelho
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O Ciúme é a Banda Podre do Amor - por Alba Vieira

O ciúme amesquinha o amor.
Ninguém tem o direito de reduzir assim este sentimento que é pura expansão. O amor é livre e quem manifesta o ciúme deseja cercear aquele que ama e reclama posse de quem nunca terá dono. O amor é doação e dá aquele que quer para quem deseja, para todos que inspiram nele este nobre sentimento. Não há limites para o amor. E idiota é aquele que tenta dar medida a algo que é abstrato e supõe que, se dividido, menor parte lhe caberá. Pobre infeliz desavisado, ignora que quanto mais se ama, cresce cada vez mais a capacidade de oferta e de expressão do amor.
Muitos dizem, em relação ao amor romântico, que ciúme é o seu tempero. Entretanto, as manifestações do ciúme, longe de serem interessantes e enaltecedoras de seu objeto, na maioria das vezes, se transformam em algo nefasto que envenena e destempera.
Mas, esta prova contumaz de insegurança e menos valia não se restringe aos parceiros amorosos, fazendo muitas vítimas, também, nas relações familiares, profissionais e de amizade, onde se desenrolam histórias mirabolantes e quase sempre ridículas.
É lamentável que o ciúme não seja tratado logo ao ser detectado, antes que tome proporções maiores com comportamentos descabidos e consequências desastrosas. É uma importante armadilha que apanha os incautos que, assim como os que o manifestam, se sentem lisonjeados com tal deferência, denunciando, também, igual menos valia e, mais tarde, poderão sofrer intensamente as agruras de verem o amor que sentem sendo colocado em camisas de força, ou sendo forçado a usar cinto de castidade.
Sinto pena de quem é incapaz de ver aqueles que são objeto de seu amor livres para expressar o mesmo sentimento por quem inspirá-los, sem amarras, sem certificados de posse e sem limitações.
É preciso estar atento para não ser personagem de histórias fatídicas, onde o ciúme é doentio e pode se manifestar com requintes de crueldade, num desequilíbrio que cria uma rede de intrigas que pode terminar de muitas formas dolorosas e imprevisíveis ou se arrastar indefinidamente numa teia invisível de sofrimentos e compensações que mantêm juntas pessoas que pensam que sabem amar realmente.
Tratar o ciúme requer tempo, vontade e empenho de trilhar o caminho do autoconhecimento com fortalecimento do ego e desenvolvimento da capacidade de se voltar para o outro com amor.
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Visitem Alba Vieira
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