Queria mesmo, muito,
ter algo pra dizer agora.
Uma desculpa esfarrapada,
uma demora...
Queria mesmo, muito,
ter um abraço, um afago...
Um carinho qualquer guardado...
Queria, mesmo...
Também queria - mesmo, muito -
agradecer, enaltecer, aplaudir...
Ter um presente improvisado,
merecido, escolhido...
São tantos quereres acumulados...
Engasgados, atrapalhados,
amontoados e dispersos...
Alguns em prosa, alguns em versos...
Queria mesmo, muito,
outro destino, outro desenlace;
mas fico aqui, parado,
sem uma senha, sem um passe.
Queria muito, e tanto,
que me perco neste desencanto.
Conspiração do Universo:
meio fracassada, meio que sucesso.
Também queria, mesmo, muito,
saber mais palavras pra cantar meu canto,
pra escrever meu verso.
Saber mais coisas pra viver um tanto,
um pouco mais desse amor tão curto.
Queria... muito pouco,
dizer adeus, já vai, já vou...
Me atrasar para o aeroporto
e, exatamente, perder o vôo...
[Adhemar - São Paulo, 25/09/2018]
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