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sábado, 20 de dezembro de 2008

Recomeçar - por Jair Antônio Pauletto

Recomeçar é começar de novo. Não é nada mais do que o óbvio, no entanto é uma palavra ligada tanto ao medo, quanto à esperança. O medo de um novo fracasso, no qual estaremos novamente expostos ao erro e outros fatores, que por alguma razão, anteriormente, não alcançamos os resultados desejados. A esperança, por sua vez, está ligada à expectativa de iniciar uma nova caminhada em busca do que se deseja, com a certeza de que estamos mais experientes e conhecedores de certos obstáculos que impediram o sucesso anterior. Recomeçar com esperança é fundamental para obtermos sucesso em qualquer objetivo, pois é o combustível que nos faz andar atropelando o medo e a insegurança, que eventualmente pode surgir no caminho. É preciso coragem para recomeçar, seja reconstruindo algo que não deu certo, ou mesmo para lançar-se a um novo desafio.
A ambigüidade, entre o medo e a esperança que acompanham a palavra recomeçar, no cotidiano popular devem ser esquecidos e substituídos pela palavra chance. A chance de fazer melhor, de fazer diferente, de ser mais feliz. Recomeçar é: dar uma nova chance à vida; é acreditar que as oportunidades se renovam; que cada dia é um novo tempo nunca antes vivido por ninguém. Começar de novo é: permitir-se acessar outras formas de aprendizado; consertar erros; evoluir; é a chance de acessar novas páginas branquinhas e prontas para receber os registros de nossos aprendizados e conquistas daqui pra frente.
A vida nos proporciona uma infinidade de momentos favoráveis, para que possamos exercitar nossas potencialidades e evoluirmos como seres humanos, sejam elas no individual ou na coletividade. Entretanto, desperdiçar estas oportunidades, paralisados pelo medo é muito mais que falta de confiança, é não acreditar que podemos ser felizes, é não acreditar em Deus. É claro que devemos ser prudentes, e avaliar com atenção todas as possibilidades, mas permanecer paralisado com medo de recomeçar, é prejudicar o próprio crescimento. Quando se está diante deste medo é preciso ter serenidade para pensar, avaliar à situação isentos de preocupações, cheios de confiança e com a certeza de que o amanhã reúne todas as condições para desfrutarmos da felicidade.
Quando um ciclo chega ao fim, é sinal que se concluiu um aprendizado, embora que em muitos casos relutemos para aceitar o encerramento de um ciclo, de um relacionamento ou uma fase qualquer que só correu porque a lição que tínhamos de aprender foi assimilada. É uma verdade difícil de aceitar, mas basta um pouco de atenção para perceberemos quantas destas situações já vivenciamos. O recomeçar é o fim de um destes ciclos de aprendizado, ou seja, significa que já estamos aptos a novas lições e experiências. Permanecer no ciclo anterior é o mesmo que querer repetir de ano, no colégio, por várias vezes. Se um ciclo parece ter terminado, não resista, encerre-o e permita-se recomeçar. Jogue fora o que te prende ao passado, guarde somente a lição e estabeleça novos objetivos. Iniciar uma nova etapa é acreditar em si novamente, é permitir que a luz penetre no seu interior iluminando a esperança, aquecendo o coração. É como a primavera que vem e faz brotar o verde, o colorido das flores, dando continuidade à vida que parecia estar morrendo pelo frio do inverno.
Quem tem força e coragem para recomeçar vive mais e melhor, joga a tristeza fora e espalha alegria. Quantos jovens de mais de oitenta anos recomeçam todos os dias novos desafios, cheios de vitalidade, e quantos velhos de quarenta anos choram as perdas por terem se fixado no passado, tristes e cheios de medo com o amanhã. O que os diferencia é a atitude que os impulsiona para a felicidade, uma vez que a energia gasta com as lamentações e o medo de recomeçar é muito maior do que aquela que precisamos para iniciar uma nova etapa. Ao estabelecermos novos objetivos desencadeamos uma onda de energia mais leve, proporcionando as realizações, capazes de alimentar novos sonhos e conseqüentemente nos elevará a um novo patamar.
Às vezes não conseguimos fazer essa transição com tanta facilidade quanto gostaríamos, mas permanecer na indecisão é prolongar desnecessariamente uma dor que muitas vezes nos faz chorar. Se for preciso chorar, chore, pois chorar é lavar a alma, e então, com a alma limpa recomece sem medo, confiante que sempre é possível melhorar. Dar-se uma nova chance é permitir que os desejos divinos se manifestem e principalmente se concretizem através de nossas atitudes.
Espero que o seu recomeçar seja uma oportunidade em sua vida, uma renovação para novos aprendizados, crescimento e realização pessoal, mas sobretudo, que espalhe amor e esperança ao seu redor. Recomeçar é muito mais do que foi dito neste texto, pois tem um significado particular em cada um de nós, mas não permita que o negativismo se instale pela ação do medo. Independente do ponto de parada, até mesmo se tudo parece perdido, sempre temos a oportunidade de fazer de novo, e o que é melhor, com grandes chances de nos sairmos vitoriosos. Portanto, sempre que tiveres a chance de recomeçar, perceba que é uma nova oportunidade para ser mais feliz.



Qual é a Sua Esperança? - por Ana

Dizem sempre por aí:
quem espera sempre alcança.
Justifica a inação
e é o princípio da esperança.

Neste mundo de ai, meu Deus,
esperar não é custoso:
agrada muito ao tranqüilo
e também ao preguiçoso.

Mas, ao agir desta maneira,
só sobra o que a vida trança
àquele que passa a vida
convivendo com a esperança.

Esperança de que melhore,
esperança de que mude,
esperança de que resolva…
Esperança que ilude.

Porque enquanto eu espero
com base no que pode ser
deixo de agir prontamente
e fazer acontecer.

Mas… se o meu esperar
tem por base a constatação
de que o destino define
a melhor ocasião

então esperar faz sentido,
não ajo feito criança
que, por ser pequena ainda,
nem tenta e nem alcança.

Qual é o seu esperar?
Qual é a sua esperança?
É a que deixa passar
ou a que na vida lança

sementes do que é possível
esperando pela bonança
que permita virem os frutos
suculentos da esperança?

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Atitude - por Alba Vieira

Estou feliz porque vivo. Vivo e a vida se renova. E transforma o que hoje é desespero em tranqüila passividade. Todos os dias a chegada da noite e depois do alvorecer me fazem acreditar que assim também será em minha vida: a esperança sempre presente. Apesar disto, tantas vezes me aflijo em dúvidas sem razão de ser. Dúvidas que nada mais são que falta de fé, de crença numa energia superior que dirige meus passos, que prepara os cenários, que fornece os papéis e provê de talento o ator certo para aquele papel. Se penso assim, se me recordo de que certamente só viverei aquilo que tiver estrutura para enfrentar, me tranqüilizo e calmamente aceito o meu texto do momento, ansiosa por nova cena que, como a aurora, tranqüiliza e enche meu coração de alegria.
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Os Livros - por Alba Vieira

A idéia desta história me ocorreu ao saber da existência de uma biblioteca comunitária que, por ora, se localiza em uma casa no subúrbio da Penha, onde um ex-analfabeto aos 18 anos, hoje já um senhor, aguarda a boa vontade de empresários que se habilitem a fornecer os recursos necessários para a construção da sede onde funcionará a biblioteca dos seus sonhos.
Durante o documentário sobre o assunto, uma jovem lembrou a citação do dito senhor, de que livros são feitos para circular (aliás, como já foi falado sobre o dinheiro, a moeda, que, por isto mesmo, era circular) e que não se importava se, ao serem emprestados, os livros não fossem devolvidos, visto que não havia qualquer burocracia para tomá-los emprestados.
Fiz a imagem do livro como um garotinho travesso circulando por aí, ou como uma jovem curiosa e namoradeira correndo mundo atrás de novos contatos. Daí em diante os livros não mais seriam para mim, ao nível da materialidade, a conjunção de papéis, tintas, cola e outros artefatos. Seriam sim, entidades dotadas de vida, de sentimentos, de capacidade de expressar, atuar e interagir.
Assim imaginei a biblioteca dos sonhos deste abençoado leitor doador de livros que seria apinhada desta “gente rica de idéias”.
Haveria áreas em que seriam alegres crianças barulhentas, hiperativas talvez, pulando, correndo, sendo espontâneas e despertando, nos seus possíveis leitores (companheiros de brincadeiras), a revivência da infância.
Outras áreas seriam compostas de gente responsável, ocupadas, sedentas do saber, de óculos, com páginas menos ilustradas, de letra pequena, com assuntos sérios. Este pessoal constituiria o círculo de amizade de muitos homens de negócios, estudantes de áreas tecnológicas ou mesmo eruditos mais taciturnos.
Alas mais abertas com prateleiras leves, seriam ocupadas por pessoas mais livres, de capas-brochura, com suas histórias de aventura, de busca de tesouros, conflitos com piratas e lutas com dragões imaginários. Este povo da terra dos sonhos traria para seus amigos o encantamento.
E me ocorre agora que livros, sendo, portanto, gente, providos de vida, carecem de laços com quem os tome.
Os livros nos mostram as verdades, as dúvidas, conversam conosco, explicam tudo. Livros desatam a chorar, nos molham e fertilizam com a carga de emoções dos sentimentos que mobilizam. Livros precisam de carinho, de espaço e de luz. Necessitam passear conosco e devem ser bem tratados. Não podem ficar confinados em estantes para cumprir apenas a função de compor o ambiente que ostenta pretensa sabedoria. Livros querem ser trocados, conhecer outros donos temporários. Livros se enternecem com aqueles que viram suas páginas com emoção e com aquele aperto no peito dos sedentos de conhecer os que eles lhes trazem.
Às vezes os livros são insondáveis, mesmo para os que se debruçam sobre eles tentando decifrá-los. Talvez, para estes, ainda não tenha chegado o tempo de desfrutá-los completamente.
Muitas vezes são inusitados, contribuindo com o novo, inspirando um mundo de possibilidades para seus leitores.
Algumas vezes estes diabinhos nos fazem sofrer quando nos envolvemos com eles a tal ponto que passamos a viver a sua história.
Livros são instigantes, abrindo, em nossa vida, portas que pareciam nem existir e há, como em todos os mundos, “pessoas” não tão apropriadas, mas que, ainda assim, merecem ser conhecidas, por propiciarem experimentar a polaridade da vida.
Entretanto, o que me fascinou, sobremodo, nesta nova visão que tive dos livros, foi imaginá-los como gnomos. Pensar que nesta nova forma eles não são vistos por todos, apenas por aqueles que sabem de sua existência e têm sensibilidade para percebê-los. Eles fazem parte do mundo invisível, são subjacentes à realidade, enquanto fazem parte dela.
É isso: não só com os livros, como com qualquer outra coisa, perceber o que está por trás da realidade material é fascinante e enriquecedor.
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Mudanças - por Alba Vieira

Sou apenas uma folha ao vento. Folha de outono que tem época certa para cair.
Quando escrevi isto estava solta, me preparando para a mudança que viria. Tinha um pouco de medo, o que é natural para os que buscam sempre a segurança. No entanto, sabia que meu amadurecimento já tinha ocorrido, que era chegada a hora de cair do pé.
Era preciso morrer, desconstruir, varrer tudo o que já existia e não mais me satisfazia, deixar o campo livre para a nova semeadura.
Hoje, quando já passou o tempo, os ventos já tiraram as folhas das árvores, o espaço já está novamente preenchido pelo novo, não há mais vento e somente uma brisa amena toca meu rosto, vejo que nem tão difícil assim foi. Houve lamentações, resistência, teimosia. Sinto que tantas vezes finquei o pé e pensei em não sair de onde estava a qualquer custo. Mas o cansaço natural pela própria mudança que se instalava quebrou a última resistência e, finalmente, eu me entreguei ao novo. Deixei que a vida tecesse a nova teia onde hoje me abrigo. Teia que me envolve, toca de leve e me enreda outra vez, até que chegue o momento de novamente varrer os fios cuidadosamente traçados, antever o caos e sofrer pela desconstrução, mas poder experienciar, então, a alegria de traçar um novo caminho. E, surpresa com a edificação nova, há necessidade de reunir as habilidades, concentrar-me no processo e ser feliz de poder renascer, fênix liberta.
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