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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sexta-feira, 29 de maio de 2009

Post Inesquecível do Duelos - Indicado por Alba Vieira

Este foi um dos primeiros textos bem-humorados que a Ana colocou no blog. Adorei pelo final surpreendente e como ela, tranquilamente, conduz o pobre leitor por uma narrativa muito séria, densa e, no final, joga aquele fato inesperado. Muito bom!



PERDÃO
(ANA)

Não me venha pedir perdão em japonês. Encara. Fixe os olhos em mim e emita palavras audíveis na minha língua. Esse negócio de monossílabos nipônicos não é comigo. Seja homem e tente ter um pouco de coragem. Recolha os cacos da sua hombridade e veja se dá pra montar um mínimo de caráter. Admita seu erro e conserte as coisas. Você sabe que eu entendo, que não julgo e nem condeno, mas odeio desrespeito comigo. Pode se retratar que eu desculpo. Mas, da próxima vez, não use meu vestido sem pedir.
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Corrente - por Alba Vieira

Conecta
Oração
Riacho
Reprime
Enlaça
Numinoso
Travessia
Enfeite




Visitem Alba Vieira
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Doeu? Eu Faço! - por Daisy

E hoje doeu, doeu fundo. Feriu meu mundo. Nas mesas do restaurante, poucos casais, mas muito distantes. Sequer um olhar... Dar a mão? Nem pensar! Entre uma e outra garfada, nenhuma palavra trocada. Coisa mais sem graça! Que vida é essa, sem conversa, nem promessa? Tudo às avessas! O garçom vai e vem, tenta, intervém. Mas qual o quê? Nada se vê. O jantar acaba. Acontece nada. A vida continua, nua, crua. A rotina impera, severa. Que fera! Mas, amanhã será outro dia! Com certeza, sem poesia, mas com muita melancolia. Oh vida vazia!



Inspirado por Marcelino Freire
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Visitem Daisy
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Augusto dos Anjos e “A Caridade” - Citado por Penélope Charmosa

No universo a caridade
Em contraste ao vício infando
É como um astro brilhando
Sobre a dor da humanidade!

Nos mais sombrios horrores
Por entre a mágoa nefasta
A caridade se arrasta
Toda coberta de flores!

Semeadora de carinhos
Ela abre todas as portas
E no horror das horas mortas
Vem beijar os pobrezinhos.

Torna as tormentas mais calmas
Ouve o soluço do mundo
E dentro do amor profundo
Abrange todas as almas.

O céu de estrelas se veste
Em fluidos de misticismo
Vibra no nosso organismo
Um sentimento celeste.

A alegria mais acesa
Nossas cabeças invade...
Glória, pois, à Caridade
No seio da Natureza!

Cantemos todos os anos
Na festa da Caridade
A solidariedade
Dos sentimento humanos.
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João Cabral de Melo Neto in Morte e Vida Severina - Citado por Raquel Aiuendi

(...)
Os rios que correm aqui
têm água vitalícia.
Cacimbas por todo lado;
cavando o chão, água mina.
Vejo agora que é verdade
o que pensei ser mentira.
Quem sabe se nesta terra
não plantarei minha sina?
Não tenho medo de terra
(cavei pedra toda vida),
e para quem lutou a braço
contra a piçarra da Caatinga
será fácil amansar
esta aqui, tão feminina.
(...)
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Clarice Lispector: “A Lucidez Perigosa” - Citada por Alba Vieira

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.

Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
– já me aconteceu antes.

Pois sei que
– em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade –
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.



Nota de Alba Vieira
Destaquei este texto da Clarice como demonstração do quanto ela sempre foi antenada, dizendo coisas que alcançava através de suas vivências e que hoje muitos podem ter acesso através dos textos de metafísica.
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