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segunda-feira, 5 de março de 2012

Olhos encantados - por ZziperR



Olhos encantados

O talento do artista às vezes ultrapassa as barreiras da imaginação, tanto que os espectadores não conseguem entender se na realidade ele está fora ou dentro da história contada.

Um casal de artistas manuseando bonecos se encontrou ocasionalmente em uma grande praça, digamos que o encontro não foi tão ocasional quanto parece, já que se conheciam no imaginário acidental e nesse encontro amedrontado estavam temerosos com o pensamento das pessoas que os observavam. O encontro de dois personagens reais que sentam para almoçar e sem perceber que poderia acontecer uma história de amor dentro de outra, penduraram seus bonecos juntinhos no encosto de uma cadeira, tão pertinho como eles, olho no olho e onde se imagina não haver coração as garras e as cores do amor penetraram pelos olhos sedutores da arte.

Um almoço delicioso com uma maravilhosa macarronada e muito vinho, uma refeição tão saborosa que os limites da bebida foram ultrapassados, incrível como nem o calor da bebida sedutora conseguiu juntá-los, então se levantaram e caminharam manuseando seus bonecos. À medida que caminhavam desequilibrados os bonecos também pareciam embriagados.

Esse caminhar sinuoso levava os bonecos a se encontrarem e se tocarem a todo o momento, cada toque parecia dar choque deixando-os mais apaixonados.

Ele a abraça pertinho do ouvido e fala:

- Estou sem condições de dirigir! Vou sentar na praia e tomar coco verde para melhorar. Vamos?

- Tem certeza de que você não vai se afogar na água de coco e riu.

- Prometo pra você que antes de ir embora, ainda vou mergulhar nesse mar gostoso.

Ela respondeu sorrindo e feliz:

- Só se for amanhã!

- Você é linda, mas quando está feliz é muito mais. Sabia! Agora vamos tomar água de coco!

Caminharam com os bonecos pela praia deixando rastros, as pegadas deles na areia terminavam em um quiosque cheio de coqueiros, onde sentaram à sombra apreciando aquele mar infinito sentindo uma brisa forte que desarrumava seus cabelos. Colocaram os bonecos sentados sobre a mesa de frente para o mar e pediram coco verde gelado.

Ela apenas o observava, então ele falou:

- Olha para esses bonecos juntinhos. O que será que eles estão pensando?

- Devem estar pensando assim: Esse mar delicioso e nós não podemos aproveitar, pois mesmo com tanto amor ainda continuamos vivendo presos e imóveis nesses corpos de bonecos.

- Então vamos levá-los para o mar.Vem! Vamos!

Levantaram e caminharam pela água com os bonecos nas costas, apenas curtindo as ondas abraçando seus pés. Algum tempo de caminhada e eles chegaram a um riacho que saía do mangue desaguando no mar, então ele perguntou para ela:

- Vamos atravessar? Não é fundo!

- Eu só atravesso se você me levar nas costas. Não quero molhar minha saia!

- Eu posso tentar, mas não garanto que conseguirei levá-la até a outra margem.

- Assim não! Tem que prometer me levar até o outro lado?

- Primeiro vou atravessar sozinho para sentir a força da correnteza e ter certeza que o fundo não é muito fofo, senão vou ficar atolado no meio da correnteza com você nas costas, se isso acontecer danou. Segura a minha camisa que eu vou atravessar!

- Então atravessa logo!

A água estava gelada e logo molhou sua bermuda, mesmo assim ele atravessou tranquilo, depois voltou até ela e falou:

- Vamos fazer um teste antes. Sobe nas minhas costas!

Ela subiu, porém ficou desconfortável, pois o sufocava agarrada em seu pescoço.

- Vamos mudar de posição. Melhor você subir de frente!

Ela abraçou no pescoço dele cruzando as pernas em seu corpo, enquanto ele a segurava no colo abraçando suas pernas macias e sem hesitar penetraram na correnteza forte do riacho.

Em meio àquela correnteza forte ele fala para ela:

- Essa posição e você com essa saia me atenta!

- Eu já percebi!

Ela apertava mais as pernas para provocá-lo e nesses descuidos os bonecos escaparam da mão dela sendo levados pela correnteza do riacho. Eles apenas olharam sem fazer nada, não tinha como pegá-los novamente e eles foram embora como se estivessem se libertado dos cordões e a única coisa que conseguiam ver eram os bonecos rolando rumo ao mar, finalmente conseguiram alcançar as ondas tão desejadas. No momento em que as ondas subiam eles viam as mãos dos bonecos como se estivessem se despedindo num adeus de felicidade e liberdade.

Ele continuava a travessia enquanto ela o beijava e mordia sua orelha, até que eles conseguiram alcançar a outra margem, então ela falou:

- Não é que você conseguiu!

- Mas não foi fácil, foi um sofrimento aguentar tanta tentação. Agora vamos! Você ainda consegue avistar os bonecos?

- Não! Eles desapareceram no mar.

- Melhor esquecê-los, que eles se foram. Nessa parte da praia a areia é mais grossa e mais gostosa para caminhar, parece massagear os pés e a praia desse lado está deserta, acho que a natureza nos deu ela de presente. Vamos caminhar até aquelas rochas.

Foi uma longa caminhada até que avistaram grandes siris azulados, num contraste entre o azul e o vermelho. Ele tentou pegar um, mas não conseguiu, então falou para ela:

- Estou com uma vontade louca de urinar!

- Eu também!

- Vou urinar, mas não fica olhando!

Não adiantou falar, ele urinava e ela olhava curiosa, muito curiosa, até que ele terminou.

- Agora é você!

- Com você olhando eu não consigo!

- Faz o seguinte: Tira a calcinha que eu a seguro pra você, depois a gente agacha e faz de conta que está escrevendo na areia.

- Tá bom!

Ela tirou a calcinha e deu na mão dele, em seguida agacharam e começaram a escrever na areia.

Ele a olhou se aliviando e escreveu:

- Ela está carequinha. Não vejo pelinho nela.

Ela escreveu:

- É para refrescar! Ela sente muito calor!

- O vento da praia ajuda a refrescar. Coloque sua calcinha e vamos!

Ele se levantou e imediatamente apagou aquele fogo ardente da paixão chamando-a para caminhar de volta, já que a noite ameaçava chegar e tinham que atravessar o riacho.

No caminho ele comparava aquela imensidão de conchinhas coloridas espalhadas pela areia com a infinidade de estrelas que iluminam o céu afirmando que tal brilho seja o mesmo, apenas iluminando lugares diferentes e a prova desse brilho está no encanto dos olhos.

Corriam naquela praia deserta como se estivessem correndo em um sonho e o mar fazia questão de participar molhando seus pés e fazendo um tapete de areia fofa para que suas pegadas ficassem marcadas para sempre na história daquela parte da praia quase abandonada.

Finalmente chegaram ao riacho e ela perguntou:

- E agora?

- Sobe nas minhas costas e segura firme, tenta se apoiar mais nos ombros.

Ela subiu com as pernas cruzadas envolvendo o corpo dele, que as segurou com força, porém não deu certo, pois ela o sufocava agarrada em seu pescoço.

- A água do riacho está mais alta, assim só tem uma maneira de eu te carregar e não molhar a sua saia, seria levar você no ombro, então ela falou:

- Você me trouxe para este lado. Agora vai ter que levar de volta! Fazendo cara de emburrada.

Ele a colocou no ombro segurando em suas pernas e penetraram no riacho. No meio da correnteza ela falou rindo:

- Você está passando a mão na minha bunda!

- Não! Eu tenho que te segurar pelas coxas. Não tem outro jeito!

- Não quero nem saber! Vou passar a mão na sua bunda também. Enfiou a mão por dentro da bermuda dele dando gargalhada.

Para doidinha! Nós vamos cair! E continuou a travessia.

As águas correntes batendo nas pernas dele faziam um barulho transformador da alma e aquela calma tranquilizante e hipnotizante parecia fazê-los voar nos sentidos, entregues ao prazer da emoção interna e uma sensação de amor gostoso e inocente. Ela o apertava em seus seios naquele anseio de felicidade e prazer, estava tão bom que ela nem viu o tempo passar e chegarem à outra margem do riacho.

Quando pisaram em areia firme a noite já havia chegado e já estavam com fome novamente, então compraram pasteis de palmito quentinho em um quiosque iluminado e depois sumiram caminhando pela praia escura. Os bonecos ficaram pelo caminho deixando apenas suas pegadas cravadas na areia e na memória dos artistas. Foi um momento em que a arte criou vida e se libertou dos artistas.

Às vezes ela apaga as luzes do quarto e no escuro tenta encontrá-lo novamente, enquanto ele acende as luzes do quarto e escreve para ela satisfeito por ter tido um pouquinho do carinho e do amor dela, mesmo que tenha sido apenas por um dia.

Zp...........
Criador de vaga-lumes
Paulo Ribeiro de Alvarenga


Imagem tirada do google imagens