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terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Cavalo Branco de Napoleão - por Fatinha

Querido Brógui:

Sou pretensiosa. Muito. Um poço de pretensão. Trabalho na rede pública de ensino e ainda tenho a pretensão de querer que os alunos libertem-se de parte sua ignorância.
Pois bem, vamos então aprender umas coisinhas acerca da Crise de 1929. É, “acerca” junto, não é “a cerca”, não estou cercando nada. É, crack da Bolsa de Valores, quebra. Não, não é aquela droga que se fuma por aí. Posso começar? Vou explicar o básico do básico. Nada muito profundo, que demande o uso de mais de um neurônio. Demandar? Demandar é exigir. Quer dizer que seu cérebro não vai ficar muito cansado. Deixa o Tico dormir e acorda só o Teco. Posso continuar? Então, presta atenção.
Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá Alguma dúvida? É facinho, não é?
Agora, vamos fazer um exercício para fixar o conteúdo. Tudo bem? Primeira pergunta: quando aconteceu a Crise de 1929?
Professora, isso tá no caderno?
Se o Querido Brógui fosse audiovisual, eu dramatizaria, mas como vocês me conhecem, então podem imaginar as caretas.
Iniciei os procedimentos de ressuscitação daquela alma.
Coloquei as mãos no peito simulando um enfarte e gritei, em voz dramática: “PÁRA TUDO!!!!”
A turma inteira deu um pulo da cadeira.
Baixei o tom de voz e disse, meigamente, para a criatura: “Meu amor, acho que você não leu a pergunta direito. Em que ano aconteceu a Crise de 1929?”
A turma, tão incrédula quanto eu, olhou para a menina. Alguns também colocaram as mãos no peito, outros na cabeça, um deles teve uma crise de apneia, outra escorregou da cadeira. Isso eles aprenderam direitinho comigo: como fazer palhaçada.
A menina olhou pra mim, com cara de ponto de interrogação.
1910?
Dei outro grito, me contorci como se tivesse tendo uma convulsão.
Repeti num tom de voz choroso: “Minha flor de formosura, vou perguntar de novo, bem devagar: em que ano aconteceu a Crise de 1929?”
1930?
A comoção foi geral. Parecia final de campeonato, quando todo mundo fica estressado querendo entrar em campo para fazer o gol da vitória.
Perdi a linha, peguei o meu chaveiro de cachorrinho, parti pra ignorância e o arremessei na menina. Errei. A aluna que estava sentada ao seu lado começou a socar a mesa enquanto os outros urravam desesperados: “CRISE DE 1929! 1929! 1929!”
Num último sopro de resistência, perguntei, desesperada: “EM QUE ANO ACONTECEU A CRISE DE 1929?”
1929?
A turma explodiu em aplausos (tá pensando que só eu sou debochada?). Abracei e beijei a menina, comovida. Puxei até um corinho com o nome dela.
E neguinho ainda acha que a piada do cavalo branco de Napoleão é apenas uma piada…



Visitem Fatinha
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Cegueira - por Alba Vieira

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Um olho cego
É o que só enxerga
Coisas que quer ver



.....................................Visitem Alba Vieira
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Parabéns, Minha Sobrinha! - por Ana

Hoje faz aniversário
Minha adorável sobrinha
Que assim, desde pequena,
Eu chamo de Minhoquinha.

Nasceu tão séria, sisuda,
Tímida, bicho do mato,
Vivia agarrada na mãe,
Não largava nem por mandato.

Cresceu, mudou uma vez,
Mostrou sua alma milenar,
Sempre sensata, cordata,
Tão sábia! De assustar!

Transbordou maturidade,
Chegava a impressionar.
Os adultos se espantavam
Com sua postura sem par.

Cresceu, mudou outra vez,
Hoje é alguém tão sociável!
Nem lembra a pequenininha:
Totalmente incomparável!

É amiga justa, leal,
Seletiva, agradável,
Em seus assuntos reservada,
Mas é um ser adorável!

Eu amo esta menina,
Esta alma veterana.
Aqui te deixo mil beijos
E os parabéns, Juliana!
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Livre! - por Leandro M. de Oliveira

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E se Deus for só um fetiche? Uma coisa que os homens inventaram para se sentirem menos impotentes frente ao pasmo da vida e mais tarde o mercado (única divindade realmente sensível) apropriou-se dele como um produto que se autopromove, um negócio de poucos investimentos e lucros exorbitantes. As pessoas morrem de fome, ignorância, aids... e os bispos alegres e remotos ainda a viver em seus palacetes, e os pastores abstraídos e dissimulados em suas lanças ou iates. Tudo é uma farsa. A utopia cristã do altruísmo serve só a quem se beneficia da indulgência dos humildes. O que resta disso é um contínuo engodo, uma coisa construída e reinventada ao longo dos séculos, pra que a sua anestesia dure mais. As religiões foram, sem exceção, erguidas através de dogmas forjados. Seria talvez um ato de lucidez inconveniente pensar que no decorrer desse culto à mentira o homem esteja ajoelhando-se perante Satanás chamando-o de Senhor. É possível. Todavia não creio nisso como algo sujo em relação à pessoa, toda servidão é em essência blasfema à vida em si. Os homens deveriam viver como leões, isso seria respeitoso para com a natureza, mas alguém disse sobre ser como ovelhas. Um tedioso e monocromático rebanho ao bel-prazer de um leão travestido de carneiro chefe. Todos acharam isso fantástico. Pelo menos é o que minha avó tentava me dizer na infância, claro, com outras palavras. Bem-aventurados os simplórios, pois deles será o reino das noites bem dormidas. Enquanto andava pelas ruas vazias da cidade dava incessantemente graças à força invisível (que nem sei se existe) pelo nascimento de todos os transgressores da história. A mim, morrer com ideias frustradas parece ainda mais atrativo que viver como uma prostituta, talvez seja coisa da idade. O que há de divino no homem ainda não foi vislumbrado, as pessoas admiram demais as ornamentações nos jardins do templo, mas esquecem-se de examinar o que há sobre o altar. De qualquer forma, entre outdoors e reflexões os primeiros sempre foram considerados menos cansativos. O que foi feito da raça humana? A revolução científica, o renascentismo, o iluminismo, todos os ismos produzidos na minúscula história humana à qual alguns reivindicam uma grandeza infinda. Todos eles e toda ela são testemunhas cabais da miséria coletiva. A ânsia pelo inatingível, pela felicidade que não perece.
E a cada dia um novo messias propõe as fantasias mais obscenas ao povo, venha ele em forma de pessoa, ideologia ou sistema político. A observação empírica mostra: durante o amanhecer até mesmo um anão projeta grandes sombras. Vivemos em uma era ainda muito primitiva, a fantasia domina, o avaro é seguido como tendência de moda. Por que se preocupar? Mais algum dinheiro no cesto e alguns minutos de joelho são suficientes, amanhã estaremos todos no paraíso. A redenção tornou-se tão prática quanto macarrão instantâneo. Enquanto a maioria faz apoteose aos mistérios desvelados, sinto náuseas toda a vez que se mos oferecem. Pode ser que o preço da liberdade seja o vômito involuntário.
Enquanto isso nas escolas, nos quartéis, nas igrejas e nas casas as pessoas vão mentindo a si mesmas. Tudo pela prosperidade do pacto social, aquele mítico documento do qual ninguém nunca me apresentou uma linha do conteúdo. Agostinho de Hipona foi um homem, foi uma pessoa difícil; ao se acovardar do próprio intelecto disse a célebre frase: “Credo quia absurdum” isso ecoa com gravidade em nossos tempos. De qualquer forma há um mistério insondável, o fato do ente humano preferir acreditar no absurdo e no improvável em prejuízo à análise do óbvio. Será a transição do macaco para o homo sapiens uma feita inconclusa? Talvez eu seja um pássaro que perdeu as asas, talvez uma estrela decaída. Tente não pensar nisso, tente não comer tanta coisa industrializada. A vida é mais que isso e menos que qualquer outra coisa. Ouso por ser efêmero, sou imortal por acreditar no agora. Ninguém vai te salvar por piedade, procure oferecer algo em troca. Não quero a onipotência de um velho sentado em um trono, não preciso do estático do sempre. Quero a vida, quero o rastro do que se esvai à medida que os instantes vão passando. Pra mais tarde, quem sabe se reinventar ou ainda, se perder no oco do tempo de uma vez por todas. E disso sou feito, de delírio e sonho. De delírio crença na diferença, de sonho espera no agora. Enquanto os outros riem pelas planícies eu grito no alto dos montes. A esquizofrenia é meu veneno tanto quanto meu antídoto. Sou normal? Não, não quero ser. Prefiro estar apenas liberto. Prefiro acordar de noite e dormir de dia.


Santo Agostinho.

Pensando Bem... - por ZzipperR

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Fique tranquila, amiga Ana, pois pensar é para poucos. Vivemos em uma sociedade sem cabeça, por isso pode pensar à vontade...



Comentário em O Estratosférico Preço do Pensar, de Ana.
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