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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Duelando Manchetes II: Eutanásia - por Alba Vieira

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SOBRE A EUTANÁSIA


Quando condenamos um médico que participa da ortotanásia, ou seja, que interrompe a vida mantida às custas de aparelhos, deixando que a morte se concretize quando naquele momento não resta nenhuma possibilidade de que a vida se mantenha sem os meios artificiais, o que demonstramos?
Eu me pergunto se o que leva a isto não é uma revolta e um desconsolo com o fato de mesmo o médico ser impotente diante da finitude da vida. E não estaríamos sendo românticos demais ao supormos que o médico sempre pode melhorar as condições de vida de alguém e salvar vidas? Nem sempre é assim. A doença e o sofrimento fazem parte do aprendizado da alma. E só quem vive a realidade dentro de um CTI pode avaliar o sofrimento de doentes terminais. Muitas vezes, os familiares vendo o paciente previamente preparado para a visita, não fazem ideia dos reveses que enfrenta em outros momentos e que só os médicos e a equipe de saúde testemunham. É justo que tenham a opção de terem seus sofrimentos cessados.
Não se pode decidir sobre o tempo de vida de ninguém. Só o numinoso tem esta resposta. E o médico que movido pela compaixão cria um carma com o paciente que ajuda a morrer devia ser respeitado, louvado e não condenado sumariamente.



Resposta a Duelando Manchetes II: Eutanásia, de Ninguém Envolvente.
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Visitem Alba Vieira
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Seguramente Tantã e Delirante - por Ana

Esta é a segunda parte
Da resposta a Tão Distante.
Vou acabar com o Monge
Logo, logo, num instante.

Não te acho inofensivo.
Cê se faz de coroinha,
Vem com carinha de anjinho
E riminha bonitinha,

Mas não me engana é nada,
Sei que é a maior jiboia
Que vem lenta, sorrateira,
Toda cheia de tramoia.

Se alguém aqui tem veneno,
Não sou eu, isso eu garanto:
Não ando nas pontas dos pés
Nem me arrasto pelos cantos.

E se eu era proteína,
Eu te digo assim, de chofre:
Tu era um aminoácido,
Daqueles que têm enxofre.

Tudo a ver: símbolo S
De serpente, suturado,
Sacripanta suplicante,
De Satanás, supurado.

Monge mais que desafina
Duelando a Samurai:
Tropeça na própria batina,
Se estatela e se contrai,

Fica todo contorcido,
Choramingando de dor,
Mas se for frouxo de vez,
Berra que é um terror!

Tu? Espírito pacífico?!!!
Que cascavel tortuosa!
Tu mente tanto... nem sente!
Que coisa mais afrontosa!

Quer que eu lembre lá do início?
Por que viemos duelar?
Por causa de tua ameaça
De agressão auricular.

Que combate magnífico?
Ainda não vi isso não...
Cê fez umas tentativas
E eu, sem um arranhão.

Quanto mais eu tô tranquila
Mais e mais cê se esganiça,
Se debate enlouquecido
Na areia movediça

De meus versos bem rimados
E minha luta impecável.
Em breve não sobra cadáver
Do Monge indomesticável.

Me vence com mãos atadas?
Ih! Alucionou o guri!
Só se for nos seus delírios
Em camisa de força, sucuri!

Permaneço intocável,
Tão calma, zen, impassível...
Neurose aqui passou longe,
Placidez irrepreensível...

Mas entendo você, meu menino,
É você que não me entende:
Fica assim tão transtornado
Que o que digo não apreende...

Lá no Ataca, Acata
Falei, de forma inconteste:
“Vou te responder por partes”.
Outra coisa supuseste...

Mas... como não compreendeu
Que eu não ia abarcar tudo
Numa única resposta?
(Longo demais, linguarudo...)

É natural... Naturalmente
O duelo te abala.
Da próxima vez, te prometo:
Deixo bem facinha a fala,

Explico todos os detalhes,
Tudo assim bem direitinho
(Pra não causar constrangimento),
Tintim por tintim, com jeitinho.

Te esclareço, monge cegueta,
Que segue a primeira impressão:
O que envio pra cá não tem erro,
Reviso, corrijo... escrevo à mão.

E não sofro de amnésia,
Não me esquivo num combate.
Tu tenha mais compostura,
Seja homem e se retrate.

E terminada a microstória
Deste round trivial,
Vou parando por aqui
Porque sou muito legal:

Ataco mas não massacro,
Bato mas não esmago,
Vez em quando te encalacro
E, com pena, vou e afago.

Té logo, adorados fãs!
Eu agradeço a torcida!
E tu, de Tão, Tão Distante,
Vai cuidar da sua vida...

(Eu não sou de implicar,
Mas desta aqui não escapo:
Você é o Shrek, o Burro
Ou será que é o rei-sapo?)



Resposta a Diretamente de “Tão, Tão Distante”, de Gio
e Ainda em Tempo II, de Gio.
Referências: Monge que Ataca, Ataca Samurai, de Ana;
música “Ilusão de Ótica”, de Humberto Gessinger;
filme Shrek Terceiro.
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Ela Roga, E Agora Lê - por Gio

Minha charada foi fácil, admito
Mas a intenção era ser assim
Foi sorvete de palito
Presente, como meu quindim

Não se começa um duelo
De um jeito muito violento
Antes do “bato-esgoelo”
Vem primeiro o aquecimento

E mais outra advertência
À minha duelista-irmã
Não se deve ter muita exigência
A algo escrito às 5 da manhã

Quanto ao fato discutível
De que sem sentido pareça,
Pergunto: é inteligível
Algum mantra que conheças?

Pois, senão, seria prece
E isso deixo aos oradores
Que ganham (só quem merece)
Alívio para suas dores

Depois desse desafio
Como em vidro, estou exposto
Eu respondo, fio a fio
O palíndromo disposto:

Nessa língua Portuguesa
Fácil é “palindromar”
Nos “poucossílabos”, a proeza
Mim, rir, osso, ele, radar

Quem ataca, acata a dor
De ir pr’A Torre da Derrota
O céu sueco, com louvor
O galo e o lobo enxota

Rio dessa maratona
De “Zés de Lima” e “Ruas Lauras”
Quando a verdade vier à tona
A ordem aqui se restaura

Breves verbos como a sua
Protuberante prepotência
Estarão no olho da rua
Logo, implorando clemência.

A vida da diva dos mares
Uma lição ensinará
A quem não fugir para os ares,
Severo o revés será

Então pegue o seu barquinho
E nade, ou sirva de pária
Se não se mexer rapidinho
Afogar-se-á na enchente literária

Me chamas de luso no Sul
Que vive de ovo, soda, fados
Pois eu tenho sangue azul
De burro, não tenho é nada

O doido diodo do circuito
De meu cérebro curioso
Chegou a ficar aflito
Lá no início, receoso

Mas os lobos me guiaram como pestes
E os galos cantaram a marcha
A dica ácida que destes
Deu o estalo, onde tudo se encaixa

Oi, bossa assobio aqui
Som calmo que é uma beleza
Depois de suco com caqui
Invado sua fortaleza

O soldado da porta só lê selos
E, pobre, o da torre, derrotado
Me faz, temeroso, seu apelo
Complacente, o deixo descansado

Sinto aroma, amora dos campos
Penetrar minhas narinas agora
Depois de guerra pelos flancos
Da recompensa é chegada a hora

De decisões que tomamos
As sensatas, nessa vida... O que importa
É saber, depois que brigamos:
Quem de nós cortará a torta?
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Resposta a Monge que Ataca, Acata Samurai, de Ana.
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Visitem Gio
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Carlos Drummond de Andrade “No Meio do Caminho” - Citado por Lélia

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
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O Artista Lúdico - por Luiz de Almeida Neto

Hoje, o tema tratado é de uma tristeza ímpar. Na verdade, é a continuação da nossa análise sobre a arte popular brasileira, com vistas a poesias e ritmos que encantaram nossa população nos últimos tempos. E eis que nos deparamos com um tema que talvez não encontre semelhança em toda a arte da humanidade, seja em tempos passados, ou na contemporaneidade. A vanguarda do artista se expressa através de um sentimento sem igual.
Trata-se, a bem da verdade, de algo tão sublime que quase chega a passar desapercebido ao exercício da razão. Vejamos:


Boneco Doido
(Terra Samba)

“Boneco doido, vai boneco doido
Vem boneco doido, vem pro povo, vem se balançar
Boneco doido, vai boneco doido
Faz um movimento que a galera vai te acompanhar”

É na singeleza das palavras do artista que percebemos a afeição dispensada a um boneco, que, por desventura, acabou encontrando na insanidade seu descaminho. Entretanto, indignado com tal situação, vem o poeta a querer inseri-lo na sociedade, trazer o seu boneco, objeto de seu apreço, para o seio da comunidade. E o meio utilizado para esta iniciativa não é outro senão a dança.
Ele então passa a incentivar seu boneco à realização de movimentos dançantes, pedindo que este realize um movimento e afirmando para ele que a sua população, aqui designada como “galera” (gíria local, contemporânea do poeta), irá seguir os seus passos.
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Em outro trecho, deixa o artista evidente a proposição anteriormente feita a pessoas de família, além de constatar já um certo sucesso por parte do objeto, vejamos:

“O Terra Samba tem uma dança
Que é sucesso na Bahia
Dança papai, vovó e titia”

Aqui o autor já começa a revelar que as famílias, de um modo geral, têm apoiado a sua iniciativa terapêutica de tratamento do boneco através da dança. Inclusive todas essas pessoas auxiliando o poeta com a dança, dançando eles próprios, de acordo com o que já foi descrito por nós.
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Enfim, não obstante todo o esforço feito pelo compositor, ele demonstra de maneira elevada seu altruísmo, convidando você também. Isso! Você, que fica a escutar a melodia e as palavras, acaba sendo igualmente convidado a participar de todo o projeto do autor, e inclusive é autorizado a tomar parte na dança que, por sua vez, já envolvia o próprio autor, o boneco infelizmente debilitado, a vovó, a titia, o avô, enfim, todos juntos para construir uma rede de carinho e compreensão para ajudar o boneco.
Sinta você também o convite:

“Se você não aprendeu
Pode chegar
Eu vou jogar a dança
E você vai me acompanhar
(...)
E você dança, canta, pode se soltar
Mexa o seu corpo, deixa balançar
Balance seus braços, jogue para o ar
Bata na palma, você vai gostar”
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E assim ele (o autor) segue em seu ritmo envolvente, que aliás é uma das características da poesia aqui tratada, enquanto continua sua obra social, ajudando seu amigo de pano menos favorecido.
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Obs.: Nada contra a dança, que é boa e relaxante, de verdade. A bem da verdade é muito descontraída e divertida, especialmente nos shows da banda, que são, sim, bastante animados. Não há também aqui nenhuma crítica à obra, nem nada nesse sentido, sendo apenas uma brincadeira, para nossa diversão.
De mais a mais, abraço ao pessoal do Duelos pela atenção do Selo concedido, foi muito bacana mesmo a lembrança.
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Aviso - por Marília Abduani

Ainda é tempo, foge da minha agonia,
pra que entregar-se, assim, à minha desilusão?
Eu não sei morrer de amor, vivo de minha poesia,
e se, na estrada da vida, me entrego a qualquer prisão?

Ainda é tempo, foge que sou vazia.
Se não abraço a alegria, tudo em mim é solidão.
Só sinto cansaço imenso, sinto a boca muito fria,
já não guardo fantasias, guardo apenas maldição.


Ainda é tempo, amor, que nada tenho.
Se de velhos mundos venho, só me entrego à escuridão.
Se nas estradas da vida, em nenhuma delas me empenho,
onde buscar a magia pra entregar à tua mão?

Ainda há tempo, foge de um rumo incerto.
Meu sono é um constante deserto de invalidez e de mar.
Sou apenas um navio que não tem o rumo certo
e, que em mares tão diversos, vai, sem forças, se entregar.


Foge, amor, foge que nunca é tarde.
Aqui dentro o peito arde, mas pouco tenho pra dar.
Sinto apenas muito frio, uma fome que causa alarde.
Foge, que ainda há tempo.
Foge do meu olhar.
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Bruna Lombardi, “Para que Sejamos Necessários” - Citada por Penélope Charmosa

Transfere de ti para mim essa dor
de cabeça, esse desejo, essa violência.
Que careça em ti o meu excesso
e que me falte o que tu tens de sobra.

Que em mim perdure o que te morre cedo
e que te permaneça o que tenho perdido.
Que cresça, se desenvolva um teu sentido
que em mim desapareça.

Dá-me o que de possuir tu não te importas
e eu multiplico o que te falta e em mim existe
para que nosso encaixe forme uma unidade - indivisível -
que não se possa subtrair uma metade.



In “No Ritmo Dessa Festa”.
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Desconstrução Humana - por Poty

Destruir
O que se constrói...
... Não me venha com esta
Que somos seres racionais,
Mas para que tanta irracionalidade?!

A banalidade
Destitui
A capacidade de perceber
De ater-se
De relacionar-se

Não há como negar
A existência do caos...
...Dele pode ser que
Consigamos reatar
Com o universo.

Alguns, vendo morrer,
Ajudam a matar,
Outros nem dão a mínima
E vão seguindo como se não
Acontecesse nada,
Mas este nada
Vira-se contra eles!

Enquanto estiver em busca
Incessante da perfeição
Além da condição humana,
Haverá intolerância.
Precisa-se, sim,
Captar que a composição –
Mal/bom, bem/mau –
Está intrínseca
Em nós animais
Ditos racionais.

É saber aprender
A lidar com
Esta condição
E assim saberemos
Conviver em harmonia
Conosco e com os
Demais desta energia universal.



Visitem Poty
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