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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




quarta-feira, 3 de junho de 2009

Finados - por Leo Santos

Morosa a travessia, o passo triste,
rastejando na senda da vida,
a mirar a sina que avessa resiste,
incisivos cortes, exposta ferida.

O poeta, um esquisito que fala,
em mágico idioma, de extravagâncias;
Afinal, veste trajes de gala,
para fúnebres circunstâncias.

Na verdade, póstumas medalhas,
tributadas a um morto em peleja;
Médium que “recebe” as próprias falhas,
enganado pelas palavras que deseja.

Numa lápide de páginas tantas,
quantas lembranças o têm visitado;
Lágrimas nem profanas nem santas,
todo dia é dia de finados.

E aqueles que homenageiam os mortos,
põem suas flores e suas preces;
No fundo, barcos que erram os portos,
mas ante um náufrago, esquecem…



Visitem Leo Santos
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Charada II - por Gio

Odiada e tão temida
Motivo de preocupação
Te sigo por toda a vida
Eu existo, e com razão

Do mais forte ao pequenino
Eu consigo derrubar
Como alerta, eu ensino
O desatento a se cuidar

Grande, curta, duradoura
Ou mesmo insignificante
Resultado de alguns anos
Ou apenas de um instante

Há quem faça mesmo tudo
Pra tentar me evitar
Mas a verdade é só uma:
Zelo por seu bem-estar

Há até quem me aprecie
Sade me sabia bem
De uma forma - desconfio -
Que falar não me convém

Quem me sente, só reclama
Diz que não sirvo pra nada
Ironia - até na cama
Às vezes dou uma passada

Do meu valor, eu creio
Você não se convenceu
Mas me diga, pelo menos:
Já descobriu quem sou eu?




Visitem Gio
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As Nossas Palavras XIII - por Alba Vieira

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Os homens que são formadores de opinião, fazem com que suas ideias sejam responsáveis pela evolução do pensamento da comunidade.



Visitem Alba Vieira
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As Nossas Palavras II - por Ana

As Nossas Palavras II...
Lá vou eu tentar de novo...
Estas são muito difíceis...
Please, paciência, meu povo...

Vou ter que usar estas três:
Compreende longa olhar
E ainda estas duas:
Tampouco compreenderá.

Vamos lá, tô preparada!
Cês tão preparados também?
Já se passou meia hora
E a inspiração não vem...

Eu vou de qualquer maneira,
Não vou esperar mais não...
Vou engatar a primeira,
Mesmo que na contramão....

Algum de vocês compreende
Como é longa a agonia
De ficar a olhar palavras?
E nada de vir a Sofia...

Aquela Sofia das letras
Que é de muitos companheira,
Que é a muitos indiferente
E a mim joga na lixeira.

Lixeira que trago em mim
De palavras sem sentido
Misturadas, isoladas...
Arrumar é um castigo...

Se alguém já passou por isto
Com certeza entenderá
O que digo nestes versos,
Com eles concordará;

Mas aquele que não sofreu
Esta tortura sem par
Não me dará ouvidos,
Tampouco compreenderá.
.

Cata-vento de Meninos - por Alba Vieira

Manhã fria na calçada imunda do Jacarezinho.
Amontoados, mijados, dormem meninos ao léu
Formando um cata-vento, deitados, tão sozinhos,
No ponto de ônibus, entre pessoas, debaixo do céu.

São pás sem cor, sem futuro. Só solidão, desamparo.
Aconchegam o rosto nas costas do companheiro
E as pernas no calor da bunda de outro desgraçado
Que com um outro compõe a roda do mesmo jeito.

Quando é madrugada, os corpos caídos são a figura
Do abandono da família e da omissão do governo.
Eles carecem de proteção e fogem da realidade dura
Pelas drogas que só aumentam o seu desespero.

Cata-ventos devem rodopiar e alegrar a quem passa.
Meninos precisam brincar, dormir em cama quente,
Comer, rir, estudar, de uma vida sem tanta desgraça...
Quem poderá lhes salvar, se quem deve está ausente?

Penso todo dia, quando por ali passo na condução:
Poderia, sem esforço, dos meninos cuidar do sustento,
Usando o que pago ao Leão todo mês, sem opção,
Trocando futura corrupção por coloridos cata-ventos.



...................Visitem Alba Vieira
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Comentando... - por Ana

Outro dia, ali no chat,
Falamos do Soletrando,
Um dos programas globais
Que o povo está adorando.

Participam estudantes
Que vêm de todo Brasil,
Vão soletrando palavras,
Pro ganhador, uns tantos mil.

Eu acho que este negócio
É assim que funciona...
Nunca vi, não faço ideia,
Tô sabendo de carona.

E assim soube, também,
Que as pobres criancinhas
Que erram a soletração
São humilhadas, tadinhas!

Com sons de burro ao fundo
Após o erro fatal,
Recriminações ao vivo...
Isto não é nada legal!

Sei que é programa copiado
Do americano Spelling Bee,
Mas pelo que sei, acho que lá
Há mais respeito do que aqui.

Copiar aqui foi bom,
Penso assim porque se vê
Só besteira o tempo todo
Na telinha da TV.

Então existir um programa
Que focaliza o português
É algo bem diferente.
Acho legal... Não sei vocês...

Mas maltratar as crianças
Como faz o Soletrando,
Isso não dá pra aturar...
Se é desse jeito... só matando!
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Oitenta e Oito Anos - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Será que alguém viveu tão intensamente como minha mãe?
Dia 27 de junho de 2009 comemoraremos oitenta e oito anos de vida de minha mãe.
Quando falo assim, sem que as pessoas que leem a conheçam com certeza, pensam e imaginam uma velhinha caquética, sentada numa cadeira de balanço, com um xale de crochê sobre os ombros e o rosto enrugado onde apenas um par de olhinhos sem brilho apareceria.
Imaginamos uma senhorinha meio surda, levemente esclerosada que diante de uma mesa de aniversário sequer sabe que estão comemorando o seu aniversário de oitenta e oito anos.
Mas não conhecem minha mãe; aqueles que a conhecem sabem bem do que estou falando. Alguém que ainda hoje cozinha, lava e passa, que viaja sozinha de encontro aos netos, que não falta a um casamento dos netos, aos nascimentos dos bisnetos e, com esforço, às formaturas.
Que faz suas palavras cruzadas, que dá respostas ao Silvio Santos, no seu programa na TV, que faz bolsas de crochê para as filhas, que inventa, acrescenta e constrói.
Que criou netos e até hoje supervisiona tudo.
Que toma conta dos filhos que não tiveram a sorte de se darem bem na vida, que ajuda a todos os vizinhos, parentes e aderentes.
Que cede suas horas para ouvir as tristezas alheias e tem sempre um sorriso franco e uma resposta para tudo.
Que abençoa e nunca amaldiçoa.
Que se dá por inteira e nunca aos pedaços.
Que suplanta as dores físicas sem alarde.
As dores da alma em silêncio.
Uma mulher guerreira que ensinou-nos a difícil arte de amar.
Que amou intensamente a única pessoa com a qual se casou – meu pai.
Que nos amou aos cinco filhos, que teve doçura e paciência conosco e com nossos filhos.
Que, aonde quer que vá, constrói amigos, pessoas que a amam e que querem curtir momentos com ela.
Essa é minha mãe, mas, na verdade, é mais do que isso – é a grande amiga de todos
Sua pele é doce e suave e suas rugas são imaginárias, ninguém as vê.
Seus cabelos teimosos nunca ficam brancos.
Seu corpo ereto nunca se curva nem para a idade nem para os problemas da vida.
Suas mãos nunca se cansam de oferecer apoio, amor e carinho.
Sua paciência foi a de Jó, que Deus deixou de herança para ela.
Até seu nome parece ser feito para ela – DIVA. Nunca conheci outra mulher com esse nome, acho que ninguém merecia esse nome a não ser ela.
E agora, dia 27, todos estaremos presentes nesse reviver, nesse aniversário de Diva, a Guerreira, a Mulher mãe, a Irmã, a Amiga, a Avó ardorosa, a Bisa.
Com certeza nossos desejos serão unânimes – que Deus nos perdoe o egoísmo, mas queremos que ela comemore conosco muitos outros aniversários e que possamos sempre estar perto para aprender um pouco mais de como viver a vida dessa forma doce e forte, corajosa e honesta, leal e amiga.
PARABÉNS MAMÃE – NÓS TE AMAMOS



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Duo-Acróstico II - por Gio

Homens, que seguem Newton ou Nazaré
Unidos na diversidade que os separou
Mentes que sempre se confrontam
Através da guerra e da palavra
Ninguém é culpado? Eu já não sei
Ideias divergem, é natural
Discorda a História, que ensinou
Arcamos com o que somos responsáveis
Decaem os que têm, na vida, passagem vã
Elevam-se os que fazem dela aprendizado




Visitem Gio
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Oscar Wilde Sleeping - Citado por Mellon

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Life is a dream that keeps me from sleeping.
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William Shakespeare: “Soneto II” - Citado por Penélope Charmosa

Quando tiveres completado teus quarenta anos,
E cavado sulcos profundos onde agora és bela,
Essa tua juventude tão orgulhosa, que agora todos fitam maravilhados,
Será somente um resto pisoteado, a que ninguém mais se virará para ver;

Então, indagada sobre que beleza era aquela,
Que tesouro aquele de teus dias encantadores,
Dizer que se encontram afundados nos teus olhos já opacos,
Isso seria ridículo e um elogio ninguém entenderia.

Poderias merecer mais elogios,
Caso pudesses dizer, “Esse meu filho
Resume toda minha reputação, e com isso me desculpa”,

Provando com sua beleza tua herança!
Isso seria te sentires renovada quando ficares velha,
E ver teu sangue quente, ao senti-lo já gelado.
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When forty winters shall beseige thy brow,
And dig deep trenches in thy beauty’s field,
Thy youth’s proud livery, so gazed on now,
Will be a tatter’d weed, of small worth held:
Then being ask’d where all thy beauty lies,
Where all the treasure of thy lusty days,
To say, within thine own deep-sunken eyes,
Were an all-eating shame and thriftless praise.
How much more praise deserved thy beauty’s use,
If thou couldst answer “This fair child of mine
Shall sum my count and make my old excuse”,
Proving his beauty by succession thine!
.....This were to be new made when thou art old,
.....And see thy blood warm when thou feel’st it cold.

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