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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




quinta-feira, 28 de maio de 2009

Grande Inauguração!

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Hoje estamos inaugurando a categoria
“Apenas ContaGio”
que irá ao ar todas as quintas.
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Mais um imperdível!
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Canto Solitário - por Gio

Sentindo um aperto ao coração
Pedindo p’ra do peito extravazar
Aos poucos, vai tomando seu lugar
Um tormento chamado solidão

É dor que dilacera sem doer
Vazio que enche o corpo sem demora
E a alma, entorpecida, perde a hora
Vê o pôr do sol até no amanhecer

É ingênuo quem fala em liberdade
Pois se vê que não tem intimidade
Com essa dor e suas sensações

Quem conhece de fato esse pesar
Sabe que a solidão pode virar
A pior e mais cruel das prisões



Visitem Gio
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As Nossas Palavras XII - por Clarice A.

Tinha um hábito adquirido na infância que achava muito engraçado. Era o rei das perguntas indiscretas.
Cresceu e não percebeu que o que entre crianças era aceito, agora entre adultos tornara-se desagradável. Divertia-se com as “saias justas” que provocava com suas indiscrições. Alguns fugiam dele como o diabo foge da cruz, mas tudo isso só servia para reforçar seu hábito. Não era como os outros, era isso que o tornava diferente e ele gostava. Até os foras que levava tirava de letra, eram os ossos do ofício. Era aceito apesar disso porque tinha lá suas qualidades: solidário, divertido, sempre bem-humorado, mas quando começava com suas perguntas indiscretas era um horror.
Um dia (e sempre tem um dia) um de seus amigos, já cansado daquilo, resolveu dar-lhe uma dose de seu próprio remédio e fez-lhe uma pergunta, assim na lata, que o deixou completamente desbundado. Queria como resposta apenas um sim ou não. A pergunta referia-se a um acontecimento que ele guardava para si a sete chaves e nunca imaginara que mesmo seus amigos tivessem conhecimento de tal fato. Sentiu uma sensação que nunca havia experimentado enquanto perguntava para si mesmo como o outro soubera daquele assunto tão protegido por ele e, se o amigo sabia, quantos mais também saberiam? O amigo insistiu: sim ou não? Ele mentiu ao responder, disse não, o sim que era a resposta correta doeria demais nele.
Aquele dia foi um marco na vida dele. Sentiu-se tão mal, mas tão mal!... Como o seu amigo podia ter-lhe feito uma pergunta daquelas?
Ficou encasquetado vários dias, não parava de pensar naquilo. Decidiu perguntar ao amigo o porquê de tal atitude. Puxa, amizade de infância, pegou pesado, então o amigo não percebeu que o deixou sem graça, e pior, ainda insistiu na resposta? O amigo respondeu-lhe calmamente: mas você fez isso a vida toda, tantas vezes, com todos, nunca percebeu os constrangimentos que causava com suas perguntas? Sempre se achava engraçado e nem ouvia quando falávamos que tinha exagerado?
Mais encasquetação. Precisou de meses para digerir tudo, hábito muito arraigado para ser descartado rapidamente. Fez uma auto-análise, coisa difícil, é preciso admitir para nós mesmos o nosso lado escuro, destrutivo, e pior: ainda tendo os outros como alvo. Em seus flashbacks as expressões faciais após suas perguntas já não pareciam tão engraçadas como havia achado anteriormente. Procurou ser o mais verdadeiro possível em suas análises, afinal, ainda havia algo que lhe incomodava profundamente: havia mentido e uma das coisas que admirava em si mesmo era justamente não ser mentiroso.
Enfim, após esse terremoto interno que sofreu (assim sentia tal a força de sentimentos e pensamentos revezando-se em seu íntimo) decidiu: perguntas indiscretas nunca mais. Sabe que hábitos antigos são difíceis de mudar, mas é só lembrar os maus bocados que passou que, com certeza, a pergunta pode até ser pensada (ninguém é de ferro...), mas formulada jamais.
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Post Inesquecível do Duelos - Indicado por Clarice A.

Gostaria de indicar como inesquecível o texto da Alba “Mães Possíveis”, que nos coloca como somos, pessoas reais, normais, cuja idealização só dificulta o relacionamento. O título já fala por si.



MÃES POSSÍVEIS
(ALBA VIEIRA)

Veio à minha mente a seguinte conexão: mãe-guardiã. Pensei no significado de ser mãe. Que complexidade! Que multiplicidade de formas de ser! Como vai além do estereótipo vinculado às campanhas comerciais! Que responsabilidade é ser mãe! Quantas cobranças! Que o digam os que frequentam consultórios de psicanalistas. E como é simples ser mãe deixando-se conduzir apenas pelo instinto!
Mãe é a que concebe, a que geralmente gesta, a que cuida, a que forma, a que guarda e protege (ou deveria). Cabe aos pais, à mãe, em particular, guardar o filho até que ele possa caminhar sozinho pela vida. E, neste aspecto, persiste a diversidade, cada filho tornando-se capaz no seu próprio tempo.
No seu dia as manifestações de apreço se multiplicam, seus valores ficam enaltecidos, a emoção transborda naqueles que contam com suas mães a seu lado e naqueles que a perderam por morte ou afastamento de qualquer tipo. E falam delas como se todas tivessem apenas aspectos positivos. E onde ficam a mágoa, o rancor, a rejeição, a omissão, a maldade, as perversões e tantas variáveis que fazem parte do humano? Porque cada mãe é de um jeito. E todas têm o direito de ser o que são nesta vida de aprendizados. Por que não concebê-las dentro da realidade de cada uma, ao invés de endeusá-las? Até porque a categoria mãe está intrincada numa teia complexa das relações humanas regidas por suas leis naturais, entre elas a de causa e efeito.
Entretanto, quando se fala de mãe, é certo que se acende em nós um grande letreiro luminoso onde se escreve AMOR. E a mãe de cada um expressa este amor dado em abundância, restringido, negado. Seja o que for, no fundo é amor.
Então não seria melhor, ao invés de idealizarmos, dificultando a relação, aceitarmos a mãe que temos, compreendendo, tentando perdoar, adorando, agradecendo de joelhos por ela, engolindo, caminhando ao lado, relevando, odiando, mantendo longe, substitindo etc., todas estas coisas juntas ou separadamente?
Todas as mães são importantes nas vidas dos filhos, mas nem todas são apenas anjos ou demônios. São humanas em toda a sua complexidade e diversidade. Há as que têm vocação para corresponder ao estereótipo, há as que são o oposto dele, há as que grudam nos filhos e exageram, há as que são distantes e omissas, há as chatinhas, as malvadas, as inúteis, as desajeitadas, as competidoras, as depressivas. Há tantas que não caberia aqui citá-las.
Mas para todas elas, as que trouxeram o filho à vida, as que cuidaram e criaram, as substitutas, as de consideração, aos pais-mães, a todos que representam esta categoria, cabe o respeito de todos nós.
E, certamente, cada um de nós, neste dia, terá a quem dedicar o amor e agradecer por ter honrado o título de mãe em sua vida.
Parabéns a todas as mães possíveis deste planeta.
Que possam ter sempre a liberdade de apenas ser.
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Visitem Alba Vieira
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Convite - por Rodrigo de Souza Leão

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Agora - por S. Ribeiro

Mesmas até as palavras novas se
tornam depois de dois dias, os poemas finais e as elegias também; qual o valor do vento ou da
compreensão entre os homens depois desse
tempo, passado dentro dum pedaço torto de
um homem qualquer.

Em buscar os valores para o
deleite idiota, me perturbo, mas não
quero a mim, quero que nos perturbemos; podre e
vazia está minha órbita, por ser
minha, por ser órbita.

Queria falar-vos de amor, mas, vejam só o
quanto a boca espumaria o esquecimento e o
bom senso, lembremo-nos do inevitável instante, em que o mundo gira e a voz seca, e não há
algo para segurar.



Visitem S. Ribeiro
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Chinelos, um Pulo para o Amor (Parte I) - por vestivermelho

Saí da piscina e fiquei um pouco sentada para me secar, fiquei com uma sede... Coloquei a toalha enrolada na cintura e os chinelos...
Cheguei ao barzinho para pedir uma água... pensei uma cerveja, porque não...
Tomei o primeiro gole e me senti bem... mais um gole, nossa, estava muito boa...
Tomei saboreando, fazia tempo que não tinha esse prazer...
Pedi mais uma... chegou uma pessoa do meu lado.

- Posso me sentar ao seu lado?
- Pode.
- Está um calor... somente uma gelada para matar a sede.

Sorri e continuei a tomar com prazer...

- Há pessoas que não percebem o que estão fazendo, acho que estão distraídas...
- Sim, há pessoas que são muito distraídas.
- Acho que já te vi aqui algumas vezes, vem sempre aqui?
- Quando tenho tempo, sim. O calor, a piscina, esse sol maravilhoso nos convidam à boa vida.
- Sim... a boa vida.
- E você, vem sempre?
- Quando tenho tempo sim.

Sorriu e vi que tinha um sorriso lindo...

- Marco.
- Helena.
- Helena, prazer.

Tomamos a cerveja em silêncio.

- Tenho que ir, vou procurar meu chinelo, sumiu.
- Sumiu?
- Sim, achei esse, mas veja a cor...
- De fato não combina com você.

Um chinelo feminino na cor rosa... olhei melhor e vi... era meu chinelo... olhei para meus pés, que vergonha... era um chinelo de homem, tinha que saber que não era meu pela cor e tamanho... tentei esconder meus pés... mas com certeza ele já tinha visto.

- Estou com vergonha...
- Vergonha do quê?
- Olha...

Coloquei meus pés na frente dele.

- Que belos pés.

Fiquei com mais vergonha, pedi mais uma cerveja.

- Vamos repartir ela?
- Sim, acho que já tomei demais...
- Vamos trocar?
- Trocar o quê?
- Emails, fones, chinelos...

Levantei rápido e quase cai. Ele me segurou e não me largou mais...



Visitem vestivermelho
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