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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Depoimento - por Marília Abduani

A curva do meu sonho
contorna a tua estrada
e estagna onde descansa a tua alma,
quieta.
Múltiplos são os meus olhos para enxergar
a tua serenidade
e o teu exílio em mim.
Eu sou a minha nuvem mais densa,
a mesma que derrama chuvas
sobre os teus desejos.
Sou o vento que sopra em teu rosto
um resto de infância,
de terra molhada,
capim novo
incendiando o dia.
Venço a angústia e o medo.
Espalho meu verso e, renovada,
circulo em torno da vida,
leve,
livre,
simples.
Filha do sol e da lua
nas rotações silenciosas do amor.
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........................Visitem Marília Abduani
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Post Inesquecível do Duelos - Indicado por Alba Vieira

Destaco este belo poema por trazer a ideia de caixa de nossas memórias figurando junto aos pertences variados que podem ser encontrados nas caixinhas de costura que certamente fazem parte do universo de cada um de nós. Parabéns, Ana, pela belíssima contribuição.



CAIXINHA DE COSTURA
(ANA)

Agulhas, linhas, dedal,
fitas, botões, tesourinha,
cores, texturas, formatos,
cabem todos na caixinha.

Caixinha na qual não cabem
meus sonhos de criancinha
nem meus desejos de adulta
nem meus medos de velhinha.
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Três Anos de Saudade - por Adir Vieira

Três anos se passaram sem você.
Tanto tempo e parece que foi ontem. Não tenho mais seus olhos calmos e questionadores a me olhar com profundidade...
Não tenho mais suas mãos a segurarem as minhas, na tentativa de não se desprender daqui, de junto de nós...
Não tenho mais, sobretudo, sua fala firme, compondo minhas decisões e em cada palavra mostrando-me o sentido da vida...
Cadê você, minha mãe?
Por onde andará? O que será que tem feito? Será que de onde está ainda nos vê e acompanha?
Enfim, que na minha saudade, você sinta todo o meu amor e agradecimento...



Visitem Adir Vieira
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Bem Viva - por Alba Vieira

Voou bem alto perdendo-se no Todo,
Desapegou-se, enfim, da limitação material,
Diluiu-se em rósea atmosfera,
Iluminou-se envolta em amor incondicional
E para sempre integrou-se à eternidade.

Deixou-nos numa tarde que se fez cinzenta,
Embora lá fora o pôr-do-sol fosse belo,
Corações sangrando pela sua ausência,
Desnorteados, tristes, seguimos quebrado o elo
E até hoje a saudade em nós sobrevive.

Mas quem tanto amou nesta vida,
Decerto deve estar muito bem...
O tempo ajuda a cicatrizar as feridas
E abrir o coração deixando entrar luz outra vez.

Então seguimos guardando as lembranças
Cada vez mais vivas, liberadas da dor,
Agradecendo por tê-la na dança da vida
E dedicando a você infinito amor.



Visitem Alba Vieira
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Morte - por Aline

Hoje meu coração está vazio.
Minha alma vagueia alucinada sem rumo.
Meu corpo se arrasta e sem saber nem como eu mantenho a rota.
Ai de mim que não me reconheço nesta hora de tanta verdade.
Sou o espectro de mim mesma.
E já de tanto doer sou só chaga aberta.
E cheiro só a sangue.
Que horror de narrativa! Será que sou isso ou quero apenas vomitar minhas insanidades no papel neutro?

A MORTE É UM EXÍLIO.
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O Monte - por Leandro M. de Oliveira

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.Subi o monte com pensamentos de grandeza
Mas, lá só havia descampados e correntes de ar.
Os Deuses foram convertidos em estátuas enferrujadas
E os homens fizeram-se em rebanho de cabras.
Tomei meu café como quem foge ou esquece,
Passei aqui e ali, e tudo era igual,
Onde estou que não me vejo?
A rua existe como caminho pavimentado,
Como existe nódoa dentro dos homens,
Como existe um andarilho em assombro.
E eu sem dormir, me meto a escrever ou pensar.
Das estreitas possibilidades, a cidade está
Dispersa como lugar em que se habita.
Das minhas largas mazelas a cidade ficou,
Semelhante a um canceroso terminal.
Como o ar esta pesado aqui, urge reinventar.
Torno ao monte remoto, aos descampados e às correntes,
Pensei ter tido um lampejo de eternidade, isto me cismou,
Era só meu estômago bradando em petição de miséria.
A comida nunca satisfaz uma alma faminta,
Mas que sei de almas?
Eu que tomo café como quem foge ou esquece.
Já sei, vou deixar que a metafísica se esvaia
No fluxo incontinente de minha urina,
Há tanto milagre acontecendo na natureza
Quanto há em um banheiro público.
Voltei à casa antiga, por mor espanto,
As traças são implacáveis
Mesmo com as memórias mais ternas.
Vou viver pra sempre ou morrer um dia, tanto faz,
A matéria sempre alimentará outros parasitas.



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Lya Luft e o “Convite” - Citada por Penélope Charmosa

Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.




In “Perdas & Ganhos”.
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