Vivia perto do mar e ia com frequência, geralmente à tarde, não para banhar-se mas para sentar-se na areia e perder o olhar na linha do horizonte ouvindo as ondas que quebravam suavemente nos seus pés. Ficava afastada das outras pessoas porque tinha adquirido um hábito de conversar com o mar em voz alta, fizera dele seu confidente e contava-lhe as coisas de sua vida, coisas boas e principalmente coisas mais íntimas que não gostaria de contar a outras pessoas. Eram as melhores horas do seu dia e saía dali renovada.
Num desses dias de contemplação e confidências notou bem próxima a ela uma garrafa com algo dentro. Recolheu-a e viu que era um papel dentro da garrafa. Seria uma mensagem? Um pedido de socorro? Levou-a para casa, quebrou a garrafa e abriu o papel que estava um pouco amassado mas bem legível, a caligrafia parecia de homem embora seja difícil precisar isto. Era uma carta. Começou a ler:
Num desses dias de contemplação e confidências notou bem próxima a ela uma garrafa com algo dentro. Recolheu-a e viu que era um papel dentro da garrafa. Seria uma mensagem? Um pedido de socorro? Levou-a para casa, quebrou a garrafa e abriu o papel que estava um pouco amassado mas bem legível, a caligrafia parecia de homem embora seja difícil precisar isto. Era uma carta. Começou a ler:
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AO MEU AMOR
........Amo-te a cada dia mais e sinto imensamente a tua falta. O teu corpo já é parte do meu. A tua voz, o teu sorriso e o teu olhar me acompanharão por todo o tempo que eu viver. A tua lembrança faz as horas passarem mais rápido porque sei que em breve estaremos juntos vivendo o que de melhor temos em nossas vidas: o nosso amor. Pensar em ti é o meu alimento e o meu descanso, amar-te e ser amado por ti é a razão da minha vida. Sinto falta do teu aconchego, tuas mãos acariciando os meus cabelos enquanto contas como foi teu dia e ouves atenta como foi o meu.
........Breve nos reencontraremos. Beijo tuas mãos, teus olhos e tua boca com todo o amor que sou capaz de amar.
..........DO TEU AMOR
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........Breve nos reencontraremos. Beijo tuas mãos, teus olhos e tua boca com todo o amor que sou capaz de amar.
..........DO TEU AMOR
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Uma carta de amor! Mas uma carta sem nome de destinatário ou remetente? Era um amor real ou pretendido, apenas sonhado? Escrita talvez para espantar a solidão? E existirá um amor assim para toda a vida? Perguntas para as quais jamais terá respostas. Ela apaixonou-se várias vezes, casou, separou, e por uma vez achou que seria para sempre, mas acabou. Um amor assim é matéria para romances literários.
Quem sabe ele seria um homem do mar? As viagens e a distância, o combustível inesgotável deste amor. O cotidiano costuma minar o amor. Por outro lado, a distância também não afasta, propiciando novos encontros? O que faz um amor resistir a tudo? Mais perguntas, imprecisas respostas.
A carta a tirou do estado letárgico em que se encontrava. Estava entrando em terreno perigoso, da desilusão, desinteresse e melancolia com uma frequência já preocupante.
Precisa contar ao mar sobre a carta, espera ansiosa pelo entardecer e quando a tarde enfim chega dirige-se para a praia. Como se aguardasse uma boa notícia e tivesse se preparado para ela, o mar tem o tom de verde que ela mais gosta. Aproxima-se até que a água toque seus pés, conta-lhe da carta, começa a ler e, naquele instante, com a luminosidade natural que ainda resta, ouve sua própria voz falando docemente palavras de amor. As palavras parecem tomar seu corpo e sua mente e ela entende que vive um momento especial. Está em outra frequência, sintonizada no amor. Entrega-se àquele momento, não procura explicações metafísicas ou transcendentais, também não se limita às suas crenças. Apropria-se da carta, aquela carta de amor é para ela. Agradece a Netuno, rei dos mares, e à Iemanjá, rainha das águas, a oferenda que recebeu deles. Sim, fez a via inversa, recebeu uma oferenda. A oferenda pressupõe uma oferta por uma boa causa. Recebe dos deuses a mensagem de que para amar é preciso estar em sintonia com o amor, e o amor, isto ela sabe, é múltiplo, de vários tipos e várias intensidades. E embora tudo indique o contrário, confia que o amor será a nossa estrela guia, de preferência já, neste novo milênio.
Uma carta de amor! Mas uma carta sem nome de destinatário ou remetente? Era um amor real ou pretendido, apenas sonhado? Escrita talvez para espantar a solidão? E existirá um amor assim para toda a vida? Perguntas para as quais jamais terá respostas. Ela apaixonou-se várias vezes, casou, separou, e por uma vez achou que seria para sempre, mas acabou. Um amor assim é matéria para romances literários.
Quem sabe ele seria um homem do mar? As viagens e a distância, o combustível inesgotável deste amor. O cotidiano costuma minar o amor. Por outro lado, a distância também não afasta, propiciando novos encontros? O que faz um amor resistir a tudo? Mais perguntas, imprecisas respostas.
A carta a tirou do estado letárgico em que se encontrava. Estava entrando em terreno perigoso, da desilusão, desinteresse e melancolia com uma frequência já preocupante.
Precisa contar ao mar sobre a carta, espera ansiosa pelo entardecer e quando a tarde enfim chega dirige-se para a praia. Como se aguardasse uma boa notícia e tivesse se preparado para ela, o mar tem o tom de verde que ela mais gosta. Aproxima-se até que a água toque seus pés, conta-lhe da carta, começa a ler e, naquele instante, com a luminosidade natural que ainda resta, ouve sua própria voz falando docemente palavras de amor. As palavras parecem tomar seu corpo e sua mente e ela entende que vive um momento especial. Está em outra frequência, sintonizada no amor. Entrega-se àquele momento, não procura explicações metafísicas ou transcendentais, também não se limita às suas crenças. Apropria-se da carta, aquela carta de amor é para ela. Agradece a Netuno, rei dos mares, e à Iemanjá, rainha das águas, a oferenda que recebeu deles. Sim, fez a via inversa, recebeu uma oferenda. A oferenda pressupõe uma oferta por uma boa causa. Recebe dos deuses a mensagem de que para amar é preciso estar em sintonia com o amor, e o amor, isto ela sabe, é múltiplo, de vários tipos e várias intensidades. E embora tudo indique o contrário, confia que o amor será a nossa estrela guia, de preferência já, neste novo milênio.
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4 comentários:
Vou espalhar garrafas com cartas de amor pela praia, e rezar para que cheguem aos corações mais frios e machucados. Quem sabe o mundo começa a valorizar o amor de novo...
Boa idéia Gio.
Gio:
Sabe que desde a adolescência eu penso em fazer isso? Acho o maior barato! Será que ainda farei isto? Vou reviver a vontade pra ver no que vai dar...
:)
Clarice:
Como sempre, um texto lindo e inesperado! Muito, muito lindo! ADOREI!!!!
Beijo.
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