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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Perfeição - por Alba Vieira

A que nos remete a palavra? É algo de divino, transcendente, inalcançável, talvez. Buscamos atingi-la, ainda que em coisas especiais e pagamos alto preço quando nos distanciamos dela no que é corriqueiro. Se o olhar é estético, conseguimos imaginar o ser perfeito, a obra primorosa, o objeto talhado com perfeição ao concebê-los com a harmonia das formas. Mas, no plano moral, o que seria a perfeição? É inevitável cair no maniqueísmo de julgar bom ou ruim segundo nossos pontos-de-vista. Eu diria que perfeito é o que flui. Não precisamos gastar energia para realizá-lo. É como na natureza, em que os processos se sucedem numa conjunção harmonizada de etapas que culminam num evento singular e absoluto: como o desabrochar das pétalas de rosa com o momento certo de exalar o perfume e a cor exata; e a gota do orvalho que cai da folha e provoca ondas perfeitamente concêntricas na poça d’água de chuva. A palavra certa proferida no exato momento pelo homem sábio. A manobra correta executada pelo motorista ao se defender do incauto no trânsito caótico, evitando o acidente fatal. A decisão acertada do cirurgião num caso difícil que pode salvar uma vida. O gesto significativo do homem amoroso que alivia a dor de uma alma que sofre. O sorriso largo que muda a situação e alivia a tensão numa discussão acalorada. Afinal, o que é perfeito? É algo que devemos perseguir? Talvez não, porque isto também nos dá idéia de futuro. Pensando na palavra per-feito, que nos passa a noção de “durante o fazer”, a perfeição se refere ao momento presente, ao aqui e agora, ao caminho que se desenha durante o caminhar, ao deixar acontecer, ao fluir sem resistência, ao confiar, ao expressar o natural, ao simplesmente ser.
.

28 comentários:

Anônimo disse...

Comentário por Luiz de Almeida Neto — 16 dezembro 2008 @ 8:43

Prefiro sempre o conceito que os gregos tinham da perfeição. Que significava algo mais como a representação milimétrica do humano,em sua estética e emoções. De todo jeito acho que é um conceito altamente anacrônico, que, em nossos dias, não se aplica mais, já que nós não temos mais tempo. É muito difícil fazer algo esmerado em nossos tempos, já que temos que fazer tudo tão ráipido. vc sabe “a pressa é inimiga da …”. Adorei seu texto. Fez pensar. Muito legal. Parabéns.

Anônimo disse...

Comentário por Ana — 1 janeiro 2009 @ 12:00

Adorei este texto! Principalmente a parte do per-feito! Muito bom!

shintoni disse...

teste

Anônimo disse...

Voo livre

Antes de mais nada gostaria de explicar:

Não há certo ou errado!

Tudo não passa de um mosaico

com imagens mil.

A razão me cobra coerência.

Mas logo hoje em que o juízo abre falência?

Nunca mais serei sensato,

acordar cedo bater o ponto no escritório.

Tolices

Agora eu quero é o nada.

ser como um galho seco que flutua em um rio caudaloso,

sem destino mas com o seu fim certo:

Apodrecer.

Assim é a vida

E até que me prove o contrário…

Anônimo disse...

Sigo o destino

Sinto como se estivesse
Em estado de coma
E, tua voz a sussurrar.
vejo tuas mãos sobre a mesa,
Comparadas com as minhas
Parecem tão pequenas,
Aí me pergunto:
como meu destino,
cabe em sua mão?
vejo que tudo se resolve,
pois é só um pequeno problema;
se meu mundo parece sujo
basta lavar as suas mãos…

Anônimo disse...

SE

Se por um momento nosso olhar se cruzasse
Se por acaso a vida fosse só alegria
Se uma vez na vida fosse o vencedor
Se a vitória de um não fosse a derrota do outro
Se falar a verdade não ferisse ninguém
Se contar uma mentira não deixasse você magoada
Se andar nu pela rua não fosse atentado ao pudor
Se fumar ópio ao sol do meio dia não fosse crime
Se pudesse beber absinto com cicuta
Se não sofresse com a desgraça alheia
Se você tivesse me dito sim
Se você não me dissesse não
Se meu caminho fosse igual ao seu
Se você me amasse
Se não fosse poeta
Se eu fosse quem sabe, feliz

KBÇAPOETA disse...

Atitude

Somos normalmente passivos diante da mídia, as pessoas preferem um reality show ao invés de um livro.
DEVEMOS NOS LIVRAR DA IGNORÂNCIA QUE VIGIA A MENTE COMO UM LIVRO; FOLHA A FOLHA.

KBÇAPOETA disse...

Cascatas incandescentes

Ela desce límpida
inodora e incolor
Cai como pedra em minhas costas
Queima como lava de vulcão
Sua força é capaz de girar
os turbilhões dos sentidos
Vista de um ângulo
É como se fosse a terra
vista da lua
mas ao banhar-se nela
ao amanhecer
verá o que a artista disse
ela me contou

Isso é água que desce em cascata
cascatas incandescentes



Inspirado na pintura "Cascatas Incandescentes", de Alba Vieira.

KBÇAPOETA disse...

ARREBATAMENTO


Eu poderia criar lendas

Aprofundar-me nas profecias

até conseguir encontrar o verso.

Aquele que possa dizer tudo

Que sou pó

E ao pó tu também reverteres

Na verdade é isso que eu quero

É isso que tu queres

KBÇAPOETA disse...

Escaravelho

Sinto você aproximar-se
Não mexo um músculo
Ouço o estalar dos seus passos sobre a pedra
Na verdade atrás de você vejo um rosto,
De mulher
E sua fronte um tridente.
É o sinal!

Eva e satanás:
O prazer do pecado.

KBÇAPOETA disse...

Visão


A visão aqui de cima é linda
Casas alinhadas
Dá para imaginar sua limpeza
Sua organização burguesa
O verde que já não é tanto ainda sobrevive
Aqueles pequenos focos verdes
Devem ter mais de dois séculos
Sinto a brisa
Agora sinto um vento forte
De repente não sinto mais nada
Meu corpo atingiu o chão

KBÇAPOETA disse...

Haikai

Mefistófeles
enganar o anjo-luz
com prazer o fiz

KBÇAPOETA disse...

Haikai

Brisa de verão
Sensação de amores
Corpo em chamas

KBÇAPOETA disse...

Questionário



Quando perguntavam-me sobre meu país
A resposta era sempre negativa regada a escárnio
Os governantes não respeitavam a coisa pública
Minha pena tremia de raiva
Ao fazer versos sobre tão nefando assunto
De uns tempos para cá
Se perguntarem sobre meu país
Uma espécie de júbilo ameaça
A querer fazer elogios
Em um ufanismo “estilo copa do mundo”
Mas fora dos grandes eixos
Até capitais se deixam levar
Pelo jeitinho
Pela meta de o que importa
É locupletar-se
Procrastinar as responsabilidades
Mas atualmente respondo
A quem pergunta sobre meu país
A resposta está na ponta da língua
É um país quase sério

KBÇAPOETA disse...

Haikai

O lobo entrou
No teatro mágico
Domou o lobo

KBÇAPOETA disse...

Alma penada


Acordei em um lugar estranho,
Percorri ruas que nunca vira na vida,
Desesperada, procurava alguma informação.
Alguém para me indicar o caminho?
Nada, ninguém me dava atenção.
Comecei a entrar em desespero.
Comecei a subir uma ladeira enorme.
Alguns metros à frente, já estava em um matagal,
Passando matagal vi o cume do morro.
Sentei desolada na beira do precipício,
E gritei, com toda a força que havia em meus pulmões:
Deus!
Ele apareceu.
Sua cara era tão pálida,
Pensava que deus fosse mais corado.
Ele perguntou:
Por que me chamaste?
Eu contei que estava perdida,
Queria ir para casa.
Ele, com um olhar cândido respondeu:
Minha filha, tu não existes mais.

KBÇAPOETA disse...

Haikai

Brisa matinal
Mal consigo acordar
Volto a dormir

KBÇAPOETA disse...

AMÂGO DO SER

Quando retornei do vale das sombras
Olhei-me no espelho
Meu rosto descrevia todas as dores
Todo os amores em vão
Todo tempo que havia perdido
Não contente com essa visão Dantesca
Olhei no fundo dos meus olhos
Senti um alívio
Olhei novamente para ter certeza
Não tinha dúvida
Minha alma não estava lá
Menos mal
Pelo menos é só o corpo
Que sofre nesse mundo infame

KBÇAPOETA disse...

Vinte e nove


Na íris do meu olho
Vejo tinta, pincel e cor.
Uma aquarela, sobre a rede bordada.
Ao lado tem uma camisa escrito “LOVE”.
Logaritmos numéricos
calcularam meu número
Meu número de sorte é o vinte e nove
Vinte nove desilusões irei sobreviver
Vinte nove amizades em inimigos irão se converter
Vinte nove vezes passarei por isso
Vou suportar
Pois sei que é meu número de sorte.

KBÇAPOETA disse...

Epitafiando no Umbral

Aqui jaz um menino,
Que nunca ficou velho.
Um cérebro que talvez fique a maquinar;
estratégias,
para explorar esse lugar.
Tenho terra, flores e vermes.
O que mais posso querer?
Quando em pé comia o alimento,
Que a terra dizia merecer.
Nada mais justo!
Doar-me às larvas.
Voltar para terra,
com esses olhos;
que ela há de comer.

KBÇAPOETA disse...

Mundo de Alice

Ande como se estivesse pisando em ovos;
a umidade deixa a terra sensível,
principalmente após a chuva pacificadora.
Olhe para mim!
Estou trajando branco, gravata roxa
e chapéu hippie vietnamita.
Venha colher-me!
Estou aguardando sua boca.
Sujará seus pés na bosta da Zebu.
Fazer o quê?
Eu nasci aqui.
Colha-me, colha-me…

KBÇAPOETA disse...

No céu

Lua cheia
é o arco-íris
em linha reta, com suas sete cores,
seus sete espectros.
Girando no céu a noite continuamente.

KBÇAPOETA disse...

Diorama


Quero sua mão
forte como corrente,
porém tão frágil,
quanto o seu elo mais fraco.
Sua audácia
como a rosa-dos–ventos
que indica-me
onde perder-me amanhã.
Uma dúvida:
Âncora ou vela?
Seguir ou ficar?
Depende,
de quão independente,
você depende ser.

KBÇAPOETA disse...

Inútil


Invisível fiquei no propósito
Natural de todo ser pensante.
Utilizando a parte mais
Transformadora, do ser humano.
Indiciplinadamente querendo mais,
Lânguidos prazeres.

KBÇAPOETA disse...

Dodgson


Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson)



"Lebres e cortesias

Pegue seu cogumelo para mim

Dai-me a chave dourada

Da pequena porta que leva ao jardim

Deite na palha fofa

Alice

que maravilha de país"

KBÇAPOETA disse...

Primeira morada

Ah! Que saudade daquela rua
Que os pássaros cantavam pela manhã
Um avião no céu era algo de sempre ser observado.
E os amigos estavam sempre perto,
Para testemunhar tal fato
À noite viam-se vaga-lumes e ouviam-se grilos
E o céu era de um azul-marinho intenso
E a estrela Dalva reinava entre os astros.
Hoje adulto embrutecido pelos desmandos do destino,
Não ouço pássaros, nem grilos e nunca mais vi um vaga-lume.
Sempre rezo que seja apenas o desgaste de meu corpo carcomido pelos anos,
E que, as crianças com sua pureza de aura,
células invejavelmente saudáveis possam contemplar:
O espetáculo que restou em minhas lembranças

KBÇAPOETA disse...

1984 - George Orwell



“Livro imperdível é 1984 de George Orwel.
Orwel na década de 40 imaginava como seria o final do século XX.
Uma estória muito bem construída com tópicos que rendem amplas reflexões e debates.
Vale a pena.”

KBÇAPOETA disse...

O Guarani - José de Alencar



“Livro interessante é ‘O guarani’.
Além de dar uma bela visão ufanista do Brasil, tem um personagem que desaparece da estória porque José de Alencar esqueceu de dar um desfecho para esse.
Além de ser um clássico tem essas curiosidades, recheadas de verdadeiras pérolas da literatura brasileira.
A perfeição Homérica de Peri ou a sensibilidade do livro, quando os lábios de Ceci são comparados a uma rosa, tendo o risco de um beija-flor tocar-lhe os lábios confundido-lhes com tão linda flor.
Obrigatório.

Nunca esqueçam dos clássicos.”