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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Recado - por Marília Abduani

Se quiser voltar, me avise,
talvez meu olhar precise
de algum aviso ou sinal.
Não chegue subitamente,
pode ser que eu não aguente
a tua volta de vendaval.

Não me chegue de repente,
sem que eu controle essa mente.
Meu amor, mande um recado
no bico de um passarinho.
No correio do caminho
teu beijo ficou selado.

Não me chegue assim, de leve,
se o meu peito pulsa breve,
vai morrer se acelerar.
Tua presença é lua cheia,
afaga, aquece, tonteia.
Me avise se for voltar.


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Parabéns, Meu Irmão! - por Ana

Neste dia, há alguns anos,
Nascia mais um meu irmão.
Lindo ele, uma gracinha!
Falador, bagunceirão!

Sorriso maravilhoso,
Vinha da alma o sorrir.
Prestativo, amoroso,
E sempre a nos divertir.

Cresceu, ficou tão bonito!
Vaidoso, trabalhador,
Amigo, muito querido
Por todos, com muito amor!

Como cultua o corpo,
Luta artes marciais.
É medalhista (que orgulho!)
De torneios internacionais!

Hoje é pai: tem uns pimpolhos
Que têm o mesmo sorriso...
Serão legais como o pai.
Isto, aqui, eu profetizo.

A vida dele não é fácil,
Mas vive bem-humorado.
Te mando beijos com saudade,
Gilson, meu irmão amado!
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De Braços Abertos - por Duanny

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Parece que minha vida vai mudar, acabei de ouvir as últimas notícias e, em um ato quase que automático, fechei meus olhos e comecei a rezar, lágrimas de felicidade caíram estupidamente em meu rosto, quase que inconvenientes.

Com os braços bem abertos, sob a luz do sol, bem-vindo ao meu mundo, vou-te mostrar tudo, não sei se estou preparada para ser quem tenho quer ser. Vou tomar fôlego, vou trazê-lo pra junto de mim, paralisamos deslumbrados, criamos vida.

Vou te apresentar ao amor, te mostrar como é realmente aqui, escondidos de todo o resto do universo, longe de um mundo envenenado pela soberania dos céticos que não acreditam em nós. Sim, em nós.

Vamos ser imortalizados por versos ridiculamente clichês, vamos ser apenas eu e você nesse mundo protegido de tudo e de todos, nesse meu mundo. De braços bem abertos sob a luz do sol, você vai ver o que é ser feliz.

Se eu tivesse apenas um desejo, somente um pedido, eu torceria pra que ele não fosse como eu. Espero que ela compreenda que pode ter esta vida, e segurá-la pela mão e apresentá-la ao mundo, com os braços bem abertos...



Visitem Duanny
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Ano Um - por Flavio Braga

Hoje, por um breve momento, olhei para meu passado recente. Um ano atrás, para ser mais exato. Olhei e não me reconheci. Vi que procurei o que me é fundamental nos lugares errados. Em portas erradas, em cidades erradas, em pessoas erradas. Estava me conformando em ter como única companheira até meus últimos dias a Solidão. Já preparava até algo para eu e a Solidão fazermos para passar esse tempo que me resta – que espero que seja muito ainda. Sei lá, um filme, um jogo de xadrez, ficar falando amenidades, que seja. O fato é que a solidão nunca tinha batido na minha porta com tanta força, e - o que é mais triste - eu estava disposto a abrir a porta para ela. Mas na última hora, fechei. Fechei e joguei as chaves fora, fui ver o que o mundo podia me oferecer. E ele, que dá muitas voltas, me ofereceu o sorriso mais lindo que eu já vi. Não quis mais voltar para meu mundo. Vi que queria fazer parte de outro mundo. Do mundo dela, da minha amada.
E assim o fiz.
Na hora em que vi seu sorriso, sorri como não sorria há muito. Era a hora. A hora de eu enfim sorrir. E sorri, e continuo sorrindo com igual intensidade até hoje. Verdade, chorei também. Mas muitas dessas lágrimas foram de felicidade por tê-la encontrado.
E assim foram meus dias no último ano. Acordar e abrir um sorriso, por tê-la do meu lado.

E já não me vejo sem ela por aqui, do meu lado. Angelical que só ela.



Visitem Flavio Braga
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Discurso de Existir - por Leandro M. de Oliveira

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Cisma-me por vazio, ó visão que a minha turba. Sabendo além do que devo, podendo muito menos do que ouso. De argila e utopia vai moldando a terra. O homem passou por ti e continua de mesmo modo, um animal a carregar um cadáver consigo. Sei que sou finito. Que tal se inventássemos uma nova religião a fim de reparar esse imbróglio? Você se sente só? Quanto pagaria pra não se sentir? A política orienta a vida na polis. Saudações aos fascistas travestidos de gente de bem. A realidade bate à porta enquanto o morador se esquiva. Pergunta a calhar número um: Sou um homem? Não, ainda não houve tempo o suficiente para saber da vassalagem enquanto profissão de fé. Como é duro carregar uma metralhadora na cabeça. O que leva alguém a ratificar um pacto estranho a si? O homem, sempre ele, optando por estar desacordado enquanto a vida acontece. Eu sonhando em ser livre, os religiosos insistindo na luta armada. Sodoma não caiu, o cataclismo tem escolhido bem os seus mensageiros. A crença em si próprio poderia moldar um mundo novo, inglória verdade. Ser fútil é menos oneroso. Ser relapso é garantia de absolvição alheia. A senso comum o pré-fabricado é uma experiência messiânica. Mas afinal que é ser fútil, oneroso ou utópico? Palavras são conceitos, ação é sentença. O corpo, destino convergente de todas as blasfêmias, os anos passam o tecido somatiza. Diminuo enquanto se me aumenta a contagem dos dias, veloz. Estar vivo é aceitar o caos. Na impossibilidade de reinventar o meio dou graças pela cretinice alheia. Deus segue como aquele velho bonachão, o pai não castrado, a virilidade em pessoa. Terrivelmente amoroso. Tudo pode, tudo pode. Essa idéia é magnífica, consolo clichê dos que não aprendem com as próprias limitações ou se rebelam ao verificar que às vezes os seus possuem membros amputados. Pensar assim é fabricar transcendência. Talvez eu me drogue um pouco, ou quem sabe, recite um salmo. A totalidade é uma experiência sem precedente. Bem-aventurados aqueles sem memória, pois a tragédia não lhes questiona durante o sono. Meu único devir é ser eu mesmo, urge uma fórmula que aponte a direção, me sinto todos e ao mesmo tempo nenhum. Nossa tacanhice frente ao ser viabiliza com presteza a tiranização da “persona”. Autoconhecimento tem sido a mais insidiosa utopia, somente a embriaguez nos é acessível. Consciência esta para o homem como a pá esta para o coveiro, más notícias, o acidente da matéria não se repara com hipóteses. Tentei ser mais sociável, não foi exatamente um sucesso, detesto dialogar com zumbis. A experiência animal tornou-se suportável. Tão logo ele optou pelo engodo, o tom pálido foi ganhando cores, as equações foram simplificando-se. O dilema era esse, uma vida cor de rosa ou o desejo imanente de mil vezes estourar os miolos. Bendito seja o homem que inventou a coca-cola. Anestesia cotidiana, paz de um espírito anão. Pra que lado fica a terra de Marlboro? Vamos todos, enquanto ainda dispomos de nossos pulmões e nossa inocência. A máquina do mundo continua, eternamente a fabricar totalitarismos. É claro que o mal existe, a miséria humana fez-se prova irrefutável disso. Resta saber se há algum bem gratuito. Nisso tenho posto minhas dúvidas. Afinal a idéia audaz de construção do nome como continuação perene da memória conforta muito mais que aquela inevitável transfiguração em resto decomposto de um delírio esquecido. Mísero legado, abençoada condição. Ser eterno é como imitar as rochas, no fim o alheio não suporta o tédio das ditaduras. A mídia é orientada como um dos braços de trincheira da democracia, talvez por isso haja tantos campos de concentração sem cercanias estabelecidas. Isso dá uma sensação de liberdade. É aprazível a falta de grades físicas. Todavia, passear pelo campo minado pode nos deixar sem pernas, daí por diante aleijados para sempre. Quem vai caminhar por mim? Não é uma questão que causa pânico, há inevitavelmente alguém apto a reclamar passos que nunca foram seus. Se eu morresse amanhã viria ao menos fechar meus olhos, minha tresloucada irmã? Sou feito do que suponho, vendido pelo que rejeito. A vida glacial será extinta, a primavera não produzirá mais flores. Pastoreio o destino como se acreditasse nele. Pensar dói, esperar desfigura.
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