Inquieta figura movimenta-se em mim.
Passeia de um canto a outro sem objetivo.
Ou prescrutando a vida, silenciosa,
em passos medidos, caminha com segurança,
talvez sabendo o que encontrará adiante.
Às vezes se solta,
indo decidida, balançando os braços,
olhando em frente, rumo à meta perseguida.
Mas um dia
corre desvairada, sem limites,
rasgando a existência, com desatino e coragem.
Algumas vezes
desafia o mundo, ignorando os obstáculos,
batendo de frente com as adversidades,
anestesiada de impulso.
Mas, tantas vezes,
esta figura se arrasta, sentindo cinza o caminho,
incapaz de levantar a cabeça e perceber fora,
tragada pela escuridão de dentro.
Logo se recupera curiosa, de olhos vivos, abre-se para o novo
e se inunda de imagens que, caleidoscópicas, se sobrepõem,
impressionando uma retina ávida de experiências.
Tenho enorme simpatia por aquela que é cega do mundo
e se orienta tão-somente ao captar o invisível,
traçando o caminho enquanto segue, sem rumo, sem destino,
desfrutando cada passo, vivendo intensamente.
(Ou será que minha avó tinha razão: “Esta menina é esquizofrênica.”?).
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Someday I’ll Love Ocean Vuong / Um dia amarei Ocean Vuong [Ocean Vuong]
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*Beautiful photomechanical prints of Lotus Flowers (1887–1897) by Ogawa
Kazumasa.*
Ocean, não tenha medo.
O fim da estrada é tão distante
que ela já ...
Um comentário:
Comentário por Ana — 5 janeiro 2009 @ 8:21
Muito bom! Adorei!
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