Este é o meu ganha-pão.
Nas calçadas da cidade
Junto, tostão a tostão,
O meu rico dinheirinho
Pr’um dia poder comprar
Minha cama de faquir
Pra eu poder me apresentar
E ganhar um pouco mais,
Estourar os meus porquinhos
Com todo dinheiro ganho
Machucando meus ossinhos.
Quando eu tiver bastante,
Melhoro a situação,
Compro toda a maquiagem,
Mando fazer um roupão
Daqueles bem arretados,
Que me suba o status,
Pois eu vou é ser estátua
Do tal do Pôncio Pilatos.
Nessa de ficar parada
Dia e noite, sem parar,
Vou ganhar é muita grana,
Aí vou aproveitar.
Vou fazer o que, na vida,
Sempre quis, desde criança:
Vou montar o meu negócio
Dos sonhos e da esperança.
Vou ser é do merchandising,
Eu vou ser publicitária,
Eu não vou mais passar fome,
Eu vou ser microempresária.
Por toda minha cidade
Todo mundo então vai ver
A minha capacidade,
O que eu nasci pra fazer.
Todo dia, em todas as ruas
Meus cartazes vão falar
Dos produtos oferecidos
Para quem se interessar.
Tão bonita a propaganda!
Toda montada por mim!
Da idéia ao layout,
Desde o início até o fim.
E, de cima do meu sucesso,
Vendo as pessoas no chão,
Vou me sentir poderosa,
Curtir minha evolução.
Vou me sentir tão perfeita,
Um ser tão especial,
Totalmente equilibrada
Nas minhas pernas de pau.
.
2 comentários:
Comentário por Joao Luis Amaral — 29 dezembro 2008 @ 11:02
(Fala, Shintoni! Segue um texto meio ‘nonsense’ que, acredito, se encaixa na categoria ‘Para rir’. Espero que goste! Abs, Joao Luis Amaral)
ZIZI POSSI
Zizi Possi já era.
Culpa minha. Dia ruim, cheguei sem avisar e vi o que ninguém aguentaria ver. Ela com outro.
Perdi a cabeça, disse coisas que não devia, chorei até. Ela, frágil, não suportou o destempero.
Acabou por dar cabo à própria vida.
Uma diva, não tenho dúvidas. Uma estrela que brilhou intensamente, iluminou com sua luz a minha vida.
Entre todas com as quais me relacionei - e foram muitas, ouso dizer - Zizi foi como uma brisa leve, pousando delicadamente sobre mim a alegria de viver em seus atos, seus gestos. Enamorado que estava, fazia promessas tolas, achando que teria todo o tempo do mundo para cumprí-las. Só que o tempo, Ah! O tempo não me deu tempo.
Zizi Possi virou história.
Uma relação complicada desde os primeiros momentos. Deliciosamente complicada.
Nossa história começou como um conto de fadas. Eu andava pela rua, sem destino ou futuro certo pela frente, chutando pedras à mercê. Chutava o vazio da minha vida.
Ela, numa loja qualquer, parecia aguardar o inesperado. Nossos olhares cruzaram-se e, apenas num segundo, sentimos a emoção por um amor iminente brotar maroto.
Paixão avassaladora. Daquelas que nos fazem perder o fôlego, a noção de tempo, espaço, que nos leva simplesmente a esquecer nomes, rostos, cheiros. Que nos faz criança.
Os sentidos nos deixaram, tudo o que fazíamos era pelo outro. Éramos cúmplices em sua mais pura tradução - se é que existe pureza em cumplicidade.
Zizi Possi passou dessa para melhor.
Da paixão, rapidamente fomos levados ao amor. O desejo nos tomava inteiros, sem pedir licença. Como numa invasão.
A distância parecia nos afixiar lenta e perigosamente. Sua presença trazia-me de volta à realidade, era como oxigênio.
Perdíamos longas horas apenas nos olhando. Tímida, não apreciava conversar. Preferia curtir o momento em toda sua intensidade, sua extensão.
E quanto mais durasse, melhor. Foi o grande amor da minha vida. O único amor.
Zizi Possi bateu com as botas.
Ah, Zizi! Que falta você me fará. Não vejo meus dias sem sua doce presença, seu afeto, seu silêncio acalentador.
Não quero mais acordar, porque sei que você não estará mais ao meu lado.
Para quem direi “bom dia” cheio de malícia, de segundas intenções?
Onde errei? Quando te perdi? Por favor, preciso saber.
Não me deixe aqui com essa dúvida. Conte-me ao menos esse segredo.
Zizi Possi está morta.
Agora, de volta ao vazio da minha vida. Tudo o que me resta é voltar àquela loja e comprar um outro peixinho.
Mas, dessa vez, darei o nome de Jane Duboc.
Comentário por Daisy — 5 fevereiro 2009 @ 11:40
UMA CURVA NO CAMINHO
Uma curva no caminho não é uma pedra no caminho.
Uma curva no caminho é um desvio do caminho.
Uma pedra no caminho é um obstáculo.
Um desvio do caminho é uma alternativa de caminho.
Curva, pedra, desvio, obstáculo e alternativa
Podem levar a um caminho diferente?
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