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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Meditação - por Alba Vieira

Li coisas interessantes por não ter o que fazer. Refleti sobre o lido por não ter o que fazer. Compreender o que seria… Não fazer nada é a chance de compreender. Fazer é compulsivo, é automático. Pelo menos o fazer sem consciência. Assim, não fazendo, temos a oportunidade da reflexão.
Não pensar. Pensar é dar explicações para si mesmo. Pensar é tentar explicar o que, por si só, é.
Quando apreendemos alguma coisa com os sentidos não justificamos nada, simplesmente captamos o que a coisa é. Valorizar os sentidos, ter a medida de suas possibilidades, ter atenção, é expansão da consciência.
Sair pelo mundo olhando, perceber a enormidade de cada coisa, dissecar as suas partes… Observar particularizando o olhar, mas sem deixar de ver o todo.
A minha proposta de agora é sair pelo mundo olhando mais detalhadamente, discernindo sons que me invadem, captando os odores, criando imagens a partir dos cheiros que sentir, provar os gostos do mundo como fazem as crianças, que levam tudo à boca. Mas levar à boca para sentir o gosto como um verdadeiro degustador. E tatear o mundo, sentir os contornos de cada coisa, me esfregar no mundo, em cada pedaço dele, tatear não só com as mãos, mas com todo o corpo, captando a textura, a temperatura e tudo mais. Ser através de todos os cinco sentidos e desenvolver outros que são potenciais. Intuir, saber sem saber, prever, estar acima das coisas, pairando sobre elas como a entendê-las, compreendendo seus motivos.
Potencializar o cérebro direito, permitindo que ele saia da clausura, podendo observar com maior abrangência.
Como transmitir para alguém, através da fala ou da escrita ou até da imagem, um passeio pelo campo num dia de chuva? Como passar a sensação do cheiro da terra molhada? Como fazer alguém compreender o que é ter as folhas secas das árvores estalando debaixo dos pés antes da chuva cair? É impossível transmitir a sensação do vento soprando, trazendo os perfumes e a frescura antes dos primeiros pingos de chuva. Como definir em palavras ou com traços num papel ou até mesmo com imagens de uma câmera sofisticada a simplicidade de um buquê de margaridas? Mesmo que a imagem tenha movimento, que haja som, ainda vai faltar muito, porque as margaridas são por inteiro, não se pode dissociar a imagem da leveza dos seus movimentos ao sabor do vento, do perfume que exalam e da frescura das suas pétalas se o orvalho já caiu ou não. A flor é tudo ao mesmo tempo e é interação com o que está à volta. Ela só compõe uma parte do quadro que a natureza forma.
Os pensamentos, as preocupações, as inquietações com o futuro, as prisões ao passado nos tiram do momento presente, da possibilidade de vivenciar cada coisa por inteiro. Nos tiram da vida.
Meditar é, em cada momento, estar presente realmente, com todos os sentidos.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Comentário por Adir Vieira — 23 dezembro 2008 @ 9:14

Alba, adorei!
vc está deixando de ser prática para virar poeta.
beijos,
Diza