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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Crônica das 3 Horas - por Mellon

É curioso comentar um sentimento que muitas pessoas têm em seu íntimo. Muitas vezes estamos em meio a uma multidão e sentimos solidão, sentimos falta de simplesmente uma pessoa.
Tantas pessoas, prédios, carros ao redor e homens e mulheres mal se olham. Sendo que o verdadeiro gosto destes é da voz, do toque e mesmo do olhar. Tantos medos em comum, morte, desprezo e até uma noite vazia assombra os corações sozinhos em meio à multidão.
Muitos crimes e injustiças são cometidos, e o que realmente toca uma pessoa são paixões. O universo é tão infinito e imóvel para ser compreendido desta forma, pois quem faz a realidade individualista do mesmo são os próprios seres humanos.
São três horas da manhã nesse momento. Às vezes as pessoas pensam em recomeçar tudo. Tudo de novo. E aquela conversa que nunca tiveram com alguém, às vezes parece tão necessária. Está silêncio, e não tem ninguém por perto. Apenas o estrondo e a explosão dentro das pessoas, como se um anjo viesse em direção ao chão. Apenas o estrondo e a explosão, como se um anjo batesse no chão.
Quatro minutos passam, e parece ter passado uma década. As pessoas só influenciam umas as outras, elas só machucam um ao outro ainda mais. Onde nós estamos? Hoje a gente apenas ouve dizer de alguém que uma outra pessoa viu em algum lugar no centro da cidade. E na maioria das vezes nem nos lembramos de quem é. Não nos conhecemos mais na rua. Então aqui estamos nós, no mesmo mundo, mas sem notarmos um a presença do outro.

Talvez algum dia as pessoas se perguntem: “Algo não está faltando?”.



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Um comentário:

Ana disse...

Vamos sentar aqui nestas cadeirinhas tão confortáveis para conversar?

Puxa, Mellon... Você me fez mergulhar profundamente nesta solidão que vivenciamos em meio às multidões. Se falta alguma coisa? Faltam muitas! E sobram umas tantas outras, também!
Um dia fui a Niterói e lá precisei perguntar a respeito da localização de uma rua aos moradores. Dirigi-me à moça que estava a meu lado esperando para atravessar a rua, pedi a informação, que prontamente recebi. Agradeci e segui ao lugar desejado. Algo me ficou soando como estranho e fiquei batutando o que seria. Então me dei conta: a moça não havia se assustado quando me aproximei dela; não havia em seus olhos medo ou desespero; ela conseguiu ouvir o que eu dizia, normalmente, compreender as minhas palavras todas sem precisar reprocessá-las mentalmente e me deu a informação com tranquilidade e clareza; ao meu agradecimento, ela sorriu!
Foi tudo isto que estranhei... Por que? Porque na cidade do Rio de Janeiro (separada de Niterói apenas por uma longa ponte), isto não acontece há muito tempo. As pessoas não só estão absolutamente sozinhas, como consideram que QUALQUER pessoa é um assaltante, sequestrador ou assassino em potencial. Nas calçadas e nos sinais (quando dá), as pessoas guardam uma distância enorme uma das outras, agarradas às suas bolsas, mochilas, pastas, pochetes, e quase pulam, em pânico, se esta distância é menor que a normal. Se alguém se aproxima para pedir uma informação, o desespero é total, o cérebro não funciona, os olhos ficam medindo o perguntante de cima a baixo, procurando o revólver, a faca, a escopeta, o caco de vidro ou similar.
Se falta alguma coisa? Falta paz, falta a noção de que somos inocentes até prova em contrário, falta segurança.
Sobram pavor, desespero, violência, indiferença etc.
E as pessoas fizeram o que descreveu muito bem o Bruno no domingo: trocaram os amigos (e os contatos humanos) por um mp3. São pessoas isoladas, robotizadas, apavoradas, literalmente correndo pelas ruas da cidade, fugindo de todos, esbarrando em muitos, atropelando tantos, enclausuradas em seus sons berrados nos ouvidos, de preferência com óculos escuros para não verem também.
E assim caminha a desumanidade...

Ainda bem que existem lugares como o liter café do Duelos onde a gente pode se aproximar uns dos outros, conversar, brincar e se divertir...

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