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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pipas - por Ana

“Olha a pipa! Tá avoada!
Vamo correr pra pegá!
Quem chegá depois é marica
Vamo logo arrepiá!”

E os meninos vão correndo
Desabalados atrás
Daquele sonho sem dono,
Como fizeram seus pais

E também os seus avôs,
Seus tios, primos, vizinhos,
Que perseguiram, vorazes,
Algo tão pequenininho.

Grupos grandes, barulhentos,
Desesperados por pouco
Que naquele momento é tanto
Que vale qualquer sufoco.

É... No momento da fome,
O desejo só tem olhos,
Músculos, força e adrenalina
Praquilo que quer, com antolhos.

Desejo cego que leva
Os pés pra qualquer lugar,
Sem que se veja mais nada,
Nem onde se vai chegar.

Quando a pipa se aproxima,
Ao final da correria,
Se for possível pegá-la,
Ainda há luta e covardia.

Tapa, murro, pontapé,
Soco, gravata, rasteira...
Apenas um é vencedor
Se ela estiver inteira.

Porque na hora crucial,
Em meio a tanta agitação,
O sonho pode se quebrar,
Desfazer antes do chão.

Assim é a história das pipas
E seus vários pretendentes:
Quase se matam pra tê-las,
Que existem, indiferentes.

As pipas são nossos desejos
Bailando, soltos, no ar,
Somos os meninos incautos
Em perseguição milenar.
.

4 comentários:

Leo Santos disse...

muito bom! Parabéns! Gostei, sobretudo, do final. Abracos

Rita disse...

Adorei,perfeito e final sem comentários.
Abraço

Ana disse...

Leo:
Muito obrigada pelo elogio.
Muito obrigada, mesmo!
Um abraço.

Ana disse...

Rita:
Agradeço seu elogio, emocionada!
Snif, snif...
Beijo.