Uma coisa que aprendi sendo carioca é que a gente não pode ficar com medo de qualquer coisa, até porque um sujeito que tem mais experiências de quase morte do que um regimento inteiro de fuzileiros navais americanos na guerra do Iraque é osso duro de roer. Claro, tenho muitos medos, mais até do que eu queria. Mas não é qualquer tiro de fuzil que me faz gritar feito uma garotinha indefesa, não senhor (talvez DOIS tiros de fuzil me façam ter essa atitude)! Mas uma coisa que me faz suar frio é o simples fato de conversar com professores de português. Não, aqui no Rio nem todos carregam uma faca Guinso na bolsa ou nos dentes, ao estilo de Rambo, muito pelo contrário, em sua maioria são criaturas dóceis e com uma conversa legal. Mas é que eu tenho medo deles justamente por achar que eles vão voar no meu pescoço ao menor deslize no uso de nossa língua. É como se eles tivessem um ranking de pontuação na mente, no estilo de no primeiro erro do interlocutor, levanta uma sobrancelha, no segundo faz uma careta, no terceiro dá um cartão amarelo e no quarto erro dá uma voadora no peito do analfabeto. Então, mesmo sabendo que um ranking desse tipo não existe (eu espero que não exista, certo?) eu tenho medo. Mas não é o medo de ser corrigido - até porque todo mundo erra, até mesmo os professores de português -, é uma espécie de desconforto meu, que ainda fica mais evidente quando peço para que leiam alguma coisa que escrevi. Quando eles falam que você escreve “direitinho”, atenção, é sinal que você é um analfabeto com diploma em Burrologia. Desconfie!
O mais engraçado dessa história é imaginar como deve ser conviver com um professor de português na sua intimidade, no casamento, por exemplo. Há um tempo eu tive um bocado dessa experiência, e acho que me saí bem, fora uma meia dúzia de “Estados Unidos é” ou o uso do “que nem” ao invés de “feito” ou “igual” – que já até esqueci o que argumentaram contra o “que nem”. Casar com uma professora de português deve ser adrenalina para o resto da vida, ou o caminho mais curto para se cometer um assassinato, o que vier primeiro. Mais ou menos assim:
- Amor!
- Oi!
- Vem ver o que aconteceu!
- O que foi?
- O Estados Unidos é o maior a nível de cirurgia plástica, e...
- Não, amor, para aí. “O Estados Unidos é” não, amor. O certo é “Os Estados Unidos são”. E outra, “a nível de”, não, amor, não faz isso.
- Tá bom, tá bom.
- Continue.
- Certo. Os Estados Unidos são – falei certo agora? – os maiores consumidores de cremes e cirurgias plásticas, e a gente somos os segundo.
- Amor, com que você tem andado? Com o Lula? “A gente somos”? Por favor, né?
- Vem cá, você é o professor Pasquale, agora? Coé!
- Mas amor, eu só estou te corrigindo...
- Mané corrigindo, você tá é de implicância comigo! Pensa que sou ingnorante?
- “Ignorante”.
- Pois é, ingnorante.
- Não, o certo é “ignorante”.
- Desisto!
O mais engraçado dessa história é imaginar como deve ser conviver com um professor de português na sua intimidade, no casamento, por exemplo. Há um tempo eu tive um bocado dessa experiência, e acho que me saí bem, fora uma meia dúzia de “Estados Unidos é” ou o uso do “que nem” ao invés de “feito” ou “igual” – que já até esqueci o que argumentaram contra o “que nem”. Casar com uma professora de português deve ser adrenalina para o resto da vida, ou o caminho mais curto para se cometer um assassinato, o que vier primeiro. Mais ou menos assim:
- Amor!
- Oi!
- Vem ver o que aconteceu!
- O que foi?
- O Estados Unidos é o maior a nível de cirurgia plástica, e...
- Não, amor, para aí. “O Estados Unidos é” não, amor. O certo é “Os Estados Unidos são”. E outra, “a nível de”, não, amor, não faz isso.
- Tá bom, tá bom.
- Continue.
- Certo. Os Estados Unidos são – falei certo agora? – os maiores consumidores de cremes e cirurgias plásticas, e a gente somos os segundo.
- Amor, com que você tem andado? Com o Lula? “A gente somos”? Por favor, né?
- Vem cá, você é o professor Pasquale, agora? Coé!
- Mas amor, eu só estou te corrigindo...
- Mané corrigindo, você tá é de implicância comigo! Pensa que sou ingnorante?
- “Ignorante”.
- Pois é, ingnorante.
- Não, o certo é “ignorante”.
- Desisto!
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Visitem Flavio Braga
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Um comentário:
Flavio: Ler você é certeza de diversão! Muito bom!
Um abraço.
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