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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mãos à Obra - por Alba Vieira

Quanta angústia! Quanta dor se vê durante todo o tempo! Tão perto de nós! Que magnitude de destruição!
As imagens são aterradoras. O susto e quase tudo veio abaixo! Parece a carta da Torre do tarô!
As mortes, o desamparo, os ferimentos, a fome, a solidão, o abandono, os órfãos, os idosos, os deficientes, os traumatizados física e emocionalmente.
Tão perto e ao mesmo tempo tão distantes de nós, das nossas mãos para acudi-los, dos nossos olhos para lhes transmitir força, das nossas palavras de consolo, da nossa força de trabalho para lhes garantir teto, água e comida, roupas, um mínimo de condições básicas para continuarem, apesar de tantas perdas.
Muitos de nós, ou porque moram nas áreas afetadas, têm parentes por lá, fazem parte das forças de socorro público ou se dispuseram e conseguiram ir para lá ajudar, talvez não sintam essa angústia. Eles estão lidando diretamente com a desgraça e o mínimo que puderem fazer lhes traz um sentimento positivo de vitória diante do sofrimento, embora também se cansem e se fragilizem no contato com a tristeza e a dor e precisem ser substituídos por outros sujeitos compassivos, pelo menos aqueles que, exatamente por estarem ajudando na linha de frente, consigam renovar suas energias e se mantenham muito bem, uma vez que não funcionam apenas no corpo, na matéria e sim guiados pelo espírito.
Mas há aqueles de nós que têm compaixão e estão longe, assistindo pelos noticiários na tv e pelos jornais ao desenrolar dos acontecimentos. São pessoas do Rio e de outros estados do Brasil ou mesmo de outros pontos do mundo, que como já aconteceu em outras catástrofes, se mobilizam, trazem os afetados no seu pensamento durante todo o tempo e manifestam a sua compaixão e vontade de ajudar através do envio de donativos por variadas vias, torcendo para que cheguem aos desabrigados e sejam distribuídos com equanimidade. Mas, dar dos bens que possuímos, seja muito ou pouco de acordo com nossas posses e apegos, não satisfaz nessas horas. A vontade é poder estar lá, agindo ou algumas vezes apenas compartilhando a dor e apoiando os que necessitam.
Seria bom que em virtude da magnitude da catástrofe, parte dos atingidos pudesse ser trazida aqui para a cidade do Rio de Janeiro e colocada em abrigos que possibilitariam àqueles que moram e trabalham aqui e não podem se deslocar para a região serrana, prestar o auxílio que desejam, dentro das suas habilidades, aptidão e áreas de atuação profissional.
É preciso considerar que esse apoio não pode ir esmorecendo com o passar dos dias, como acontece naturalmente após a primeira mobilização, até porque o número de mortos computados deve crescer, mas, nas próximas semanas, o que se espera é o aparecimento das doenças infecciosas na população sobrevivente, o que demandará ainda mais cuidado e ajuda de todos nós.
Que essa corrente de solidariedade possa sempre se expandir, porque os tempos são de certeza de estarmos todos no mesmo barco.
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