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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Fumacinha Ridícula - por Paulo Chinelate


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Prometi a uns amigos que escreveria sobre o cigarro. Melhor dizendo: sobre o vício do fumo.
Antes, porém, um convite: se tiver um fumante por perto dê uma olhada, mire, fixe no quadro do levar o cigarro à boca, soprar, bater cinzas, sugar a brasa, reter, expirar… expirar… sugestiva esta palavra, a cada inspirada, o sujeito ou sujeita, em seguida expira, falece, morre, desencarna, estrebucha um pouquinho mais cedo. E paga para isso. Paga pelo maço, paga pelo ridículo e pagamos nós por tomar o mesmo veneno que eles.
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Agora vou dar uma receita de como evitar toda esta tragédia:
Fui fumante por 20 anos. Aprendi a fumar quando era bonito, charmoso e socialmente correto. Aprendi no quartel, na Escola Militar. Nos acampamentos de instrução em campo, na hora do “boião”, recebíamos no bandejão e junto com a sobremesa uma carteira de cigarro. Lembro-me muito bem. Continental sem filtro. Maço branco com o desenho do mapa do continente americano. Engraçado que alguns crentes recebiam, não fumavam e vendiam para nós: “Não peco, mas vocês podem”. Ouvi dizer que o cigarro era doação da companhia de cigarros. Grande negócio: é que durante um ano aplicaram em nós e no resto de nossas vidas colhiam os frutos. Imaginem se existe um negócio mais lucrativo. Um ano de investimento, uma ou duas vezes por semana contra 30, 40 anos contínuos de retorno, se é que o cristão não sucumbe com câncer antes.
Daí em diante foi fácil o vício. Não satisfeito, passei a usar cachimbo (mais charmoso ainda). Cheiroso, aromático. Condizia com minha posição social de então.
Fui morar na Amazônia. Mineiro misturado com rios é igual a pescaria. Muito mosquito. Passei a usar charutos. Não os cubanos. Mata-ratos mesmo. Serviam (sic) para espantar as “muriçocas”, “maruins” e “piuns”. E lá vai bronca para o pulmão.
Ah, sim, desculpas mil. Estou devendo a receita para acabar com este drama vicioso.
Vamos lá então:
Sabemos das diversas “fórmulas”: leituras de auto-ajuda, remédios diversos, injetáveis ou orais, beberagens, simpatias, chicletes, balas de nicotina, receitas de comadres e compadres. Não adianta nada disto. Repito, não adianta nada disto sem “MOTIVAÇÃO” e “VONTADE”. O resto é alimentar a indústria existente.
Vou contar como parei:
Certa tarde, como sempre fazia, fui buscar as crianças na escola. Eram quatro pimpolhos. A mais velha com 8 anos, outra de 6, um de 4 e o último de dois. Eu, no estacionamento, dentro do velho fusquinha; entram as crianças no carro; naturalmetne eu dando uma de caipora, soltando mais fumaça dos que os velhos trens de minha Minas Gerais. A mais velha, sentada no banco da frente (bons tempos, não tinha cinto de segurança e criança ficava em qualquer lugar), vira para mim e diz: “Papai, por que o senhor não para de fumar?”. Olhei para ela espantado. A que viera esta conversa de cerca-lourenço? “É que a polícia federal esteve na escola e deu uma lição sobre ‘drogas’”. “Droga, era só o que faltava, é a única distração do papai”, dei a desculpa mais estapafúrgia que me ocorreu. “É, papai, como o senhor vai agir se me pegar um dia com um cigarro de maconha?” Quem ficou estapafúrdio agora foi eu. Olhei com cara de pastana para ela e para os outros três filhos sentados no banco de trás, certamente todos aguardando a “resposta”. Não contei uma nem duas, peguei o cigarro da boca e joguei fora. A carteira, inteirinha, também (detalhe: neste bom tempo também não tínhamos a educação ecológica de hoje).
E pronto, acabou, se quedó, c’est finit, the end. O que vocês querem mais? Parei de fumar desde aquele instante. E no more cigaretts, pipers and cigars. Tive a motivação e, principalmente, a VONTADE.
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