MEDO DO ABANDONO
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Tenho medo de ser abandonado
Não abandonado por meus amores
Pois são estes efêmeros.
São chamas que se apagam
Ao balancear de ventos fortes
Que anunciam as tempestades.
Tenho medo que me faltem os amigos
Que eles me abandonem
Que me falte o brilho de seu sorriso
E a melodia de suas vozes
Ao entoar lindos hinos de alegria.
Tenho medo que as amizades virem cinza
Em meio ao fogo de um momento
A raiva de um instante
A discussão de um minuto
O estopim de uma palavra
Mal dita e mal entendida.
Tenho medo de que a distância
Por mais perto que pareça
E mais longe que seja
Seja um precipício, intransponível
Vigiado por um rio profundo
E inquietante em seu percurso,
Que evita que nos aproximemos novamente,
Que lembremo-nos dos bons tempos.
Tenho medo de que meus sonhos
Se tornem ambiciosos demais
E sufoquem os sonhos de meus amigos
Tenho medo de que meus sonhos
Se tornem inquietantes demais
E que em busca de realizá-los
Eu me esqueça de minhas amizades.
Tenho medo de acordar
E descobrir que as amizades
Eram apenas sonhos.
Tenho medo de dormir
E descobrir, ao acordar,
Que meus amigos se foram.
Tenho medo de dormir novamente
E mais uma vez acordar
Dormir, acordar,
E não desfrutar do prazer que amigos nos dão.
Tenho medo de ser eu
Sem ter você, amigo
Companheiro, chato
Brilhante, sincero,
Falso, inteligente...
E todas as faces que você tem
Quando eu preciso delas
E, mesmo sem dizer nada,
Você sabe qual deve usar.
E ao mesmo tempo em que tenho medo
Tenho esperança
Esperança de que nunca me faltem amigos
Esperança de que nunca eu perca amigos
Esperança, ESPERANÇA.
Tenho esperança
Esperança de que as cinzas das discussões
Geradas em meio ao fogo de um momento
Em meio à raiva de um instante
Em meio à discussão de um minuto
Em meio ao estopim de uma palavra
(Mal dita e mal entendida)
Seja matéria-prima da ressurreição
Assim como Roma voltou das cinzas,
Assim como a fênix ressurgiu das mesmas.
Ambas mais fortes, mais inabaláveis,
Mais tudo.
Se eu acredito serem possíveis tais coisas?
Eu acredito em tantas coisas más que o mundo me impõe
Que acreditar em meus amigos
E a infindável amizade entre nós
É uma das maneiras de ser feliz.
A certeza de uma vida repleta de amigos
É combustível suficiente
Para a certeza e o desejo de viver.
E assim
Tendo a esperança do meu lado
Meu medo se dissipa
Esperança, como dizem,
É a última que morre
E enquanto ela não morrer a certeza continua
E uma luta também:
Viver com um infinito de amigos
E ter um infinito de amigos pra viver.
Visitem Alessandro Santos
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Um comentário:
Alessandro:
Muito bonitos seus versos!
E só o fato de se importar tanto com suas amizades, já mostra que você é um bom amigo. Por isto, deve ser alguém que terá sempre um "infinito de amigos".
Muitíssimo bem-vindo!!!!
Apareça mais!!!!
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