Ontem saí a pescar. Nunca havia praticado esta proeza no mar. Hum! não gostei! Ora da praia, ora nas pedras. Não gostei! Faltava um pormenor, pequenininho mas importante: sentir o momento da fisgada, da puxada adivinhando o tamanho do peixe. Com o ir e vir das ondas o movimento da linhada se mistura dando falsas sensações. Só sabemos mesmo se conseguimos a empreitada recolhendo a carretilha.
Mas serviu imensamente, intensamente, para voltar ao passado. Garoto ainda, dos sete aos doze anos, pelo final da tarde esperava pelo papai ao portão de casa com duas varinhas de pesca. Ele chegava, guardava sua bicicleta vindo da alfaiataria que nos dava o sustento. Minhocas na latinha, adredes cavadas e catadas atrás das moitas de bananeiras. Descíamos as pedras do Rio Paraibuna em Juiz de Fora-MG, trinta metros distantes de casa, e curtíamos, juntos, momentos ímpares de expectativas e conversas íntimas. Quantos aprendizados ali colhidos para a pescaria e para a vida.
Dezesseis anos depois, em missão profissional nas brenhas amazônicas, não mais à beira de um fio d’água mas no caudaloso Rio Içá, primeiro afluente da margem esquerda do Solimões. Continuei o prazer de outrora dirigindo-me, pelo crepúsculo, a lançar linhadas, agora de tamanho e grossuras maiores, proporcionais aos pintados, filhotes, pirararas, pirabutões e jandiás. Não mais os pequenos lambaris, bagrezinhos e piabas de outrora. Ainda assim, com o frisson das investidas profícuas faltava alguma coisa, algo que a distância e o lugar não permitiam: o meu papai Geraldo ao meu lado.
O tempo, ingrato, me flagelou ontem por duas vezes: uma pela falta da sensação gostosa que todo pescador espera, o momento da puxada, e a outra por continuar não tendo mais meu pai, materialmente, ao meu lado.
Mas serviu imensamente, intensamente, para voltar ao passado. Garoto ainda, dos sete aos doze anos, pelo final da tarde esperava pelo papai ao portão de casa com duas varinhas de pesca. Ele chegava, guardava sua bicicleta vindo da alfaiataria que nos dava o sustento. Minhocas na latinha, adredes cavadas e catadas atrás das moitas de bananeiras. Descíamos as pedras do Rio Paraibuna em Juiz de Fora-MG, trinta metros distantes de casa, e curtíamos, juntos, momentos ímpares de expectativas e conversas íntimas. Quantos aprendizados ali colhidos para a pescaria e para a vida.
Dezesseis anos depois, em missão profissional nas brenhas amazônicas, não mais à beira de um fio d’água mas no caudaloso Rio Içá, primeiro afluente da margem esquerda do Solimões. Continuei o prazer de outrora dirigindo-me, pelo crepúsculo, a lançar linhadas, agora de tamanho e grossuras maiores, proporcionais aos pintados, filhotes, pirararas, pirabutões e jandiás. Não mais os pequenos lambaris, bagrezinhos e piabas de outrora. Ainda assim, com o frisson das investidas profícuas faltava alguma coisa, algo que a distância e o lugar não permitiam: o meu papai Geraldo ao meu lado.
O tempo, ingrato, me flagelou ontem por duas vezes: uma pela falta da sensação gostosa que todo pescador espera, o momento da puxada, e a outra por continuar não tendo mais meu pai, materialmente, ao meu lado.
Visitem Paulo Chinelate
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Um comentário:
Comentário por Ana — 8 fevereiro 2009 @ 13:28
Muito bonito, Paulo!
Parabéns!
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