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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Escravos Urbanos - por Casé Uchôa

Acorda Tom, que já raiou o dia
Urubu já pousou lá no lixão
Vamos lá catar papel, renovar nossa agonia
Que eu até desistiria de viver, humilhação

Acorda Tom, vem ver
Que a vida não melhorou
Acorda Tom, vem ver
Deixa de ser sonhador

Quem sabe a gente encontre
Nas sobras de um banquete
Algo que se aproveite
Pra matar a nossa fome

Quem sabe a gente conte
Com um pouco de sorte
Pra escapar da morte
Mas escapar pra quê?

Acorda Tom, vem ver
Que a vida não melhorou
Acorda Tom, vem ver
Deixa de ser sonhador

Vem ver que essa cidade
Por falta de caridade
Desde a tua tenra idade
Te largou, te abandonou

Vê que a rotina é dura
Não há espaço pra candura
No menino que atura
Do lixo ser catador

Vê que não há beleza
Na criança que peleja
Na dor que tudo caleja
Na falta do cobertor

Vê que não há poesia
No lixo de todo dia
Desespero que judia
Da alma do sofredor

Acorda Tom, vem ver
Que a vida não melhorou
Acorda Tom, vem ver
Deixa de ser sonhador


Inspirado em O Homem no Lixo, de Ana.
.

2 comentários:

Anônimo disse...

Casé:
Gostei tanto do seu poema que assim que comecei a ler minha mente começou a trabalhar sozinha montando versinhos inspirados nele. Quando estiver pronto posto aqui.

Casé Uchôa disse...

Que bom, Ana!
Espero pra ver, ok?
Grande abraço!