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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Rio de Janeiro - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Rio de Janeiro de frente, de costas, de lado para o mar
com tantos morros, eu morro de vontade de voltar para lá
mas com tanto tiro, tanto assalto, tanto arrastão
eu já nem sei se te dou meu coração
Rio de Janeiro, que eu sempre hei de amar…
mas que como esposa traída e rejeitada, abandonada,
sinto que fui destratada
deixastes os bandidos subirem o morro
e tomarem conta de tudo,
do nosso céu
os fogos de artifício são balas de metralhadoras
e os canhões de fogo são fuzis AR-15
Rio de Janeiro onde e como poder voltar?
Nem mesmo assim de costas para o mar para as montanhas,
para o céu, para o ar
Nosso céu sem estrelas poluído
As estrelas do mar fugiram, não são vistas
Parou o barulho das ondas que não são mais vistas
agora só ouço o barulho de tiros matando pessoas
Rio de Janeiro como posso continuar a te amar
se não posso mais estar junto a ti
se tenho medo de tua insanidade, da tua loucura,
da tua beleza, da tua velocidade, da tua vaidade,
da minha cidade
Rio de Janeiro de belezas mil
tragada pelos bandidos, virada covil
de ti não sobrou nada a não ser retirantes,
assaltantes, armas, munições, tráfico,
fuzil, gente perdida, gente que morre quieta
gente humilde, gente pobre, gente honesta
gente que não sabe como viver
e que luta desesperadamente para sobreviver
No meio de tanta desgraça meu Rio se perde no mar
.

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