Consultando o Aurélio, vejo que o significado de saudade é a lembrança melancólica ou suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas. A princípio, me surpreendo e, para ser mais exata, não concordo com esta afirmação. Senão, vejamos: como coisas extintas? Se neste mesmo momento, senti uma tremenda saudade do meu bolinho de fubá e a ele pude recorrer, pois não estava extinto, nem distante? Começo a discordar, quase que pela simples satisfação da discórdia e me atenho a outra saudade, a do cheiro do meu perfume, ali tão presente, diante de mim. Vagueio na minha imensidão de saudades e, para não falar apenas de coisas materiais, aquelas das quais nos acercamos e defendemos, para não perdê-las, e chego a uma saudade de criança, aquela da minha alegria, do meu riso estonteante, sem que soubesse o seu porquê e me pergunto se ele está distante ou extinto. Começo a me perceber, começo a me analisar e chego à conclusão de que ela, a minha alegria, está inserida em meu contexto, pronta a se revelar toda vez que eu assim o permitir. Subitamente, vejo que a saudade é nossa e dela podemos abrir mão ou a trazermos para nós, como algo presente e real, desde que o permitamos. E assim, vejo que ela não existe, pois ao revivermos os momentos queridos, transformamos em real a sua presença. Daí, lanço aqui o meu novo significado para a saudade: impulso de transformar em real tudo aquilo que nos marcou verdadeiramente.
.
.
Um comentário:
Comentário por Ana — 2 janeiro 2009 @ 10:39
Adorei!
Postar um comentário