Todas as vezes que observo no meu pulso a marca das unhas cravadas por dois bandidos em um assalto, revivo a desagradável indignação de ser efetivamente roubada no que há de mais sublime em mim: a permissão do toque em minha pele. Ser arrebatada por estranhos, sentir suas mãos imundas de ladrão mostrando-me minha impotência de reação, foi mais difícil do que vê-los sumir com meus bens materiais. A perda do que talvez você possa repor dá uma sensação momentânea de vazio, mas aquela marca ali, me dizendo que o fato aconteceu e eu não impedi, ainda causa arrepios em meu corpo e acende cada vez mais o medo, o pavor de que a coisa possa se repetir.
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