Abandonar uma pessoa é um ato de renúncia, desprezo, desleixo. Falta de amparo. Praticam o abandono os pais que deixam, sem justa causa, de prover o sustento, a guarda e a educação dos filhos menores de 18 anos.
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.- Não foi assim que eu pensei, Roberto, queria uma família.
- Não se forma uma família da noite para o dia. E o garoto só está aqui há 3 meses.
- Reclamação da escola todo dia, assim vai ser expulso. Ele não tem jeito, nem é branco, eu queria um bebê, assim nem precisava saber que era adotado. Depois de hoje não fico mais com ele.
Daniel olhava para a janela do carro do juizado, pensando nestas palavras, nem as entendia direito, mas elas machucavam seu coração e faziam seus olhos encherem de lágrimas.
Todos os pais, adotivos ou biológicos, assumem riscos, criam expectativas e sonhos em relação aos filhos. Surpresas, dificuldades e decepções sempre poderão ocorrer, de ambas as partes. Diante das dificuldades encontradas, alguns pais pensam em devolver a criança.
- Ângela, se devolvermos o Daniel dificilmente nos deixarão trazer outro, dirão que não estamos preparados, e com razão.
- Olha meu estado. Tenho de aguentar as pessoas me olhando. O Daniel é diferente, Roberto, diferente de nós. Todos percebem isso. E sua índole não é boa. Quanto mais falamos, mais ele comete erros, mais ele faz questão de me humilhar perante os outros.
- Ele nem sabe o que é humilhar, só tem 4 anos, não abstrai as coisas.
- Não me venha com esse papo intelectual, não é você que passa o dia com ele, não é você que tem de aguentá-lo todas as horas.
- Ângela, você também trabalha, ele fica com a babá.
- Eu não aguento mais ele. Quero uma criança menor, e branca, que eu possa moldar que eu possa chamar de filho. É isso que explicaremos no juizado, tentamos, mas não deu certo!
Filho, pessoa que pula no nosso colo, que nos olha com carinho, que abre aqueles olhos esbugalhados e ri com aquele jeitinho maroto pedindo por amor e atenção. É só deixar de lado os preconceitos e olhar pra ele como alguém a ser conquistado.
A criança, por menor que seja, quando passada para a guarda de uma família tardiamente, já teve sua vivência de abandono e sofrimento. A adoção é, em primeiro lugar, um ato de amor, um ato de altruísmo, não de egoísmo, uma forma de partilhar este amor e este altruísmo é constituindo uma família. Adotar uma criança é amar quem já sofreu e está aqui...
Daniel sozinho no banco de traz no carro do juizado não entendia direito o que tinha acontecido com ele: primeiro foi retirado da mãe muito pequeno, para morar no abrigo, depois foi morar com uma família, que achou que era para sempre e agora esta voltando para o abrigo. Será que seu destino é ficar só? Por que ninguém o quer? Ele era feliz, ficou infeliz, depois ficou feliz de novo e agora novamente infeliz.
O que Ângela não sabe é que o abrigo não é um pet shop, e Daniel muito menos é um cãozinho numa vitrine. Ele é uma pessoa, na verdade uma pessoinha em carne e osso, que foi abandonado e emocionalmente abusado, por isso sua ambientação é muito difícil, pois nunca teve uma família só para si.
O carro finalmente chega ao abrigo, Daniel sai, a Diretora vai recebê-lo com um beijo e palavras carinhosas. Está muito triste e começa a chorar, mas logo reconhece os amigos e sai para brincar...
O que Daniel não sabe é que Roberto e Ângela são os seres mais burros do universo e não puderam ver a pessoinha extraordinária que estava na frente deles e o quanto é grande seu coração e o quanto é fácil de amá-lo, fácil de fazê-lo feliz, fácil de fazê-lo filho. Mas um dia ele vai pertencer a alguém. Alguém que o ame sem egoísmos, que o ame sem preconceitos. Alguém que o leve para casa e o faça se sentir bem.
.- Não foi assim que eu pensei, Roberto, queria uma família.
- Não se forma uma família da noite para o dia. E o garoto só está aqui há 3 meses.
- Reclamação da escola todo dia, assim vai ser expulso. Ele não tem jeito, nem é branco, eu queria um bebê, assim nem precisava saber que era adotado. Depois de hoje não fico mais com ele.
Daniel olhava para a janela do carro do juizado, pensando nestas palavras, nem as entendia direito, mas elas machucavam seu coração e faziam seus olhos encherem de lágrimas.
Todos os pais, adotivos ou biológicos, assumem riscos, criam expectativas e sonhos em relação aos filhos. Surpresas, dificuldades e decepções sempre poderão ocorrer, de ambas as partes. Diante das dificuldades encontradas, alguns pais pensam em devolver a criança.
- Ângela, se devolvermos o Daniel dificilmente nos deixarão trazer outro, dirão que não estamos preparados, e com razão.
- Olha meu estado. Tenho de aguentar as pessoas me olhando. O Daniel é diferente, Roberto, diferente de nós. Todos percebem isso. E sua índole não é boa. Quanto mais falamos, mais ele comete erros, mais ele faz questão de me humilhar perante os outros.
- Ele nem sabe o que é humilhar, só tem 4 anos, não abstrai as coisas.
- Não me venha com esse papo intelectual, não é você que passa o dia com ele, não é você que tem de aguentá-lo todas as horas.
- Ângela, você também trabalha, ele fica com a babá.
- Eu não aguento mais ele. Quero uma criança menor, e branca, que eu possa moldar que eu possa chamar de filho. É isso que explicaremos no juizado, tentamos, mas não deu certo!
Filho, pessoa que pula no nosso colo, que nos olha com carinho, que abre aqueles olhos esbugalhados e ri com aquele jeitinho maroto pedindo por amor e atenção. É só deixar de lado os preconceitos e olhar pra ele como alguém a ser conquistado.
A criança, por menor que seja, quando passada para a guarda de uma família tardiamente, já teve sua vivência de abandono e sofrimento. A adoção é, em primeiro lugar, um ato de amor, um ato de altruísmo, não de egoísmo, uma forma de partilhar este amor e este altruísmo é constituindo uma família. Adotar uma criança é amar quem já sofreu e está aqui...
Daniel sozinho no banco de traz no carro do juizado não entendia direito o que tinha acontecido com ele: primeiro foi retirado da mãe muito pequeno, para morar no abrigo, depois foi morar com uma família, que achou que era para sempre e agora esta voltando para o abrigo. Será que seu destino é ficar só? Por que ninguém o quer? Ele era feliz, ficou infeliz, depois ficou feliz de novo e agora novamente infeliz.
O que Ângela não sabe é que o abrigo não é um pet shop, e Daniel muito menos é um cãozinho numa vitrine. Ele é uma pessoa, na verdade uma pessoinha em carne e osso, que foi abandonado e emocionalmente abusado, por isso sua ambientação é muito difícil, pois nunca teve uma família só para si.
O carro finalmente chega ao abrigo, Daniel sai, a Diretora vai recebê-lo com um beijo e palavras carinhosas. Está muito triste e começa a chorar, mas logo reconhece os amigos e sai para brincar...
O que Daniel não sabe é que Roberto e Ângela são os seres mais burros do universo e não puderam ver a pessoinha extraordinária que estava na frente deles e o quanto é grande seu coração e o quanto é fácil de amá-lo, fácil de fazê-lo feliz, fácil de fazê-lo filho. Mas um dia ele vai pertencer a alguém. Alguém que o ame sem egoísmos, que o ame sem preconceitos. Alguém que o leve para casa e o faça se sentir bem.
Que o faça se sentir pertencer a alguém.
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Visitem Dan
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2 comentários:
caro Dan, o egoísmo é como um abutre que devora a carcaça de alguém que amor não tem em seu interior.
gostei do seu texto
um abraço
Dan:
Infelizmente as pessoas, geralmente, não estão preparadas para o ato de adoção. Também... é um ato de amor incondicional... e se muitas pessoas não são nem capazes dar amor, que dirá incondicionalmente...
E sofrem as crianças...
Muito lindo seu texto! Parabéns!
Beijo!
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