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Eram exatas dez horas, eu em meu canto de sempre – meu quarto – a pensar sobre as coisas que costumo pensar, na maioria coisas fúteis e sem sentido – sonhava em ser super-herói, mas não naquele dia. Ante as noites que passava sem noção de como poderia ser meu futuro, hoje penso que ainda não tenho idéia alguma sobre os rumos que deverei tomar em minha singela vida. A janela do quarto mostrava uma paisagem diferente naquele dia, não parecia mais ser como antes.
O tornar-se adulto era uma coisa bastante complicada para que minha cabeça jovem pudesse assimilar, aliás, ainda acho que está se formando uma mentalidade fixa somente agora. Os carros que passavam pela rua de baixo pareciam sem graça, sem atrativo para que ficasse olhando; estava tudo mudado. Via as crianças de lá como crianças que eram, não como colegas que me pareciam há tempos antes. Enfim, tomei o curso de ir ao banho, como era costumeiro, e ao olhar-me num espelho, notei em minha face coisas esquisitas, vermelhas e que até doíam se nelas tocasse. Estranho fiquei, mas pensei que fosse coisas de mosquito.
No banho, notei que alcançava até o suporte de xampu sem precisar ficar nas pontas dos dedos, achei muito bom, pois não mais escorregaria pulando feito louco para poder lavar a cabeça. Após tudo aquilo, decidi ir jantar, e mais alguma coisa estranha fui notar, minha voz. Estava doente, só poderia, voz rouca sem gritar, cara com pintas vermelhas e um caroço na garganta, que diziam ser “pomo-de-adão” e eu, sem saber, ficava desesperado.
Como costumeiro, após jantar fui pro sofá, acompanhado de meu pai, assistindo ao filme após a novela das oito, acabei pegando no sono, na hora de ir pra cama, meu pai já não me carregou até meu quarto, teve de me chamar – “Acorda, filho, vai pra cama.” – O sono queria me derrubar, subi as escadas sem entender, afinal toda noite meu pai me levava pro sono maior.
Era meia-noite, a janela ainda aberta, acabei despertando e fui dar uma olhada em meus cadernos, que já não tinham mais os carimbos da tia Débora, tampouco os recadinhos da tia Jô. Foi então que percebi, não era mais criança, tinha que começar a caminhar por mim mesmo.
Fechei a janela, deitei-me sobre minha cama sem desenhos; dormi pra acordar pra um outro dia cheio de descobrimentos, afinal, era quase-adulto e esperava por um futuro inconseqüente.
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Eram exatas dez horas, eu em meu canto de sempre – meu quarto – a pensar sobre as coisas que costumo pensar, na maioria coisas fúteis e sem sentido – sonhava em ser super-herói, mas não naquele dia. Ante as noites que passava sem noção de como poderia ser meu futuro, hoje penso que ainda não tenho idéia alguma sobre os rumos que deverei tomar em minha singela vida. A janela do quarto mostrava uma paisagem diferente naquele dia, não parecia mais ser como antes.
O tornar-se adulto era uma coisa bastante complicada para que minha cabeça jovem pudesse assimilar, aliás, ainda acho que está se formando uma mentalidade fixa somente agora. Os carros que passavam pela rua de baixo pareciam sem graça, sem atrativo para que ficasse olhando; estava tudo mudado. Via as crianças de lá como crianças que eram, não como colegas que me pareciam há tempos antes. Enfim, tomei o curso de ir ao banho, como era costumeiro, e ao olhar-me num espelho, notei em minha face coisas esquisitas, vermelhas e que até doíam se nelas tocasse. Estranho fiquei, mas pensei que fosse coisas de mosquito.
No banho, notei que alcançava até o suporte de xampu sem precisar ficar nas pontas dos dedos, achei muito bom, pois não mais escorregaria pulando feito louco para poder lavar a cabeça. Após tudo aquilo, decidi ir jantar, e mais alguma coisa estranha fui notar, minha voz. Estava doente, só poderia, voz rouca sem gritar, cara com pintas vermelhas e um caroço na garganta, que diziam ser “pomo-de-adão” e eu, sem saber, ficava desesperado.
Como costumeiro, após jantar fui pro sofá, acompanhado de meu pai, assistindo ao filme após a novela das oito, acabei pegando no sono, na hora de ir pra cama, meu pai já não me carregou até meu quarto, teve de me chamar – “Acorda, filho, vai pra cama.” – O sono queria me derrubar, subi as escadas sem entender, afinal toda noite meu pai me levava pro sono maior.
Era meia-noite, a janela ainda aberta, acabei despertando e fui dar uma olhada em meus cadernos, que já não tinham mais os carimbos da tia Débora, tampouco os recadinhos da tia Jô. Foi então que percebi, não era mais criança, tinha que começar a caminhar por mim mesmo.
Fechei a janela, deitei-me sobre minha cama sem desenhos; dormi pra acordar pra um outro dia cheio de descobrimentos, afinal, era quase-adulto e esperava por um futuro inconseqüente.
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Visitem Thiago Benício
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Um comentário:
Comentário por Ana — 24 janeiro 2009 @ 11:08
Muito bom! Adorei!
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